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DOENÇAS GÁSTRICAS ESTÔMAGO Está em posição transversal à esquerda da linha média. Caudalmente ao fígado, craniolateral ao baço e cranial ao rim. Formado por quatro regiões anatômicas funcionais: cárdia, fundo, corpo, antro. A convergência de músculos esofágicos e gástricos formam o cárdia. No preenchimento gástrico, o alimento se acomoda no fundo. O corpo armazena a ingesta e secreta ácido hidroclorídrico, pepsina e lipase para a digestão (suco gástrico). O antro quebra a ingesta em pequenas partículas. O piloro é uma parede muscular que forma o esfíncter pilórico, selecionando o tamanho das partículas que passará para o duodeno. O estômago tem três camadas: mucosa, muscular e serosa. As células da mucosa secretam muco e bicarbonato que protegem o tecido contra efeitos dos ácidos gástricos e enzimas. A barreira da mucosa gástrica repara continuamente as células lesadas. Armazenamento, mistura, trituração e transporte da ingesta depende da motilidade peristáltica. O estômago é protegido contra efeitos danosos do ácido gástrico, pepsina, ácidos biliares e outras enzimas digestiva pela barreira mucosa gástrica, composta por muco de bicarbonato que atua como lubrificante contra lesões mecânicas de partículas abrasivas; gel de glicoproteínas que aprisiona o bicarbonato. As células epiteliais da mucosa gástrica tem alto poder de reparação contra pequenos danos para evitar lesões mais profundas. A submucosa possui uma rede densa de capilares (fornece nutrientes e oxigênio para as células funcionarem-secreção de bicarbonato, reparação e renovação celular). As prostaglandinas compõem um dos componentes mais importantes. PGE2, PGEalfa2 e prostaciclinas aumentam a secreção de muco e bicarbonato, regulam o fluxo sanguíneo e estimulam diversos eventos, como o crescimento celular. Modulam a atividade imunológica (macrófagos e mastócitos) quando a mucosa é inflamada. Fases da secreção: 1. Cefálica (estímulo de expectativa originada no cérebro- olfato, visão) 2. Gástrica (entrada do alimento no estômago; mecânica e início da química) 3. Intestinal (totalmente química) • Pré-digestão química 1) HCl -> pH adequado para ação enzimática 2) Pepsinogênio -> pepsina -> hidrólise proteica 3) Muco -> proteção da mucosa e lubrificação - Armazenamento temporário - Controle da velocidade da ingesta para ID - Êmese • Secreção gástrica 1) Célula parietal -> bomba de próton -> H+ - Histamina (H2) - Gastrina (secreção de HCl, muco e motilidade gástrica) - Acetilcolina 2) Inibidores - Somatostatina - Prostaglandina As células parietais possuem receptores de gastrina, acetilcolina e histamina. Todas estimulam a secreção ácida. As células parietais são estimuladas ao seu máximo quando os três receptores estão ocupados. A gastrina, produzida por células G do antro, é a mais potente indutora da secreção de ácido. A secreção do ácido gástrico é estimulada pela expectativa por alimento e pela presença do alimento não digerido no estômago. Quando o animal espera por alimento, impulsos parassimpáticos estimulam as células do sistema nervoso entérico (SNE), que libera acetilcolina (ACh). O alimento atua como um tampão, aumentando o pH gástrico. Isto remove o efeito inibitório do ácido sobre a secreção das células G, estimulando ainda mais a produção de gastrina, levando ao aumento da produção de HCl. A histamina é secretada pelos mastócitos e células da mucosa parietal. As células secretoras de histamina são estimuladas a secretar gastrina e ACh. Assim, os efeitos da gastrina e ACh sobre a secreção de ácido gástrico são amplificados. Conforme a secreção gástrica e digestão prosseguem, o pH do estômago diminui, e assim a secreção de gastrina também até ser abolida (pH 1). O estímulo das células parietais é retirado e a secreção de ácido é reduzida. Quando há secreção de histamina em excesso, (mastocitoma, processos alérgicos, quadros inflamatórios) pode haver desenvolvimento de úlceras e gastrite. Hemograma: não é obrigatório ter eosinofilia com o aumento de histamina. Na presença de eosinofilia, pensar primeiro em reação alérgica e depois em parasitismo intestinal. ALCALOSE PÓS-PRANDIAL No período prandial há intensa secreção gástrica para auxiliar na digestão. Na produção de HCl pelas células parietais, o CO2 se liga com H2O, formando H2CO3 que dará origem a H + e HCO3. O hidrogênio vai para o suco gástrico (para formar HCl) e o HCO3 para a circulação sanguínea. O HCO3 provoca a alcalose pós-prandial. É revertida quando o bicarbonato é consumido na neutralização das secreções gástricas. ACIDOSE PÓS-PRANDIAL Nas células pancreáticas (ácinos), para a produção do suco pancreático, o CO2 se liga à água e forma H2CO3 e H. O HCO3 vai para o suco pancreático (para formar bicarbonato-NaHCO3) e o hidrogênio vai para a circulação, onde haverá diminuição do pH levando a acidose pós-prandial. Uma inflamação GI pode levar a quadros de diarreia. Uma mucosa inflamada apresenta perda da função (não tem motilidade, não tem absorção e nem digestão). Haverá concentração de soluto em função do exsudato (células inflamatórias) que atraem água para a luz. FUNÇÕES MECÂNICAS DO ESTÔMAGO ATUAÇÃO DE FÁRMACOS QUE PROTEGEM A MUCOSA GÁSTRICA Antagonista H2 (Ranitidina, Cimetidina, , Famotidina, Nizatidina) São drogas utilizadas isoladamente ou em associação com outros fármacos, como antiácidos, nos estados de hipersecreção do ácido clorídrico. As células parietais possuem receptores H2 sensíveis à histamina. Os antagonistas H2 inibem competitivamente a interação de histamina com os receptores H2 (existem em outros tecidos- músculo liso vascular e brônquico, coração, útero, cérebro, entretanto os antagonistas H2 pouco interferem nas outras respostas fisiológicas além da secreção gástrica) que estão em células parietais do estômago. Efeitos colaterais são mais frequentes com o uso da cimetidina. Inibidor da bomba de prótons (Omeprazol, Pantoprazol) Os IBP’s suprimem a secreção de ácido gástrico por meio da inibição específica da enzima H+/K+ ATPase na superfície secretora da célula parietal gástrica. Impede a troca de H+ por K+ (para que o hidrogênio saia da célula, o potássio precisa entrar), o hidrogênio não sai da célula e a produção de HCl é reduzida (em até 95%). Se ligam irreversivelmente a enzima, resultando no bloqueio da liberação de ácido, até que novas enzimas sejam sintetizadas pelas células parietais. Se ligam de forma covalente na H+/K+ ATPase, inativando de forma irreversível a molécula da bomba. Como bloqueiam a etapa final na produção de ácido, os IBPs são efetivos na supressão ácida independente de outros fatores estimuladores. A longo prazo, devido a intensa supressão ácida, há aumento na secreção gástrica compensatória, com consequente hipergastrinemia. Com a acidez reduzida, as células G secretam quantidade aumentada de gastrina. As enzimas são inibidas irreversivelmente entre dois a cinco dias, portanto não são indicados como sintomáticos. Podem ser necessários 2 a 5 dias de terapia para inibir 70% das bombas. Como a inibição é irreversível, a secreção permanece suprimida por 24 a 48 horas, ou mais, até que ocorra a síntese de novas. Sucralfato O sucralfato age diretamente na luz do estômago, formando uma película protetora na mucosa contra o suco gástrico (HCl, pepsina) e sais biliares (intestino). Não atua reduzindo o pH de forma considerável, nem inibindo a secreção gástrica. Atua protegendo de forma mecânica a mucosa. Administrado por via oral (apresentação em forma de líquido ou pastilha). Fármacos citoprotetores Bismuto: forma película protetora na base da úlcera. Estimula a produção local de prostaglandinas e bicarbonato. Possui efeito tóxico contra o bacilo H. pylori, impede sua aderência à mucosa, inibe as enzimas proteolíticas da bactéria, reveste a base da úlcera, adsorve a pepsina, potencializa a síntese local de prostaglandinas e estimula a soluçãode bicarbonato. Prostaglandinas (misoprostol): inibe a secreção basal de ácido gástrico, aumentando o fluxo sanguíneo na mucosa. ASSOCIAÇÃO MEDICAMENTOSA É importante que forneça proteção da mucosa e redução da produção do suco gástrico. Sucralfato + omeprazol ou Sucralfato + ranitidina + omeprazol (depois retira a ranitidina) Omeprazol leva aproximadamente 3 dias para atingir seu pico de atuação. MEDICAMENTOS COM ATUAÇÃO SECUNDÁRIA AINEs: inibem a produção de PGE2 que atuam na produção de muco/proteção gástrica. Mesmo os seletivos, entretanto, de forma menos severa. Dessa forma, ocasiona lesão gástrica. ATROPINA: é um anticolinérgico e, de forma secundária, leva a redução na produção de ácido gástrico. A ACh é uma das substâncias necessárias para a produção de HCl. A atropina tem afinidade por receptores muscarínicos, ligam-se competitivamente e impede a ligação da ACh a esses receptores. Os anticolinérgicos não são utilizados para o tratamento de gastrite. A atropina (inibidor da Acetilcolina) tem efeito SECUNDÁRIO na secreção gástrica. USO DE ANTIÁCIDOS? Os antiácidos são bases de bicarbonato de sódio. Não atuam dentro da célula, não reduzem a produção de ácido gástrico, nem protegem a mucosa. Apenas neutralizam o ácido, eleva o pH (>5,0) inibindo a atividade peptídica. Efeitos colaterais: Pode provocar diarreia (Hidróxido de magnésio e trissilicato de Mg) Causar constipação (Hidróxido de alumínio) Alcalose (Bicarbonato de sódio) - Há liberação de CO2 que desencadeia eructação. O uso crônico leva a acidose. - Efeito rebote do bicarbonato: O aumento da liberação de CO2 estimula a secreção de gastrina, que leva ao aumento da produção de HCl. Alginato: derivado de alga- hidrocolóide-forma gel. Evita refluxo formando um gel espessa sobre o conteúdo gástrico. Fatores que influenciam a secreção e doença gástrica: ● Mastocitoma: hiperacidez gástrica (aumento de histamina) ● Gastrinoma: gastrina em excesso ● Doença renal: redução de muco e bicarbonato ● Estresse ● AINEs SINAIS DE AFECÇÕES GÁSTRICAS São inespecíficos. Êmese, perda de peso, dor, melena, distensão (vólvulo, náusea), hematêmese… VÔMITO O centro do vômito é estimulado por duas vias: 1) Estímulos iniciados na zona de gatilho quimiorreceptora (área postrema do quarto ventrículo) Recebe estímulos da via hematógena por substâncias endógenas e exógenas, incluindo fármacos, que se ligam a receptores: adrenérgicos, colinérgicos, histaminérgicos (H1), serotoninérgicos (receptores 5-hidroxitriptamina (5-HT); ex.: quimioterápicos), dopaminérgicos (receptores D1 e D2), opióides. O centro do vômito (tronco cerebral) é estimulado por: 2) Sinais provenientes do córtex, do vago, sistema vestibular e da área postrema, faringe, TGI, mediastino e áreas do cérebro relacionadas à visão e ao olfato A hipertensão intracraniana, devido a tumores cerebrais, meningoencefalites, traumatismos, hemorragias e outros, e os distúrbios emocionais (ansiedade, estresse, medo, sustos ou visões, odores e sabores desagradáveis) causam vômitos via terminações aferentes corticais, enquanto as doenças intra-abdominais (obstruções, infecções, isquemia ou alterações da motilidade intestinal, nefropatias, hepatopatias e outras) causam vômitos via aferentes vagais. Assim, os múltiplos estímulos emetizantes originam-se, praticamente, em qualquer órgão e chegam aos centros bulbares por via humoral ou via nervosa- fibras aferentes do simpático e vago (parassimpático). As náuseas e vômitos são efeitos secundários comuns à quimioterapia. Desde o advento das medicações antagonistas 5-HT3, esse problema tem sido contornado. Diversos neurotransmissores possuem receptores (5-HT, dopamina D1 e D2, substância P, NK1) que estimulam a êmese. Os enterócitos são células que se replicam rapidamente, e as células neoplásicas também possuem essa característica. Os quimioterápicos não selecionam assertivamente as células que atuarão, logo, afetam intensamente as células intestinais devido a sua característica de alta replicação como as células neoplásicas. ANTIEMÉTICOS Zona de gatilho quimiorreceptora (ZGQ): recebe estímulos predominantemente por via hematógena, em resposta a drogas e toxinas circulantes. Antagonista da dopamina: atuam em receptores D1 e D2 - Metoclopramida: bloqueia receptores na ZQD. Em altas doses também bloqueia 5-HT3. É procinético, estimula a motilidade do TGI superior por sensibilizar os tecidos à ação da acetilcolina, facilitando o esvaziamento gástrico; a atividade peristáltica é aumentada no duodeno e jejuno e o esfíncter pilórico relaxado. Dose: 0,2 a 0,5 mg/kg, TID, SC/VO - Bromoprida: bloqueia D2 que age centralmente, deprime o centro do vômito e a ZQD. Atua perifericamente restabelecendo o peristaltismo. É procinético. Não usar em gestantes e lactantes. Dose: 0,2 a 0,3 mg/kg, SID ou BID, VO - Domperidona: aumenta a ação da acetilcolina no TGI, tem ações semelhantes a metoclopramida, porém não a barreira hematoencefálica, não apresentando, portanto, efeitos colaterais no SNC. É procinético. Dose: 0,05 a 0,1 mg/kg, SID ou BID, VO Antagonista de receptor serotoninérgico: hidroxitriptamina-3 (5-HT2) - Ondansetrona: Antagonista 5-HT3, desenvolvido para o tratamento de vômito induzido por quimioterapia em humanos. Altamente seletivo para 5 HT3, que são encontrados perifericamente nas fibras aferentes vagais e no centro do vômito. Pode induzir efeito procinético. Cães da raça Collie e seus mestiços: A ondansetrona serve de substrato do transportador da membrana P-glicoproteína (bomba de enfluxo celular- exporta o medicamento para fora da célula) expressada pelo gene MDR-1; Collie possui mutação nesse gene e se intoxica com esse fármaco. Dose: 0,1 a 0,2 mg/kg, TID ou BID, SC/VO/IV Antagonista do receptor neurokinina (NK1) - Maropitant: bloqueia a ação farmacológica da substância P (encontradas no centro do vômito, principal neurotransmissor envolvido no vômito) no SNC. Sua disponibilidade é muito alta após a administração SC (91% a 1 mg/kg) do que após VO (24% a 2 mg/kg). Metabolizado no fígado, administrado com precaução em hepatopatas. Tratamento do vômito agudo, aqueles refratários a outros antieméticos, difícil controle. Atua em todas as vias que desencadeiam o vômito. Dose: 1 mg/kg, SC ou 2 mg/kg, VO, SID- por até 5 dias. GASTRITE É a inflamação da mucosa gástrica. Apresenta-se hiperêmica, podendo evoluir para lesões na submucosa. O sinal mais frequente é a presença de vômito, que leva a algia abdominal, anorexia, perda de peso. Existe uma ampla variedade de causas: dieta (ingestão de plantas tóxicas, agentes infecciosos e toxinas nos alimentos), secundária a doenças sistêmicas, fármacos AINEs, bactérias (Helicobacter sp), parasitas, vírus (principalmente em gatos- FeLV), doenças metabólicas (hepatopatias, insuficiência renal, pancreatite, cetoacidose diabética). Helicobacter sp São bactérias (G-) que conseguem colonizar o estômago (que possui pH ácido) e têm sido apontadas como causadoras de gastrite em cães e gatos. Diagnóstico: biópsia Tratamento: cultura + antibiograma; sucralfato, omeprazol, ranitidina 1. GASTRITE AGUDA É uma das causas mais comuns de vômito agudo em cães e gatos. Seu tempo de evolução é pequeno. Perda da integridade da mucosa gástrica -> aumento da permeabilidade -> erosões -> ulcerações. Pepsina e ácido gástrico -> inflamação e danos Histamina é liberada dos mastócitos -> vasodilatação -> produção de ácido Pode haver infiltração celular (inflamação) que dificulta a cicatrização Ingestão de alimentos contaminados, intolerância ou alergias alimentares são frequentes, assim como, corpo estranho, agentes químicos, plantas tóxicas ou fármacos que podem levar a afecção. Doenças infecciosas (parvovirose, cinomose, hepatite), estresse, jejum prolongado, AINEs também são fatores desencadeantes. A infecção por Helicobacter raramente leva a gastrite aguda. Diagnóstico: - Histórico- Sinais clínicos (vômito agudo, depressão, anorexia, perda de apetite, dor à palpação abdominal, postura antiálgica: posição de prece/reza em cães e postura agachada/encurvada em gatos; distensão abdominal, náusea, melena e hematêmese, desidratação, fraqueza). A postura antiálgica não é patognomônica (pancreatite, gastrite), apenas indica que há presença de dor no abdômen decorrente de alguma alteração. - Raio X: não avalia a mucosa, no entanto, descarta nódulos, corpo estranho - Ultrassom: DEVE ser feito, um grande auxílio no diagnóstico - Endoscopia: padrão ouro A US deve ser feita antes de realizar endoscopia. Endoscopia serve para fechar o diagnóstico. 6 Há edema, hiperemia, ocasionalmente hemorragia. Presença de neutrófilos. No hemograma pode ser encontrado leucocitose, anemia (se houver sangramentos devido a ulcerações). Tratamento: Tempo de recuperação da mucosa gástrica: 2 a 3 dias Jejum?? nutrição parenteral (em casos de vômito persistente), sonda nasoesofágica (pode causar náusea e vômito), dieta hipercalórica para nutrição microenteral) - Nutrição microenteral: pouca quantidade de ração hipercalórica para que os enterócitos não se atrofiem. Antieméticos (Metoclopramida, Bromoprida, Domperidona, Ondansetrona, Maropitant) Inibidores H2 (Ranitidina 1-2 mg/kg BID ou TID, SC/VO; Cimetidina 5-10 mg/kg, QID ou TID, SC/VO). Inibidor da bomba de prótons: demoram de 3 a 4 dias para efeito total, pois se acumulam em túbulos das células parietais e aumentam a cada dose. Recomenda-se associar com antagonista H2 por 3-4 dias e depois faz a suspensão. Omeprazol: 20 mg/cão ou 0,5 a 1 mg/kg, SID, SC/VO Sucralfato: 25-50 mg/kg, QID a BID, VO, cão. Faz a proteção física da mucosa para recuperação Fluidoterapia: desidratação Efeito-> constipação. Tratamento suporte: se necessário fazer o uso de antibiótico, antieméticos, anti inflamatórios (AVALIAR e proteger a mucosa antes de pensar na sua utilização. Deve-se ter muito cuidado até mesmo com os seletivos, devido a interferências na síntese de COX2). Corticóides são usados em quadros crônicos!! Descobrir e tratar a causa base!! 2. GASTRITE CRÔNICA Relacionada ao longo tempo de evolução. Exposição repetida a antígenos alimentares, farmacológicos, químicos, toxinas ou agentes infecciosos inicia resposta alérgica ou imunomediada, que leva a gastrite crônica. Existem várias apresentações de gastrite crônica, com frequência, o tipo celular ou formação histológica predominante pode identificar a doença. Sendo os tipos linfocítica-plasmocítica e atrófica os mais envolvidos em casos de infecção por Helicobacter spp. Gastrite linfocítica-plasmocítica: reação imunológica e/ou inflamatória a uma variedade de antígenos, inclusive Helicobacter spp podem ser responsáveis por essa reação, especialmente os felinos. Há presença de infiltrado de linfócitos e/ou plasmócitos na lâmina própria do estômago, menos comumente os infiltrados se estendem para submucosa e muscular da mucosa. -> Helicobacter spp: população comensal do estômago (em 90% dos animais/pessoas). Não é causadora da gastrite, no entanto, piora o quadro quando presente. É necessário o uso de antibióticos no tratamento de úlceras por Helicobacter (além de antieméticos, omeprazol, sucralfato, etc). Gastrite eosinofílica: hipersensibilidade a antígenos da dieta. Fazer a troca da dieta e observar se o animal apresenta melhoras no quadro. Gastrite atrófica: rara, ocorre em cães idosos. Associada a perda na capacidade secretora gástrica. Pode representar o estágio final de uma gastrite crônica, pode ser uma doença imunomediada, uso prolongado de potentes inibidores de secreção gástrica (omeprazol), associada a Helicobacter (aumenta o risco de neoplasia). A falta de ácido pode predispor ao supercrescimento bacteriano. A retroalimentação negativa aumenta a gastrina e pode ocorrer úlcera gástrica. Gastrite granulomatosa: processo inflamatório crônico em decorrência à injúria (pode ser de origem alimentar, infecciosa, corpo estranho, parasitas…). Pode ocorrer associação com gastrite eosinofílica, doenças fúngicas ou neoplasias. Granulomas são formados pela agregação de infiltrado inflamatório, formando nodulações típicas, coleções de macrófagos, células gigantes multinucleadas e neutrófilos, podendo haver úlceras ou erosões. Ocorre espessamento da mucosa e diminuição do lúmen gástrico. Acomete principalmente o antro, podendo levar a estenose. As causas de gastrite crônica são semelhantes à aguda; a infecção com a bactéria gástrica espiral Helicobacter spp parece ser a causa mais comum de gastrite crônica em cães e gatos. Pode ser causada por corpo estranho, uremia, neoplasias. Diagnóstico: Histórico e anamnese Sinais clínicos (episódios intermitentes de vômitos- mais de 3 semanas, pode não ser todo dia, paciente pode apresentar vômitos a meses semanalmente ou quinzenalmente, há falha em responder a terapia sintomática , às vezes os vômitos podem ser episódios agudos; inapetência; anorexia; perda de peso; dor abdominal; hematêmese e melena em casos de erosão/úlcera gástrica, mucosas pálidas em casos de anemia por hemorragia devido às úlceras, estresse pode ser a causa ou consequência) Exame físico? (não oferece um guia específico- ao palpar o estômago pode apresentar incômodo ou não) Ultrassom (alterações em espessura de parede) Endoscopia (padrão ouro para avaliação) Biópsia e avaliação histopatológica (em casos de Helicobacter spp, o histopatológico predominante, possivelmente, será linfocítico-plasmocítico). Na gastrite crônica, a mucosa fica avermelhada, mole, com textura grosseira. No histopatológico é visto infiltrado inflamatório de neutrófilos, alteração na regeneração celular, atrofia em glândulas da mucosa, metaplasia (substituição) de tecidos e displasia em alguns casos de longa duração. “As úlceras são aberturas na mucosa do TGI que se estendem através da muscular da mucosa em direção a submucosa ou mais profundamente. As úlceras gástricas são lesões crônicas, solitárias ou não, que ocorrem pela exposição à secreção dos sucos digestivos ácidos. São produzidas por desequilíbrio entre os mecanismos de defesa da mucosa e as forças lesivas do ácido gástrico e da pepsina, combinado com lesões imunológicas e ambientais sobrepostas.” (MITCHELL et al, 2006). Tratamento: - Linfocítica-plasmocítica: Dieta: ração hipoalergênica ou de intestinos sensíveis; baixa concentração de gordura e fibra; se for possível, tirar da ração pelo tempo do tratamento e introduzir AN -> A dieta pode contribuir para melhoria na condição gástrica Prednisolona… fazer o desmame (redução) Iniciar com uma dose menor (dose antiinflamatória), se não obtiver resposta, aumentar a dose. Tomar cuidado com a dose imunossupressora (alguns casos é feita). Cão: 0,5 a 1 mg/kg Gato: 1 a 2 mg/kg - Eosinofílica: Dieta hipoalergênica ou de intestinos sensíveis. Se for possível introduzir a alimentação natural. Para exclusão de outras. - Helicobacter spp: Metronidazol 20 a 30 mg/kg BID + Amoxicilina 20 mg/kg TID + Omeprazol, sucralfato, ranitidina… Tratamento suporte e acompanhar/monitorar o paciente! ➔ Fluidoterapia ➔ Anti-emético ➔ Inibidores H2 ➔ Inibidores da bomba de prótons ➔ Protetores de mucosa ➔ Procinético- aumenta a motilidade TGI, esvaziamento gástrico é acelerado. Promove alívio a náusea e vômito. Conclusão: Descartar causas de gastrite: parasitas intestinais (coproparasitológico), parasitas gástricos (parasitológico do vômito- semelhante ao copro, entretanto, utiliza o vômito na técnica), inflamatória (biópsia gástrica), alergia/intolerância alimentar (dieta), corpo estranho (US) Tratamento: mudança de dieta, prednisona (cães, apenas) ou prednisolona 2mg/kg SID e ir fazendo o desmame. EROSÃO E ÚLCERA Promovem o agravamento da gastrite. Erosão: perda da camada superficial do epitélio. Úlcera: lesões mais profundas, exposição da mucosa. Pode levar a perfuraçãogástrica. Etiologia: AINEs, corticóides, neoplasias, gastrites não tratadas… Sinais clínicos: São inespecíficos. Haverá dor, perda de apetite, hiporexia ou anorexia, mucosas pálidas (hemorragia). Hematêmese , melena, anemia, hipoproteinemia… Risco: perfuração -> e desencadeamento de peritonite Diagnóstico: Endoscopia! Tratamento sintomático: ➔ Fluidoterapia ➔ Nutrição parenteral (fornecer descanso a mucosa) ➔ Antieméticos ➔ Inibidores da bomba de prótons ➔ Sucralfato ➔ Antibioticoterapia (se houver necessidade, principalmente em casos de peritonite) ➔ Intervenção cirúrgica (se houver necessidade)
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