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Ana de Luca HEMORRAGIAS É a perda de sangue através de ferimentos ou pelas cavidades naturais. Também pode ser interna (sem exteriorização do sangue). Os quadros agudos com grande perda de volume são graves e podem levar ao choque hipovolêmico e óbito. Perdas lentas e crônicas costumam levar a anemia ferropriva. Classificadas em arteriais, venosas ou capilares e internas ou externas. - Arteriais: apresentam sangramento coloração vermelho vivo e jato pulsátil. - Venosas: sangue mais escuro. Sai contínuo e lento, escorrendo pela ferida. - Capilares: coloração intermediária, sangue goteja lentamente pelo ferimento. Fácil de estancar por pressão direta. - Interna: ocorre numa cavidade como peritônio, pleura ou pericárdio. Sangue não observado no exterior. Indivíduo fica pálido, taquicárdico, sololento, pele fria e úmida. Quando o volume sanguíneo diminui, a perfusão cerebral fica prejudicada → altera nível de consciência. Hipovolemia: cor de pele acizentada na face e extremidades pálidas. Pulso periférico rápido e filiforme. Ana de Luca AVALIAÇÃO 4 classes de hemorragia: Classe I: perda de volume sanguíneo até 15%. Frequência cardíaca minimamente elevada ou normal. Sem alterações na PA ou FR. - Para pacientes saudáveis essa quantidade de perda não requer substituição, pois os mecanismos compensatórios restauram o volume sanguíneo dentro de 24 horas. Classe II: perda de volume de 15% a 30%. Taquicardia (entre 100 e 120), taquipneia (entre 20 e 24). Pressão de pulso diminuída embora PA esteja normal. - Pele pode estar fria e úmida e o enchimento capilar pode estar lentificado. - Paciente pode estar ansioso ou hostil. - Estabilizado com soluções cristaloides, alguns precisam de transfusão. Classe III: perda de 31 a 40%. Queda da PA e alteração do estado mental. FC e FR elevadas. Redução do DC. - Considerada uma hemorragia grave. - Maioria dos pacientes precisa de concentrado de hemácias e produtos sanguíneos. Classe IV: perda de mais de 40% do volume sanguíneo. Depressão significativa na PA e no estado mental. Maioria dos pacientes fica hipotenta (PAS <90). Pressão de pulso reduzida e taquicardia maior que 140 bpm. - A diurese está reduzida ou ausente. - Pele fria e pálida. - Precisam de transfusão rápida e intervenção cirúrgica imediata. CHOQUE HEMORRÁGICO Anormalidade do sistema circulatório que resulta em perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequada. Primeiro passo é reconhecer e segundo identificar provável causa. Revisando! DC é definido como volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto. Determinado pelo produto da FC e do volume sistólico. O volume sistólico é a quantidade de sangue bombeado a cada contração cardíaca e é determidado pela pré-carga, contratilidade miocárdica e pós-carga. A pré-carga expressa o volume de retorno venoso para o coração → determinada pela capacitância venosa, pelo estado da volemia e pela diferença entre a pressão venosa sistêmica média e a pressão do átrio direito. As respostas precoces a perda sanguínea são mecanismos de compensação → vasoconstrição da circulação cutânea, muscular e visceral (para reservar o sangue para os rins, coração e cérebro) + aumento da frequência cardíaca (para tentar manter o débito cardíaco). Como consequência, a pressão diastólica aumenta e a pressão de pulso reduz. Porém, esse mecanismo é limitado. As células mal perfundidas/ oxigenadas começam a fazer metabolismo anaeróbio e formam ácido lático → acidose metabólica. Se o choque for prolongado e a membrana perder a integridade e o gradiente elétrico normal → libera mediador pró-inflamatório → dano orgânico e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. Abordagem: 1. Interromper o sangramento e repor perda volêmica. Exame físico dirigido para diagnóstico imediato das lesões → inclui o ABCDE (vias aéreas, circulação, disfunção neurológica, exposição com prevenção de hipotermia). Ana de Luca SANGRAMENTOS EXTERNOS: Arterial → feita compressão do local da ferida. Se persistir, aplicar pressão manualmente na artéria proximal a lesão (pressão indireta). Se persistir, considerar torniquete manual ou pneumático. SANGRAMENTOS INTERNOS: Principais áreas são o tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos. Hemotórax Sangue no espaço pleural. O acúmulo sanguíneo inicial é advindo do parênquima pulmonar. A causa usual de hemotórax é laceração do pulmão, de algum vaso intercostal ou da artéria torácica interna. Pode resultar de trauma penetrante ou fechado. Um hemotórax maciço, com rápido acúmulo de sangue, é usualmente devido a lesões no arco aórtico, hilo pulmonar, artérias mamárias internas ou artérias intercostais Com a presença de grande quantidade de sangue no peito, um hemotórax pode notavelmente reduzir a capacidade vital do pulmão e resultar em choque hipovolêmico. Pode vir acompanhado de pneumotórax as duas camadas da pleura. Hemopericárdio Causas comuns: lesão torácica + lesão resultante de procedimentos médicos tais como cateterismo cardíaco e implante de marca- passo + ruptura de um aneurisma da aorta torácica. Hemoperitônio Sangue na cavidade peritoneal. Considerado emergência médica porque o derramamento de sangue na cavidade peritoneal é indicativo de ruptura de órgãos. Ocorre quando qualquer um dos órgãos ou vasos sanguíneos (artéria celíaca, artéria mesentérica superior e a artéria mesentérica inferior), rompem ou são submetidos a um trauma. Hemartrose Sangue acumulado na articulação. A principal causa é o traumatismo agudo (contusão, fratura, luxação). Outra causa é o distúrbio da coagulação do sangue como hemofilia. Petéquias Hemorragias dentro da pele, membranas mucosas ou superfícies serosa. Muito pequena → 1-2mm de diâmetro. Superficiais, mas ligadas a disfunção de número ou função plaquetária. Causas: trombocitopenia, função plaquetária defeituosa e perda de suporte da parede vascular. Púrpuras Hemorragias ligeiramente maiores (3-5mm). Pode resultar das mesmas desordens que causam as petéquias, assim como de trauma, inflamação vascular vasculite) e maior fragilidade vascular. Púrpura trombocitopênica: mancha roxa. O sistema imunológico de quem tem essa doença desconhece as plaquetas como parte do organismo e começa a produzir anticorpos que passam a ataca-las e destruí-las. Esquimoses É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos da pele que se rompem formando uma área de cor roxa e, normalmente, está relacionada a traumas, contusões ou efeito colateral de alguns medicamentos. O sangue infiltra o tecido. As alterações características de cor de uma contusão se devem à conversão enzimática de hemoglobina (cor vermelho azulada) em bilirrubina (cor azul esverdeada) e, eventualmente, em hemossiderina (dourado amarronzada). Hematomas subcutâneaos maiores (1-2cm) → coloquiamento chamados contusões. Hematoma Manchas maiores. Hemorragia em que o sangue se acumula formando uma tumoração. Como a equimose, hematoma é frequente após ação de agentes mecânicos.