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Movimento de um corpo em um plano inclinado: Determinação da aceleração da gravidade Física Experimental I Professor: Jilder Aluna: Ana Beatriz Rocha Turma BCMT4 (Qua 13h-15h) Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 1. Resumo: Obteve-se os resultados para o valor nominal da gravidade através de um experimento envolvendo queda livre no plano inclinado, com atrito desprezível. Foram usados 8 e 10 blocos por baixo do suporte de uma das extremidades do trilho a fim de simular inclinações diferentes. Filmou-se o movimento com uma câmera digital calibrada para que fosse possível converter os pixels da imagem para centímetros (utilizou-se ImageJ). Em seguida foram realizados cálculos para descobrir os valores das incertezas e das demais grandezas, todos os valores e fórmulas foram colocados no Qtiplot para a obtenção das grandezas. Usando os valores encontrados para as acelerações e para os senos, chegou-se finalmente a um valor nominal para a gravidade e comparou-o com o valor de referência para saber se estava dentro do critério de compatibilidade. 2. Introdução: O filósofo grego Aristóteles explicou, de uma forma mais abrangente, a queda dos objetos em direção ao solo. Ele acreditava que os objetos caíam a uma velocidade proporcional ao seu peso. Apesar de vago e possuir algumas falhas, foi o que despertou o interesse do astrônomo e físico Galileu Galilei, onde seus estudos deram origem à Física Moderna conhecida atualmente. Galileu realizou experimentos com corpos de diferentes massas, em um plano inclinado em queda livre. Ele concluiu empiricamente que independente da massa do corpo, a taxa de variação da velocidade (aceleração) era sempre a mesma. Infelizmente, grande parte do seu trabalho foi descreditado por contrariar paradigmas fortemente estabelecidos em sua época, principalmente o do geocentrismo. A Lei da Gravitação Universal Clássica veio de fato surgir com Isaac Newton, que utilizou os estudos de Galileu para elaborar suas leis e descobertas. Ele concluiu através de estudos matemáticos e experimentais, a existência de uma força atrativa em direção ao centro da Terra, chamada de gravidade, e que esta força estava presente na Lua e em outros corpos celestes. Isaac propôs também as leis do movimento dos corpos – também conhecida mecânica newtoniana ou clássica. A Segunda Lei de Newton foi a mais famosa entre os físicos até os dias de hoje, ela diz que: “A força ou a resultante de forças que atua sobre um corpo de massa m é igual ao produto da massa pela aceleração, tendo a aceleração, a mesma direção e o mesmo sentido da força” – ou seja, Fr = m ∗ a. Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 Vieram outras fórmulas derivadas a partir dela e uma delas foi 𝑎 = ∆𝑉 ∆𝑇 que foi usada neste relatório. Unindo o experimento de Galileu e a mecânica Newtoniana, foi possível determinar o valor experimental da gravidade neste trabalho. 3. Procedimento Experimental: Montou-se um sistema de plano inclinado, sendo colocados 8 blocos por baixo do trilho de ar em uma de suas extremidades, a fim de incliná-lo. Foi verificado se o trilho estava devidamente nivelado e se a superfície estava retilínea e sem atrito (ligou- se o ar do equipamento). Após todas as verificações necessárias, posicionou-se o carrinho na extremidade de maior altura do trilho e o mesmo foi abandonado. O mesmo procedimento foi feito utilizando-se 10 blocos. Todo o movimento foi filmado por uma câmera posicionada em um tripé – de maneira que enquadrasse completamente o sistema. A mesma foi devidamente configurada para tamanho de imagem VGA, 30 fotos por segundo e com microfone desligado. Após a gravação do experimento, o vídeo foi transferido para o computador do laboratório e convertido de MP4 para AVI, em seguida, foi aberto no programa ImageJ com o objetivo de analisar o posicionamento exato em pixels, com referencial em relação ao carrinho. Porém, antes rotacionou-se o vídeo para alinhar o eixo horizontal da câmera com o do trilho. Para a realização de tal procedimento, foi necessário determinar o ângulo de rotação, para cada situação do experimento, através da relação Trigonométrica: 𝑇𝑔𝜎 = 𝑦2−𝑦1 𝑥2−𝑥1 , onde 𝑦2 = 282, 𝑦1 = 333, 𝑥2 = 627 e 𝑥1 = 31. Utilizou-se a função arco tangente e encontrou-se 4.91º para valor de 𝜎, o mesmo foi inserido na função Rotate do programa. O passo a passo para a rotação foi feito No eixo y, a força resultante é nula. Já no eixo x, a força resultante será a componente Px, já que o corpo abandonado. Tem-se que: 𝐹𝑟 = 𝑚 ∗ 𝑎 , 𝑃𝑥 = 𝑚 ∗ 𝑎 , 𝑃 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚 ∗ 𝑎 ∴ 𝑚 ∗ 𝑔 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚 ∗ 𝑎 ∴ 𝑎 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 igualmente ao da Apostila de Fisexp I da UFRJ – página 85. O mesmo foi efetuado para a situação contendo 10 blocos e o valor do ângulo encontrado foi de 5.02º. Com o vídeo já alinhado, foi possível calcular a distância e a velocidade para cada instante (𝑡), em segundos, no percurso. Havia um pixel correspondente para cada instante que a imagem foi capturada, fazendo a correção com uso de uma constante de calibração, foi possível converter os pixels para a distância real (𝑥), em centímetros, que o carrinho percorreu ao longo do trajeto. A velocidade (𝑉) foi encontrada a partir da distância e do tempo. Foi efetuado o cálculo do seno do ângulo (𝜃) formado entre o trilho e a mesa, para as situações com 8 e 10 blocos. Todos as medidas tiveram suas incertezas calculadas e serão discutidas separadamente no tópico seguinte. Por fim, construiu-se um gráfico de Velocidade x Tempo e calculou-se o coeficiente angular (𝛽) da regressão linear encontrada para descobrir a aceleração (𝛼) do sistema. Tendo este dado, foi possível calcular a aceleração da gravidade e compará-la com os valores tabelados. 4. Análise de Dados: Já que só seriam coletados 12 dados para análise, determinou-se que o melhor intervalo de tempo para a coleta de dados seria de 0.12 segundos. Cada instante teve seu pixel mostrado no ImageJ, de acordo com a posição do cursor. A incerteza do pixel foi escolhida visualmente, entre os pixels nítidos (medida real) e os menos nítidos (incerteza). A constante de calibração do pixel (𝛾) foi calculada como 𝛾 = 𝐿 𝑃2−𝑃1 , onde 𝑃2 e 𝑃1 são os pixels referentes à posição inicial e final do carrinho, 𝐿 é o comprimento do trilho. 𝐿 = 200 𝑐𝑚, 𝑃1 = (627 ± 1) 𝑝𝑥𝑙 e 𝑃2 = (31 ± 1) 𝑝𝑥𝑙, foi calculado (𝛾 = 0.336 ± 0.001) 𝑐𝑚/𝑝𝑥𝑙 para a situação com 8 blocos. Para a situação de 10 blocos, 𝑃1 = (15 ± 1)𝑝𝑥𝑙, 𝑃2 = (621 ± 1) 𝑝𝑥𝑙 e 𝛾 = (0.330 ± 0.001). A incerteza de 𝛾 foi calculada pela formula (𝛿𝛾)2 = ( 𝜕𝛾 𝜕𝐿 ∗ 𝛿𝐿) ² + ( 𝜕𝛾 𝜕∆𝑃 ∗ 𝛿∆𝑃)². Considerando 𝛿𝐿 nula, temos que 𝛿𝛾 = 𝐿 (𝑃1−𝑃2)² ∗ √(𝛿𝑃1)² + (𝛿𝑃2)², e encontrou-se o valor 𝛿𝛾 = 0.001 para ambas as constantes. Com a constante calculada, foi possível converter a distância correspondente a cada pixel da imagem através da equação 𝑋 = 𝛾 ∗ 𝑃𝑖𝑥𝑒𝑙, onde 𝑋 é a distância em Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 centímetros que o carrinho percorreu. A incerteza de 𝑋 foi calculada através da fórmula (𝛿𝑋)2 = ( 𝜕𝑋 𝜕𝛾 ∗ 𝛿𝛾) ² + ( 𝜕𝑥 𝜕𝑃𝑖 ∗ 𝛿𝑃𝑖)², então 𝛿𝑋 = √(𝑃𝑖 ∗ 𝛿𝛾)² + (𝛾 ∗ 𝛿𝑃𝑖)². A velocidade foi calculada a partir da fórmula 𝑉 = ∆𝑠 ∆𝑡 , portanto 𝑉 = 𝑋𝑖+1−𝑋𝑖−1 𝑡𝑖+1−𝑡𝑖−1 . A incerteza de 𝑉 é calculada a partir (𝛿𝑉)2 = ( 𝜕𝑉 𝜕∆𝑡 ∗ 𝛿∆𝑡) ² + ( 𝜕𝑉 𝜕∆𝑋 ∗ 𝛿∆𝑋) 2 , podendo ser simplificada como 𝛿𝑉 = ( 1 2∗∆𝑡 ) ∗ √(𝛿𝑋𝑖+1) 2 + (𝛿𝑋𝑖+1) 2, supondo que 𝛿∆𝑡 é nula. Os valores das medições foram inseridos no programa Qtiplot e as fórmulas foram aplicadas nas colunas para obtenção dos valores da posição 𝑋, velocidade e de suas incertezas. Com os valoresda velocidade, incerteza da velocidade e o tempo, criou-se uma curva de pontos e uma regressão linear para ambos os casos. Obteve- se um coeficiente de ajuste (adjusted 𝑅²) 0.998 para as duas curvas. O Qtiplot forneceu o coeficiente angular das retas (nada mais é que a aceleração do sistema) e suas incertezas. Obteve-se (88 ± 4) cm/s² para o sistema contendo 8 blocos e (72 ± 4) cm/s² para o sistema contendo 10 blocos. Os valores abaixo encontram-se arredondados e foram transferidos para o Excel por questão de praticidade para fazer uma tabela visualmente melhor. Velocidade x Tempo V (cm/s) 0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120 t (s) 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 Vi LinearAjuste1 Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 Usou-se da mecânica newtoniana para calcular a aceleração da gravidade. Já que o objeto estava em queda livre, a força resultante do sistema foi igual à componente horizontal do peso (𝑃𝑥). Se 𝐹𝑟⃗⃗⃗⃗ = 𝑃𝑥⃗⃗⃗⃗ ⃗ e 𝑃𝑥⃗⃗⃗⃗ ⃗ = �⃗� ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚 ∗ 𝑔 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃, temos que 𝑔 = 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 . Sua incerteza é dada por (𝛿𝑔)2 = ( 𝜕𝑔 𝜕𝑎 ∗ 𝛿𝑎) 2 + ( 𝜕𝑔 𝜕𝑠𝑖𝑛𝜃 ∗ 𝛿𝑠𝑖𝑛𝜃) 2 . Foi utilizada trigonometria básica para descobrir o valor do seno para os dois casos: 𝑠𝑖𝑛𝜃 = ℎ2−ℎ1 𝐿 . Em relação ao sistema de 8 blocos: ℎ2 = 21.5, ℎ1 = 12.0, portanto 𝑠𝑖𝑛𝜃 = (0.073 ± 0.001). Para o de 10 blocos: ℎ2 = 23.4, ℎ1 = 11.5, 𝐿 = 130.0, logo 𝑠𝑖𝑛𝜃 = (0.092 ± 0.001). A sua incerteza foi dada mediante à fórmula (𝛿𝑠𝑖𝑛𝜃)2 = ( 𝜕𝑠𝑖𝑛𝜃 𝜕∆ℎ ∗ 𝛿∆ℎ) 2 + ( 𝜕𝑠𝑖𝑛𝜃 𝜕𝐿 ∗ 𝛿𝐿) 2 e o valor obtido foi 𝛿𝑠𝑖𝑛𝜃 = 0.001 para ambos. 5. Conclusão: Encontrou-se o valor, em módulo, para a gravidade (980 ± 53) cm/s² e (955 ± 43) cm/s² para o experimento com 8 blocos e 10 blocos, respectivamente. Velocidade x Tempo V (cm/s²) 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 t (s) 3,6 3,8 4 4,2 4,4 4,6 4,8 5 3,6 3,8 4 4,2 4,4 4,6 4,8 5 Vi LinearAjuste1 Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 Todo experimento possui incertezas associadas como: erro do operador, do instrumento ou até mesmo erros aleatórios, então todos estes fatores dificultam o alcance do valor esperado. Foi utilizado o critério de compatibilidade para descobrir se os valores encontrados estavam aceitáveis em relação ao valor de referência da gravidade ((978,7 ± 0,1) 𝑐𝑚/𝑠² para o Rio de Janeiro). Dada a fórmula 𝐷 𝛿𝐷 < 3, sendo 𝐷 = |𝑥 − 𝑥0| e 𝛿𝐷 = √𝛿𝑥 2 + 𝛿𝑥0², os valores encontrados foram: 0,024528 e 0,551161 para o sistema de 8 e 10 blocos, respectivamente. De acordo com este critério, os valores encontrados para a gravidade estão na margem de aceitação, possuindo boa precisão e acurácia. Por fim, juntou-se os valores de 𝑠𝑖𝑛𝜃, 𝛿𝑠𝑖𝑛𝜃, 𝑎 𝑒 𝛿𝑎 de todos os experimentos da turma e montou-se mais um gráfico para obter um valor geral para 𝑔. O coeficiente de determinação ajustado foi 0.9585, ou seja, não se obteve um resultado tão bom, já que os valores foram discrepantes entre si. O valor obtido foi (891 ± 114)𝑐𝑚/𝑠². Apesar do valor estar mais baixo que o de referência, está dentro do parâmetro de aceitação (considerando o critério de compatibilidade). Concluiu-se que o método é eficaz, porém não é recomendado para inclinações muito baixas porque são mais propensas a interferências, já que a velocidade da queda do carrinho é menor. Laboratório de Física Experimental I Experimento 3 6. Referências: [1] Apostila Física Experimental I, IF-UFRJ, 02/2016 [2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Gravidade [3] https://www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/Dinamica/pi.php [4] http://www.astronoo.com/pt/biografias/galilei.html [5] http://www.astronoo.com/pt/biografias/isaac-newton.html Aceleração x seno a (cm/ s²) 30 40 50 60 70 80 90 100 30 40 50 60 70 80 90 100 sen 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 a (cm/s) LinearFit1
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