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CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 1 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO Vestibular UFU 2021-2 Professor Henrique Landim 01 - É possível notar que “O homem que sabia javanês” aborda uma série de temas discutidos por Lima Barreto, EXCETO: a) O tema do intelectual, da sua honestidade, aliado ao seu poder e impotência de intervir no mundo. Por meio da sua postura, Castelo consegue transformar a sua situação individual, menos o mundo, que permanece igual. b) O conto representa, criticamente, a instauração da República Federativa do Brasil e todos os seus vícios. c) O poder transformador da literatura, bem como do domínio da escrita, uma vez que, depois de ler a tradução feita por Castelo do livro herdado do avô, o barão de Jacuecanga recebe a boa herança de um parente distante. d) O poder da influência no universo do funcionalismo público, tendo em vista o papel desempenhado pelo Visconde de Caruru, no processo de indicação do pouco qualificado Castelo no consulado. 02 - Marque VERDADEIRO ou FALSO sobre o conto “O filho da Gabriela”: ( ) Após a morte de Gabriela, o isolamento de Horácio se intensifica, pois com a exceção da afeição silenciosa de Laura, sua madrinha, o garoto sente-se abandonado na cidade. Sua única companhia é o pai, homem pobre que lhe faz visitas cada vez mais raras com o passar dos anos. ( ) As tentativas de Laura em qualificar socialmente Horácio encontra resistência no conselheiro, que cede tão somente para agradar a esposa. A matrícula do garoto no colégio foi considerada como uma excentricidade da mulher. ( ) Ciente da sua situação na casa dos padrinhos, depois da morte da mãe, Horácio passa a se manter cada vez mais recluso. Pode-se compreender a personalidade comedida como um indício da autopreservação contra a casa dos padrinhos e a rua, representada pelo colégio. ( ) Por ser um órfão recolhido, Horácio deveria gerar o menor ruído possível. Por conta disso, o instante em que o rapaz se rebela contra sua posição social gera consequências apenas benéficas a ele, agora livre das amarras que o prenderam desde a morte da mãe. a) F-V-V-V b) F-V-V-F c) F-F-V-V d) V-V-V-F CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 2 03 - Sobre a caracterização das mulheres em Lima Barreto, em especial no livro O homem que sabia javanês e outros contos, é CORRETO afirmar: a) As mulheres estão sempre isoladas, sem possibilidade de contar com o apoio uma das outras, em razão da estrutura patriarcal da sociedade brasileira da República Velha. b) Por se tratar de uma obra escrita no período de transição entre monarquia e república, as mulheres são independentes, afastadas dos mandos e desmandos da figura masculina. c) Observador atento da sociedade, Lima Barreto apresenta as mulheres negras e dos subúrbios como donas de grande respeito, prova da transformação da mente monárquica da sociedade para a evoluída mentalidade republicana. d) Da mesma maneira como o tema submissão pode ser verificado na discussão sobre classes sociais, as mulheres são figuras submissas aos homens nos contos de Lima Barreto. 04 - O conto “Três gênios de Secretaria” é fundamentado pelas impressões de um funcionário acerca do serviço público brasileiro, a partir do trabalho desenvolvido na fictícia “Secretaria dos Cultos”. Sobre isso, assinale a alternativa INCORRETA: a) Independentemente dos funcionários presentes no setor público, cujo foco o narrador- personagem se detém, o certo é que todos são honestos, sem qualquer tipo de apadrinhamento, cumprindo os seus horários com compromisso e sem bajular os superiores. b) É um texto de drama relativamente estático. Portanto, a maior parte de sua intriga é feita por descrições e comentários meramente expositivos. A ação encontra-se reduzida a um curto segmento da narrativa. c) O interesse da narrativa recai sobre os “tipos” descritos pelo narrador-personagem – os “gênios” mencionados no título –, sendo o ponto central a relação entre a forma de acesso ao serviço público e o papel desempenhado pelos tipos na repartição. d) Na caracterização dos três gênios, a forma de acesso ao cargo público está diretamente associada à moral dos personagens. Quem passa por concurso honesto, é perdoado, mesmo se for desprovido de grandiosa inteligência. CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 3 05 - Sobre os textos que compõem O homem que sabia javanês e outros contos, relacione as duas colunas, tendo em vista o tema abordado em cada um deles: I – “Milagre do Natal” II – “Carta de um defunto rico” III – “A mulher do Anacleto” IV – “O caçador doméstico” A) O narrador-personagem conta a história de um casal que, quando o homem se torna alcoólatra e viciado em jogos, a mulher não suporta a situação e sai de casa. Abandonada, sem estrutura financeira ou apoio, a jovem morre nas ruas. B) Descendente de uma família traficante de escravos, é pouco talentoso em todas as outras áreas da vida. Seu único dom reside na criação de cachorros, treinados para matar animais frágeis. C) O conto é centrado no projeto de um chefe de órgão público que pretende casar a filha com um de seus funcionários. Dois passam a frequentar a casa do homem: um está interessado no matrimônio por motivos financeiros; já o outro, por afeto. D) Um homem de grande prestígio social falece. Do seu túmulo, tece uma série de considerações acerca de hábitos que revelam o vazio moral da elite. A combinação CORRETA é: a) I - A; II - D; III - B; IV- C. b) I - C; II - A; III - D; IV- B. c) I - D; II - B; III - C; IV- A. d) I - C; II - D; III - A; IV- B. 06 - Com relação ao conto “Manel Capineiro”, é CORRETO afirmar, acerca do progresso: a) O conto representa um elogio à instauração da república, modelo de governo, na concepção de Lima Barreto, fundamental para os avanços sociais no Brasil. b) Há o registro da transformação social, especialmente quando se pensa nas figuras apresentadas pelo narrador, todas provenientes da elite local. c) Manel, frequentador conhecido no armazém localizado na Estrada Real de Santa Cruz, que vive de plantar e colher capim, tem seu meio de vida atropelado pelo progresso. d) Português, a presença de Manel nos arredores da estrada real representa a opressão promovida por seu país de origem ao Brasil. 07 - O conto “O número da sepultura”, embora dono de uma narrativa simples, retrata alguns aspectos sociais do Brasil da República Velha, EXCETO: a) O homem isolado, com pouco contato social, em razão do fato de não concordar com os valores responsáveis por reger o país, ilustrada por Carlito, filho de Dona Iracema. b) O preconceito contra as mulheres negras desprovidas de privilégios financeiros, ilustrada por Genoveva, a criada da casa de Zilda. c) A figura do burocrata, cumpridor de ordens, dono de todas as qualidades médias, inclusive a de ser um bom marido, exemplificada por Augusto, marido de Zilda. d) A esposa submissa aos desejos do marido, representada pela relação estabelecida entre Augusto e Zilda. CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 4 08 - É sabido que o conto “O falso Dom Henrique V” procura estabelecer uma relação entre o fictício país Bruzundanga. Acerca da analogia proposta por Lima Barreto, é INCORRETO afirmar: a) Em Bruzundanga, houve as mudanças possibilitadas pelas reformas urbanas ocorridas no período da República Velha que envolveram a derrubada de construções consideradas obsoletas e não condizentes com a proposta de um Brasil moderno. b) Na concepção de Lima Barreto, a Proclamação da República não foi benéfica ao Brasil, sendo oaumento de impostos, abertura a capitais estrangeiros e estabelecimento de montadoras um dos exemplos mencionados pelo autor em “O falso Dom Henrique V”. c) Embora tenha representado uma suposta ruptura com o regime imperial, a instauração da república em Bruzundanga pouco ofereceu alterações na vida da população carente, acostumada aos mandos e desmandos de Dom Sajon, o tirano imperador. d) Para a instauração da república, a família responsável por orquestrá-la em Bruzundanga contou com a colaboração dos militares. 09 - Pode-se afirmar que “O único assassinato de Cazuza” e “Foi buscar lã” compartilham, ao menos parcialmente, um tema, bastante caro à Lima Barreto. Acerca disso, é CORRETO afirmar: a) O protagonista é visto como esquisito, louco, que vive isolado, mas que sustenta uma honestidade e sinceridade intelectuais que são inexistentes em figuras que, a princípio, são admiradas socialmente. b) Uma crítica a maneira como as mulheres são submissas aos homens no Brasil da República Velha, incapazes de tomarem uma atitude transformadora em suas vidas, de modo que o casamento configura como o único destino. c) O comentário acerca da participação dos militares no processo de instauração da república no Brasil, presente também em “O falso Dom Henrique V”. d) A valorização do espaço urbano, em detrimento do campo, uma vez que, nas cidades, havia a almejada transformação social e evolução do pensamento intelectual, idealizados por Lima Barreto, um entusiasta da urbanização brasileira. CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 5 10 - Quanto aos temas abordados pelos contos de O homem que sabia javanês e outros contos, é INCORRETO afirmar: a) O conto “Um que vendeu a sua alma” apresenta elementos que indicam que o conhecimento da época devia ser posto em dúvida e que há uma mania de certeza prejudicial, responsável por acompanhar muitos intelectuais. b) Concentrado em debater a entrada de um homem negro no céu, Lima Barreto insinua, em “O pecado”, que a discriminação racial vai além da vida terrena. Mesmo após a morte, o negro torna- se suspeito na visão das entidades que controlam a entrada no céu. c) A relação de troca presente nas relações matrimoniais é o tema de “Quase ela deu o ‘sim’, mas...”. Nele, o desocupado João Cazu, que vivia na casa dos tios e era sustentado por eles, tem o propósito de encontrar uma mulher para explorá- la. d) Em “A mulher do Anacleto”, dois ricos portugueses idosos vivem de aventuras sexuais no Brasil, mesmo que, para tanto, seja necessário deixar a esposa de um deles em casa, cuidando dos filhos. 11 - João Cazu, de “Quase ela deu o ‘sim’; mas...”. de Lima Barreto, representa a lógica do capital, pois não trabalha, mas se aproveita do que já foi acumulado com a exploração do trabalho do outro. Acerca do personagem, é INCORRETO afirmar: a) Em certo momento do conto, João passa a cortejar Ermelinda, viúva que lhe costura e lava as camisas. b) João pertence a uma família de média condição econômica e vive uma vida sem obrigações porque tem quem o sustente. c) Depois de uma série de fracassos, João muda de postura no final do conto, aprendendo a lição de que não se pode explorar os outros. d) Dono de valores burgueses, João procura a mulher que considera ideal, ou seja, a devotada ao lar, aos filhos e ao marido. 12 - No conto “Eficiência Militar”, Li-Huang-Pô, vice-rei de Cantão, é o centro da ação. Sobre isso, é CORRETO afirmar que, por meio das ações de Li-Huang-Pô, Lima Barreto estabelece a seguinte crítica: a) A exploração das camadas menos favorecidas da população, com o intuito de bancar os luxos do exército. b) O autor critica a maneira como as mulheres são tratadas, por meio da menção ao patriarcalismo. c) A rebeldia militar, uma vez que, por mais que Li- Huang-Pô se esforce, nunca o seu exército parece estar grandioso o suficiente. d) Há uma crítica ao bacharelismo, pois a sabedoria de Li-Huang-Pô só é valorizada nos livros e não na prática. CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 6 13 - O conto “Carta de um defunto rico”, de Lima Barreto, apresenta as reflexões de José Boaventura da Silva sobre a própria morte. A visão apresentada pelo morto com relação aos pormenores da vida está presente nas alternativas a seguir, EXCETO: a) O protagonista comenta as vantagens de, graças à morte, estar livre das imposições da sociedade, das regras de bom convívio. b) José Boaventura lamenta o fato de, com a própria morte, ter se desfeito de suas riquezas, conquistadas a partir de métodos ilícitos. c) O personagem se diz purificado das imundícies sociais e despreocupado com os bons costumes. d) Há no conto uma crítica à ideia de conquistar uma boa imagem para a sociedade, tendo em vista que, depois da morte, nada mais se leva. 14 - O conto “O Caçador Doméstico” tem a figura do ex-senhor de escravos como objeto de análise. Marque VERDADEIRO ou FALSO sobre o que é nele discutido: ( ) Simão é herdeiro de uma família, arruinada pela abolição da escravatura. Ele entra no serviço público e, por influências das relações de parentesco, galgou postos de chefia. ( ) O protagonista sente-se culpado pelo passado escravocrata de sua família, tentando consertar as atrocidades cometidas por seus antepassados. ( ) O barulho provocado pelo moleque, no telhado da casa de Simão, transforma o homem, que, arrependido, passa a se comportar de maneira digna com o restante da sociedade. ( ) Há no conto, a discussão acerca da continuação do feitio aproveitador e agressivo dos herdeiros da casa-grande. É CORRETO afirmar que são verdadeiras apenas as alternativas: a) V-F-F-V b) F-V-V-V c) V-F-V-F d) V-V-V-F 15 - Sobre Dona Laura e Gabriela, personagens femininas presentes em “O filho da Gabriela”, de Lima Barreto, é CORRETO afirmar: a) A relação entre as duas mulheres representa a rivalidade feminina criticada por Lima Barreto. b) As duas possuem uma relação estritamente profissional, sem qualquer tipo de afeto ou ligação por parte das personagens. c) Dona Laura desaprova a maneira como Gabriela se relaciona com o conselheiro, marido da patroa. d) Embora de classes sociais distintas, as duas encontram uma conexão, uma vez que ambas são mulheres na República Velha. CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 7 16 - O conto “Um especialista” é concentrado em dois amigos, imigrantes portugueses, o Coronel Carvalho, da Guarda Nacional, e o comendador. Tendo em mente que os dois personagens são ricos e estrangeiros, é INCORRETO afirmar acerca dos temas abordados: a) O texto se concentra em discutir como membros da elite possuem comportamentos censurados pela moral burguesa, mas não sofrem nenhuma repressão. b) Há uma reflexão acerca do excesso de intelectualismo e a forma como afeta as relações sociais. c) Há no conto uma alegoria que intenciona criticar a dominação portuguesa e a escravidão. d) O conto aborda a condição de vulnerabilidade social das mulheres de classes mais baixas. 17 - No início do conto “O único assassinato de Cazuza”, é-se informado que o Hildegardo Brandão, o Cazuza, acumulou uma série de insucessos ao longo da vida. De que maneira os dissabores do personagem central podem ser relacionados à discussão iniciada entre ele e o doutor Ponciano? 18 - No conto “Milagre de Natal”, de Lima Barreto, o interesse em perpetuar ou ampliar a condição socioeconômica determina a escolha do parceiro ou parceira para o casamento. Assim sendo, nota- se que, a partir desse jogo de interesses, Lima Barreto critica como o desejo pelo poderou pela manutenção deste é capaz de interferir nas decisões da vida privada. EXPLIQUE como tal crítica se configura no conto: CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 8 19 - No conto “Foi Buscar Lã...”, Dr. Campos Bandeira tem sua vida tranquila interrompida quando é encontrado amarrado, amordaçado e quase morto, em sua casa isolada. Na investigação policial, o empregado chamado Casaca torna-se o principal suspeito do crime. Para defendê-lo, o advogado Felismino Praxedes Itapiru da Silva é chamado. A natureza do profissional, como não poderia deixar de ser em um conto de Lima Barreto, é um tanto duvidosa. Acerca disso, COMENTE: 20 - De que maneira o conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto, critica o culto à imagem na sociedade brasileira da República Velha? CURSO OBRAS LITERÁRIAS VEST UFU 2021 / HENRIQUE LANDIM 9 RESPOSTAS 1 C 2 B 3 D 4 A 5 D 6 C 7 A 8 C 9 A 10 D 11 C 12 A 13 B 14 B 15 D 16 B 17 RESOLUÇÃO O trecho inicial do conto volta ao passado e trata dos insucessos sofridos pelo personagem, que, por não assumir a postura daqueles que obtêm êxito por meio de crimes – como se faz notar pela passagem “Já houve quem dissesse que, quem não mandou um mortal deste para o outro mundo, não faz carreira na política do Rio de Janeiro” (BARRETO, 1997, p. 23) –, não teve sucesso nem reconhecimento em sua vida, preferindo preparar-se para morrer do que matar. Torna-se também nítido o conflito travado entre a postura assumida pela camada abastada e os valores defendidos pelos indivíduos pertencentes à parcela marginalizada da sociedade, da qual Hildegardo provém, como indica a descrição da moradia em sua infância, bem como os pés descalços mencionado por ele quando recorda o episódio do acidente com o pintinho. Desse modo, a narrativa tem o intuito de refletir sobre o egoísmo humano, as falsas aparências e os abusos cometidos pela burguesia. 18 RESOLUÇÃO No conto, o Estado é concebido como uma ampliação do círculo familiar. Isso porque Feliciano Campossolo Nunes, o subdiretor de secção do Tesouro Nacional, torna a sala de jantar de sua casa uma espécie de gabinete para selecionar aquele que, passando a fazer parte de sua família, receberia as promoções no departamento por ele chefiado. A escolha do genro e, consequentemente, do funcionário “agraciado” pelo órgão também passaria pelo crivo da esposa do subdiretor. Importa ter em mente que as ações de Campossolo Nunes e Fortunato Guaicuru, o pretendente interessado muito mais na promoção do que em Mariazinha, cuja mão encontra-se em disputa, possibilitam pensar acerca do funcionalismo público como meio de suprir demandas individuais, tendo em vista que ambos usufruem de meios ilícitos para prover interesses pessoais e financeiros – o interesse do chefe é o de garantir um bom partido para a filha. 19 RESOLUÇÃO É a partir da figura do advogado, chamado Felismino Praxedes Itapiru da Silva, que Lima Barreto tece uma crítica à valorização de títulos e diplomas que não garantem um verdadeiro saber, assim como ao vocabulário rebuscado que, muitas vezes, camufla a falta de inteligência, e também a certos hábitos, costumes e objetos que funcionam como símbolos de superioridade social. No dia do júri, a sala estava cheia, pois todos queriam ouvir a grande defesa do importante advogado. No entanto, quando começaria a defesa do advogado, Campos Bandeira, que após o atentado havia passado um ano no hospício e saíra agora recuperado sem que ninguém soubesse, desmascara Felismino, ao denunciar que o verdadeiro criminoso não é o humilde Casaca e sim o supostamente genial advogado. 20 RESOLUÇÃO No conto, há uma crítica ao apego aos títulos e às honrarias. Para tanto, Lima Barreto tem como ponto de partida a figura do malandro, que procura meios fáceis para sobreviver, tornando-se uma grande alegoria da sociedade na qual os conhecimentos vagos, subordinados pelos títulos, dita as regras. Assim, a ironia encontra- se presente, por exemplo, quando Castelo ganha a admiração do marido da filha do barão, homem poderoso e importante, simplesmente pelo fato de ser professor de javanês, que, tão jovem, impressiona ao dominar uma língua desconhecida – sem que isso seja verdade, evidentemente. O exotismo dá fama ao narrador-personagem; por outro lado, é visto como uma das principais críticas levantadas, uma vez que o desconhecido se tornava sinônimo de sabedoria. Perante a nova posição social, ilustrada pelo fato de que Castelo sai da extrema pobreza e passa a ocupar um dos cargos mais altos de uma nação, ao conquistar um emprego no consulado, sem ter qualificação para tanto, o narrador relata os diversos benefícios que ganhou com sua mentira, fundamentada em um falso intelectualismo.
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