Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 1960 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM MEDICINA VETERINÁRIA Carmen Lice Buchmann de Godoy Luiz Carlos de Pellegrini Ingrith Mazuhy Santarosa Gionani Krolikowski Santa Maria, 2010 2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM MEDICINA VETERINÁRIA CARMEN L.B.DE GODOY, M.V. Dra. Professora Associada do Departamento de Clínica de Grandes Animais Curso de Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, RS LUIZ CARLOS DE PELLEGRINI, M.V. Professor Adjunto do Departamento de Clínica de Grandes Animais Curso de Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria INGRITH MAZUHY SANTAROSA, M.V. M.Sc. Mestre em Clínica Veterinária – Diagnóstico por Imagem GIOVANI KROLIKOWSKI, M.V. M.Sc. Mestre em Clínica Veterinária - Diagnóstico por Imagem 3 D536 Diagnóstico por imagem em medicina veterinária / por Carmen Lice Buchmann de Godoy ... [et al.] – Santa Maria : Ed. da Universidade Federal de Santa Maria, 2008. Revisado em 2010. 131 p. : il. (Caderno didático) 1. Medicina veterinária 2. Radiologia 3. Ultrassonografia 4. Grandes animais 5. Pequenos animais I. Godoy, Carmen Lice Buchmann de II. Pellegrini, Luiz Carlos de III. Santarosa, Ingrith Mazuhy IV. Krolikowski, Giovani V. Série CDU: 619:615.849 Ficha catalográfica elaborada por Luiz Marchiotti Fernandes CRB-10/1160 Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM 4 APRESENTAÇÃO Este caderno didático tem por objetivo proporcionar um guia para o acompanhamento das aulas de Diagnóstico por Imagem, ministradas aos estudantes do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria. Não deve ser usado como única fonte de estudo, uma vez que a literatura existente é rica e ampliará os horizontes do aluno em busca de conhecimento. 5 SUMÁRIO CAPÍTULO I: Introdução à Radiologia ............................................................ 6 CAPÍTULO II: Sistema Digestório .................................................................... 12 CAPÍTULO III: Sistema Urinário ..................................................................... 27 CAPÍTULO IV: Sistema Reprodutor ................................................................ 33 CAPÍTULO V: Sistema Respiratório ................................................................ 37 CAPÍTULO VI: Coração e Grandes Vasos ....................................................... 45 CAPÍTULO VII: Introdução à Ultrassonografia .............................................. 49 CAPÍTULO VIII: Ultrassonografia do abdome de pequenos animais ........... 52 CAPÍTULO IX: Introdução à Radiologia Óssea e Articular ........................... 70 CAPÍTULO X: Radiologia do Crânio ................................................................ 72 CAPÍTULO XI: Radiologia da Coluna Vertebral ............................................ 78 CAPÍTULO XII: Radiologia do Aparelho Locomotor ..................................... 87 CAPÍTULO XIII: Introdução ao Estudo Radiográfico do Aparelho Locomotor de Equinos ......................................................................................... 100 CAPÍTULO XIV: Posicionamentos Radiográficos ........................................... 100 CAPÍTULO XV: Anatomia Radiológica ............................................................ 106 CAPÍTULO XVI: Alterações Radiológicas ........................................................ 113 6 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA HISTÓRICO Wilhelm Conrad Röentgen nasceu em 1845 na Alemanha. Formou-se engenheiro mecânico em Zurich, Suíça, onde também obteve grau de doutor em 1869. Em 1895, Röentgen, professor do Instituto de Física da Universidade de Würzburg, fazia experiências com uma ampola de Crookes (fig.1.1), quando descobriu os raios-X. Figura 1.1- Ampola de Crookes. (Fonte: www.fisica.ufc.br/raiosx,15/09/04) A ampola de Crookes era de vidro, contendo gás no interior, composta por um cátodo (pólo negativo), que alimentado por corrente elétrica produzia elétrons e um ânodo (pólo positivo), para o qual estes eram atraídos e ao se chocarem contra o ânodo e contra as paredes do tubo produziam raios-X. Röentgen percebeu que, mesmo envolvendo a ampola em papel grosso preto (cartolina), esta continuava determinando luminosidade num cartão pintado com substância fluorescente (platino cianeto de bário), usado para verificar radiações catódicas. Em 28 de setembro de 1895, o pesquisador apresentou sua descoberta à Sociedade de Física e Ciências Médicas na Universidade de Würzburg e exibiu a primeira radiografia da história, a da mão de sua esposa. IMPORTÂNCIA DOS RAIOS-X EM MEDICINA VETERINÁRIA - No radiodiagnóstico, pela possibilidade de avaliar estruturas do corpo do indivíduo sem uso de técnicas invasivas como cirurgias exploratórias. - Na radioterapia, no tratamento de tumores, por exemplo. Esta disciplina se restringirá ao radiodiagnóstico. PRODUÇÃO DOS RAIOS-X Como visto anteriormente, os raios-X eram produzidos em ampola de Crookes. Existia, porém, a impossibilidade de controlar a quantidade e a intensidade da radiação emitida. 7 Foi, então, desenvolvida por Coolidge uma ampola (fig. 1.2), que levou o seu nome, a qual é acoplada a comandos que permitem imprimir corrente elétrica adequada aos fatores de exposição a serem empregados em cada caso. A ampola, em cujo interior é produzido vácuo, é de vidro com invólucro de metal, o qual apresenta uma janela de berílio por onde passa o feixe útil da radiação. Numa das extremidades encontra-se o cátodo (potencial negativo) com filamento de tungstênio em espiral que alimentado por corrente de baixa voltagem, medida em miliamperes (mA), é aquecido, fornecendo determinado número de elétrons que darão origem a proporcional quantidade de raios-X. A quantidade de raios-X é diretamente proporcional ao tempo, sendo esta relação denominada miliamperes/segundo (mAs). Na outra extremidade da ampola encontra-se o ânodo (potencial positivo) apresentando uma pequena placa de tungstênio. Através do circuito de alta voltagem, medida em quilovolts (kV), produz-se entre os pólos positivo e negativo da ampola uma diferença de potencial, fazendo com que os elétrons sejam atraídos pelo ânodo, colidindo contra o mesmo, produzindo raios-X e calor. Pelo descrito acima pode-se concluir que a miliamperagem é responsável pela quantidade de radiação produzida, enquanto a quilovoltagem determina a energia e, consequentemente, a penetração dos raios.Figura 1.2- Ampola de ânodo giratório (Fonte: Fundamentos de radiografia – Kodak). 8 Para absorver o calor nas ampolas de ânodo fixo, evitando deterioração do foco, as mesmas apresentam um sistema de refrigeração, em geral, óleo. Já as ampolas de ânodo giratório têm o foco preservado, por ser este bombardeado pelos elétrons em pontos sucessivos, dissipando mais facilmente o calor (fig. 1.2). DEFINIÇÃO DE RAIOS-X São ondas eletromagnéticas, semelhantes à luz, diferindo no comprimento de onda (λ). O comprimento de onda dos raios-X varia entre 100 e 0,01Å (angstrom). Em radiodiagnóstico, os raios-X mais empregados estão entre 0,5 e 0,4Å, na dependência da quilovoltagem empregada. 40 a 60 kV.....................................λ = 0,5Å – raios moles 60 a 80 kV.....................................λ = 0,45Å – raios médios 80 a 100 kV...................................λ = 0,4Å – raios duros Acima de 100 kV obtêm-se raios chamados ultraduros. Quanto menor o comprimento de onda dos raios-X, ou seja, quanto maior a quilovoltagem empregada, maior será seu poder de penetração. PROPRIEDADES DOS RAIOS-X Os raios-X se propagam em linha reta e na mesma velocidade da luz, no meio. Por não possuírem massa atravessam os corpos. Produzem ionização por onde passam por isso impressionam filmes fotográficos (e radiográficos). Estimulam substâncias fluorescentes como o platino cianeto de bário e o sulfato de zinco. Podem afetar células vivas, produzindo alterações somáticas e / ou genéticas. INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA Ao interagir com a matéria os raios-X podem sofrer fenômenos: Radiações Secundárias: parte da energia da radiação é cedida a átomos do corpo radiografado, os quais podem emitir radiação de comprimento de onda maior que o dos raios incidentes. Efeito Compton: parte da energia da radiação é transferida aos átomos e os raios incidentes continuarão sua trajetória, com comprimento de onda maior. Raios Dispersos: a radiação é apenas desviada da sua trajetória sem alterar o comprimento de onda. Efeito foto-elétrico: os raios-X perdem toda sua energia arrancando elétrons. RELAÇÃO ENTRE A FONTE DE RADIAÇÃO, O OBJETO RADIOGRAFADO E O FILME NA IMAGEM RADIOGRÁFICA A densidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância. À medida que se afasta o objeto, menor é a quantidade de raios provenientes do foco que o atinge e, consequentemente, o filme, produzindo imagem menos nítida. A distância ideal entre o foco e o filme está em torno de 70cm. O objeto a ser radiografado deve estar o mais próximo possível do filme para que a imagem tenha o tamanho próximo do real. O posicionamento da estrutura a ser radiografada em relação ao filme e à fonte de radiação é de suma importância para evitar-se a distorção da imagem. 9 DENSIDADES RADIOLÓGICAS A imagem radiográfica é determinada por sombras do objeto, variando do preto ao branco, passando por vários tons de cinza, na dependência do peso atômico, da espessura e da densidade da substância que compõe o objeto radiografado. Quanto maior o peso atômico, maior dificuldade terão os raios para ultrapassar o material. Ex: Radiografando-se uma rolha de cortiça e um cilindro de chumbo com o mesmo diâmetro, a primeira será atravessada pela radiação produzindo imagem radiolucente (cinza escuro). Já, o segundo, absorverá a radiação, impedindo a chegada da mesma ao filme, proporcionando imagem radiopaca (branca). A espessura também impedirá a passagem da radiação de forma diretamente proporcional. Ex: Um cão de porte grande requererá maior poder de penetração dos raios para imprimir imagem no filme, do que um cão de pequeno porte. Maior densidade da matéria requer maior força de penetração dos raios. Ex: Determinado volume de água absorverá mais a radiação do que o mesmo volume de gelo. Num mesmo animal verificam-se várias densidades radiológicas, determinando a imagem radiográfica de seus órgãos na dependência da densidade, espessura e peso atômico dos mesmos. Os ossos, por exemplo, constituem-se basicamente de cálcio. Considerando-se que esta substância absorve os raios-X, entende-se porque aquelas estruturas imprimem imagem radiopaca na radiografia; o brometo de prata que compõe a emulsão que envolve a película radiográfica, não sendo atingida pela radiação, não se reduz a prata metálica ao ser mergulhada no revelador. Por outro lado, o ar que enche os pulmões, oferece menor resistência à passagem das radiações, determinando imagem radiolucente, pois a radiação impressiona os sais de prata da emulsão, fazendo com que se reduzam a prata metálica quando o filme é imerso no revelador. Entre a densidade osso (radiopaca) e a densidade ar (radiolucente), existe a densidade água que corresponde aos músculos, tendões e sangue (menos radiopaca que o osso) e a densidade gordura (menos radiopaca que a densidade água). CONTRASTES Quando a imagem radiográfica não é diagnóstica, pode-se recorrer ao uso de contrastes, que são substâncias administradas ao paciente no intuito de melhor definir ou delimitar estruturas. Contrastes positivos: são radiopacos. Ex: Composto à base de sulfato de bário utilizado para estudo do sistema digestório, à base de iohexol utilizado para mielografia, à base de amidotrizoato de sódio e amidotrizoato de meglumina utilizado para estudo do sistema urinário e angiografia, entre outros. Contrastes negativos: são radiolucentes. Usualmente utiliza-se ar, podendo-se usar óxido nitroso ou dióxido de carbono. Ex: Pneumocistografia. Quando estruturas de mesma densidade se sobrepõem produzem efeito de adição de imagem. Ex: Dois ossos sobrepostos determinam imagem mais radiopaca que a determinada por um único osso. 10 Quando estruturas de densidades diferentes se sobrepõem determinam efeito de subtração de imagem. Ex: Porção do duodeno com gases (radiolucente) sobreposto à imagem do fígado (radiopaco), determina, no ponto de sobreposição, densidade menos radiopaca que a característica deste órgão. NOMENCLATURA PARA POSICIONAMENTOS Ao posicionar o paciente com o propósito de efetuar uma radiografia, deve-se dar nome a este posicionamento, levando em conta a face do corpo do animal onde incide e a face onde emerge a radiação. Assim: DV Dorso-ventral – o feixe de raios incide no dorso (cabeça, tórax ou abdome) e emerge na face ventral do animal, atingindo o filme. VD Ventro-dorsal – o feixe incide na face ventral e emerge dorsalmente. L ou LL Lateral ou Látero-lateral – o feixe incide em um lado e emerge no outro (não especifica o lado). LD Lateral direito – o feixe incide no lado esquerdo e emerge no direito. LE Lateral esquerdo Crânio-caudal e caudo-cranial – usado para membros de proximal até a extremidade distal de rádio e ulna/tíbia e fíbula. DP Dorso-palmar/plantar ou PD Palmo/planto (ou pálmaro)-dorsal – usado para membros a partir de carpo/tarso inclusive, para a extremidade. Lateral flexionada – efetuada com flexão da estrutura avaliada (membros, coluna cervical). Obliquadas – são incidências complementares. Usadas com maior freqüência em extremidades de eqüinos: DMPLO – Dorsomedial-palmarolateral obliquada/ Dorsomedial-plantarolateral obliquada – o feixe de raios incide no ângulo formado pelas superfícies dorsal e medial e emerge no ângulo formado pelas superfícies palmar e lateral/ plantar e lateral do membro. DLPMO – Dorsolateral-palmaromedial obliquada/ Dorsolateral-plantaromedial obliquada. PMDLO – Palmaromedial-dorsolateral obliquada/ Plantaromedial-dorsolateral obliquada. PLDMO – Palmarolateral-dorsomedial obliquada/ Plantarolateral-dorsomedialobliquada. Skyline – O feixe de radiação incide tangencialmente à estrutura em estudo. Rostro-caudal – A radiação incide cranialmente à face do paciente, emergindo na superfície caudal do crânio. IDENTIFICAÇÃO DE RADIOGRAFIAS A identificação do paciente (nº da ficha e / ou nome), data do exame, membro E ou D (quando necessário), são impressos no filme, com tipos de chumbo afixados no chassi no momento da radiografia ou com identificador eletrônico na câmara escura, após a radiografia. Quando a incidência for frontal, ou seja, DV, VD, DP, PD a marca deve ser colocada no lado direito do paciente. No momento da interpretação radiológica, o filme deve ser colocado no negatoscópio com a identificação para o lado esquerdo do radiologista. 11 Em incidências laterais, a marca deve ficar em local que não atrapalhe a imagem. Ao negatoscópio, coloca-se a região cranial do corpo do animal para a esquerda do radiologista. Quando radiografados os dois membros, a marca deve ser colocada no direito. Nada impede que se coloque as letras D e E respectivamente. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Considerando-se que a radiação é nociva à saúde, procura-se proteger ao máximo as pessoas envolvidas no exame. Radiologistas, técnicos e auxiliares devem, sempre, usar avental, luvas, óculos e protetor de tireóide plumbíferos e dosímetro para medir a radiação recebida durante determinado período de tempo (normalmente mensal). Quando possível, proteger-se atrás de biombo de chumbo ou paredes espessas e fazer controle hematológico periodicamente (6 em 6 meses). Solicita-se ao cliente (proprietário) que auxilie na contenção do paciente. Colima-se o feixe de radiação através de cones ou diafragmas, dirigindo-o, sempre que possível, para o chão, utilizando-se a maior quilovoltagem e a menor miliamperagem. REQUISIÇÃO Na solicitação do exame radiológico é importante que conste: A identificação do paciente: Nome, idade,... Descrição sucinta da história clínica. Especificação das estruturas a serem radiografadas. CUIDADOS ANTES E DURANTE O EXAME PARA ADEQUADO ESTUDO RADIOGRÁFICO Para exame de abdome fazer a limpeza do trato digestório, sempre que as condições do paciente o permitirem. Verificar se pele e pelos estão limpos e livres de pomadas. Os cascos dos equinos devem ser escovados e, se possível, livres de ferraduras para exame de 3ª falange. Preencher os sulcos do casco (pode ser com massa de modelar). Efetuar, sempre, radiografias perpendiculares entre si, já que a radiografia não proporciona imagem tridimensional (não dá noção de profundidade) (fig. 1.3). Quando solicitado exame contrastado, efetuar exame simples antes. INTERPRETAÇÃO RADIOLÓGICA Observa-se, inicialmente, a radiografia toda, avaliando-se o padrão radiográfico e o posicionamento. Detém-se, então, à região central do filme, onde deve estar a estrutura a ser estudada, indicada, em geral, pelo clínico. 12 Figura 1.3 – Radiografias em projeção lateral e crânio-caudal de rádio e ulna de um cão. A primeira sugere que o projétil se encontre entre os dois ossos. A outra demonstra que está sob a pele, na face lateral do membro. Atenta-se para: Mudança de posição de um órgão ou parte dele. Ex: alças intestinais desviadas para um lado, por tumor na cavidade abdominal. Variação no tamanho. Ex: aumento de volume cardíaco. Variação no contorno ou forma. Ex: bexiga com divertículo. Alteração na densidade. Ex: rarefação óssea. Alteração na função. Ex: Rim afuncional (evidenciado na urografia excretora). Mudança na arquitetura. Ex: neoplasias ósseas. LAUDO RADIOLÓGICO Na elaboração do laudo se descreve as alterações observadas, emite-se o diagnóstico, se possível, ou declara-se não haver alteração detectável ao exame radiológico, nas estruturas avaliadas. 13 CAPÍTULO II SISTEMA DIGESTÓRIO CAVIDADE ORAL Esta estrutura, primeira do sistema digestório, em geral, é avaliada através de exame direto, dispensando raios-X. Recomenda-se que o clínico abra a boca do paciente, fazendo a inspeção, em busca de lesões na língua, gengiva, palato, corpos estranhos entre os dentes, cáries ou dentes quebrados ou frouxos. As estruturas ósseas que limitam a cavidade oral, dentes e periodonto, fazem parte do capítulo de sistema ósseo. FARINGE Nesta região, deve-se analisar a anatomia da mesma (fig. 2.1), palato mole, epiglote e hióides, levando em conta alteração de volume, continuidade ou densidade. É importante o conhecimento das estruturas normais, facilitando a identificação de alterações, quando presentes. Corpos estranhos, linfonodo aumentado e neoplasias são alterações passíveis de serem detectadas ao exame radiográfico. Figura 2.1 – Faringe de um cão evidenciando palato mole (seta fina preta), epiglote (seta grossa preta) e hióides (setas brancas). Seta descontínua aponta as cartilagens da laringe. ESÔFAGO Esta estrutura estende-se da altura da 2ª vértebra cervical à 10ª torácica. Começa dorsal à traquéia, passando para o lado esquerdo da mesma na porção cervical caudal, até a entrada do tórax, onde volta a ser dorsal, chegando ao abdome, onde se une ao cárdia. O esôfago não é distinguido ao exame radiográfico simples, pois encontra-se, normalmente, colapsado, não apresentando ar ou conteúdo em sua luz, determinando a mesma densidade dos tecidos moles da região do pescoço e do mediastino. Discreta porção de ar (radiolucente) poderá, eventualmente, ser observada na porção inicial do esôfago. Imagem que não deve se repetir em radiografias sucessivas. 14 ESOFAGOGRAMA É o exame contrastado do esôfago para o qual se usa contraste positivo, em geral, sulfato de bário. Recomenda-se composto orgânico em caso de suspeita de solução de continuidade de parede do órgão. As radiografias são efetuadas em posicionamento lateral, mais esclarecedor e dorso- ventral ou ventro-dorsal, sendo estes últimos de pouca ajuda pela sobreposição das vértebras. TÉCNICA RADIOGRÁFICA Com auxílio de seringa administra-se, via oral, 5 a 10ml de sulfato de bário. Imediatamente, coloca-se o paciente em decúbito lateral sobre o filme e efetua-se a radiografia. Nota: Sempre realizar o exame simples antes do contrastado, para avaliar o padrão da radiografia e descartar a presença de alteração detectável sem contraste. IMAGEM Na ausência de alterações, o contraste passará imediatamente para o estômago, deixando resíduos entre as pregas do esôfago, determinando imagem de linhas longitudinais que se estendem até a entrada do abdome ou próximo a este ponto. A não detecção da coluna de contraste, ou a visualização da mesma até o terço médio do tórax, sem dilatação do esôfago, não caracteriza alteração. Isto se deve à passagem livre e rápida do contraste para o estômago (fig. 2.2 A). No gato, no terço caudal do esôfago, existem pregas transversais além das longitudinais, determinando uma imagem semelhante a espinha de peixe, quando preenchidas por contraste (fig. 2.2 B). Figura 2.2 – Esofagograma. Imagem normal de esôfago de cão (A), de gato (B). ALTERAÇÕES As alterações de esôfago classificam-se em intraluminais (ex: corpo estranho, fig. 2.3), intramurais (ex: nódulos de Spirocerca lupi, fig. 2. 6) ou periesofágicas (ex: neoplasia adjacente ao esôfago, fig. 2.5). Sinais clínicos: dificuldade de deglutição, regurgitação e, eventualmente, tosse. 15 OBSTRUÇÃO ESOFÁGICA POR CORPO ESTRANHO Os corpos estranhos podem ser radiopacos (Fig. 2.3),ou radiolucentes (Fig. 2.4). Os primeiros são visualizados ao exame radiográfico simples, já os últimos necessitam de esofagograma para sua identificação, quando haverá interrupção parcial ou total da coluna de contraste na trajetória do esôfago, dilatando a luz do mesmo cranialmente ao corpo estranho. Os pontos onde mais frequentemente se instalam os corpos estranhos são: porção terminal de esôfago cervical (pela resistência à distensão na entrada do tórax), anterior à base do coração (pelas estruturas da região) e na porção terminal do esôfago (pela limitação proporcionada pelos pilares do diafragma). Figura 2.3 – Imagens radiográficas de corpos estranhos radiopacos em esôfago de cão. Figura 2.4 – Imagens de corpo estranho radiolucente (setas) em esôfago de um cão. Exame simples (A) e esofagograma (B). 16 COMPRESSÃO ESOFÁGICA Pode ocorrer por aumento de volume de linfonodos mediastinais, hipertrofia ou neoplasia de timo, ou massas adjacentes ao esôfago (fig. 2.5). Figura 2.5 – Massa comprimindo o esôfago cervical (setas pretas). Exame simples (A) e esofagograma (B). Contraste impedido de progredir livremente (seta branca). RUPTURA DE ESÔFAGO Quando ao exame radiográfico simples for evidenciado ar nos tecidos adjacentes ao esôfago, deve-se suspeitar de ruptura ou perfuração do mesmo. Utiliza-se, então, composto orgânico para confirmar o diagnóstico, o que será demonstrado por extravasamento do contraste para fora da luz esofágica. DIVERTÍCULO ESOFÁGICO Não produz sinal clínico, a menos que seja muito grande. Pode ser congênito ou adquirido. Aparece, ao esofagograma, como uma saculação na parede do órgão. ESOFAGITE Diagnóstico pouco comum pelo estudo radiográfico. Pode levar a espessamento da parede em casos crônicos ou demonstrar irregularidade nas pregas do esôfago. ESTENOSE ESOFÁGICA Redução da luz por espessamento da parede, consequente a fibrose após lesão, tumor ou nódulos de Spirocerca lupi (fig. 2.6). 17 Figura 2.6 – Nódulo de Spirocerca lupi em esôfago de cão (setas), produzindo estenose (não identificada nesta imagem). NEOPLASIAS Não são comuns em cães, sendo diagnosticadas, embora raramente, em gatos. A imagem radiográfica demonstra irregularidade da parede do esôfago, evidenciada ao esofagograma. HÉRNIA DE HIATO Esta alteração ocorre quando uma porção do estômago passa pelo hiato esofágico e penetra no tórax. A hérnia pode ser axial ou paraesofágica. A primeira ocorre quando parte do estômago escorrega intermitentemente para o tórax através do hiato. A segunda, quando parte do estômago penetra no tórax pelo hiato, lateralmente ao esôfago. INVAGINAÇÃO GASTRO-ESOFÁGICA O estômago invagina para o interior do esôfago e, eventualmente, leva junto porção do duodeno, baço e pâncreas, produzindo uma dilatação esofágica, que apresentará densidade alterada na porção terminal. Ao esofagograma é possível visualizar o padrão pregueado da mucosa do estômago na luz do esôfago. Observa-se, também, a ausência de qualquer imagem correspondente ao estômago na cavidade abdominal (fig. 2.7). Figura 2.7 – Esofagograma demonstrando intussuscepção gastro-esofágica em cão. 18 DILATAÇÃO PARCIAL DE ESÔFAGO Devido à constrição ou obstrução do esôfago, em determinado ponto, ocorrerá dilatação do órgão cranialmente a este ponto. Uma das causas mais comuns é o arco aórtico direito persistente (fig. 2.8). Figura 2.8 – Esofagograma demonstrando dilatação parcial de esôfago (setas). MEGAESÔFAGO Observa-se aumento da luz do esôfago em toda a sua extensão, até a entrada do abdome. Às vezes dispensa o exame contrastado (fig. 2.9 A). Para preenchimento do órgão dilatado, é necessária uma quantidade de contraste bem maior que a recomendada para o esofagograma (fig. 2.9 B). Megaesôfago pode ser causado por acalasia ou tumor de cárdia, por exemplo. Figura 2.9 – Megaesôfago em cão. A- Exame simples demonstrando as paredes do esôfago (setas) e ar no interior. B- Esofagograma demonstrando quantidade insuficiente de contraste devido à grande distensão. ABDOME Ao avaliar-se o abdome como um todo, deve-se considerar tamanho, densidade e localização de cada órgão, bem como o conteúdo e o grau de repleção das vísceras ocas. Para detectar-se alteração, é indispensável ter conhecimento da imagem normal do organismo animal (fig. 2.10 e 2.11). 19 ESTÔMAGO Este órgão localiza-se na porção cranial do abdome, aparecendo parcialmente sobreposto ao fígado nas radiografias. Ao exame simples, pode ser facilmente identificado por conter, usualmente, gás no seu lúmen. Em posição VD, no cão, cárdia e região fúndica do estômago estão localizados à esquerda da linha média, ficando a região pilórica à direita. No gato, o estômago está localizado em sua totalidade no lado esquerdo, tendo o piloro na linha média. Na projeção lateral, dependendo do decúbito, a coleção de gás que tende a subir, se localizará na região fúndica (decúbito direito) ou na pilórica (decúbito esquerdo). Figura 2.10 – Abdome normal de cão. Incidência lateral (A) e ventro-dorsal (B). Fígado (seta longa preta), alça do intestino delgado (seta pequena branca), estômago (seta grossa branca) e cólon descendente com gases e fezes (seta grossa preta). Figura 2.11 – Abdome normal de felino. Cólon descendente (seta fina preta), fígado (seta branca), rins sobrepostos na incidência lateral e rim esquerdo na ventro- dorsal (seta grossa preta). GASTROGRAFIA OU GASTROGRAMA 20 É o exame contrastado do estômago, sendo o sulfato de bário o meio de contraste indicado rotineiramente. Diante de suspeita de perfuração de parede, este deve ser substituído por composto orgânico. TÉCNICA: Visando avaliação do estômago, indica-se jejum de 8 horas previamente ao exame, se as condições do paciente o permitir. Presença de conteúdo no estômago após jejum, sugere obstrução ou espasmo de piloro. Com auxílio de seringa, via oral, ou através de sonda diretamente no estômago, administra-se o meio de contraste na dose de 5 a 12ml.kg -1 de peso do animal. Imediatamente, efetua-se a primeira radiografia, para avaliar a passagem do contraste para o duodeno (fig. 2.12), repetindo-se aos 5, 15, 20 e 60 minutos após, avaliando-se as imagens obtidas, até chegar ao diagnóstico. Indica-se incidências VD, lateral esquerda, lateral direita e, se necessário, DV e obliquadas. Nota: É importante que o paciente seja mantido em local tranquilo, preferencialmente, junto ao proprietário, para que o estresse não interfira na progressão do contraste. ALTERAÇÕES São sinais de desordem gástrica: dor abdominal, vômito, anorexia, podendo chegar a temperatura elevada, perda de peso, desidratação e fadiga. CORPO ESTRANHO Pode ser radiopaco, que será visualizado ao exame simples, ou radiolucente, evidenciado por pequena quantidade de contraste administrada que o envolverá. Plástico e vidro são exemplos de corpos estranhos radiolucentes. Figura 2.12 – Imagem do estômago de cão ao exame contrastado. TORÇÃO GÁSTRICA O estômago apresenta-se distendido por gases e / ou conteúdo alimentar e líquidos, com o piloro deslocado de sua posição normal. Este quadro caracteriza emergência, não sendo indicado o uso de contraste. 21 DILATAÇÃO GÁSTRICA O estômago apresenta-se distendido, permanecendo o piloro em sua posição normal (fig. 2.13). Figura 2.13 – Dilatação gástricapor obstrução de piloro em um cão. TUMORES E ÚLCERAS Os tumores gástricos são raros em pequenos animais, já as úlceras ocorrem, especialmente, causadas pelo uso indiscriminado de antiinflamatórios. O diagnóstico radiológico destas últimas é feito pela constatação de contraste preenchendo-as. Não é de fácil visualização devido às pregas gástricas que podem levar a erros. O mais indicado, para o diagnóstico definitivo, é a endoscopia. INTESTINO DELGADO EXAME SIMPLES As alças intestinais serão mais facilmente distinguidas ao exame radiológico quando apresentarem gás em sua luz ou conteúdo de densidade diferente dos tecidos adjacentes. Gordura na cavidade peritonial, por ter densidade radiológica diferente das vísceras, proporciona distinção entre as mesmas. Animais muito magros ou jovens, têm imagem do abdome bastante homogênea pela ausência de gordura. Ainda, na presença de líquido livre na cavidade, como em caso de ascite, peritonite, hemoperitônio, ou qualquer efusão peritonial, haverá uma opacificação homogênea da imagem, dificultando ou impedindo totalmente a distinção de qualquer estrutura. TRÂNSITO INTESTINAL É o exame contrastado das alças intestinais. Deve ser precedido, sempre, por exame simples. TÉCNICA Após preparo com jejum de 24 horas (água sem restrição), efeito de laxante suave e enema efetuado 6 horas antes do exame, administra-se via oral ou por sonda gástrica, o sulfato de bário na dose de 8 a 12ml.kg -1 de peso do animal. Dependendo do quadro clínico, como em casos de anorexia, em que o paciente já vem há dias sem se alimentar, o preparo será dispensado. 22 Da mesma forma vista na gastrografia, ao fim da administração do contraste, efetua- se a primeira radiografia, para observar a passagem do mesmo do estômago para o duodeno. Repete-se a avaliação 15 minutos após e uma hora, novamente, quando em condições normais, todo o intestino delgado estará delineado pelo contraste. O trânsito poderá estar acelerado em caso de enterite, ou retardado pelo estresse do animal devido à manipulação. Três horas após a administração do contraste, pode-se verificar a passagem do mesmo ao cólon e avaliar o esvaziamento do estômago. Num paciente adequadamente preparado para o exame, o intestino apresentará diâmetro uniforme, superfície mucosa relativamente lisa e parede fina, quando em condições normais de saúde (fig. 2.14 A e B). Figura 2.14 - Trânsito intestinal normal em cão. A - Intestino delgado em projeção ventro-dorsal e B - Projeção lateral. Estômago apresenta resíduo do contraste. ALTERAÇÕES Os sinais clínicos incluem vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, desidratação, dor abdominal e /ou melena. OBSTRUÇÃO A obstrução pode ser completa ou parcial. No primeiro caso, a imagem radiográfica demonstrará dilatação por gases ou conteúdo alimentar das alças intestinais, anteriores ao ponto de obstrução (fig. 2.15). No segundo, não haverá retenção significativa de gases, podendo necessitar contraste para o diagnóstico. Quando a causa for corpo estranho linear, o contraste proporcionará imagem de franzimento do segmento da alça que o contém (fig. 2.16). ENTERITE Radiologicamente diagnosticada pela velocidade aumentada do trânsito intestinal (o contraste passa muito rapidamente) e/ou por significativa quantidade de gases na luz A B 23 intestinal, demonstrada por radiolucência. Irregularidade na superfície da mucosa ou estreitamento do lúmen só será observado em casos crônicos. DIVERTÍCULO Pode ser adquirido ou congênito, sendo mais comum o consequente a corpo estranho. Apresenta-se como uma saculação na parede da alça intestinal. INTUSSUSCEPÇÃO Poderá produzir obstrução completa ou incompleta. A invaginação de uma porção da alça em outra determina, eventualmente, uma imagem de uma estrutura tubular com densidade água, comparada por alguns autores a uma salsicha. Evita-se a administração de contraste, dando-se preferência ao exame ecográfico em lugar do contrastado. Quando causar obstrução completa a imagem será semelhante à vista na figura 2.15. Figura 2.15 – Radiografia simples: obstrução intestinal em projeção lateral e ventro-dorsal. Figura 2.16 – Trânsito intestinal em projeção ventro-dorsal e lateral, evidenciando corpo estranho linear no intestino delgado de um felino. 24 HÉRNIAS As alças intestinais, com seu conteúdo gasoso ou com contraste, ou outros órgãos, como fígado, útero, estômago, serão visualizados fora da cavidade abdominal. Ex: Hérnia diafragmática (vísceras insinuadas no tórax) (fig. 2.17 A), hérnia inguinal (na região inguinal) (fig. 2.17 B). Figura 2.17 – Hérnia diafragmática. A - Perda da linha do diafragma, presença de alças intestinais com gases e estruturas radiopacas insinuadas no tórax. B - Hérnia inguinal em uma cadela prenhe. Corno uterino com fetos compõe o conteúdo herniário. INTESTINO GROSSO O intestino grosso inclui ceco, cólon e reto. Este segmento do intestino é facilmente identificável ao exame radiológico por sua localização, tamanho e conteúdo. O ceco no cão, com forma de “C”, cheio de gás, é identificado no lado direito do abdome em projeção VD. Nesta projeção, observa-se o cólon ascendente no lado direito do abdome, cólon transverso, da direita para esquerda e descendente no lado esquerdo, descendo até o reto. Este último é a estrutura intrapélvica, localizada entre a superfície ventral do sacro e o assoalho da pelve em projeção lateral. COLONOGRAFIA OU ENEMA BARITADO É o exame contrastado do intestino grosso. TÉCNICA As incidências e o preparo são os mesmos do trânsito intestinal. É aconselhável a sedação para evitar o desconforto do paciente. Seringa com bico ou sonda é utilizada para administrar o contraste no reto. A dose indicada é de 5 a 12ml.kg -1 de peso. Imediatamente efetuam-se as radiografias. Para exame de duplo contraste, proporciona-se a eliminação do contraste positivo e administra-se ar na mesma dose do primeiro. As paredes do cólon delineadas pelo contraste positivo são avaliadas para alterações na mucosa e lesões intramurais. ALTERAÇÕES A B 25 São as mesmas que acometem o intestino delgado, mais megacólon e fecaloma (fig. 2.18 A), hérnia perineal (fig. 2.18 B), atresia anal (fig. 2.19) e intussuscepção íleo-cólica (fig. 2.20). Figura 2.18 – A- Megacólon com conteúdo fecal, em projeção lateral. B-Hérnia perineal. Figura 2.19 – Atresia anal em felino de 4 dias de vida. Alças intestinais distendidas por gases. A B 26 Figura 2.20 – Intussuscepção íleocólica em cão. Alças do intestino delgado apresentam-se distendidas por gases, na projeção lateral. Contraste usado na colonografia progrediu até o ponto da invaginação, na junção íleocólica. MASSAS TUMORAIS Pode ocorrer o desenvolvimento de massas no abdome, as quais se originam em qualquer órgão ou mesmo no mesentério, o que é difícil de especificar ao exame radiográfico. É importante, diante de massas que ocupam grande parte do abdome (fig. 2.21), não se fazer confusão com efusão pleural, observando o limite que aquelas demonstram, diferentemente das efusões que se distribuem por toda a cavidade. Incidência VD auxilia a localização das massas, bem como incidência lateral em estação, permite a observação do líquido colecionado ventralmente nesta posição. Figura 2.21 – Massa no abdome (tumor no baço) e tórax do mesmo paciente com metástases pulmonares. PNEUMOPERITÔNIO Pode ocorrer como consequência deperfuração em alças intestinais (fig. 2.22). Radiolucência distribuída em toda a cavidade será observada. Figura 2.22 – Pneumoperitônio causado por perfuração de alça intestinal em felino. Imagens cedidas pelas colegas Médicas Veterinárias Cristiane Elise Teichmann e Anelise Réquia. 27 PNEUMOPERITONIOGRAFIA É o exame radiográfico no qual se injeta ar ou óxido nitroso na cavidade abdominal, com a finalidade de melhor avaliar a superfície serosa das vísceras. Exame pouco usado atualmente, graças à ultrassonografia que proporciona imagem sem invasividade. ÓRGÃOS ANEXOS PÂNCREAS Este órgão não é distinguido ao exame radiológico. Quando aumentado de tamanho, em geral por pancreatite ou tumor, poderá aparecer como uma massa deslocando as vísceras adjacentes. A ultrassonografia aqui, bem como no baço, proporcionará esclarecimento. FÍGADO Em projeção VD o fígado se apresenta na radiografia como uma estrutura de densidade água, homogênea, na região mais cranial do abdome, com forma convexa limitada pelo diafragma e, irregularmente côncava em sua borda caudal, em contato com o estômago, duodeno mais à direita e rim direito. Em projeção lateral, este órgão apresenta forma triangular, limitado pelo diafragma e parede abdominal ventral, tendo sua borda caudal formando um ângulo bem definido, ultrapassando ligeiramente o último arco costal (fig. 2.10 e 2.11). O fígado poderá apresentar-se aumentado de tamanho (fig. 2.23), ultrapassando significativamente o limite normal, perdendo o aspecto afilado de suas bordas, as quais aparecem arredondadas. Exemplos de causas de hepatomegalia são neoplasias hepáticas, carcinoma de ducto biliar, cirrose em sua fase aguda,, intoxicação e congestão por insuficiência cardíaca direita. Deslocamento caudal das estruturas adjacentes auxiliam no diagnóstico. Já, o fígado diminuído de tamanho, é característico de cirrose hepática. Com o exame ultrassonográfico será possível avaliar-se o parênquima e os limites hepáticos, fazendo diagnóstico o diferencial. Figura 2.23 – Imagem radiográfica de hepatomegalia em cão. 28 BAÇO Apresenta-se na radiografia como estrutura triangular, com a mesma densidade do fígado, situado no lado esquerdo do abdome, caudal ao estômago em projeção VD e ventralmente em projeção lateral (fig. 2.24), sendo o decúbito lateral direito preferencial, pela posição tomada pelo órgão, determinando boa imagem. Poderá estar aumentado de tamanho quando o paciente estiver sob efeito de anestésico, período pós-vacinal ou em casos patológicos como linfossarcoma (fig. 2.21). Figura 2.24 – Radiografia de abdome normal de cão, com evidência do baço (seta). 29 CAPÍTULO III SISTEMA URINÁRIO Este sistema compreende rins, ureteres, bexiga e uretra. Ao exame radiológico simples apenas rins e bexiga são visualizados, sendo que os primeiros são melhor distinguidos das demais estruturas da cavidade abdominal, quando há gordura no retroperitônio. A bexiga depende de seu conteúdo para ser identificada. Para adequada avaliação do sistema urinário é necessário o preparo do animal, que consiste na limpeza do trato digestório, sempre que as condições do paciente o permitir. Os rins são móveis, usualmente identificáveis na porção dorsal do abdome, em projeção lateral, apresentando-se parcialmente sobrepostos (fig. 3.1). No posicionamento VD observa-se que o rim direito se localiza mais cranialmente que o esquerdo. No cão, os rins têm, em média, 2,5 a 3,5 vezes o comprimento da 2ª vértebra lombar. No gato, 2 a 3 vezes o tamanho da 4ª vértebra lombar. Os ureteres se estendem da pelve renal ao trígono da bexiga, na região dorso caudal desta, necessitando de meio de contraste para serem identificados radiologicamente. A bexiga é visualizada sobre o assoalho da cavidade abdominal caudal. À medida que se torna cheia, mais cranialmente se estende (fig.3.1). A uretra não é visualizada radiologicamente em condições normais, mas no canino macho o osso peniano indica a posição terminal desta estrutura. EXAMES CONTRASTADOS UROGRAFIA EXCRETORA É a técnica utilizada para melhor avaliação radiológica das estruturas do sistema urinário. É indicado preparo do paciente com dieta hídrica por 24 horas, laxante suave e, se necessário, enema morno 6 horas antes do exame, para limpeza completa do trato digestório. Para maior conforto do animal, o mesmo poderá ser sedado, o que não é imprescindível. Após avaliação do preparo e fatores de exposição através do exame simples, inicia- se o procedimento da urografia excretora: via endovenosa, administra-se composto orgânico específico para vias urinárias, em geral à base de diatrizoato sódico e diatrizoato de meglumina, na dose de 3ml.kg -1 . Ao término da administração do contraste efetua-se a primeira radiografia, nas incidências lateral e VD, seguindo-se de outras aos 2, 5 e 10 minutos. Neste exame observa-se primeiramente os rins opacificados, a seguir os ureteres que aparecem como duas linhas radiopacas estendendo-se da pelve renal até o trígono da bexiga, onde se inserem e, finalmente, esta última preenchida por contraste diluído na urina (fig. 3.2). 30 Figura 3.1 – Radiografia simples do abdome de um felino: rim direito mais cranial e esquerdo caudalmente, parcialmente sobrepostos (setas pequenas) e bexiga (seta grande). Figura 3.2 – Urografia excretora em uma cadela, projeção lateral e VD evidenciando rins, ureteres e bexiga, esta última com defeito de preenchimento causado por neoplasia. PNEUMOCISTOGRAFIA Ar ou óxido nitroso na dose de 6 a 12ml.kg –1 é injetado para o interior da bexiga via cateter adaptado a uma seringa, até que o órgão esteja moderadamente distendido. Pode-se recorrer a sedação em caso de manifestação de dor, visando conforto do paciente. É importante a remoção de toda a urina presente na bexiga antes da administração do contraste negativo (fig. 3.3). 31 Figura 3.3 – Pneumocistografia evidenciando urólitos radiolucentes e sonda. A imagem foi delineada por linha pontilhada por ser de difícil visibilização. CISTOGRAFIA Contraste orgânico é diluído a 5% em solução fisiológica e introduzido na bexiga por meio de uma sonda uretral até que o órgão esteja moderadamente distendido, o que requer em torno de 6 a 12ml.kg –1 (fig. 3.4 A e B). Figura 3.4 – Cistografia, em projeção L e VD demonstrando massa tumoral no interior da bexiga de uma cadela. Diagnóstico comprovado em cirurgia. CISTOGRAFIA COM DUPLO CONTRASTE O contraste positivo é introduzido na bexiga em quantidade suficiente para envolver a mucosa vesical. O excesso é removido, administrando-se, então, ar ou óxido nitroso até obter moderada distensão do órgão. Este exame proporciona boa avaliação da mucosa. ALTERAÇÕES A B 32 RINS DEFEITOS CONGÊNITOS Entre os defeitos congênitos, cita-se a aplasia, a ectopia e a hipoplasia renal, podendo ser este último afuncional. Neste caso, o outro rim pode ser hipertrofiado para compensar. Estas alterações são melhor demonstradas pela urografia excretora. HIDRONEFROSE Usualmente, esta alteração ocorre por obstrução de ureter (fig. 3.5), que pode ser consequente a massas abdominais, cálculos ou ligadura acidental em cirurgia. Ao exame radiológico o rim aparecerá como uma grande massa radiopaca de contornos lisos. CÁLCULO RENAL Também chamado de urólito, é visto comodensidade radiopaca no interior da pelve renal, algumas vezes preenchendo a mesma. Se os cálculos forem radiolucentes, haverá necessidade de exame contrastado (urografia excretora) ou ultrassonográfico para confirmação. Nota: cálculos radiopacos são compostos de fosfato triplo ou oxalato de cálcio, enquanto os radiolucentes são formados por urato de amônia ou de cistina. RUPTURA RENAL Diagnóstico feito pela urografia excretora, onde haverá extravasamento do contraste. NEOPLASIA Poderá ser observado aumento de tamanho do rim ou irregularidade no contorno. CISTO RENAL Usualmente causa distorção no contorno do rim. Por conter líquido no interior, o cisto não se destaca do parênquima. Ultrassom é o meio ideal para este diagnóstico. NEFRITE Diagnosticada por outros meios que não o radiológico. Rim pequeno e nodular poderá sugerir nefrite crônica ou rim terminal. INFARTO RENAL Áreas de infarto poderão ser demonstradas como não funcionais à urografia excretora, isto é, não opacificadas. URETERES Cálculo, ruptura de ureter e hidroureter (fig. 3.5) são alterações passíveis de ocorrer, sendo que estas últimas são detectadas ao exame contrastado. 33 Figura 3.5 – Hidroureteres demonstrados por urografia excretora em cão. BEXIGA CISTITE O meio de imagem indicado para este diagnóstico é o ultrassom, uma vez que a mucosa vesical não é distinguível ao exame radiográfico simples e, mesmo à cistografia ou pneumocistografia, discreta alteração da mucosa poderá ser imperceptível. CÁLCULOS São comuns em cães. Se radiolucentes, poderão depender de contraste negativo para serem evidenciados. Neste caso, se apresentarão um pouco menos radiolucentes que o ar (fig. 3.3). Quando radiopacos, são facilmente observáveis (fig. 3.6). Nas fêmeas é comum a presença de poucos cálculos e grandes, já que os pequenos são facilmente eliminados através da uretra curta. Nos machos observam-se cálculos de todos os tamanhos e em grande número pela dificuldade de serem eliminados, muitas vezes sendo evidenciados na uretra, especialmente na base do osso peniano (fig. 3.6 B). Em gatos, o meio de imagem mais indicado é o ultra-som, uma vez que a maior ocorrência é de cristais, difícil, se não impossível, de serem observados na radiografia. Eventualmente, se poderá observar a trajetória da uretra do macho com acúmulo de cristais. NEOPLASIA Não é visualizada ao exame simples. À pneumocistografia aparecerá como uma massa radiopaca em contraste com a radiolucência do ar administrado. À cistografia a imagem será de uma massa menos radiopaca que o contraste positivo administrado (fig. 3.4), imagem semelhante à obtida na urografia excretora (fig. 3.2). 34 Figura 3.6 – A- Cálculos radiopacos na bexiga de um cão ao exame radiográfico simples. B- Muitos e pequenos cálculos preenchendo a bexiga e a uretra de um cão. DIVERTÍCULO Pode ser de origem traumática ou ocorrer no ponto onde se fixava o úraco no feto (estrutura que proporciona comunicação entre a bexiga e o saco alantóide). Poderá não ter nenhum significado clínico, a não ser em casos de cistite, onde o divertículo colecionará sedimento, proporcionando recidivas. RUPTURA Perceptível apenas ao exame contrastado, quando será visibilizado ar ou contraste positivo livre na cavidade abdominal. Contraste positivo é o mais indicado por ser mais facilmente observado ao extravasar (fig. 3.7). Figura 3.7 – Ruptura de bexiga diagnosticada por cistografia, onde o contraste extravasou para a cavidade abdominal. URETRA CÁLCULOS Poderão ser observados na trajetória da uretra de cães e gatos machos, como já comentado (fig. 3.6 B). ESTENOSE A B 35 Fratura de osso peniano no cão é a causa mais comum desta alteração (fig. 3.8), podendo, também, ser determinada por cálculo ou sondagem. Figura 3.8 – Fratura de osso peniano em cão (seta). ] 36 CAPÍTULO IV SISTEMA REPRODUTOR MACHO PRÓSTATA Na maioria das raças de cães e nos gatos, a próstata normal não será identificada na radiografia, ou o será parcialmente. Localizada caudalmente à bexiga, ao redor da uretra, tem sua visualização, nos cães, dependente do conteúdo urinário, uma vez que é deslocada cranialmente quando há repleção vesical (fig. 4.1). Estará aumentada em casos de neoplasia, prostatite ou hiperplasia prostática benigna. Só a ultrassonografia ou outro meio de auxílio ao diagnóstico poderá fornecer esclarecimento quanto ao diagnóstico. Figura 4.1 – Próstata aumentada de volume em cão (seta). URETRA Vista no sistema urinário. TESTÍCULOS Devem ser investigados por outro meio que não o radiológico. FÊMEA O útero consiste em colo, corpo e cornos, estes últimos totalmente dentro do abdome, enquanto o corpo se encontra no abdome caudal e pelve. Os ovários estão localizados caudalmente aos rins. Estas estruturas, componentes do sistema reprodutor das fêmeas, não são identificáveis ao exame radiográfico quando em condições normais de saúde. Ultrassonografia é o meio de diagnóstico por imagem indicado para avaliá-las, embora, a radiografia possa ser utilizada na falta deste recurso. PRENHEZ Esta condição está entre os casos passíveis de serem diagnosticados radiograficamente. É importante ter-se conhecimento da história clínica da paciente, uma vez que até em torno do 42° dia de gestação na cadela e 39° dia na gata, não haverá 37 deposição de cálcio no esqueleto dos fetos, podendo levar à confusão com piometra que será discutida adiante. Após a calcificação dos esqueletos, se poderá visibilizar cabeça, coluna e membros, sendo que, em condições normais, a coluna estará distendida ou suavemente curvada (fig. 4.2) e o crânio apresentará continuidade em seu contorno, exceto na região da fontanela. A radiografia é um meio confiável para a contagem do número de fetos, sendo que para este fim, conta-se os crânios. Figura 4.2 – Gestação em cadela. Presença de feto com características normais. ALTERAÇÕES OVÁRIOS Quando os ovários estiverem aumentados de tamanho, por exemplo, em caso de tumoração, poderão ser visualizados como massa densidade água deslocando estruturas adjacentes, embora o diagnóstico não possa ser afirmado. ÚTERO PIOMETRA Esta alteração, bem como hemometra, mucometra ou hidrometra se caracterizam por aumento do volume uterino, o qual apresenta-se como uma estrutura de densidade água, homogênea, partindo da porção caudal do abdome em sentido cranial, variando de tamanho, conforme o conteúdo do mesmo (fig. 4.3). Durante a involução uterina pós-parto, também se poderá detectar aumento desta estrutura, podendo haver confusão se não for conhecida a história da paciente. 38 Figura 4.3 – Radiografia de abdome de cadela com piometra. Setas apontam os cornos uterinos distendidos. FETO MUMIFICADO Após a morte do feto, não havendo infecção, ocorrerá reabsorção dos tecidos moles, fazendo com que a estrutura óssea torne-se muito evidente. A coluna se apresentará dobrada ou enrolada e é possível perceber sobreposição dos ossos do crânio (fig. 4.4 A). Figura 4.4 – Radiografias de abdome: A- Fetos mumificados. Seta aponta crânio com ossos sobrepostos. B- Feto enfisematoso, caracterizado pela radiolucência, gás, no interior e em torno do mesmo.FETO ENFISEMATOSO Em caso de infecção, os fetos mortos apresentarão áreas de radiolucência em seu interior e ao redor, correspondente ao gás produzido (fig. 4.4 B). Havendo morte do embrião e contaminação, poderá ocorrer evidência só de gás no interior do útero, caracterizando fisometra (fig. 4.5) A B 39 Figura 4. 5 – Radiografia de abdome demonstrando fisometra em cadela PRENHEZ ECTÓPICA Caracterizada pela localização dos fetos fora dos cornos uterinos. A densidade dos esqueletos se apresentará semelhante a dos mumificados. DISTOCIA Situação na qual o parto normal fica impedido. O exame radiológico é de grande auxílio, demonstrando apresentação ou tamanho dos fetos, incompatível com parto normal. 40 CAPÍTULO V SISTEMA RESPIRATÓRIO FOSSAS NASAIS O sistema respiratório inicia nas fossas nasais que, em condições normais, apresentam ar em seu interior determinando radiolucência e evidenciando os cornetos como linhas radiopacas irregulares (fig. 5.1 A e 5.1 B). A estrutura óssea da região está descrita no capítulo X. LARINGE É a estrutura que se segue à faringe (já estudada no sistema digestório), sendo identificada radiologicamente pela imagem da epiglote e, muito discretamente, das cartilagens tiroide, aritnoide e cricoide, contrastando com o ar contido na luz do órgão (fig. 2.1). Calcificação da laringe ou deslocamento e compressão por massas adjacentes, são alterações passíveis de serem diagnosticadas. TRAQUEIA Estrutura tubular preenchida por ar, radiolucente, que se estende da laringe à carina, ponto onde se bifurca, originando os grandes brônquios. Ao penetrar no tórax a traqueia inclina-se ventralmente em direção à base do coração (fig. 5.4 A). Figura 5.1 – Imagem de fossas nasais de cão. A- Projeção dorso-ventral (DV) e B- lateral. C- Tumor de Sticker em fossa nasal de cão. Observar a densidade aumentada (seta) e destruição do vômer. Projeção ventro-dorsal (VD). ALTERAÇÕES DESLOCAMENTO TRAQUEAL B A C 41 Pode ocorrer por compressão por massas mediastinais (fig. 5.2) ou cervicais, ou por aumento de tamanho do coração, podendo, às vezes, se tornar paralela à coluna torácica (fig. 6.1). Figura 5.2 – Imagem de desvio traqueal por massa mediastinal radiopaca (setas), dorsal à traqueia em cão. A- Coração. COLAPSO TRAQUEAL O colapso traqueal usual ocorre no sentido ventro-dorsal, podendo se restringir à região cervical ou à torácica, sendo melhor visibilizado em projeção lateral. Para evidenciar o colapso traqueal cervical, a radiografia deve ser efetuada durante a inspiração. Já, para identificação do colapso da traqueia torácica, a tomada radiográfica deve ocorrer na fase expiratória. Cuidado deve ser tomado ao posicionar o paciente, porque, se ocorrer excessiva extensão do pescoço, haverá diminuição da luz da traqueia, levando a falso diagnóstico de colapso. PULMÕES Os pulmões, normalmente cheios de ar, proporcionam bom contraste para a visibilização das estruturas intratorácicas. Para uma boa imagem radiográfica, deve-se cuidar o posicionamento do paciente. Para a incidência lateral, ele é colocado em decúbito lateral sobre a mesa (filme), com os membros anteriores tracionados cranialmente. O esterno deve ficar no mesmo plano das vértebras torácicas, evitando a rotação. O feixe de raios x é centrado na altura da 5ª costela (fig. 5.3 A e 5.4 A). Para o posicionamento DV (fig. 5.3 B e 5.4 B), o paciente é colocado em decúbito esternal, com os membros anteriores puxados para a frente e os cotovelos abduzidos. Os membros posteriores são flexionados apoiando os joelhos sobre a mesa. As vértebras devem se sobrepor ao esterno. A cabeça é mantida baixa entre os membros anteriores e o feixe de radiação centrado na altura da 6ª costela. Na imagem radiográfica dos pulmões normais não estão evidentes os espaços aéreos, como brônquios, bronquíolos ou alvéolos, mas uma imagem radiolucente homogênea, distinguindo-se apenas os vasos pulmonares que se apresentam radiopacos. Estes vasos são vistos como linhas convergentes em pares e de menor calibre na periferia do tórax ou como pontos radiopacos que vão diminuindo de tamanho da região do hilo à periferia. A 42 Figura 5.3 – Tórax de felino demonstrando pulmões e coração normais, em projeção L (A) e DV (B). A radiografia do tórax deve ser feita no final da inspiração, proporcionando melhor evidência das estruturas radiopacas diante da radiolucência do ar, como a imagem radiopaca dos vasos pulmonares e do mediastino com coração e grandes vasos. Qualquer alteração pulmonar, que produza perda de ar, fará com que os vasos tornem-se menos evidentes. É importante efetuar a radiografia no menor tempo possível, para evitar imagem tremida pelo movimento respiratório. Quando feita a radiografia durante a inspiração, o diafragma alcançará 7ª ou 8ª costela, quando na expiração, 5ª ou 6ª costela. Nota: Atentar para imagens radiográficas estranhas à cavidade torácica, como pregas cutâneas e mamilos, evitando falso diagnóstico. Figura 5.4 – Tórax de cão, projeção L (A) e DV (B) demonstrando pulmões e coração normais. Aorta (seta branca), traqueia (seta preta). PADRÕES RADIOLÓGICOS PULMONARES Dependendo da afecção pulmonar, se observará padrão pulmonar correspondente. A A B B 43 PADRÃO ALVEOLAR É produzido por fluídos ou secreções que preenchem os espaços aéreos, determinando imagem de manchas radiopacas nos pulmões ou radiopacidade homogeneamente distribuída em todo o campo pulmonar. Pneumonia bacteriana (fig. 5.5), hemorragia (fig. 5.6 A), edema pulmonar (fig. 5.9 A) e afogamento são exemplos de afecções que proporcionam padrão alveolar. Como dito acima, em condições normais, os espaços aéreos apresentam-se preenchidos por ar, determinando a imagem radiolucente dos pulmões, sem distinção de brônquios ou bronquíolos. Em caso de doenças que determinam padrão alveolar, os espaços aéreos preenchidos por secreção, proporcionam densidade radiopaca, enquanto os livres de secreção continuam com ar em seu interior, ficando sua imagem evidente, o que caracteriza o broncograma aéreo ou aerobroncograma (fig. 5.6 B). PADRÃO INTERSTICIAL O parênquima pulmonar é muito fino, predominando na radiografia a imagem radiolucente do ar contido nos espaços aéreos. Quando alguma afecção faz com que o parênquima se torne espesso ou edemaciado ou, ainda, com formações nodulares, este passa a ser evidente. Pneumonia viral, pneumonia micótica, edema intersticial (fase inicial do edema pulmonar) e neoplasia ou metástases pulmonares, determinam o padrão intersticial, que poderá receber uma classificação mais específica, como intersticial linear ou reticulado (fig. 5.7 A) e nodular (fig. 5.7 B), pela imagem que apresenta na radiografia. Diante destas imagens que aparecem radiopacas sobre o campo pulmonar, os vasos, que normalmente são evidentes, podem se tornar pouco distimtos . Figura 5.5 – Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando padrão alveolar. Diagnóstico de pneumonia bacteriana. 44 Figura 5.6 – Imagem radiográfica de tórax evidenciando padrão alveolar em paciente com hemorragia pulmonar (A) e pneumonia (B). Setas apontam broncograma aéreo. Figura 5.7 – Imagens radiográficas de tórax de cães demonstrando (A) padrão intersticial reticulado e (B) padrão nodular. PADRÃO VASCULAR Os vasos pulmonarestêm uma superfície uniforme e um diâmetro compatível com o tamanho do animal. Em alterações que determinam congestão dos mesmos, como cardiomiopatia e insuficiência da válvula mitral, os vasos tornam-se ingurgitados e tortuosos, determinando o chamado padrão vascular aumentado (fig. 5.8 B). Quando, ao contrário, os vasos tornam-se menos calibrosos, como em caso de hipovolemia, tetralogia de Fallot e desidratação, determinam o padrão vascular diminuído. PADRÃO BRONQUIAL Os brônquios, assim como o parênquima pulmonar, não se distinguem na imagem radiográfica. Quando ocorrer espessamento da parede bronquial (fig. 5.8 A), como em casos de bronquite crônica ou em animais muito velhos, esta se tornará evidente, como estrutura radiopaca circular ou linear, conforme o corte, transversal ou longitudinal. A B A B 45 Figura 5.8 – A- Imagem radiográfica ampliada da região do hilo pulmonar evidenciando o padrão bronquial (setas). B - Radiografia de tórax demonstrando o padrão vascular aumentado (setas). AFECÇÕES PULMONARES PNEUMONIA BACTERIANA É uma infecção que ocorre pelas vias respiratórias, instalando-se o agente na luz destas vias, determinando produção de secreção. Neste caso o padrão pulmonar será o alveolar (fig. 5.5 e 5.6 B), que se distribuirá em todos os lobos ou, o que é mais comum, em maior concentração a partir do hilo, podendo afetar um lobo mais que outros. PNEUMONIA VIRAL Este tipo de infecção determina um padrão intersticial linear ou reticulado (fig. 5.7 A). Na fase inicial da doença ou quando tratada precocemente, é possível que não se observe alteração pulmonar na radiografia. Outras vezes, bactérias oportunistas podem se instalar nas vias aéreas de um pulmão já debilitado pela pneumonia viral, determinando um padrão misto na imagem radiográfica, isto é, intersticial e alveolar. BRONQUITE Esta alteração, quando crônica, determinará padrão bronquial e/ou intersticial. PNEUMONIA FÚNGICA Neste caso, os pulmões apresentarão um padrão intersticial nodular, que poderá levar à confusão com metástases pulmonares de pequeno diâmetro e em grande número. Cultura de lavado traqueal e a história do paciente (presença ou não de tumorações em outros órgãos), auxiliarão no diagnóstico. EDEMA PULMONAR Usualmente associado a insuficiência cardíaca esquerda, determina o padrão pulmonar alveolar (fig. 5.9 A), com evidência de broncograma aéreo (fig. 5.6 B). NEOPLASIA PULMONAR Neoplasia pulmonar primária é relativamente rara em cães. Pode ocorrer como um nódulo único ou multifocal, como o carcinoma bronquíolo-alveolar multifocal. Outras A B 46 condições podem causar densidades nodulares solitárias, como abscesso, infarto, cisto ou granuloma. Metástases pulmonares se caracterizam por múltiplos nódulos, com tamanhos variados distribuídas pelo pulmão (fig. 5.7 e 5.9 B). São identificáveis radiologicamente a partir de 3 a 5mm de diâmetro. Figura 5.9 – A- Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando edema pulmonar conseqüente a insuficiência cardíaca esquerda. B- Imagem radiográfica de tórax de cão demonstrando vários nódulos radiopacos, compatíveis com metástases pulmonares (setas). PNEUMOTÓRAX Alteração, em geral, determinada por trauma, se caracteriza por ar no interior da cavidade torácica, ao redor dos pulmões. É possível visualizar as bordas dos lobos pulmonares devido à retração dos mesmos em relação à parede costal e diafragma. Na projeção lateral há um afastamento do coração em relação ao esterno. Isto se deve ao espaço proporcionado pelo colabamento pulmonar, fazendo com que o coração se desloque (fig.5.10). Figura 5.10 – Imagem radiográfica de tórax de cão (A) e gato (B e C) demonstrando pneumotórax. O pneumotórax pode ser aberto ou fechado: Aberto, quando há solução de continuidade da parede, entrando o ar exterior para o tórax. Fechado, o ar contido no tórax é proveniente dos pulmões. Obs: A observação da continuidade ou não da parede é feita clinicamente. A B A B C 47 ENFISEMA PULMONAR Em caso de enfisema pulmonar a radiolucência estará exacerbada devido ao excesso de ar contido nos pulmões. O tórax torna-se distendido, o espaço intercostal aumentado, determinando imagem semelhante a um barril na radiografia DV e o diafragma deslocado caudalmente, melhor evidenciado na incidência lateral. DERRAME PLEURAL Caracteriza-se pela presença de líquido na cavidade torácica determinando radiopacidade homogênea ao redor dos lobos pulmonares radiolucentes (fig.5.11). Em caso de dúvidas, deve-se fazer a radiografia lateral com o paciente em estação, proporcionando que o líquido desça e incidindo o raio no sentido horizontal. O tipo de líquido não é identificado radiologicamente, podendo tratar-se de exsudato, transudato, sangue... Como causa de derrame pleural, pode-se citar a insuficiência cardíaca congestiva, piotórax, mediastinite, quilotórax, entre outras. Figura 5.11 – Radiografia de tórax de cão evidenciando derrame pleural. HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA O músculo diafragma não é visualizado, mas constata-se a sua integridade pelo limite bem definido entre cavidade torácica e abdominal, graças à diferença de densidade entre pulmões radiolucentes e fígado radiopaco. Quando houver ruptura do diafragma, se desfará a pressão negativa presente no tórax, fazendo com que as vísceras do abdome, como fígado, estômago ou alças intestinais, sejam sugadas para o interior daquele, caracterizando a hérnia diafragmática (fig. 5.12). Na maioria das vezes ocorre um hemitórax, melhor identificado em projeção VD ou DV. Características do hemitórax: Lado afetado: desaparecimento da linha do diafragma e áreas de radiodensidade variável, dependendo das estruturas herniadas. Lado indene: padrão pulmonar normal, com desvio do mediastino para este lado. 48 Fig.5.12 – Imagem radiográfica evidenciando hérnia diafragmática, onde vísceras abdominais se insinuaram no tórax. 49 CAPÍTULO VI CORAÇÃO E GRANDES VASOS Para avaliar coração, as projeções recomendadas são lateral direita e dorso-ventral, com distância foco-filme de 1m a 1,2m, para obter-se imagem proporcional do órgão em relação ao tórax. Esta distância, aparentemente grande, se faz necessária por ser o coração volumoso e, ainda, no centro do tórax, levando a um aumento da imagem daquele. Em pacientes de pequeno porte, a distância foco-filme pode ser mantida em 90cm. A imagem cardíaca normal (fig. 5.4) em projeção DV apresenta a borda direita mais arredondada e a esquerda mais aplainada. O eixo do coração é dirigido para o lado esquerdo, ficando a base do mesmo sobre a linha média e o ápice à esquerda desta. Em projeção lateral, o ápice cardíaco toca ligeiramente ou nem alcança o esterno. Neste posicionamento a traqueia, componente do sistema respiratório, que aparece como uma estrutura radiolucente proveniente da região cervical direcionando-se à base do coração, forma um ângulo agudo com a coluna torácica. O formato cardíaco varia nas diferentes raças, sendo mais estreito e posicionado mais verticalmente nas raças de tórax profundo e mais arredondado e em contato com o esterno nas raças de tórax cilíndrico. É importante lembrar que o chamado lado direito no coração dos animais, corresponde à porção mais cranial e ventral, enquanto o lado esquerdo, corresponde à porção mais caudal e dorsal do mesmo. Cães jovens, atéem torno dos 6 meses, têm o tamanho cardíaco maior em relação ao tórax, quando comparado aos adultos. O coração de gato (fig. 5.3) é relativamente menor que o de cão e está posicionado mais obliquamente, dentro da caixa torácica. Para avaliação cardíaca pelo exame radiológico, adota-se meios subjetivos como a experiência do radiologista, considerando-se o tamanho do coração em relação ao tórax, ou meios objetivos como o método de Buchanan e Bücheler no qual, com a imagem radiográfica obtida em projeção lateral, em decúbito direito, mede-se o comprimento do coração, da base, na borda ventral da carina, até o ápice. Mede-se também a distância crânio-caudal, usando-se para isso uma linha perpendicular à primeira, no ponto mais largo do coração, ventralmente à cava caudal. Marca-se a borda cranial da 4ª vértebra torácica e, a partir daí, ao longo da coluna torácica, toma-se a distância obtida nas mensurações. Conta-se o número de vértebras abrangidas. Se somarem até 10,5 corpos vertebrais, considera-se normal o tamanho cardíaco. Ultrapassando este número, o coração será considerado aumentado de tamanho. Nas raças yorkshireterrier e maltês, tem se percebido que esta fórmula não confere resultado fidedigno, já que 46,67% dos animais destas raças, sem sinais clínicos de alteração cardíaca, radiografados em experimento realizado em nossa instituição, apresentaram imagem cardíaca que seria considerada aumentada. Na imagem radiográfica, em projeção lateral, a artéria aorta aparece como uma estrutura linear emergindo da parte superior da borda anterior cardíaca, correndo paralela à coluna vertebral. A veia cava caudal ou posterior é visualizada com o mesmo padrão da aorta, porém com menor diâmetro, estendendo-se da imagem do átrio esquerdo ao abdome. Em projeção DV, estes vasos são pouco visualizados, podendo-se perceber o cajado aórtico proeminente, cranialmente ao coração e, eventualmente, a sombra deste vaso sobre a imagem cardíaca. ALTERAÇÕES 50 DILATAÇÃO CARDÍACA GENERALIZADA Quando o coração apresentar aumento generalizado, isto é, lado esquerdo e direito afetados, o coração tomará maior área da cavidade torácica (fig. 6.1). São características desta alteração: Em projeção lateral: deslocamento dorsal da traqueia, que em lugar de se apresentar formando um ângulo agudo com a coluna torácica, estará paralela a esta. Maior contato do lado direito do coração com o esterno. Lado esquerdo cardíaco perpendicular ao esterno em vez de arredondado. Em projeção DV: a silhueta cardíaca aproxima-se da parede costal bilateralmente. O aumento cardíaco generalizado pode ser resultado de várias condições, incluindo velhas lesões valvulares e doença do miocárdio, entre outras. DILATAÇÃO CARDÍACA DIREITA Em caso de dilatação ventricular direita, na projeção DV, a borda direita estará mais arredondada e próxima à parede torácica, apresentando, às vezes, a característica imagem de D invertido (fig. 6.2 A). Na projeção lateral, a borda cranial do coração se apresentará arredondada e a maior parte do ventrículo direito estará em contato com o esterno (fig. 6.2 B). Dilatação do átrio direito desloca a traqueia dorsalmente e geralmente está associada à dilatação do ventrículo. Figura 6.1 – Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca generalizada e padrão vascular aumentado. Traqueia deslocada dorsalmente (seta). Figura 6.2 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca direita, em projeção D-V (A) e L (B). A B 51 DILATAÇÃO CARDÍACA ESQUERDA Em projeção lateral a borda caudal do coração apresenta-se perpendicular ao esterno (dilatação ventricular) (fig. 6.3 A). Em caso de aumento do átrio as bordas posterior e dorsal do coração formam um ângulo reto e não uma curva, como seria normal. O aumento do átrio esquerdo (fig. 6.3 C) faz com que os grandes brônquios não apareçam sobrepostos na radiografia, uma vez que desloca o esquerdo dorsalmente. Em projeção DV observa-se aumento da região caudal esquerda do coração, correspondente ao ventrículo, com diminuição do espaço entre este e a parede costal (fig. 6.3 B). Nesta incidência o átrio esquerdo dilatado não aparece ou, muito aumentado, pode produzir dupla sombra onde se sobrepõe ao ventrículo direito. DILATAÇÃO DA AORTA Em projeção lateral aparece como uma proeminência na região cranial da silhueta cardíaca. Na DV causa um aparente aumento no comprimento do coração. Figura 6.3 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca esquerda (A e B). Dilatação de átrio esquerdo (C). DILATAÇÃO DA ARTÉRIA PULMONAR Diagnosticada na projeção DV, onde se observa uma proeminência na porção cranial esquerda do coração (fig. 6.4 A). HÉRNIA PERITÔNIO-PERICÁRDICA Alteração congênita na qual há comunicação entre a cavidade peritonial e o saco pericárdico, proporcionando que estruturas do abdome se insiram entre o coração e o pericárdio (fig. 6.4 B e C). A B C 52 Figura 6.4 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação de artéria pulmonar (A), hérnia peritônio pericárdica (B e C). EFUSÃO PERICÁRDICA O coração apresenta-se globoso pela presença de líquido no interior do saco pericárdico, consequente a tumor, por exemplo (6.5). Figura 6.5 – Efusão pericárdica em cão consequente a tumor no coração. A B C 53 CAPÍTULO VII INTRODUÇÃO À ULTRASSONOGRAFIA BASES FÍSICAS DO ULTRASSOM O equipamento de ultrassonografia (ecografia) é composto por um transdutor, também conhecido por sonda ou probe, um monitor e um software. O transdutor contém um cristal (ou cristais) piezoelétrico que vibra ou pulsa ao receber impulso elétrico, emitindo ondas de ultrassom. Em íntimo contato com a pele do paciente, o som atravessa as diferentes interfaces biológicas do mesmo as quais emitem eco que é captado pelo próprio transdutor. A onda sonora (eco) captada é transformada em pulso elétrico, determinando imagem em pontos sucessivos na tela do aparelho. A profundidade que o som alcança depende da frequência do transdutor. FREQUÊNCIA É definida como o número de vezes que uma onda é repetida (ciclos) por segundo. Frequência de milhões de ciclos/s tem um curto comprimento de onda (essencial para uma boa resolução da imagem). • 20 000 ciclos/s - 20 kHz (audível pelo ouvido humano) • 1 ciclo /s - 1 Hz • 1 000 ciclos/s - 1 kHz • 1.000.000 ciclos/s - 1 MHz • Ultrassom: 2 a 15.000.000 ciclos/s ↔ 2 a 15 MHz COMPRIMENTO DE ONDA É a distância que a onda percorre durante 1 ciclo. A frequência e o comprimento de onda são inversamente relacionados. Quanto menor o comprimento de onda, maior a frequência e melhor a resolução. A profundidade que o som penetra no tecido é inversamente proporcional à frequência empregada. Sons de alta frequência são mais atenuados que sons de baixa frequência, atingindo menor profundidade. Ex: Transdutores de alta frequência (8 - 10 MHz) são mais indicados para exame abdominal de estruturas superficiais, felinos e cães de pequeno porte, enquanto os de menor frequência (3,5 - 7,5 MHz) são mais utilizados para cães de porte grande e médio. ORIENTAÇÃO DA IMAGEM Conforme a posição do transdutor na superfície corporal do animal, será determinada a orientação da imagem. Esta poderá ser longitudinal (sagital) (fig. 7.1 A e B), ou transversal (fig. 7.2 A e B). TERMINOLOGIA • Anecoico-Anecogênico-Transônico: ausência de ecos (preto) • Ecoico-Ecogênico: presença de ecos (do branco ao cinza) • Hiperecoico-Hiperecogênico:
Compartilhar