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____________________HELICOBACTER PYLORI_____________________ DEFINIÇÃO ● H. Pylori é uma bactéria que pode causar a irritação do estômago (gastrite) e também gerar úlceras no estômago ou duodeno. ● A infecção por H. Pylori parece ser um fator de risco para o câncer de estômago principalmente nas pessoas que têm histórico familiar de câncer gástrico. EPIDEMIOLOGIA ● Helicobacter pylori: Bactéria gram negativa espiralada que coloniza a mucosa gástrica dos seres humanos desencadeando um processo inflamatório agudo, gastrite aguda, e, posteriormente, inflamação crônica, caracterizada como gastrite crônica. ● Estima-se que a infecção pelo H. Pylori afete aproximadamente metade da população mundial (Distribuição Universal). ● Há desigualdades epidemiológicas entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos: ○ 1/3 dos adultos que residem em países desenvolvidos albergam o H. pylori ○ Em países subdesenvolvidos as taxas são superiores a 50% da população adulta. ○ A prevalência da H. pylori tem inversa relação com a situação socioeconômica da população. ■ Quanto menor o IDH, maior a prevalência ● A infância é considerada o período crítico para a aquisição desse microrganismo, sobretudo nos primeiros anos de vida. ○ Entre a população adulta há menor taxa de aquisição da infecção. ● Uma vez ocorrida a colonização gástrica pelo H, pylori, suas propriedades de virulência permitem-lhe perpetuar-se indefinidamente por toda a vida do hospedeiro. ● A eliminação espontânea do H. pylori é considerada um fenômeno raro. MICROBIOLOGIA DA BACTÉRIA ● Possui 4 ou 6 flagelos ● Bactéria Gram-Negativa ● Forma Encuvada ou Espiralada ● Coloniza a mucosa gástrica ● Forma homogênia e superficie lisa CARCINOGÊNESE POR H. PYLORI 1. Mucosa Gástrica Normal 2. Gastrite Não Atrófica Gregório Dantas dos Santos 3. Gastrite Atrófica (Incidência anual de câncer gástrico: 0,1%) 4. Metaplasia Instestinal (0,25%) 5. Displasia (0,6-6%) a. É a ocorrência de anomalias relacionadas ao desenvolvimento de um órgão ou tecido, intimamente relacionadas alterações genéticas e agressão continuada. 6. Adenocarcinoma Gástrico FATORES DE RISCO PARA AQUISIÇÃO DA INFECÇÃO POR H. PYLORI ● Os fatores de risco mais importantes que favorecem a transmissão pessoa a pessoa do H. pylori na infância são: ○ Elevada aglomeração de pessoas no domicílio. ○ Crianças compartilhando a cama com um adulto ou outra criança mais velha. ○ Ambientes insalubres. ○ Precariedade das condições habitacionais e peridomiciliares. ○ Ausência de instalações sanitárias básicas (água tratada, coleta de lixo, esgotamento sanitário). ○ Práticas Higiênicas Inapropriadas. ○ Baixo nível de escolaridade dos pais. ○ Classe social baixa ○ Verduras provenientes de hortas adubadas com dejetos humanos ● Melhorias do padrão de vida, hábitos de higiene e nível educacional das populações tem resultado na redução do H. pylori. FORMAS DE TRANSMISSÃO ● O H. pylori coloniza apenas o estômago humano ou outro epitélio que tenha sofrido metaplasia da mucosa gástrica. ● Os seres humanos são o único reservatório e principal fonte de transmissão desse micro-organismo: até o momento não foi identificado em no ambiente ou outros animais, só outras espécies do gênero Helicobacter em gatos, cães, porcos e gado. ● Transmissão: ocorre de pessoa a pessoa, sendo ainda desconhecido o modo de disseminação entre os seres humanos. No entanto, acredita-se que ocorra pelas vias: ○ Oro-oral: Tem sido considerada a principal forma de transmissão nos países desenvolvidos. ○ Feco-oral: elevada densidade populacional intradomiciliar, precárias condições sanitárias e higiênicas, contaminação de água e alimentos com dejetos humanos. ○ Gastro-oral: a secreção gástrica pode alcançar a cavidade oral. OBS: Formas veiculadas em meio aquático: sobrevive por poucos dias em água salgada, de torneira, destilada e água fresca. PATOGÊNESE Gregório Dantas dos Santos 1. Resistência ao ácido clorídrico a. Libera Ureia - UREASE - Amônia - Íons H - Ph Neutro 2. Atravessa a Camada Mucosa a. Por meio da síntese de lipases e proteases 3. Colonização do epitélio gástrico a. Morfologia em espiral e presença de flagelos 4. Inibe a ação de macrófagos e neutrófilos a. Pela síntese de enzimas FATORES DE VIRULÊNCIA ● Citotoxina Associada ao gene A (CagA) ○ A proteína CagA de H. pylori atua como antígeno altamente imunogênico ○ Induzem níveis mais altos de expressão de citocinas, como IL-8 ○ Produzem formação de rearranjos do citoesqueleto ○ Interfere na proliferação celular ■ Prevalência de 60% nas cepas de H. pylori Ocidentais ■ Prevalência de 90% nas cepas de H. pylori Orientais ● Citotoxina Vacualizante A (VacA) ○ Presente em todos os casos positivos de H. pylori ○ Considerado um importante fator de virulência na patogênese da ulceração péptica e do câncer gástrico. ○ Induz formação de canais seletivos de ânions ○ Facilita a exsudação de uréia no lúmen gástrico FATORES DO HOSPEDEIRO ● Resposta Imune Adequada ○ O agente agressor é eliminado sem afetar integridade e função do órgão ● Resposta Imune Inadequada ○ Predomínio das células Th1 e escassez das células Th2 ■ As células Th1 induzem produção de anticorpos e citocinas, além de aumentar a inflamação e o dano celular INDICAÇÕES DE ERRADICAÇÃO DE H. pylori NO BRASIL 1. ÚLCERA PÉPTICA 2. LINFOMA DE BAIXO GRAU 3. RESSECÇÃO CÂNCER GÁSTRICO PRECOCE 4. DISPEPSIA FUNCIONAL 5. USO DE ASS A LONGO PRAZO E BAIXA DOSE 6. USO CRÔNICO AINES OBS: EVIDÊNCIA B PARA ERRADICAÇÃO Gregório Dantas dos Santos ANEMIA FERROPRIVA - PÚRPURA TROMB. IDIOPÁTICA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁRGICO Em outros países ainda é indicada a erradicação em casos de Gastrite por H. pylori e Pólipo Hiperplásico Gástrico. H. pilory: DOENÇAS ASSOCIADAS ● Evidência Consistente ○ Anemia Ferropriva ○ PTI ○ Def. de Vit. B12 ● Discutível ○ Doença Coronariana ○ DM Tipo 2, AVC, Parkinson ○ Alzheimer, Enxaqueca 1. ANEMIA FERROPRIVA a. Sangramento decorrente de gastrite ou UP b. Promove diminuição da acidez e do ácido ascórbico da mucosa gástrica c. Aumenta o consumo de ferro pelo H. pylori d. Interfere na produção de hepcidina i. Peptídeo que regula a absorção de ferro no duodeno 2. PTI a. Afecção Autoimune b. Promove destruição imunológica das plaquetas normais c. Mecanismo de associação entre PTI e H. pylori é desconhecido d. Demonstra BOA RESPOSTA APÓS ERRADICAÇÃO 3. DEFICIÊNCIA DE B12 a. Relacionada à presença de gastrite atrófica e anemia perniciosa b. O tempo de evolução é de 10 a 30 anos c. Pode gerar Pangastrite associada à H. Pylori i. Causando Acloridria ou Hipocloridria - Diminuição dos níveis de Pepsinogênio - Inferiorizando a Absorção de Cobalamina A PESQUISA E ERRADICAÇÃO DO H. pylori É CONSENSUAL NOS CASOS DE CAUSA DESCONHECIDA DIAGNÓSTICO ● Realizar pesquisa de HP pós tratamento após 4 semanas A infecção por H. pylori pode ser diagnosticada por métodos invasivos e não invasivos: NÃO INVASIVOS (NÃO ENDOSCÓPICOS) Gregório Dantas dos Santos 1. TESTES SOROLÓGICOS ● A pesquisa por anticorpos anti-H. pylori no soro pode ser realizada por vários métodos, mas o ELISA é o preferido devido baixo custo e simplicidade. ● O resultado sorológico positivo pode significar apenas a presença do anticorpo no paciente que teve uma infecção erradicada. ○ Após a erradicação da bactéria, 64% dos pacientes ainda permaneciam soropositivos. ● Para tomar uma decisão de erradicar ou não a bactéria deve-se substituir esse teste pelo respiratório (4x menos falso positivo). 2. TESTE RESPIRATÓRIO ● PADRÃO OURO para diagnóstico e controle da erradicação do H. pylori ● Teste respiratório com ureia contendo carbono 14 marcado, fracamente radioativo, ou carbono 13, não radioativo. ● A H. pylori produz em grande quantidade a urease, enzima que desdobra ureia (marcada com o carbono 13 ou 14) em CO2. O dióxido de carbono é rapidamente absorvido pela mucosa gástrica e eliminado na respiração, podendo ser detectado por espectrômetro de massa ou analisadorespor infravermelho (menor custo). ○ O teste respiratório para o H. Pylori é realizado através de coleta de gases após administração oral de uréia com carbono 13 marcado. Na presença da bactéria, a urease degrada a uréia, liberando o carbono 13 que é absorvido e exalado. O teste é indolor, não invasivo, não necessita sedação e não utiliza componentes radioativos. ● Alta sensibilidade e especificidade (95%). ● Carbono não deve ser usado em crianças e gestantes por seu potencial, ainda que fraco, radioativo. Opta-se, pois, pelo 13C que não tem contraindicação e pode ser usado em crianças acima de 6 anos. ● Deve-se suspender o uso de antibióticos e antiácidos 2 a 4 semanas antes do teste. 3. TESTE “PESQUISA DE ANTÍGENOS FECAIS” ● Detectam a presença de antígenos de H. pylori nas fezes. ● Está indicado para diagnóstico e controle da erradicação do H. pylori. ● As fezes podem ser armazenadas por até 3 dias a 2-8 oC ou indefinidamente a -20 oC. ● Os pacientes devem suspender os inibidores da bomba de prótons pelo menos 2 semanas antes do teste e antagonistas dos receptores de H2, um dia antes. ● Especificidade e Sensibilidade de 90% TESTES INVASIVOS (ENDOSCÓPICOS) Gregório Dantas dos Santos ● As alterações macroscópicas da mucosa gástrica visualizada no exame endoscópico não são confiáveis para detecção dessa infecção. 1. EXAME HISTOLÓGICO ● Identifica a bactéria. ● Considerado padrão ouro na pesquisa da bactéria ○ É uma alternativa como método invasivo ● Avalia o tipo e a intensidade da inflamação da mucosa gástrica. ● Identifica a presença ou não de metaplasia, atrofia ou displasia. ○ A classificação mais utilizada atualmente é a do Sistema Sydney. ● Métodos: os fragmentos da mucosa gástrica são retirados durante o exame endoscópico, colocados em formol, incluídos em parafina, cortados em micrótomo, fixados e corados por vários métodos: ○ São necessárias QUATRO biópsias: (2) de corpo e (2) de antro ● A prevalência e densidade do H. pylori varia: é maior na cárdia, seguida da porção proximal do antro (incisura angularis). ● Em pacientes em tratamento com inibidores da bomba protônica, as bactérias tendem a desaparecer no antro e aumentar sua densidade no fundo e porção próxima do corpo gástrico. 2. TESTE DA UREASE ● Útil na prática diária para diagnóstico de infecção ○ Baixo custo, fácil, rápido e eficiente. ● Permite resultado em até 24 horas ○ O fragmento da mucosa é colocado em frasco contendo ureia e vermelho fenol ○ A ureia desdobrada em dióxido de carbono e amônia faz com que haja aumento do Ph, mudando a cor da solução de amarela para vermelha em até 24 horas. ● DOIS fragmentos de biópsias são suficientes para análise ○ UMA biópsia de CORPO ○ UMA biópsia de ANTRO ● NÃO É INDICADO EM CONTROLE PARA TRATAMENTO ● Falso-positivo: ○ Helicobacter heilmannii: são micro-organismos produtores de urease, podendo apresentar teste da urease positivo. ○ Contaminação da biópsia com saliva: bactérias da flora bucal podem produzir urease. 3. CULTURA Gregório Dantas dos Santos ● Teste demorado e necessita de condições especiais: as amostras devem ser inoculados imediatamente em meio apropriado e mantido em até 5 horas a 4oC e colocadas em meio apropriado de cultura. ● Especificidade: 95% ● Sensibilidade: 80-90% OBS: RECOMENDAÇÕES TIPO B DO IV CONSENSO BRASILEIRO -IBP deve ser interrompido 14 dias antes do teste diagnóstico -ATB e sais de Bismuto devem ser interrompidos 4 semanas antes do teste diagnóstico TRATAMENTO Identificar grupos de risco -> Combater fator de risco -> Informar e orientar tratamento ->Estimular Adesão ● IV Consenso Brasileiro do HP sobre tratamento ○ Duração de 14 dias ○ Manter uso de IBP após erradicação ○ Terapia tripla por 14 dias (PRIMEIRA LINHA) ○ Terapia tripla com LEVOFLOXACINA ou quádrupla com BISMUTO por 10-14 dias (SEGUNDA LINHA- em retratamento, ou caso refratário) ○ Teste de suscetibilidade antimicrobiana IBP + amoxicilina 1g + Claritromicina 500 mg, 2 x/dia, durante 14 dias Retratamento: IBP, 2x/dia + Amoxicilina 1g 2x/dia + Levofloxacino 500 mg 1x/dia, durante 10-14 dias IBP 12/12 h + Sal de bismuto 240 mg 12/12 h + Cloridrato de tetraciclina 500 mg 6/6 h + Metronidazol 400 mg 8/8 h, durante 10-14 dias. CONTROLE DE ERRADICAÇÃO 1. No mínimo 4 semanas após o término do tratamento 2. Método de escolha: Teste Respiratório 3. Suspensão de Medicamentos a. Antissecretores suspensos por 2 semanas b. Sais de bismuto e ATB por 4 semanas Gregório Dantas dos Santos
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