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Exames Complementares Resumo dos principais exames e interpretações Richard Corr (M5 2013.1) Introdução Exames complementares são exames que servem para confirmar um diagnóstico ou uma suspeita diagnóstica. Eles podem ser exames laboratoriais (exames de sangue, de urina, etc), exames de imagem (radiografias, sialografias, ultrassonografias, cintilografias, RM, etc), histopatológicos, entre outros. Não devem ser pedidos sem necessidade. Para refletir sobre a necessidade de um exame ou não, foi proposto por Maksoud considerar os seguintes critérios: 1. Este exame é realmente indispensável? 2. Este exame exprime efetivamente o que se pretende investigar? 3. O exame é importante para o diagnóstico, prognóstico, estadiamento e estabelecer ou alterar determinada conduta? 4. O exame irá mostrar algum dado que já conheço ou que não possa ser esclarecido por um exame menos invasivo, mais simples ou pelo exame físico? Hemograma – Série Vermelha Número de hemácias (eritrócitos) O número total de hemácias por mm³, em milhões. 1 mm³ = 1 mL Valor de referência: Homens: 4,5 a 6,0 milhões / mm³ Mulheres: 4,0 a 5,0 milhões / mm³ Aumento do nº de hemácias Diminuição do nº de hemácias Desidratação Altitude elevada Policitemia vera Doença cardiovascular Câncer renal (↑ eritropoietina) Anemias* Defeito na eritropoiese Hemólise Hemorragias Insuficiência renal crônica Concentração de hemoglobina Valor de referência: 13 a 16 g/dL Hematócrito (Hto) É o percentual do volume sangue que é ocupado por hemácias (o resto é ocupado por plasma). Valores de referência: Homens: 40 – 50% Mulheres: 36 – 45% Volume corpuscular (glubular) médio (VCM) É a média do volume das hemácias. Pode ser calculada tendo-se o hematócrito e contagem de hemácias: VCM = Hematócrito x 10/Nº de hemácias Valor de referência: 80 – 100 fl (fentolitros) Hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração da HCM Os dois valores indicam basicamente a mesma coisa, a quantidade de hemoglobina nas hemácias. Quando as hemácias têm pouca hemoglobina, elas são ditas hipocrômicas. Quando têm muita, são hipercrômicas. Valores de referência HCM: 27 – 33 pg/célula Valores de referência CHCM: 33 – 36 g/dL Índice de anisocitose (RDW) Ou Red Cell Distribution Width, é um índice que indica a variação do tamanho das hemácias. Valores de referência: 11 – 14 % Velocidade de hemossedimentação (VHS) É a velocidade na qual as hemácias sedimentam no frasco quando sangue contendo anticoagulante é mantido em repouso. É afetada pela concentração de proteínas no plasma (albumina + globulinas), e é alterada quando há muitas globulinas, por exemplo imunoglobulinas e proteínas da fase aguda (fibrinogênio e outras). É um indicador bastante sensível (e pouco específico) de resposta inflamatória e/ou lesão tecidual. Normalmente, a membrana das hemácias causa repulsão entre elas devido a cargas negativas de ácido siálico. As proteínas da fase inflamatória (ex: fibrinogênio) neutralizam estas cargas, permitindo a agregação de várias hemácias, formando agregados (chamados “Roleux”) que sedimentam. Obs: A VHS aumenta com a idade! Valores de referência(adultos): ≤ 15 mm/h (homens) ; ≤ 20 mm/h (mulheres) Outras condições que podem gerar alto VHS: polimialgia reumática, arterite temporal, doenças autoimunes (Lúpus), Tuberculose (VHS > 100 mm/h), neoplasias Classificação das anemias Utilizamos os seguintes critérios: Volume corpuscular médio: Normocítica = VCM entre 80 – 100 fl) VCM > 100 fl = macrocítica VCM < 80 fl = microcítica Hemoglobina (CHCM): reflete a cor da hemácia, que é dada pela hemoglobina. Menos Hb significa menos cor (hipocrômica). CHCM < 32 g/dL = hipocrômica Normocítica Normocrômica Microcítica Hipocrômica Macrocítica • Anemia por perda aguda de sangue • Anemia hemolítica • Anemia aplástica (ex: ↓ eritropoietina em doenças renais) • Anemia ferropriva* • Talassemia • Anemia sideroblástica • Doenças crônicas • Anemia megaloblástica (deficiência de B12, por ex: alcoolismo crônico; falta do fator intrínseco) *Obs: para confirmar suspeita de anemia ferropriva, podemos pedir os seguintes exames (resultado que confirma anemia ferropriva ao lado): • Ferro sérico (abaixo de 50 μg/dL) • Ferritina sérica (abaixo de 30 ng/mL) • Capacidade total de ligação do ferro (maior que 450 μg/dL) • Saturação da transferrina (abaixo de 20%) Hemograma – Série Branca Contagem total dos leucócitos Representa o número total de leucócitos por mL, sem discriminar os tipos de célula. Valores de referência (adulto): 4.000 – 10.000 células / mm³ Leucocitoses e leucopenias podem ter diferentes etiologias, dependendo de qual leucócito está com sua população aumentada. Abaixo, algumas causas para determinada leucocitose: • Eosinofilia: principalmente alergias e verminoses, também inflamações granulomatosas (TB, sarcoidose, ...), febre reumática aguda, doenças mieloproliferativas, (...) • Basofilia: doenças mieloproliferativas, alergias, anemias hemolíticas, uso de estrogênio, (…) • Linfocitose: infecção por vírus, leucemia linfocítica, (…) • Monocitose: inflamações granulomatosas crônicas (TB, sarcoidose, sífilis, Crohn's, ...) Leucopenias diversas podem ser causadas por uso prolongado de corticoides, sepse, AIDS (linfopenia), entre outros. Contagem diferencial dos leucócitos Contagem de 100 leucócitos, diferenciando os tipos celulares. Os valores são mostrados em sequência, sendo, da esquerda para a direita (com valores de referência ao lado), a contagem de: 1. Basófilos (0 – 3%) 2. Eosinófilos (0 – 1%) 3. Mielócitos (0%) 4. Metamielócitos (0%) 5. Bastões (0 – 10%) 6. Segmentados (40 – 70%) 7. Linfócitos (22 – 44%) 8. Monócitos (4 – 11%) Exemplo de contagem diferencial normal: 0 / 1 / 0 / 0 / 1 / 60 / 30 / 8 Exemplo de contagem diferencial com sinais de infecção bacteriana aguda: 0 / 0 / 0 / 1 / 15 / 76 / 6 / 2 Notar: “Desvio para a esquerda”: linfocitopenia, monocitopenia, porém aumento de formas imaturas de polimorfonucleares (metamielócitos e bastões) Polimofronucleares (Neutrófilos) Em ordem crescente de nível de amarudecimento da célula Hemograma - Plaquetas Plaquetas (ou trombócitos) são fragmentos celulares pequenos e sem núcleo, derivados de megacariócitos, produzidos na medula óssea. Sua função é promover a hemostase, mantendo a integridade vascular. Os parâmetros plaquetários são: Número de plaquetas Valores de referência: 150.000 – 400.000 por mm³ (1 mm³ = 1 mL) Causas de plaquetocitose (aumento) Causas de plaquetopenia • Causas essenciais: doenças mieloproliferativas (leucemia, policitemia vera, mielofibrose, …) • Causas secundárias: inflamação, cirurgia, hiposplenismo, deficiência de ferro • Aplasia medular (fibrose, invasão por neoplasia, quimioterapia, …) • Hiperesplenismo • Formação de trombos • Dengue Volume plaquetário médio (VPM) Valores de referência: 6,5 – 9,5 fl Plaquetócrito (PCT) Valores de referência: 0,23 – 0,24% Amplitude de Distribuição de Plaquetas (PDW) Valores de referência: 46,6 – 46,9% Testes de coagulação São exames indicados em qualquer pré-operatório, para diagnosticar distúrbios da hemostasia e acompanhar o tratamento destes distúrbios com medicamentos. TAP O tempo de (atividade da) protrombina (TAP) permite calcular o índice (razão) internacional normalizado, (INR), e avalia a via extrínseca da coagulação, que depende especialmente da ativação do fator VII. O INR é a razão entre o TAP do paciente e o TAP padrão, elevada pelo ISI (índice de sensibilidade internacional) Valor de referência: Entre 10 e 14 segundos (INR < 1.3) Valores de TAP aumentados indicam coagulação prejudicada e podem ser consequência de uso de Warfarina, deficiência de vitamina K, diminuição dos níveis de fatores de coagulação (ex:doença hepática, coagulação intravascular disseminada, etc), ou distúrbios do fibrinogênio. PTTA O tempo de tromboplastina parcial ativada avalia a via intrínseca da coagulação. Valores de referência: Entre 25 e 45 segundos PTTA prolongado com TAP normal indica a possível deficiência dos fatores XII, XI, IX, VIII. PTTA normal com TAP prolongado indica comprometimento do fator VII. Quando ambos estão alterados, indicam comprometimento da via final comum, ou seja, dos fatores X, V, II e I. Já ambos normais indicam pacientes sem alterações ou comprometimento apenas do fator XIII. Tempo de sangramento O exame consiste em perfurar a ponta do dedo ou lóbulo da orelha e medir o tempo de sangramento desta lesão (método de Duke). Avalia essencialmente a atividade das plaquetas, que realizam a hemostase em um primeiro momento. Valores de referência: até 5 minutos Quando há defeitos quantitativos (ex: plaquetopenia) ou qualitativos (ex: trombastenia de Glanzmann) nas plaquetas, o tempo de sangramento aumenta. Tempo de coagulação Consiste em coletar 1 mL de sangue em um tubo de vidro e movimentar o tubo periodicamente até que se observe a coagulação. Vem sendo menos usado por ser pouco sensível e de difícil padronização. Pode ser substituído pelo PTTA. Valores de referência: Entre 4 a 9 minutos Prova do laço Exame que deve ser realizado em casos de suspeita de Dengue, consiste em insuflar um manguito no braço do paciente até a média entre suas pressões sistólica e diastólica (padrão: 100mmHg) por até 5 minutos (3 em crianças). Isto causa a ruptura de pequenos vasos sanguíneos frágeis, formando petéquias na pele. Após o tempo indicado, observar quantas petéquias se formaram em um quadrado previamente delimitado com caneta no antebraço de 2,5cm de lado. 20 petéquias ou mais neste espaço indicam prova do laço positiva, indicando fragilidade capilar e/ou plaquetopenia. Lipidograma São medidos o colesterol total, fraçoes de HDL, LDL e VLDL, triglicerídeos totais e homocisteína (cujo normal é < 14 mg/dL) Lembrar: NENHUM desses valores deve ultrapassar 200 mg/dL Gasometria arterial Exame invasivo realizado com da coleta de 3mL de sangue arterial, normalmente pela artéria radial (também podemos usar a femoral). Geralmente se pesquisa os valores gasométricos de um paciente quando o seu quadro clínico sugere alguma possível irregularidade na ventilação, na oxigenação ou no equilíbrio ácido/básico. pH Faixa normal de pH: 7,35 – 7,45 Acidose: pH < 7,35 , grave se < 7,20 → Motivo: alto pCO2 OU baixo HCO3 - Alcalose: pH > 7,45 , grave se > 7,75 → Motivo: baixo pCO2 OU alto HCO3 - Concentração de HCO3 - O bicarbonato é um ânion que pode se ligar ao H+, neutralizando-o. Sendo assim, uma maior concentração de HCO3 - tenderia a deixar o meio menos ácido (aumenta pH). Nem todo bicarbonato veio de um ácido carbônico! (ex: bicarbonato de sódio) Valores esperados: 22 – 26 mEq/L pCO2 A pressão parcial de CO2 no sangue depende da ventilação pulmonar, pois é o meio de eliminação deste gás do organismo. O CO2 é um gás que, em solução aquosa, pode formar ácido carbônico (H2CO3), que é um ácido fraco e se dissocia, liberando H+. Assim, alta pressão parcial de CO2 tende a acidificar o meio (diminui pH). Valores esperados: 35 a 45 mmHg pO2 Exprime a eficácia das trocas de oxigênio entre o ar nos alvéolos e os capilares pulmonares. Valores esperados: 80 a 100 mmHg Saturação de O2 Valores esperados: acima de 95% Excesso de Base Normalmente se esperaria que não houvesse excesso, ou seja, excesso = zero. Consideramos a faixa de variação normal de -2 mEq/L até +2 mEq/L Sendo o bicarbonato (HCO3 -) a principal base no sangue, um excesso de base indicaria alcalose metabólica, e a deficiência de base, acidose metabólica. Anion Gap É a diferença entre os cátions e os ânions, omitindo-se os íons não mensuráveis. Pode- se omitir o K+ devido às suas pequenas concentrações, que pouco alteram o resultado final. Calcula-se o AG para tentar descobrir a causa de uma acidose metabólica. AG = [Na+] − ([Cl-] + [HCO3 -]) Valores de referência: 8 – 16 mmol / L Obs: cada grama a menos de albumina no sangue diminui o AG entre 2,5 a 3 mmol/L. Assim, pacientes com hipoalbuminemia terão valores basais normais de AG menores do que pacientes sadios! Determinação do tipo de distúrbio do equilíbrio A/B Acidoses ou alcaloses podem ser respiratórias ou metabólicas. A diferenciação entre as duas classificações se dá analisando os parâmetros: 1. pH 2. pCO2 3. HCO3 - Macete: Com resultados ambíguos, o distúrbio primário é reconhecido observando-se onde está a maior diferença em relação ao valor normal. Normalmente, mecanismos compensatórios agudos fazem com que o outro parâmetro provavelmente seja alterado na mesma direção (também para mais, ou para menos), porém esta alteração secundária não irá corresponder à alteração de pH observada. • DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS: alteração de pCO2 causa a variação do pH. Acidose respiratória ocorre quando a ventilação pulmonar é prejudicada (DPOC, depressão do centro respiratório, doenças musculo-esqueléticas, ...). O acúmulo de CO2 provoca acidemia, que é compensada em alguns dias através da maior regeneração de bicarbonato nos rins. Podemos diferenciar acidose aguda de acidose crônica (quando houve tempo para compensação pelos rins) lembrando que: Por cada 10 mmHg CO2 retido, a queda de pH esperada é de 0,08 (distúrbio agudo) Se a queda de pH é menor do que a esperada (quando compensada, há queda de 0,03 para cada 10 mmHg de CO2 ), conclui-se que é um distúrbio crônico. Alcalose respiratória é uma condição causada principalmente por hiperventilação. Causas incluem histeria, estresse, ansiedade, drogas, reação a hipóxia, entre outras. • DISTÚRBIOS METABÓLICOS: alteração no nível de HCO3 - causa a variação do pH. Acidose metabólica é aquela em que há diminuição de HCO3 - como alteração primária observada, correspondendo à diminuição do pH. O consumo de bicarbonato pode ser decorrente do aumento na produção ou diminuição da excreção de ácidos. O mecanismo compensatório (hiperventilação) tende a diminuir a pCO2 . Para determinar a causa dessa acidose, verifica-se o anion gap (ver acima). Se AG aumentado, pensar em distúrbios onde há excesso de ácidos no sangue (ex: acidose láctica, cetoacidose, intoxicação por álcoois ou outros ácidos orgânicos, etc). Acidose com AG normal pode indicar retenção de cloro ou perda de bicarbonato (ex: diarreia de longa duração). Alcalose metabólica é aquela em que há aumento de HCO3 - como alteração primária que causa um aumento no pH. Bioquímica sérica Glicose Valores de referência: 70 – 99 mg/dL Obs: o diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) é feito com UMA medida de glicemia quando esta for maior que 200 mg/dL, ou com DUAS medidas, quando ambas forem acima de 126 mg/dL em jejum. Quando a glicemia estiver entre 100 e 125 mg/dL, realizar o teste de tolerância oral à glicose. Proteínas totais Engloba a albumina e globulinas diversas (inclusive imunoglobulinas). Valores de referência: 5,5 – 8 g/dL Cátions principais (Sódio e potássio) Valores de referência: Sódio (Na+) 135 – 145 mEq/L Potássio (K+) 3 – 5,5 mEq/L Outros íons Valores de referência: Cálcio 9 – 11 mg/dL Magnésio 1,5 – 2,4 mg/dL Fósforo 2,5 – 4,5 mg/dL Cloro 98 – 105 mEq/L Bioq. para FUNÇÃO RENAL Creatinina sérica É o produto da desidratação da creatina, proteína encontrada no músculo. A cada 24h, aproximadamente 2% da creatina total é convertida irreversivelmente em creatinina. Isto quer dizer que, em um indivíduo, a taxa de produção de creatinina é constante e depende da sua massa muscular (que varia de acordo com o sexo, idade e etnia). Como sua produção é constante, sua concentração no plasma varia de acordo com a taxa de filtraçãoglomerular. Portanto, sua medida é um bom marcador de função renal. Valores de referência: 0,6 – 1,4 mg/dL A eliminação diária de creatinina pela urina é constante! Normalmente, a quantidade eliminada em um dia é igual à quantidade produzida em um dia. Contudo, quando há diminuição da taxa de filtração glomerular, a creatinina atinge concentrações elevadas no plasma antes de finalmente compensar a filtração diminuída e ser eliminada. Por isso, a medida da creatinina deve ser do sangue, e não na urina. Pode-se dizer que, se a concentração plasmática de creatinina dobra (por causa de problemas renais), houve perda de metade da função renal. Outras causas para o aumento dos níveis de creatinina: doenças musculares, ação de medicamentos (anti-hipertensivos, AAS e outros), dieta rica em carnes vermelhas ou uso de suplementos de creatina. Ureia sérica É o principal produto final do metabolismo das proteínas, produzida principalmente no fígado. É tóxica e é a principal forma de eliminação de nitrogênio. Sua concentração varia de acordo com o grau de hidratação e quantidade de proteínas ingeridas, não sendo, portanto, um parâmetro muito específico para avaliar função renal. Valores de referência: 20 – 40 mg/dL Causas de Uremia (aumento da ureia plasmática): • Aumento da produção (dieta altamente proteica, cirurgias, infecções, drogas, ...) • Diminuição da eliminação (insuficiência renal, obstrução do ureter, ...) • Desidratação Bioq. Para FUNÇÃO TIREOIDIANA TSH A secreção hipofisária de TSH (hormônio tireostimulante) regula a secreção de T4 e T3, que, por sua vez, exercem feedback negativo no tireotrofo hipofisário. Dessa forma, pequenas alterações nas concentrações dos hormônios tireoidianos livres resultam em grandes alterações nas concentrações séricas de TSH, tornando o TSH o melhor indicador de alterações discretas da produção tireoidiana. Sua secreção é pulsátil e os maiores picos de secreção ocorrem de madrugada. Valores de referência (adultos): 0,4 – 4,5 mUl/L T4 e T3 livres A tiroxina (T4) é o principal hormônio secretado pela glândula tireoide. Cerca de 80% da triiodotironina (T3) plasmática convertida a T4 nos diversos tecidos. Assim, a medida de T3 pode inicialmente parecer normal mesmo em casos de hipertireoidismo. A maior parte destes hormônios circula ligada a proteínas plasmáticas, sendo que apenas 0,02% do T4 encontra-se na forma livre, a forma ativa clinicamente relevante. Valores de referência (adultos): 0,7 – 1,8 ng/dL (9 – 23 pmol/L) Bioq. para FUNÇÃO HEPÁTICA (Hepatograma) Albumina Produzida no fígado, compõe 50% a 60% do total de proteínas plasmáticas. É necessária para regular a pressão oncótica do sangue, e sua deficiência causa edema. Transporta hormônios, fármacos e bilirrubina indireta no sangue. Valores de referência: 3,5 a 5,5 g/dL Albumina elevada Albumina diminuída Desidratação Doença hepática Proteinúria (ex: glomerulonefrite) Má-absorção intestinal Desnutrição Queimaduras extensas AST (Aspartato Aminotransferase) ou TGO É uma transaminase encontrada principalmente no fígado e no miocárdio, embora presente em outros órgãos, como músculos, pâncreas, rins, cérebro e eritrócitos. Sua síntese é dependente de vitamina B6. Converte aspartato em glutamato. Valores de referência: 6 – 40 IU/L Qualquer lesão de células hepáticas (ou nos outros órgãos citados) ou hemólise libera AST no sangue, de forma que sua concentração reflete a extensão da lesão. TGO → “O” de “de Onde será que ela veio?” ALT (Alanina Aminotransferase) ou TGP É uma transaminase encontrada principalmente no fígado e nos rins e normalmente presente em baixas concentrações no sangue. Enquanto a AST é encontrada em vários órgãos, a ALT é mais específica para o fígado. Sua síntese é dependente de vitamina B6. Converte alanina em glutamato. Valores de referência: 20 – 60 IU/L Se ALT estiver normal e apenas AST elevada, suspeitar de lesão em outro órgão. Com os dois elevados, se a relação AST / ALT for maior que 2, suspeitar de lesão hepática induzida por álcool. Qualquer lesão de células hepáticas (ou renal) libera ALT no sangue. TGP → “P” de “Provavelmente veio do fígado” Bilirrubina direta, indireta e total É um produto da degradação da heme, e cerca de 80% é proveniente da degradação da hemoglobina. Inicialmente circula no sangue na forma indireta (não-conjugada), que é insolúvel. Após captada por hepatócitos e conjugada com glicuronato no fígado, torna-se solúvel (forma direta = após captação pelo fígado). Valores de referência: Total: 0,3 – 1 mg/dL Direta: 0,1 – 0,3 mg/dL Indireta: 0,2 – 0,7 mg/dL Algumas causas de hiperbilirrubinemia (bilirrubina total >3mg/dL) • Hemólise elevada (ex: anemia hemolítica e outras diseritropoieses) • Problemas hepáticos - cirrose, hepatite, infiltração por tumores ou granulomas, etc • Obstrução biliar / colestase • Intoxicação com certas drogas Fosfatase Alcalina (FA) É uma hidrolase presente predominantemente no fígado e ducto biliar, e em menor quantidade nos ossos, intestino, rins e placenta. Normalmente é excretada pela bile, e sua síntese é aumentada quando há lesão na árvore biliar, seja intra ou extra-hepática. Valores normais: 30 – 120 IU/L Algumas causas do aumento de FA: • Obstrução biliar / colestase • Lesão hepática (ex: no alcoolismo crônico, ou infiltrativa / metástase) Gama-GT (Gama glutamil transpeptidase) É uma enzima presente principalmente na membrana celular de células do rim e do fígado, e em menor quantidade em muitos outros órgãos. Participa do transporte de grupamentos gama-glutamil para dentro da célula, e, assim, do metabolismo da glutationa, permitindo a geração de compostos antioxidantes. Usada para diferenciar etiologias hepatobiliares (aumenta quando há doença hepática) de etiologias ósseas (gama-GT normal) de um aumento de fosfatase alcalina isolado. Valores de referência: 1 – 94 IU/L Algumas causas da aumento de Gama-GT: • Hepatite • Alcoolismo agudo ou crônico • Cirrose • Obstrução biliar / colestase
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