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USO INADEQUADO DE MEDICAMENTOS Mais da metade de todos os medicamentos são prescritos (doses e posologias erradas), dispensados ou vendidos de forma inadequada (irracional) – metade de todos os pacientes não usam os medicamentos corretamente. Mais de 50% de todos os países não implementam políticas básicas para promover uso racional de medicamentos. Dessa forma, há desperdício de recursos escassos e riscos à saúde, gerando um problema de saúde pública – Brasil como líder da automedicação, grande números de intoxicações (tentativas de suicídio, consumo acidental). Fatores que contribuem para este cenário: Automedicação; Uso excessivo de medicamentos (polifarmácia); Uso inadequado de antimicrobianos (doses inadequadas, uso em infecções não bacterianas); Erros na prescrição; Prescrição não-baseada nas diretrizes clínicas (fontes baseadas em evidências); Medicamentos prescritos sem considerar os medicamentos que o paciente já utiliza; Não adesão correta a regimes posológicos; Acessibilidade aos serviços de saúde. OBS: Nem toda automedicação é irracional, mas é preciso que o usuário obtenha informações para fazer as escolhas adequadas. Segundo a OMS, a automedicação orientada é uma forma de autocuidado à saúde. IMPACTOS DO USO IRRACIONAL DE MEDICAMENTOS Intoxicação; Eventos adversos; Agravamento do estado de saúde; Aparecimento de novas doenças; Interações medicamentosas; Aumento da resistência bacteriana; Aumento do tempo de internação; Dependência ao medicamento; Óbitos. DEFINIÇÃO DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS “Atitude que garante ao paciente receber medicamentos apropriados à sua condição clínica, nas doses adequadas capazes de gerar efeitos farmacológicos eficazes, boa tolerabilidade e segurança com mínimos efeitos tóxicos, pelo tempo necessário e ao menor custo possível.” – OMS, 1985. Pacientes recebem a dose adequada (nem superior nem inferior), pelo tempo adequado estabelecido em protocolos, com o menor custo possível de um medicamento eficaz, seguro que passou por todas as etapas de pesquisa. HISTÓRIO DO USO RACIONAL – BRASIL 1998: criação da Política Nacional de Promoção da Saúde e da Política Nacional de medicamentos – adoção e revisão permanente da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME); 1999: criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2007: criação do Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM) – caráter consultivo, orientar e propor ações, estratégias e atividades para a promoção da URM. o Essas estratégias visam ampliar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de qualidade, segurança e eficácia; o Composto por representantes de vários órgãos e entidades; o Condutas racionais acarretam consequências positivas sobre mortalidade, morbidade e qualidade de vida; o Maior garantia do benefício terapêutico, redução de riscos, evita custos desnecessários, melhora no atendimento, maior resolubilidade. POR QUE AINDA É TÃO DIFÍCIL PROMOVER O USO RACIONAL? Em qual etapa deve-se promover o URM? O uso inadequado do medicamento pode ocorrer em qualquer etapa do processo de medicação, ou seja, na prescrição, transcrição e documentação, dispensação, preparo, administração, ou durante a monitorização de reações adversas. ¾ dos incidentes estão relacionados a prescrição e à administração. Porém, por meio de estratégias simples e de baixo custo, é possível promover o URM. USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS (URM) O uso racional de medicamentos envolve 5 etapas (todas passíveis de erro): prescrição, verificação, preparação / dispensação, administração e monitoramento. Porém, o uso racional “nasce antes do medicamento”. No momento de desenvolvimento de um novo fármaco devem ser avaliados diversos fatores para que possa promover o URM. Informações clínicas; Informações epidemiológicas; Informações demográficas; Informações socioeconômicas; Informações estruturais e orçamentais do sistema de saúde. Deve-se orientar as prioridades para pesquisa, desenvolvimento e inovação, para novos medicamentos, novas apresentações farmacêuticas (doses, formas, posologia, mecanismos para administração) ou novos processos que possam ser mais efetivos. ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO FÁRMACO Descoberta ou síntese de um novo medicamento com potencial de uso; Modificação de moléculas conhecidas, identificação e isolamento de moléculas a partir de plantas ou microrganismos, desenvolvimento a partir de interpretação; Farmacoeconomia: avaliar investimento – encontrar o tratamento mais eficiente ao menor custo, valorizando resultados; Fase pré clínica e fase clínica; FARMACOVIGILÂNCIA Fase 4 dos testes clínicos – medicamento já disponível com monitoramento. Tem por objetivos a obtenção de informações de segurança e eficácia do medicamento na prática cotidiana, identificar, avaliar e monitorar a ocorrência dos eventos adversos relacionado ao uso, e garantir que os benefícios relacionados ao uso desses produtos sejam maiores que os riscos por eles causados. Monitora os eventos adversos causados por desvios da qualidade de medicamentos, queixas técnicas, interações medicamentosas, inefetividade terapêutica, erros de medicação, interações medicamentosas... TALIDOMIDA – medicamento passou por estudos. Hipnótico e sedativo seguro recomendada durante a gravidez. Observaram aumento da venda e ao mesmo tempo apareceram fetos com quadro de deformidades – retirada do mercado. PAPEL DO PRESCRITOR NO URM No momento da prescrição deve-se elaborar um método para a promoção do URM. Antes da prescrição sempre analisar se o paciente realmente necessita desse medicamento. 40% dos pacientes que produção os serviços de saúde na Atenção Básica não necessitam de medicamento, não apresentam evidências de doenças orgânicas ou psíquicas. 80% dos pacientes que são atendidos na atenção primária à saúde das consultas médicas com uma prescrição medicamentosa. Conjunto de estratégias para promover a URM na prescrição: Estabelecer diagnóstico conclusivo; Escolher medicamento adequado e com base em evidências científicas; Determinar a posologia adequada de acordo com o paciente; Confirmar a inexistência de contraindicação; Minimizar as interações farmacológicas; Minimizar a probabilidade de reações adversas; Informar corretamente toda a terapia medicamentosa, aumentando a adesão do paciente; Monitorar o usuário quando à resposta terapêutica e efeitos colaterais; Divulgar potencial de risco ao paciente sobre o uso irracional do medicamento; PRESCRIÇÃO RACIONAL É uma ordem médica para preparar ou realizar um tratamento específico para determinado paciente. Etapas racionais: Estabelecer diagnóstico específico; Considerar fisiopatologia do diagnóstico estabelecido; Selecionar objetivo terapêutico; Selecionar um fármaco; Determinar o esquema posológico apropriado; Elaborar um plano para monitorização da ação do fármaco e determinar um parâmetro de avaliação final para a terapia; Planejar um programa de educação do paciente. ELEMENTOS DA PRESCRIÇÃO Os elementos a prescrição são: identidade do médico, identificação do paciente, descrição do medicamento (concentração, dosagem, forma farmacêutica e orientações completas para uso), assinatura e CRM, e data de prescrição. A prescrição pode ser feita a mão, impressa ou eletrônica. Os principais problemas são: incapacidade de entendimento da grafia e da abreviatura de palavras, abreviações dos nomes dos fármacos e das instruções quanto à administração, volumes não padronizados (colher de chá, sopa),entre outros. Além disso, o prescritor deve se basear em fontes confiáveis e imparciais para embasar suas práticas de prescrição. Além de observar a eficácia e eficiência terapêutica para cada grupo de pacientes e indicações de uso pretendidas. PRESCRIÇÃO NA GRAVIDEZ A maioria dos fármacos administrados a mulheres grávidas tem a capacidade de atravessar a placenta (tamanho da molécula: heparina – segura e varfarina – teratogênica). A placenta desempenha um local de metabolismo e pode causar a geração de metabólitos tóxicos. O período de aleitamento também deve ser levado em consideração pois influencia na produção e qualidade do leite materno. Deve-se evitar fármacos que não foram amplamente utilizados em gestantes e principalmente no primeiro trimestre. Devem-se utilizar fármacos com perfil de segurança já estabelecido e com a menor dose efetiva pelo menor período possível. PRESCRIÇÃO PEDIÁTRICA Deve-se levar em consideração a alteração da composição corporal (alteração da distribuição), a metabolização diferenciada, menor taxa de filtração glomerular... É necessário utilizar a dose pediátrica nas diretrizes clínicas (cálculo pela massa ou a área de superfície corpórea), geralmente crianças são avessas a formas farmacêuticas e posologias incômodas. Recomendações e estratégias específicas para crianças. PRESCRIÇÃO PARA IDOSOS Levar em consideração a diminuição geral da capacidade metabólica, da função renal, da resposta imune, da massa muscular e etc. Presença de múltiplas doenças, interações medicamentosas – planejar esquemas integrados. Atenção ao consumo de medicamentos sem prescrição. Custo da prescrição, educação deficiente, dificuldades de expressão e demência. ERROS NA ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO Observa-se que uma em cada cinco doses é administrada incorretamente. Estudos revelam que os idosos são mais vulneráveis devido à dificuldade em identificar os medicamentos e devido ao esquecimento. Os tipos de erro são: Erro de infusão: tempo de infusão; Erro na técnica de preparo; Erro na monitoração: administrar medicamento antes de verificação necessária. TOXICIDADE RELACIONADA A MEDICAMENTOS ADQUIRIDOS SEM PRESCRIÇÃO O uso inadequado e crônico de alguns antiácidos (como hidróxido de alumínio) pode causar constipação e hipofosfatemia; O abuso de laxativos pode resultar em cólicas abdominais e distúrbios hidroeletrolíticos; O uso de simpaticomiméticos ou de cafeína (ocultos em muitos produtos de venda livre) podem provocar insônia, nervosismo e agitação; A ingestão aguda de grandes quantidades de aspirina ou de acetaminofeno pode provocar toxicidade grave. Nessas situações são necessárias discussões com equipes multidisciplinares a fim de possibilitar maior abrangência na discussão do problema e criar melhores soluções. O uso indiscriminado de medicamentos pode levar a um risco em saúde pública, gerar desabastecimento no mercado e prejudicar o tratamento de pacientes que já fazem uso, podendo agravar seu quadro clínico. RESOLUÇÃO A promoção do URM e uma boa prescrição médica não se resume apenas à ausência de erros, mas na necessidade do médico olhar o paciente como um todo no momento de realizar a prescrição. As condições sociais, econômicas e cognitivas do paciente, dos acompanhantes e cuidadores podem influenciar na adesão e no uso adequado do tratamento prescrito.
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