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Lesã o do Ligãmento Cruzãdo Anterior e do Menisco Cãroline Leã o Objetivo 01: Morfofisiologia do joelho. O sistema ósseo do joelho determina o seu alinhamento e absorve a carga axial. O terço distal do fêmur tem uma angulação em valgo decorrente do fato de alinhar a cabeça femoral com o centro da articulação do joelho, respeitando a angulação formada pelo colo femoral e determinando o eixo mecânico do membro inferior. O terço proximal da tíbia tem angulação em varo, pois tem o comportamento de uma barra fixa, nas duas extremidades, submetida a uma compressão axial, que se deforma proximal e distalmente. Ossos Fêmur O fêmur é o mais longo, mais pesado e mais forte osso do corpo. Sua extremidade proximal se articula com o acetábulo do osso do quadril. Sua extremidade distal se articula com a tíbia e a patela. O corpo (diáfise) do fêmur faz uma angulação medial e, em consequência disso, as articulações do joelho são mais próximas da linha média do que as articulações do quadril. Esse ângulo da diáfise femoral (ângulo de convergência) é maior nas mulheres porque a pelve feminina é mais larga. A extremidade proximal do fêmur consiste em uma cabeça arredondada que se articula com o acetábulo do osso do quadril, formando a articulação do quadril. A cabeça contém uma pequena depressão central chamada fóvea da cabeça do fêmur. O ligamento da cabeça do fêmur liga a fóvea da cabeça do fêmur ao acetábulo do osso do quadril. O colo do fêmur é uma região estreitada distal à cabeça. A fratura de quadril refere-se mais frequentemente à fratura do colo do fêmur do que à fratura dos ossos do quadril. O trocanter maior e o trocanter menor são projeções da junção do colo com a diáfise que servem de pontos de inserção para os tendões de alguns músculos da coxa e das nádegas. O trocanter maior é a proeminência palpável e visível anteriormente à concavidade lateral do quadril. É um referencial comumente usado para localizar a área de injeções intramusculares na face lateral da coxa. O trocanter menor é inferior e medial ao trocanter maior. Entre as faces anteriores dos trocanteres, encontramos uma linha intertrocantérica estreita. Uma crista chamada crista intertrocantérica aparece entre as faces posteriores dos trocanteres. Inferiormente à crista intertrocantérica, na face posterior do corpo do fêmur, existe uma elevação vertical chamada tuberosidade glútea, que se funde com outra elevação vertical chamada linha áspera. Ambas as elevações atuam como pontos de inserção para os tendões de vários músculos da coxa. A extremidade distal expandida do fêmur engloba o côndilo medial e o côndilo lateral. Esses côndilos se articulam com os côndilos medial e lateral da tíbia. O epicôndilo medial e o epicôndilo lateral se encontram superiormente aos côndilos, e servem para a fixação de ligamentos da articulação do joelho. Uma área deprimida entre os côndilos na face posterior é chamada fossa intercondilar. A face patelar se encontra localizada entre os côndilos na face anterior. Log acima do epicôndilo medial está o tubérculo do adutor, uma projeção rugosa que é local de inserção do músculo adutor magno. Patela A patela é um pequeno osso triangular localizado anteriormente na articulação do joelho. A larga extremidade proximal desse osso sesamoide incrustado no tendão do músculo quadríceps femoral é chamada de base; a extremidade pontiaguda distal é chamada de ápice. A face articular posterior contém duas faces, uma para o côndilo medial e a outra para o côndilo lateral do fêmur. O ligamento da patela fixa a patela à tuberosidade da tíbia. A junção patelofemoral, entre a face posterior da patela e a face patelar do fêmur, é o componente intermediário da articulação do joelho. A patela aumenta o efeito de alavanca do tendão do músculo quadríceps femoral, mantém a posição do tendão quando o joelho flexiona e protege a articulação do joelho. Tíbia A tíbia é o maior e mais medial osso da perna, além de ser o osso de sustentação do peso. O termo tíbia quer dizer flauta, pois os ossos tibiais de pássaros eram usados antigamente para fazer instrumentos musicais. A tíbia se articula em sua extremidade proximal com o fêmur e a fíbula e em sua extremidade distal com a fíbula e o tálus do tornozelo. A tíbia e a fíbula, assim como a ulna e o rádio, são unidas por uma membrana interóssea. A extremidade proximal da tíbia é expandida em um côndilo lateral e um côndilo medial. Esses côndilos se articulam com os côndilos do fêmur para formar a articulação do joelho, lateral e medialmente. A face inferior do côndilo lateral se articula com a cabeça da fíbula. Os côndilos ligeiramente côncavos são separados por uma projeção superior chamada eminência intercondilar. A tuberosidade da tíbia na face anterior é o ponto de inserção do ligamento da patela. Inferiormente, em continuidade com a tuberosidade da tíbia, há uma crista aguda que pode ser palpada abaixo da pele, conhecida como margem anterior (crista) ou, popularmente, canela. A face medial da extremidade distal da tíbia forma o maléolo medial. Essa estrutura se articula com o tálus do tornozelo e forma a proeminência que pode ser palpada na face medial do tornozelo. A incisura fibular se articula com a extremidade distal da fíbula para formar a sindesmose tibiofibular. De todos os ossos longos do corpo, a tíbia é a mais frequentemente fraturada e, também, o local mais constante de fratura aberta (composta ou exposta). Fíbula A fíbula é paralela e lateral à tíbia, porém é consideravelmente menor. Diferentemente da tíbia, a fíbula não se articula com o fêmur, porém ajuda a estabilizar a articulação do tornozelo. A cabeça da fíbula, a extremidade proximal, se articula com a face inferior do côndilo lateral da tíbia abaixo do nível da articulação do joelho para formar a articulação tibiofibular. A extremidade distal tem forma mais triangular e apresenta uma projeção chamada maléolo lateral que se articula com o tálus do tornozelo e forma a proeminência na face lateral do tornozelo. Conforme observado antes, a fíbula também se articula com a tíbia na incisura fibular para formar a sindesmose tibiofibular. Meniscos Existem dois meniscos entre a tíbia (osso da perna) e o fêmur (osso da coxa) na articulação do joelho. O menisco medial (perto da metade do corpo), em forma de “C”, está no interior da parte articular medial do joelho. O menisco lateral, em forma de “U”, está na parte articular externa da articulação do joelho. Estes dois meniscos atuam como amortecedores e estabilizadores em forma de cunhas no joelho ajudando os ligamentos do joelho, o ligamento cruzado anterior (LCA), o ligamento cruzado posterior (LCP), o ligamento colateral medial (LCM) e o ligamento colateral lateral (LCL) a manterem a articulação alinhada na execução dos movimentos. Essa atuação conjunta ajuda a dividir as forças que são transmitidas pela pela carga do peso do corpo ao se movimentar. O ato de andar desloca até duas vezes o peso do seu corpo sobre a articulação. Correr desloca cerca de oito vezes o peso do seu corpo sobre o joelho. Quando o joelho se dobra, a parte posterior dos meniscos leva maior parte da pressão. A cartilagem articular, material que cobre os ossos que compõem a articulação do joelho é lisa, escorregadia, macia e de consistência sedosa. Ela permite que as superfícies em contato deslizem umas sobre as outras sem danificá- las, diminuindo o seu atrito. Articulação femorotibial A articulação femorotibial deve ser paralela ao solo. Sendo assim, os desvios axiais estruturais, quando ocorrem, acentuam o varo da tíbia ou o valgo do fêmur. Tanto o fêmur como a tíbia possuem, próximo do joelho, as corticais anterior, medial e lateral muito delgadas, envolvendo uma grande massa de osso esponjoso. Essa estrutura, semelhante à do calcâneo, é muito eficiente na função de absorvere distribuir carga. Contudo, quando atingida por trauma, sua reconstrução é muito difícil. A articulação do fêmur com a tíbia é assimétrica, devido a sua incongruência óssea, sendo, portanto, instável. O compartimento medial resulta da articulação do côndilo medial do fêmur em forma convexa com o côndilo medial da tíbia em forma côncava. O compartimento lateral é produto da articulação do côndilo lateral do fêmur em forma de esfera com o côndilo lateral da tíbia em forma convexa. Esse complexo articular, embora instável, permite que o joelho exerça a flexão-extensão associada às rotações externa e interna. Tal movimento ocorre pela estabilização do complexo medial, que funciona como eixo do movimento rotacional, e pela extrema mobilidade do côndilo lateral esférico do fêmur, que percorre, à semelhança de um limpador de pára-brisas, o côndilo lateral convexo da tíbia. Articulação patelofemoral A patela é um osso submetido a esforços de tração enormes; por isso somente dois terços de sua área têm superfície articular, o restante corresponde a zonas de inserções musculares em função dos esforços de tração. A superfície articular é multifacetada, sendo descritas até sete facetas. Isso se deve ao fato de a excursão ser feita em vários ângulos diferentes na sua relação com o fêmur, sendo mais por arrasto do que por congruência articular. Articula-se a tróclea femoral, que resulta de depressão entre os côndilos do fêmur. Músculos e ligamentos Esse conjunto articular, para se tornar eficiente e estável na transmissão da ação muscular, recebe várias inserções musculares e dispõe de diversos ligamentos. As inserções musculares do joelho são próximas ao fulcro do movimento, ou seja, da interlinha articular, o que resulta em enorme desvantagem mecânica em termos de momento de força. Tal desvantagem está expressa pela fortíssima massa muscular que movimenta a articulação, determinando, por sua ação, frequentes queixas de tendinites. O sistema ligamentar deve ser compreendido de forma conjunta, mais pela sua função do que por sua descrição anatômica. Com base nisso, os ligamentos são separados, na articulação femorotibial, em centrais, periféricos e os da articulação patelofemoral. Ligamentos da articulação femorotibial Centrais. Englobam os ligamentos cruzados anterior (LCA) e posterior (LCP), os quais são os principais responsáveis pela estabilização no sentido ânteroposterior e auxiliam na estabilização medial e lateral. O LCA apresenta comportamento mecânico individualizado. Estudos demonstraram variações de 35 a 159 kgf para sua resistência máxima à tração. Ele é responsável por 85% da estabilização anterior do joelho. O LCP possui estrutura anatômica que sugere a existência de dois ligamentos ou pelo menos dois folhetos completamente distintos. Essas duas estruturas têm funções diferentes, pois uma está tensa em flexão e a outra, em extensão. O LCP tem como função impedir a posteriorização da tíbia em relação ao fêmur e, com isso, desempenha um importante papel no mecanismo desacelerador e frenador do joelho. Essa função estática é sinérgica à mesma função do quadríceps, que é o grande desacelerador e frenador dinâmico do joelho. Segundo Hernandez (1994), não há diferença entre o comportamento mecânico das duas estruturas que compõem o LCP e o LCA no que diz respeito à resistência. Para alguns autores pode existir diferença no que se refere à elasticidade. O LCP é responsável por 95% da estabilização posterior do joelho. Periféricos. São os principais responsáveis pela estabilidade medial, lateral e rotacional e auxiliam na estabilização ânteroposterior. O complexo medial é composto por dois folhetos: o superficial, que é mais delgado, e o profundo, mais espesso, dividido em menisco femoral e menisco tibial. O folheto superficial é mais elástico, podendo ocorrer lesão de um dos folhetos profundos, sem haver trauma no superficial. O complexo medial é reforçado no canto pósteromedial pela inserção do músculo semimembranáceo, que forma o ligamento poplíteo oblíquo posterior. O complexo ligamentar lateral é resultado do espessamento da cápsula articular, reforçada pela fáscia lata e por um forte complexo ligamentar pósterolateral. Esse complexo, formado pelo ligamento colateral da fíbula, pelo tendão do músculo poplíteo e pelo ligamento arqueado, tem a importante função de limitar a rotação externa da tíbia em relação ao fêmur, além de, obviamente, ser um estabilizador lateral. Nessa região, ocorrem muitas variações anatômicas. O complexo ligamentar lateral é o principal restritivo secundário da estabilização anterior e posterior do joelho. Como estabilizador secundário, é responsável por 58% da estabilidade anterior e por 64% da estabilidade posterior. Unindo as estruturas ligamentares, ajustando e auxiliando a distribuição de carga das estruturas ósseas, há os meniscos. O menisco medial segue o comportamento do compartimento medial, sendo mais estável e menos móvel. O menisco lateral, à semelhança do compartimento lateral, é mais móvel. Os meniscos funcionam harmonicamente, embora sejam independentes. Essa complexa estrutura possibilita a estabilização em qualquer grau de movimento, pois tal mecanismo é o resultado da interação do sistema ligamentar estático com o sistema muscular dinâmico. Há certa simetria em todo o conjunto, representada no esquema proposto por Nicholas (1973). Ligamentos da articulação patelofemoral A partir da descrição de Warren e Marshall, em 1979, do ligamento patelofemoral medial (LPFM), houve mudança na compreensão da estabilidade da articulação patelofemoral. Após 1998, vários estudos a respeito desse ligamento foram iniciados, demonstrando que ele é o principal responsável pela estabilização da patela. Com origem na borda súpero-medial da patela e na inserção no epicôndilo medial, o LPFM é o mais importante restritivo à lateralização da patela. Suas relações com o músculo vasto medial explicam, a nosso ver, a importância desse músculo no mecanismo de estabilização da articulação patelofemoral. Objetivo 02: Fisiopatologia e manifestações clínicas da lesão do ligamento cruzado e do menisco. Epidemiologia e Fatores de risco: Há uma incidência de 1 para 3.000 indivíduos com ruptura do ligamento cruzado anterior e que ocorrem principalmente em indivíduos do sexo masculino, sendo a maioria delas causadas durante as atividades esportivas. O grupo de idade mais comumente associado à ruptura de LCA está entre 15 e 25 anos de idade, porém essa lesão também tem sido vista em indivíduos ativos com até 50 anos. O ligamento cruzado anterior pode ser lesionado de várias maneiras: Mudança rápida de direção Parar de uma vez Reduzir a velocidade durante uma corrida Apoiar os pés incorretamente depois de um salto Contato direto ou colisão, como um desarme no futebol Vários estudos demonstraram que atletas do sexo feminino têm incidência de lesões do LCA maior que os do sexo masculino em determinados esportes. As explicações propostas sugerem que essa diferença seja devida a diferenças no condicionamento físico, na força muscular e no controle neuromuscular. Outras causas sugeridas incluem diferenças no alinhamento da pelve com o membro inferior (perna), maior frouxidão dos ligamentos e efeitos do estrógeno nas propriedades dos ligamentos. Fisiopatologia da Lesão do Ligamento Cruzado Anterior Podem-se dividir os mecanismos de lesão em lesões associadas e isoladas. As lesões associadas são quando mais de uma estrutura é acometida durante o trauma. Um exemplo de lesão associada pode ser observado quando há um traumatismo em valgo, mais flexão e rotação externa, neste caso, haverá lesão do ligamento colateral medial, lesão do cruzado anterior e desinserção do menisco medial. Este mecanismode lesão é muito comum em esquiadores e pode ser associado à lesão da musculatura da pata de ganso que tenta conter o valgo. Outro exemplo de lesão associada é quando ocorre um deslocamento completo através de hiperextensão maior que 30 graus, com rotura, primeiro do ligamento cruzado posterior e depois do LCA. Um terceiro exemplo é quando uma força posterior direta contra a extremidade superior da tíbia provoca um deslocamento anterior enquanto o joelho é fletido, e produz a lesão do LCA geralmente associada com uma lesão oculta do cruzado posterior e cápsula articular. Durante o movimento forçado de flexão, varo, rotação interna, os ligamentos cruzados enrolam-se, o compartimento lateral se abre e o côndilo interno do fêmur pressiona o LCA, lesando-o. A rotação interna da tíbia quando o joelho é estendido pode produzir uma rotura isolada do LCA, pois tanto a porção póstero-lateral quanto a ântero-medial deste ligamento estão tensas neste movimento. No momento da lesão, o paciente geralmente experimenta um fenômeno especifico associado com lesão do LCA. A queixa mais comum é sentir um “estalido” (popping) ou “rangido” (cracking) dentro da articulação. Simultaneamente, o paciente sente que há uma sensação de falseio, “giving way”, seguindo de uma incapacidade de deambular sobre a extremidade. As lesões do LCA ocorrem geralmente por mecanismos onde o estresse no ligamento é grande o suficiente para causar uma ruptura. As lesões podem ser parciais ou totais dependendo do movimento, força e alongamento, seu trauma pode ser direto ou indireto. Quase sempre a lesão é dada por uma manobra de torção, e desacelação súbita geralmente seguida de estalos e hematroses presente dentro de poucas horas, ou ainda abdução com rotação externa e hiperextensão. A laceração do cruzado anterior ocorre a partir de uma torção valga do joelho estando o pé firme no chão (exercícios de cadeia cinética fechada). A laceração do ligamento cruzado anterior ocorre por trauma súbito com rotação do pivô, recurvamento e desaceleração brusca do movimento. O mecanismo de lesão é ocasionado por uma hiperextensão, rotacões com o pé fixo no chão, onde frequentemente são observadas lesões de ligamentos colaterais laterais e mediais, ambos envolvendo mecanismo de desaceleração do movimento. É preciso determinar o grau da lesão ligamentar a fim de proceder um tratamento adequado desde o início, realizando um prognóstico razoável referente a recuperação definitiva e necessidade de cirurgia com a duração real da reabilitação. A classifição e graduação das lesões ligamentares está baseada em dois fatores: número de filamentos rompidos e instabilidade articular. E a graduação quanto aos graus de lesões podem ser dos tipos: Grau 1 – lesão do tipo leve, onde há edema e sensibilidade local, com rompimento de algumas fibras sem perda funcional. Grau 2 – lesão do tipo moderada, onde grande parte das fibras encontra-se rompidas seguido de instabilidade na articulação, não demonstrando perda completa da integridade do ligamento. Grau 3 – lesão do tipo grave, havendo rompimento completo do ligamento. Manifestações Clínicas: A rotura do LCA é frequentemente descrita como um "pop" ou "estalo" associada a dor, derrame e claudicação do joelho, tipicamente com diminuição da mobilidade. Frequentemente os doentes referem sensação de instabilidade ou cedência do joelho após a fase aguda (primeiras semanas) quando não são tratados. O inchaço secundário à hemartrose (acumulação de sangue na articulação) é observado algumas horas após o momento da lesão, agravando os sintomas dolorosos e a limitação funcional. Estima-se que cerca de 75% das lesões deste ligamento se associem a uma hemartrose aguda. As sensações de instabilidade, caracterizadas por passos em falso, são comuns durante as tentativas de retorno ao desporto, podendo manifestar-se também nas atividades de vida diária. Lesão do menisco: Lesões meniscais podem ocorrer em qualquer idade, mas as causas são um pouco diferentes para cada idade ou faixa etária. Em pessoas mais jovens, o menisco é uma estrutura bastante resistente e elástica. Lesões nos meniscos em pacientes abaixo de 30 anos, normalmente ocorrem como resultado de um entorse do joelho. Na faixa etária mais jovem as lesões meniscais mais provavelmente são causadas durante alguma atividade esportiva. O mecanismo mais comum é a entorse do joelho durante uma mudança de direção, uma parada brusca ou, como no caso do futebol, o jogador crava a perna de apoio no campo, devido ao uso da chuteira com cravos, e roda a perna para dar o chute com a perna contralateral. Esse movimento de rotação do joelho da perna de apoio faz com que a carga seja excessiva sobre o menisco, causando a lesão. A carga transmitida através do joelho é aplicada sobre a superfície superior do menisco, diretamente sobre as fibras radiais, que a transferem às fibras periféricas. Estas, firmemente ancoradas na superfície anterior e posterior da tíbia, se deformam, fazendo com que o feixe tenha uma tendência a sair da articulação. Essa deformação do rim meniscal é o resultado mecânico da absorção de carga e é o efeito "arco de corda”. A função meniscal depende da continuidade desse feixe de fibras que, se interrompida, anulará a função mecânica do menisco. Com o passar dos anos, os meniscos enfraquecem ou degeneram-se com a perda da elasticidade, hidratação e até mesmo vascularização. As lesões mais comuns, nas faixas etárias dos adultos e idosos, são as lesões degenerativas, podendo muitas vezes serem ocasionadas por movimentos do dia a dia da pessoa, tal como abaixar-se dobrando o joelho, descer uma escada ou até mesmo uma leve entorse por um desequilíbrio momentâneo. Na maioria das vezes, não há uma condição específica para o joelho, que leva ao desgaste do menisco. Estas lesões degenerativas são comumente vistas como uma parte da condição geral da osteoartrite (artrose) do joelho em adultos mais idosos. A lesão mais comum encontrada no homem mais velho é a clivagem horizontal, que representa a lesão degenerativa do processo involutivo do homem e pode ser uma manifestação normal da idade. Estes meniscos, lesados, continuam sua performance exercendo suas funções mecânicas e bioquímicas na distribuição de carga, absorção de choques, estabilização do joelho e espalhamento do líquido sinovial na cartilagem articular de revestimento, propiciando o adequado processo de nutrição do condrócito. Com a anulação destas funções pela meniscectomia, realizada num compartimento articular cuja cartilagem é também envelhecida pela idade, é natural que se espere a insatisfação do paciente pelo insucesso do procedimento. Os meniscos rompem de diferentes maneiras. As lesões são diagnosticadas por sua aparência e localização, podendo ser longitudinais, na borda, em alça de balde, mistas/complexas. As lesões horizontais e as lesões complexas costumam estar associadas a um processo degenerativo do menisco. As lesões verticais e em flap são mais frequentemente relacionadas a traumas. Lesões em rampa são comumente associadas ao rompimento do Ligamento Cruzado Anterior, enquanto as lesões em alça de balde são altamente instáveis e costumam levar ao bloqueio do joelho. As lesões podem acometer a raiz, o corno posterior, o corpo ou o corno anterior. As lesões podem também estar localizadas mais para a periferia ou mais para o centro do menisco. Quanto mais periférica a lesão, maior a vascularização do menisco e melhor a condição para cicatrização. Desta forma, temos a tendência de realizar a sutura do menisco nas lesões periféricas(zona vermelha - vermelha), e a ressecção das lesões mais centrais(zona branca - branca). https://ortopedistadojoelho.com.br/lesao-do-ligamento-cruzado-anterior-lca/ Manifestações Clínicas: O sintoma mais comum causado por uma lesão meniscalé a dor. A dor pode ser sentida ao longo da borda da articulação do joelho próximo aonde está localizado, ou a dor pode ser mais inespecífica envolvendo o joelho como um todo. É normal a referência de dor na parte posterior do joelho, principalmente para se abaixar, subir e descer escadas. O joelho pode inchar, causando uma sensação de pressão e dor aos movimentos. Isso geralmente ocorre nos casos de uma lesão aguda, pelo sangramento proveniente do menisco lesionado que se acumula dentro da articulação do joelho. O inchaço, na lesão crônica, deve-se ao acúmulo de liquido sinovial inflamado dentro do joelho. Isso, popularmente, é chamado de água no joelho. A articulação do joelho também pode travar se a lesão for grande o suficiente. Esse bloqueio articular deve-se à incapacidade de estender completamente o joelho devido a interposição de um fragmento do menisco lesionado na articulação, tal como um objeto interposto na dobradiça de uma porta. Objetivo 03: Consequências em longo prazo dessas lesões. A operação para reparar lesão no menisco, um problema comum no joelho, pode aumentar o risco de artrose, também conhecida como osteoartrite, e de perda de cartilagem. Os pesquisadores analisaram exames de ressonância magnética de 355 joelhos ao longo de cinco anos: 31 foram operados por lesão no menisco, 280 apresentavam lesão no menisco, mas não foram operados, e o restante não tinha lesão. Nos três grupos, os cientistas analisaram os riscos de desenvolvimento de artrose e de perda de cartilagem. A ATJ (artroplastia total do joelho) não é um procedimento isento de riscos. Suas principais complicações em curto prazo foram: rigidez, embolia pulmonar com trombose venosa profunda, problemas com a ferida operatória e óbito.
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