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LUIZ OTÁVIO CÂNDIDO DA CRUZ INTERNET E EDUCAÇÃO: COMPILADO DE LÍNGUA PORTUGUESA SÃO PAULO 2018 As ideias estão no chão, Você tropeça e acha a solução. (Titãs) RESUMO O presente material trata da utilização da internet como forma de obtenção de conhecimento, desde que apoiado em um trabalho pedagógico e metodológico. Busca-se, aqui, mostrar que não há a obrigatoriedade de utilizar apenas livros para aquisição de conhecimento, mas, se devidamente orientado, a internet é uma ferramenta prática e precisa para obtenção de informações. O material proposto foi observado juntamente da obra de CEGALLA, e a ideia foi fundamentada em autores como TONEIS, e até mesmo youtubers como o professor NOSLEN, e fez-se um pequeno e simples compilado de língua portuguesa. Palavras-chave: obtenção de conhecimento – internet – compilado – língua portuguesa. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11 1. CLASSES GRAMATICAIS/CLASSES DE PALAVRAS .......................................... 13 1.1 Substantivos ................................................................................................................... 13 1.1.1 Substantivo simples ................................................................................................... 13 1.1.2 Substantivo composto ................................................................................................ 14 1.1.3 Substantivo primitivo ................................................................................................. 14 1.1.4 Substantivo derivado .................................................................................................. 14 1.1.5 Substantivo próprio .................................................................................................... 15 1.1.6 Substantivo comum .................................................................................................... 15 1.1.7 Substantivo coletivo ................................................................................................... 15 1.1.8 Substantivo concreto .................................................................................................. 15 1.1.9 Substantivo abstrato ................................................................................................... 16 1.1.10 Substantivo biforme ................................................................................................... 16 1.1.11 Substantivo uniforme ................................................................................................. 16 1.2 Artigo ............................................................................................................................. 17 1.2.1 Artigo definido ........................................................................................................... 17 1.2.2 Artigo indefinido ........................................................................................................ 17 1.3 Adjetivo ......................................................................................................................... 18 1.3.1 Adjetivo simples ........................................................................................................ 18 1.3.2 Adjetivo composto ..................................................................................................... 18 1.3.3 Adjetivo primitivo ...................................................................................................... 18 1.3.4 Adjetivo derivado ...................................................................................................... 18 1.4 Pronome ......................................................................................................................... 19 1.4.1 Pronomes pessoais ..................................................................................................... 19 1.4.2 Pronomes Possessivos ................................................................................................ 20 1.4.3 Pronomes Demonstrativos ......................................................................................... 21 1.4.4 Pronomes de tratamento ............................................................................................. 22 1.4.5 Pronomes indefinidos ................................................................................................ 22 1.4.6 Pronomes Relativos ................................................................................................... 24 1.4.7 Pronomes interrogativos ............................................................................................ 26 1.4.8 Pronomes reflexivos .................................................................................................. 26 1.5 Numeral ......................................................................................................................... 27 1.6 Verbo ............................................................................................................................. 28 1.6.1 Estrutura das formas verbais ...................................................................................... 28 1.6.2 Classificação dos verbos ............................................................................................ 29 1.6.3 Modos verbais ............................................................................................................ 35 1.6.4 Tempos verbais .......................................................................................................... 36 1.6.5 Locuções verbais ........................................................................................................ 38 1.6.6 Vozes do verbo .......................................................................................................... 38 1.6.7 Formação da voz passiva ........................................................................................... 39 1.6.8 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva ................................................................... 40 1.7 Advérbio ........................................................................................................................ 40 1.7.1 Classificação dos advérbios ....................................................................................... 41 1.8 Preposição ...................................................................................................................... 42 1.8.1 Classificação das preposições .................................................................................... 43 1.8.2 Locução Prepositiva ................................................................................................... 44 1.8.1 Combinação e contração da preposição ..................................................................... 44 1.8.2 Principais relações estabelecidas pelas preposições .................................................. 45 1.9 Conjunção ...................................................................................................................... 45 1.9.1 Classificação das conjunções ..................................................................................... 46 1.10 Interjeição ...................................................................................................................... 50 1.10.1 Classificação das interjeições .................................................................................... 50 2. ANÁLISE SINTÁTICA DE PERÍODO SIMPLES ..................................................... 51 2.1 Período, sujeito e predicado........................................................................................... 52 2.2 Transitividade verbal ..................................................................................................... 56 2.3 Complemento Nominal e Verbal ................................................................................... 57 2.4 Adjunto Adverbial ......................................................................................................... 59 2.5 Adjunto Adnominal ....................................................................................................... 62 2.6 Adjunto Adnominal X Complemento Nominal ............................................................ 64 2.7 Aposto ............................................................................................................................ 64 2.8 Vocativo ........................................................................................................................ 66 3. ANÁLISE SINTÁTICA DE PERÍODO COMPOSTO ............................................... 67 3.1 Orações coordenadas. .................................................................................................... 67 3.1.1 Classificação das orações coordenadas sindéticas ..................................................... 68 3.2 Orações subordinadas .................................................................................................... 70 3.2.1 Orações Subordinadas Substantivas ...................................................................... 70 3.2.1.1 Oração Subordinada Substantiva Subjetiva ........................................................... 71 3.2.1.2 Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta .................................................. 72 3.2.1.3 Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta ............................................... 73 3.2.1.4 Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal ......................................... 73 3.2.1.5 Oração Subordinada Substantiva Predicativa ........................................................ 74 3.2.1.6 Oração Subordinada Substantiva Apositiva ........................................................... 74 3.2.2 Orações Subordinadas Adjetivas ........................................................................... 75 3.2.2.1 Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas ............................................... 75 3.2.3 Orações Subordinadas Adverbiais ......................................................................... 77 3.2.3.1 Circunstâncias expressas pelas Orações Subordinadas Adverbiais ....................... 77 3.3 Análise sintática de período composto por Coordenação e Subordinação .................... 82 3.4 Sintaxe de colocação: Próclise, ênclise e mesóclise ...................................................... 82 3.4.1 Próclise ....................................................................................................................... 83 3.4.2 Mesóclise ................................................................................................................... 84 3.4.3 Ênclise ........................................................................................................................ 85 3.5 Sintaxe de concordância ................................................................................................ 85 3.5.1 Concordância Verbal ................................................................................................. 86 3.5.1.1 Concordância verbal e sujeito simples ................................................................... 86 3.5.1.2 Concordância verbal e sujeito composto ................................................................ 89 3.5.2 Concordância nominal ............................................................................................... 91 4. SINAIS DE PONTUAÇÃO ............................................................................................ 93 4.1 Vírgula ( , ) .................................................................................................................... 94 4.2 Ponto e vírgula ( ; ) ........................................................................................................ 96 4.3 Dois-pontos ( : ) ............................................................................................................. 97 4.4 Ponto final ( . ) ............................................................................................................... 98 4.5 Ponto de interrogação ( ? ) ............................................................................................. 99 4.6 Ponto de exclamação ( ! ) .............................................................................................. 99 4.7 Reticências (...) ............................................................................................................ 100 4.8 Parênteses ( ( ) ) ........................................................................................................... 100 4.9 Travessão ( – ) ............................................................................................................. 102 4.10 Aspas ( “ “) .................................................................................................................. 103 4.11 Colchetes ( [ ] ) ............................................................................................................ 103 4.12 Asterisco ( * ) .............................................................................................................. 104 4.13 Parágrafo ( § ) .............................................................................................................. 104 5. EMPREGO DA CRASE ............................................................................................... 105 5.1 Casos em que a crase não ocorre ................................................................................. 106 5.2 Casos em que a crase sempre ocorre ........................................................................... 108 5.3 Crase diante de nomes de lugar ................................................................................... 109 5.4 Crase com os pronomes relativos “a qual”, “as quais” ............................................... 110 5.5 A crase e a palavra distância ...................................................................................... 110 5.6 Casos em que a ocorrência da crase é facultativa ........................................................ 111 6. DIVISÃO SILÁBICA ................................................................................................... 111 6.1 Classificação das palavras quanto ao número de sílabas ............................................. 112 6.2 Divisão silábica ........................................................................................................... 112 7. ACENTUAÇÃO ............................................................................................................ 113 7.1 Acentuação prosódica .................................................................................................. 113 7.1.1 Classificação da sílaba quanto à intensidade ........................................................... 113 7.1.2 Classificação das palavras quanto à posição da sílaba tônica .................................. 114 7.2 Acentuação Gráfica ..................................................................................................... 115 7.3 Regras de acentuação gráfica ...................................................................................... 116 7.4 Regras especiais ........................................................................................................... 117 7.4.1 Ditongos abertos ...................................................................................................... 118 7.4.2 Hiatos ....................................................................................................................... 118 7.4.3 Verbos “Ter” e “Vir” ............................................................................................... 119 7.4.4 Acento Diferencial ................................................................................................... 119 7.5 Ortoépia e Prosódia ..................................................................................................... 120 8. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ........................................................................... 121 8.1 Sinônimos .................................................................................................................... 121 8.2 Antônimos ................................................................................................................... 122 8.3 Polissemia .................................................................................................................... 122 8.4 Homônimos ................................................................................................................. 122 8.4.1 Homônimos perfeitos ............................................................................................... 123 8.5 Parônimos .................................................................................................................... 123 8.6 Denotação e Conotação ............................................................................................... 124 9. ESTILÍSTICA ............................................................................................................... 125 9.1 Metáfora....................................................................................................................... 125 9.2 Metonímia .................................................................................................................... 126 9.3 Catacrese ...................................................................................................................... 127 9.4 Perífrase ....................................................................................................................... 128 9.5 Sinestesia ..................................................................................................................... 128 9.6 Antítese ........................................................................................................................ 128 9.7 Paradoxo ...................................................................................................................... 129 9.8 Eufemismo ................................................................................................................... 129 9.9 Ironia ............................................................................................................................ 129 9.10 Hipérbole ..................................................................................................................... 130 9.11 Prosopopeia ou Personificação .................................................................................... 130 9.12 Apóstrofe ..................................................................................................................... 130 9.13 Gradação ...................................................................................................................... 131 9.14 Elipse ........................................................................................................................... 131 9.15 Zeugma ........................................................................................................................ 132 9.16 Silepse .......................................................................................................................... 132 9.17 Polissíndeto / Assíndeto .............................................................................................. 133 9.18 Pleonasmo .................................................................................................................... 133 9.19 Anáfora ........................................................................................................................ 134 9.20 Anacoluto .................................................................................................................... 134 9.21 Hipérbato / Inversão .................................................................................................... 135 9.22 Aliteração..................................................................................................................... 135 9.23 Assonância ................................................................................................................... 135 9.24 Onomatopeia ................................................................................................................ 135 10. EXTRA: VÍCIOS DE LINGUAGEM ..................................................................... 136 10.1 Pleonasmo vicioso ou redundância.............................................................................. 136 10.2 Barbarismo .................................................................................................................. 136 10.3 Solecismo .................................................................................................................... 137 10.4 Ambiguidade ou anfibologia ....................................................................................... 137 10.5 Cacofonia ..................................................................................................................... 138 10.6 Eco ............................................................................................................................... 138 10.7 Hiato ............................................................................................................................ 138 10.8 Colisão ......................................................................................................................... 138 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 139 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 141 ANEXOS ............................................................................................................................... 143 ANEXO 1 – QUADRO DE DESINÊNCIAS VERBAIS ................................................... 143 ANEXO 2 – CONJUGAÇÃO DOS VERBOS AUXILIARES ......................................... 147 11 INTRODUÇÃO A internet é um meio muito utilizado por grande parte da população mundial, podendo- se afirmar isso frente às pesquisas feitas pela União Internacional de Telecomunicações, órgão vinculado à Organização das Nações Unidas – ONU. Em 20151, o número aproximado de internautas era de 3.2 bilhões pelo mundo, o que corresponderia, no citado ano, 45% da população global. Em 2017, o site da Tracto2 trouxe um informativo sobre essa numeração, que se apresentou em números representativos de 3.6 bilhões de internautas, correspondendo a 47% da população global, um aumento de 2% em dois anos. Essas informações acima nos permitem imaginar que muitas pessoas estão conectadas, seja para suas atividades sociais, seja para jogar com amigos, seja para compra e venda online ou, pasmem, para estudar. A internet é utilizada por muitos como meio de obtenção de conhecimento, e quando é dito “muitos” é possível apresentar uma numeração sobre isso também, e trazendo à nossa realidade: mais de 12 milhões de brasileiros se utilizam da internet para estudar, segundo a pesquisa feita pela Fundação Lemmann, citada no site JCNET3, no ano de 2016. Sites como “Khan Academy”, maior site de matemática do mundo, “Youtube Edu”, que reúne videoaulas no próprio servidor do Youtube, e o “Coursera”, plataforma aberta que reúne cursos gratuitos das mais renomadas universidades do mundo, são citados na pesquisa de 2016, podendo, todos eles ser acessados tanto individualmente, quanto em forma coletiva, em sala de aula, com a ajuda de um professor que saiba manusear a ferramenta. Essas informações são sabidas por muitos, mas o que é instigado aqui é a pergunta: por quê, no ensino de língua portuguesa, há tanta resistência quanto à forma de estuda-la? Isso é dito por experiência própria de quem vos escreve, em razão das escolas em que esteve, ter sido orientado a fazer com que os alunos se utilizassem dos livros, e “nada de internet”. O que nos importa é o conhecimento obtido com discernimento suficiente para filtrá-lo e armazená-lo em nossos cérebros, de forma a avançarmos, cientificamente, o suficiente para nos tornarmos independentes. 1 Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/05/mundo-tem-32-bilhoes-de-pessoas- conectadas-internet-diz-uit.html>. Acesso em 20 de fevereiro de 2018. 2 Disponível em: <https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-internet-no-mundo/>. Acesso em 20 de fevereiro de 2018. 3 Disponível em: <https://www.jcnet.com.br/Nacional/2016/03/12-milhoes-de-brasileiros-usam-internet-para- estudar.html>. Acesso em 20 de fevereiro de 2018. 12 No entanto, esse discernimento precisa de uma orientação: precisa de um professor educador. TONÉIS (2017), fala sobre a questão de games, mas indaga algo pertinente ao que aqui é tratado: “Esta questão, apesar de sua aparente simplicidade, esconde conceitos distintos nos quais as práticas metodológicas e pedagógicas podem transformar o modo de compreender a produção de conhecimentos. ” E é exatamente assim que a internet deveria ser tratada, frente à produção de conhecimento: ainda que o acesso se dê de forma simples e intuitiva, há uma diferenciação nas percepções desde que metodologicamente e pedagogicamente norteadas, podendo alcançar, quem sabe, o máximo potencial do (a) aluno (a) a ser trabalhado (a). Não se busca, aqui, apresentar um grau comparativo de superioridade da internet frente aos livros, mas sim apresentar o conteúdo encontrado, exclusivamente, na internet, em forma de um compilado feito por quem vos escreve, e após a leitura do presente material, possibilitar a comparação (individual de cada leitor) com os livros que possuem em suas casas como, por exemplo, uma gramática de Domingos Paschoal Cegalla, do livro “Novíssima Gramática da Língua Portuguesa”, livro o qual o autor deste material usou como comparativo. Cabe ainda ressaltar que as comparações feitas não constarão no presente material: esse é um exercício que peço para que os leitores façam individualmente com os livros que tiverem em mão, de maneira reflexiva. Quanto ao conteúdo deste material, os temas abordados foram assuntos recorrentes de concursos públicos, avaliados e apontados pelo professor Noslen4 em seu canal do Youtube, e que o autor deste material achou ser importante fazer um compilado como forma de estudo próprio, mas que poderia, também, ser utilizado no Ensino Fundamental II e Ensino Médio, bem como na graduação em letras (português), de forma revisional. Após essas linhas, resta dizer, novamente, que o conteúdo poderá ser facilmente identificado por alguns, assim como pode ser algo novo para outros, mas, seja de maneira impressa ou seja pela internet, o conteúdo continua sendo o mesmo – talvez a linguagem mude para mais difícil ou mais fácil, dependerá apenas dos autores. Não tendo nada mais a acrescentar, estima-se uma ótima leitura. 4 Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCwSxSJqGpSRpEsq5-YUbM8g>. Acesso em 20 de fevereiro de 2018. 13 1. CLASSES GRAMATICAIS/CLASSES DE PALAVRAS Antes de iniciarmos qualquer tipo de estudo um pouco mais avançado, nada mais justo do que fazer uma leve revisão sobre as classes gramaticais/classes de palavras. São 10 (dez) as classes de palavras analisadas e catalogadas, a saber: substantivo, artigo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Então...”bora” começar pelos substantivos? 1.1 Substantivos Substantivos nada mais são do que palavras que nomeiam seres, qualidades, lugares, noções, sentimentos, entre outros. Eles podem ser flexionados5 em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (diminutivo, normal e aumentativo). Os substantivos exercem sempre a função de núcleo das funções sintáticas em que fazem parte: sujeito, objeto direto, objeto indireto e agente da passiva. Existem diferentes classificações de substantivos, vamos a elas: 1.1.1 Substantivo simples Substantivo simples é aquele formado por apenas um radical, ou seja, apenas uma palavra. Exemplos: Dinheiro; Alegria; Casa; Computador; Flor; 5 De maneira bem genérica, essa flexão nominal que o substantivo sofre nada mais é do que uma indicação de gênero, número e grau. Para informações mais detalhadas, veja em: <https://www.normaculta.com.br/tipos-de- substantivos/>. Acesso em 21 de fevereiro de 2018. 14 1.1.2 Substantivo composto Substantivo composto é aquele formado por duas ou mais palavras, podendo ser por aglutinação (fusão de duas ou mais palavras), ou pela justaposição (junção de duas ou mais palavras). Exemplos de aglutinação: Planalto (plano + alto); Aguardente (água + ardente); Fidalgo (filho + de + algo); Exemplos de justaposição: Fim de semana; Guarda-chuva; Beija-flor; Ou seja: na aglutinação as palavras se fundem para formar uma nova palavra, enquanto na justaposição elas simplesmente são colocadas na sequência, mantendo a integridade das palavras originais. 1.1.3 Substantivo primitivo Substantivo primitivo é aquele que não deriva de outra palavra, por exemplo: Folha; Casa; Pedra; 1.1.4 Substantivo derivado Substantivo derivado é aquele que deriva de outra palavra, por exemplo: Casarão (derivado de casa); Folhagem (derivado de folha); Livraria (derivado de livro); 15 1.1.5 Substantivo próprio Substantivo próprio, grafado em letra maiúscula, é a palavra que particulariza seres, entidades, cidades, etc. Como por exemplo: Brasil; São Paulo; Maria; 1.1.6 Substantivo comum Substantivo comum é a palavra que designa seres da mesma espécie (seres e objetos) de maneira genérica6. Por exemplo: Menina; Criança; Mãe; Cachorro; 1.1.7 Substantivo coletivo Substantivo coletivo é a palavra que se refere a um conjunto de seres ou coisas. Por exemplo: Constelação (coletivo de estrela); Cardume (coletivo de peixes); Arquipélago (coletivo de ilha); 1.1.8 Substantivo concreto Substantivo concreto designa palavras reais, com existência própria. Podem ser pessoas, objetos, animais, lugares, etc. Por exemplo: Objeto: telefone, mesa, cadeira; Pessoa: médico, mulher, mãe; 6 Ao contrário do substantivo próprio, o substantivo comum não implica na utilização de letra maiúscula para sua escrita. 16 Animais: cachorro, gato, leão; 1.1.9 Substantivo abstrato Substantivo abstrato é aquele que está relacionado aos sentimentos, estados, qualidades e ações. Por exemplo: Beleza; Alegria; Crescimento; Falando um pouco sobre gênero dos substantivos, temos algumas classificações para estudar: 1.1.10 Substantivo biforme Apresenta duas formas: uma para o masculino, outra para o feminino. Por exemplo: Professor / Professora; Amigo / Amiga; 1.1.11 Substantivo uniforme Para o substantivo uniforme, apenas um termo especifica os dois gêneros (masculino e feminino), tendo 3 classificações: a) Epicenos: palavra que apresenta somente um gênero e refere-se aos animais, por exemplo: Foca; Formiga; Baleia; b) Sobrecomum: palavra que apresenta somente um gênero e refere-se às pessoas, por exemplo: Criança (masculino e feminino); 17 Vítima (masculino e feminino); Pessoa (masculino e feminino); c) Comum de dois gêneros: termo que se refere aos dois gêneros (masculino e feminino), identificado por meio do artigo que o acompanha. Por exemplo: O artista / A artista; O estudante / A estudante; O jovem / A jovem; 1.2 Artigo Cansou dos substantivos? Acalme-se, pois nem chegamos em advérbio ainda! Mas, se serve de consolo, essa seção será breve. Os artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando a definição ou a indefinição deles. Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), e indicam também o gênero e o número dos substantivos que determinam. 1.2.1 Artigo definido São palavras que determinam o substantivo de forma precisa. Por exemplo: O (garoto); A (garota); Os (gatos); As (gatas); 1.2.2 Artigo indefinido São palavras que determinam o substantivo de forma imprecisa. Por exemplo: Um (garoto); Uma (garota); Uns (gatos); Umas (gatas); 18 1.3 Adjetivo Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser, localizada diretamente ao lado de um substantivo, como por exemplo em “moço bondoso” ou “pessoa bondosa” (substantivo + adjetivo). Os adjetivos podem ser classificados em: simples, composto, primitivo e derivado. (Alguma semelhança com a seção dos substantivos? Pois é, podem se apoiar na definição dos substantivos) 1.3.1 Adjetivo simples Exemplos: Pobre; Magro; Triste; 1.3.2 Adjetivo composto Exemplos: Luso-brasileiro; Superinteressante; Mal-educado; 1.3.3 Adjetivo primitivo Exemplos: Belo; Bom; Feliz; 1.3.4 Adjetivo derivado Exemplos: Belíssimo; Bondoso; Magrelo; 19 1.4 Pronome O pronome é aquela palavra que se usa no lugar de um nome, ou a ele se refere, ou ainda, acompanha o nome qualificando-o de alguma forma. Exemplos: A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos! [Substituição do nome] A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! [Referência ao nome] Essa moça morava nos meus sonhos! [Qualificação do nome] De acordo com a função que exercem, os pronomes são classificados em: 1.4.1 Pronomes pessoais - Indicam a pessoa do discurso e são classificados em dois tipos: 1) Pronomes pessoais do caso reto: exercem função de sujeito. Ex.: Eu gosto muito da Ana. 2) Pronomes pessoais do caso oblíquo: substituem os substantivos e complementam os verbos. Ex.: Está comigo seu caderno. Pessoas Verbais Pronomes do Caso Reto Pronomes do Caso Oblíquo 1ª pessoa do singular (eu) Eu Me, mim, comigo 2 ª pessoa do singular (eu, você) Tu, você Te, ti, contigo 3 ª pessoa do singular (ele/ela) Ele, ela O, a, lhe, se, si, consigo 1ª pessoa do plural (nós) Nós Nos, conosco 2 ª pessoa do plural (vós) Vós, vocês Vos, convosco 3 ª pessoa do plural (eles/elas) Eles, elas Os, as, lhes, se, si, consigo 20 IMPORTANTE! i. Vale lembrar que os pronomes oblíquos “o, a, os, as,” funcionam exclusivamente como objeto direto; ii. Os pronomes “me, te, se, nos e vos” podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos; iii. Pronomes oblíquos do caso átono não são precedidos de preposição, enquanto os pronomes oblíquos de caso tônico são sempre precedidos de preposição. A saber: Pessoas verbais Pronome Oblíquo Átono Pronome Oblíquo Tônico 1ª pessoa do singular (eu) Me Mim, comigo 2 ª pessoa do singular (eu, você) Te Ti, contigo 3 ª pessoa do singular (ele/ela) Se, o, a, lhe Ele, ela 1ª pessoa do plural (nós) Nos Nós, conosco 2 ª pessoa do plural (vós) Vos Vós, convosco 3 ª pessoa do plural (eles/elas) Se, os, as, lhes Eles, elas Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são a primeira pessoa (mim) e a segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. 1.4.2 Pronomes Possessivos - São aqueles que transmitem a ideia de posse. Ex.: Essa mochila é sua? Pessoas verbais Pronomes Possessivos 1ª pessoa do singular (eu) Meu, minha, meus, minhas 2 ª pessoa do singular (eu, você) Teu, tua, teus, tuas 3 ª pessoa do singular (ele/ela) Seu, sua, seus, suas 1ª pessoa do plural (nós) Nosso, nossa, nossos, nossas 2 ª pessoa do plural (vós) Vosso, vossa, vossos, vossas 21 3 ª pessoa do plural (eles/elas) Seu, sua, seus, suas 1.4.3 Pronomes Demonstrativos - São utilizados para indicar algo. Reúnem palavras variáveis (esse, este, aquele, essa, esta, aquela) e invariáveis (isso, isto, aquilo). Pronomes Demonstrativos Singular Plural Exemplos FEMININO Esta, essa, aquela Estas, essas, aquelas Essa camisa é muito linda. Aquelas cadeiras são boas. MASCULINO Este, esse, aquele Estes, esses, aqueles Este casaco é muito caro. Eu perdi aqueles bilhetes de cinema. ATENÇÃO! Em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são particularmente importantes o “este” e o “esse”: o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá- los pode causar ambiguidade. Exemplos: Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar informações sobre o concurso vestibular. [Trata-se da universidade destinatária7] Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no próximo Encontro de Jovens. [Trata-se da universidade que envia a mensagem] 7 A quem se envia a mensagem. Lembre-se: O destinatário, quando enviamos uma carta, por exemplo, é a quem se envia algo. É o destinatário que recebe a carta. No caso em tela, é a universidade que recebe a solicitação das informações. 22 1.4.4 Pronomes de tratamento É a chamada “segunda pessoa indireta”, que se manifesta quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor (ou seja, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. Observe o quadro a seguir: Vossa Alteza V.A. Príncipes, duques Vossa Eminência V. Ema. (s) Cardeais Vossa Reverendíssima V. Revma (s) Sacerdotes e bispos Vossa Excelência V. Ex.ª (s) Altas autoridades e oficiais- generais Vossa Magnificência V. Mag,ª (s) Reitores de universidades Vossa Majestade V. M. Reis e rainhas Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores Vossa Santidade V. S. Papa Vossa Senhoria V. S.ª (s) Tratamento cerimonioso Vossa Onipotência V. O. Deus ATENÇÃO! Também são pronomes de tratamento “o senhor”, “a senhora”, “você” e “vocês”. “O senhor” e “a senhora” são utilizados em tratamento cerimonioso – até mesmo por respeito; “Você” e “vocês” são utilizados no tratamento familiar; 1.4.5 Pronomes indefinidos - São aqueles que se referem à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade indeterminada. Exemplo: Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-plantadas. Temos, portanto: “Alguém” entrou no jardim, e sabemos que é uma pessoa. No entanto, a pessoa de quem se fala (terceira pessoa) tem sua identidade desconhecida, por conta dessa imprecisão. 23 Os pronomes indefinidos classificam-se em: a) Pronomes indefinidos substantivos: Assumem o lugar do ser, ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. Ex.: Algo o incomoda? / Quem avisa amigo é. b) Pronomes indefinidos adjetivos: Qualificam um ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. São eles: cada, certo (s), certa (s). Ex. Cada povo tem seus costumes. / Certas pessoas exercem várias profissões. Os pronomes indefinidos ainda podem ser divididos em variáveis e invariáveis. Veja o quadro abaixo8: 8 Disponível em: <https://soportugues.com.br/secoes/morf/morf50.php>. Acesso em 22 de fevereiro de 2018. 24 1.4.6 Pronomes Relativos - Se referem a um substantivo já dito anteriormente na oração. Podem ser palavras variáveis e invariáveis. Introduzem, também, as orações subordinadas adjetivas. Por exemplo: O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros. (“que” afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva) – mas, não se preocupe, nós iremos trabalhar essas orações mais adiante no material. Veja no exemplo acima que o pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Observe o quadro abaixo: Observações: A) O pronome “que” é chamado de relativo universal, podendo ser substituído por “o qual”, “a qual”, “os quais”, “as quais” quando seu antecedente for um substantivo. Veja: Ex.: O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) / A cantora que acabou de se apresentar é ótima. (= a qual) B) “o qual”, “os quais”, “a qual” e “as quais” são exclusivamente pronomes relativos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições. Veja: Ex.: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. (o uso de “que” neste caso geraria ambiguidade.) Ex.2: Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (não se poderia usar “que” depois de “sobre”.) 25 C) O relativo “que” às vezes equivale a “o que”, “coisa que” e se refere a uma oração. Ex.: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era sua vocação natural. D) O pronome “cujo” não concorda com seu antecedente, mas com o consequente. Equivale a “do qual”, “da qual”, “dos quais”, “das quais”. Por exemplo: Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. (Note que “caderno” é o antecedente, e “folhas” é o consequente.) E) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: “tanto (ou variações” e “tudo”. Por exemplo: Emprestei tantos quantos foram necessários. (Note que “tantos” é o antecedente) Ele fez tudo quanto havia falado. (Note que “tudo” é o antecedente) F) O pronome “quem” refere-se a pessoas e vem sempre precedido de preposição. Por exemplo: É um professor a quem muito devemos. (Note que “a” é preposição) G) “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar. Por exemplo: A casa onde morava foi assaltada. H) Na indicação de tempo, deve-se empregar “quando” ou “em que”. Por exemplo: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no exterior. I) Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase. Por exemplo. O futebol é um esporte (1ª oração); O povo gosta muito deste esporte. (2ª oração); O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. 26 1.4.7 Pronomes interrogativos - São palavras variáveis e invariáveis empregadas para formular perguntas diretas e indiretas. São eles: “que”, “quem”, “qual” (e variações), “quanto” (e variações). Por exemplo: Quem fez o almoço? / Diga-me quem fez o almoço. Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas preferes. Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos passageiros desembarcaram. 1.4.8 Pronomes reflexivos - São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo. Veja o quadro dos pronomes reflexivos: I. 1ª pessoa do singular (eu): “me”, “mim”. Por exemplo: Eu não me vanglorio disso. Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. II. 2ª pessoa do singular (tu): “te”, “ti”. Por exemplo: Assim tu te prejudicas. Conhece a ti mesmo. III. 3ª pessoa do singular (ele, ela): “se”, “si”, “consigo”. Por exemplo: Guilherme já se preparou. Ela deu a si um presente. Antônio conversou consigo mesmo. IV. 1ª pessoa do plural (nós): “nos”. Por exemplo: Lavamo-nos no rio. 27 V. 2ª pessoa do plural (vós): “vos”. Por exemplo: Vós vos beneficiastes com a esta conquista. VI. 3ª pessoa do plural (eles, elas): “se”, “si”, “consigo”. Por exemplo: Eles se conheceram. Elas deram a si um dia de folga. 1.5 Numeral Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos, ou seja, atribui quantidade aos seres, ou os situa em determinada sequência. Eles são classificados em: 1) Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico. Ex.: um, dois, cem, mil, etc. 2) Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada. Ex.: primeiro, segundo, centésimo, etc. 3) Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, divisão dos seres. Ex.: meio, terço, dois quintos, etc. 4) Multiplicativos: expressam a ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada. Ex.: dobro, triplo, quíntuplo, etc. 5) Coletivos: se referem ao conjunto de algo, indicando o número exato de seres que compões esse conjunto. Ex.: dezena, dúzia, milheiro, etc. 28 ATENÇÃO! Leitura dos numerais: Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”. Por exemplo: 1.203.726 Lê-se: um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis. 45.520 Lê-se: quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte. 1.6 Verbo Todos prontos para uma seção longa? Sente-se em um lugar confortável, pois lá vem matéria! Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: Ação (Ex.: correr); Estado (Ex.: ficar); Fenômeno (Ex.: chover); Ocorrência (Ex.: nascer); Desejo (Ex.: querer); O verbo é caracterizado por suas flexões, e não os seus possíveis significados. Pare para analisar as palavras “corrida”, “chuva” e “nascimento”. Elas têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos mencionados acima; porém, não apresentam todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem. 1.6.1 Estrutura das formas verbais Uma forma verbal pode apresentar os seguintes elementos: a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado essencial do verbo. Exemplos: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical é “fal-“ b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a conjugação a que pertence o verbo. Exemplo: fala-r 29 Lembre-se: Temos três conjugações, são elas: 1) 1ª conjugação – vogal temática “A” – (F-A-L-A-R); 2) 2ª conjugação – vogal temática “B” – (V-E-N-D-E-R); 3) 3ª conjugação – vogal temática “I” – (P-A-R-T-I-R); Tomemos como exemplo a palavra “falar”, temos: “FAL”, sendo radical; “A” vogal temática; “R” como desinência; c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tempo e o modo do verbo. Exemplos: falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) / falasse (indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) d) Desinência9 número-pessoal: é o elemento que designa a pessoa do discurso (1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural). Exemplos: falamos (indica a 1ª pessoa do plural) / falavam (indica a 3ª pessoa do plural) Observação! Formas Rizotônicas e Arrizotônicas (chessus!) Calma, não é nada tão apavorante (não além do nome!) Formas rizotônicas o acento tônico (lembra de “sílaba tônica”? Puxe na memória, aí!) cai no radical do verbo. Por exemplo: opino, aprendam, nutro. Formas arrizotônicas o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação verbal. Por exemplo: opinei, aprenderão, nutriríamos. Agora que você sabe forma rizotônica e arrizotônica, busque seu isotônico e continuemos os estudos. (Ok, parei com as piadas.) 1.6.2 Classificação dos verbos Os verbos são classificados em: 1) Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alteração no radical. Por exemplo: Canto; 9 Na seção de anexos, estão disponíveis os quadros das desinências verbais, para consulta, ou até mesmo por curiosidade. Elas também estão disponíveis no site “Só Linguagem”: <http://solinguagem.blogspot.com.br/2012/03/quadro-das-desinencias-verbais.html>. Acesso em 23 de fevereiro de 2018. 30 Cantei; Cantarei; Cantava; Cantasse; 2) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou nas desinências. Por exemplo: Faço; Fiz; Farei; Fizesse; 3) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais. I. Impessoais: São verbos que não têm sujeito. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos impessoais são (verbo + exemplo): a) Haver (quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer) Havia poucos ingressos à venda. (Existiam); Houve duas guerras mundiais. (Aconteceram); Haverá reuniões aqui. (Realizar-se-ão); Deixei de fumar há anos (faz). b) Fazer, ser e estar (quando indicam tempo): Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.; Era primavera quando a conheci.; Estava frio naquele dia. c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escurecer, etc. No entanto, cuidado: Qualquer verbo impessoal empregado em sentido figurado deixa de ser impessoal para ser pessoal. Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: EU); Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: CANDIDATOS); 31 Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: EU). d) São impessoais, ainda: O verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo. Ex.: Já passa das seis. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, indicando suficiência. Ex.: Basta de tolices. Chega de blasfêmias. Os verbos estar e ficar em orações tais como: Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais. O verbo deu + para da língua popular, equivalente de "ser possível". Por exemplo: Não deu para chegar mais cedo. Dá para me arrumar uns trocados? II. Unipessoais: são verbos que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas do singular e do plural. Entre eles estão os verbos que significam vozes de animais, tais como: Bramar (tigre); Bramir (crocodilo); Cacarejar (galinha); Coaxar (sapo); Os principais verbos unipessoais são: a) Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.). Exemplos: Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante); Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover); É preciso que chova. (Sujeito: que chova); 32 b) Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que. Veja os exemplos: Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar); Vai para dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia); III. Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos10 ou eufônicos11. Por exemplo: verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar – o que provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos. Outro exemplo: verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa – formas de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. 4) Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em “-ado” ou “-ido”, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Veja abaixo a tabelinha com alguns exemplos: Infinitivo Particípio regular Particípio irregular Anexar Anexado Anexo Dispersar Dispersado Disperso Eleger Elegido Eleito Envolver Envolvido Envolto Imprimir Imprimido Impresso Matar Matado Morto Morrer Morrido Morto Pegar Pegado Pego Soltar Soltado Solto 10 Morfologia é o estudo da estrutura e formação das palavras, suas flexões e sua classificação. Veja mais em: < https://www.significados.com.br/morfologia/>. Acesso em 23 de fevereiro de 2018. 11 Eufonia é relacionado a “som harmonioso”, seria uma sucessão de sons agradáveis ou qualidade acústica na articulação dos fonemas. Leia em: < https://www.priberam.pt/dlpo/eufonia>. Acesso em 23 de fevereiro de 2018. 33 Lembre-se! Por motivos sonoros, a gramática recomenda usar as formas regulares com “ter” e “haver” e as irregularidades com “ser” e “estar”. Ou seja: Após os verbos ter ou haver, devemos usar a forma regular: Havia suspendido / Tinha ganhado / havia gastado / tinha anexado; Após os verbos ser ou estar, usa-se a forma irregular: Foi aceito / está anexo / era gasto / está solto; 5) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir Pôr Vou Vais Ides Fui Foste Ponho Pus Pôs punha Ser Saber Sou És Fui Foste Seja Sei Sabes Soube saiba 6) Auxiliares12: são aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. Entendamos a locução verbal: genericamente falando, é a junção de um verbo auxiliar + verbo principal, desempenhando, na frase, papel equivalente ao de um verbo único. O verbo principal, quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. Veja os exemplos: 12 Na seção de anexos, estão disponíveis as conjugações dos verbos auxiliares, para consulta, ou até mesmo por curiosidade. Elas também estão disponíveis no site “Só Português”. Disponível em: < https://soportugues.com.br/secoes/morf/morf58.php>. Acesso em 23 de fevereiro de 2018. 34 Vou espantar as moscas. (verbo aux.) (verbo principal no infinitivo) Está chegando a hora do debate. (verbo aux.) (verbo principal no gerúndio) Os noivos foram cumprimentados por todos os parentes. (verbo aux.) (verbo principal no gerúndio) Observação: os verbos auxiliares mais usados são: SER, ESTAR, TER e HAVER. 7) Pronominais: são aqueles que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronomes acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). a) Essenciais – Alguns exemplos: abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá. Veja que no exemplo acima a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbos e respectivos pronomes): Eu me arrependo Tu te arrependes Ele se arrepende Nós nos arrependemos Vós vos arrependeis Eles se arrependem b) Acidentais – são verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito. Por exemplo: 35 Maria se penteava. Nesse caso, a reflexibilidade é acidental, pois há a possibilidade de a ação ser exercida sobre outra pessoa, como em: Maria penteou-me. 1.6.3 Modos verbais Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em português, existem três modos: 1) Indicativo: serve para indicar uma certeza, uma realidade. Ex.: Eu sempre estudo. 2) Subjuntivo: representa uma dúvida, uma possibilidade. Ex.: Talvez eu estude amanhã. 3) Imperativo: representa uma ordem, um pedido. Ex.: Estuda agora, menino. Além dos modos demonstrados acima, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Veja abaixo: a) Infinitivo Impessoal: significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. Ex.: Viver é lutar. (= vida é luta) Ex.2: É indispensável combater a corrupção. (= combate à) Observação! O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: 2ª pessoa do singular Radical + “ES” Ex.: Teres (tu) 1ª pessoa do plural Radical + “MOS” Ex.: Termos (nós) 36 2ª pessoa do plural Radical + “DES” Ex.: Terdes (vós) 3ª pessoa do plural Radical + “EM” Ex.: Terem (eles) c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (Função de advérbio) Ex.2: Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (Função de adjetivo) d) Particípio: quando não é utilizado na formação dos tempos compostos, geralmente indica o resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Ex.: Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo verbal). Ex.: Ela foi a aluna escolhida para representar a escola. 1.6.4 Tempos verbais Nada mais são do que as ações expressas pelo verbo em diversos tempos. Tempos do Indicativo i. Presente: expressa um fato atual. Ex.: Eu estudo neste colégio. ii. Pretérito Imperfeito: Expressa um fato ocorrido em um momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado. Ex.: Ele estudava as lições quando foi interrompido. iii. Pretérito Perfeito (simples): Expressa um fato ocorrido em um momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado. Ex.: Ele estudou as lições ontem à noite. iv. Pretérito Perfeito (composto): Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até o momento atual. Ex.: Tenho estudado muito para os exames. 37 v. Pretérito-Mais-Que-Perfeito: Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado. Ex.: Ele já tinha estudado as lições quando os amigos chegaram. (Forma composta) Ex.2: Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (Forma simples) vi. Futuro do Presente (simples): Enuncia um fato que deve ocorrer em um tempo próximo com relação ao momento atual. Ex.: Ele estudará as lições amanhã. vii. Futuro do Presente (composto): Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado antes de outro fato futuro. Ex.: Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste. viii. Futuro do Pretérito (simples): Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Ex.: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias. ix. Futuro do Pretérito (composto): Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato passado. Ex.: Se eu tivesse ganhado esse dinheiro, teria viajado nas férias. Tempos do Subjuntivo i. Presente: Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual. Ex.: É conveniente que estudes para o exame. ii. Pretérito imperfeito: Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido Ex.: Eu esperava que ele vencesse o jogo. iii. Pretérito perfeito (composto): Expressa um fato totalmente terminado num momento passado. Ex.: Embora tenha estudado bastante, não passou no teste. 38 iv. Pretérito Mais-Que-Perfeito (composto): Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado. Ex.: Embora o teste já tivesse começado, alguns alunos puderam entrar na sala de aula. v. Futuro do Presente (simples): Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Ex.: Quando ele vier à loja, levará as encomendas. Observação! O futuro do presente também é utilizado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as encomendas. vi. Futuro do Presente (composto): Enuncia um fato posterior ao momento atual, mas já terminado antes de outro fato futuro. Ex.: Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos. 1.6.5 Locuções verbais Locuções verbais são conjuntos de verbos que, numa frase, desempenham papel equivalente ao de um verbo único. São compostas por um verbo auxiliar e um verbo principal. Por exemplo: Estou lendo o jornal. (auxiliar + principal) Ninguém poderá sair antes do término da sessão. (auxiliar + principal) Vale lembrar que as locuções verbais são constituídas de um verbo auxiliar mais um verbo no gerúndio ou infinitivo. 1.6.6 Vozes do verbo A forma assumida pelo verbo para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação recebo o nome de “voz” (daí vozes do verbo, captou?) 39 São três as vozes verbais: a) Ativa: ocorre quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo. Ex.: Ele fez o trabalho. Sujeito agente ação objeto (paciente) b) Passiva: ocorre quando o sujeito é paciente, isto é, recebe a ação expressa pelo verbo. Ex.: O trabalho foi feito por ele. Sujeito paciente ação agente da passiva c) Reflexiva: quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, ou seja, pratica e recebe a ação. Ex.: O menino feriu-se. Cuidado! Não confunda a voz reflexiva do verbo com a noção de reciprocidade. Exemplo: Os lutadores feriram-se. (note que aqui eles feriram um ao outro, e não a si próprios) 1.6.7 Formação da voz passiva A voz passiva pode ser formada por dois processos: o analítico e o sintético. 1) Voz passiva analítica É constituída por: Verbo “SER” + particípio do verbo principal. Ex.: A escola será pintada. Ex.2: O trabalho é feito por ele. Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja explícito na frase. Ex.: A exposição será aberta amanhã. 2) Voz passiva sintética É constituída por: Verbo na 3ª pessoa, seguido de nome apassivador (partícula apassivadora). Ex.: Abriram-se as inscrições para o concurso. Ex.2: Destruiu-se o velho prédio na escola. Normalmente o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética. 40 1.6.8 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva Falamos sobre a voz ativa e passiva, mas como mudar a voz sem alterar o sentido da frase? Venha comigo para o exemplo: João construiu a casa. (Voz Ativa) (Sujeito da ativa) (objeto direto) A casa foi construída por João. (Voz Passiva) (Sujeito da passiva) (agente da passiva) Parece confuso? Mas não é: Veja que o objeto direto será o sujeito da passiva, enquanto o sujeito da ativa passará a ser o agente da passiva, e o verbo ativo assumirá a forma passiva, considerando o mesmo tempo verbal. Mais alguns exemplos: Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos. Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres. Eu o acompanharei. Ele será acompanhado por mim. 1.7 Advérbio Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio. (eim? – Acalme-se, veja abaixo) Temos duas situações: 1) O táxi chegou. 2) O táxi chegou ontem. É possível notar que a palavra “ontem” acrescentou uma circunstância de tempo. (O táxi chegou. Quando? ontem) Dessa forma, pode-se afirmar que “ontem” é um advérbio. Isto posto, podemos verificar outras hipóteses em que o advérbio acrescenta várias ideias mais, tais como: Tempo: Ela chegou tarde. Lugar: Ele mora aqui. Modo: Eles agiram mal. 41 Negação: Ela não saiu de casa. Dúvida: Talvez ele volte. Mas, falemos de sua classificação, e façamos uma listagem básica, a seguir. 1.7.1 Classificação dos advérbios De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio pode ser de: Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, defronte, adentro, afora, embaixo, externamente, à distância de, de longe, de perto, etc. Tempo: hoje, logo, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve, constantemente, amiúde, breve, constantemente, sucessivamente, de vez em quando, etc. Modo: bem, mal, assim, calmamente, tristemente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, frente a frente, lado a lado, a pé, em vão, de cor, às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas (humn..), etc. Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente, etc. Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum, etc. Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe, etc. Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, tudo, nada, todo, quase, extremamente, intensamente, grandemente, etc. Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, simplesmente, só, unicamente, etc. (Para ilustrar: “Brando, o vento apenas move a copa das árvores) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também, etc. (Para ilustrar: “O indivíduo também amadurece durante a adolescência. Ordem: depois, primeiramente, ultimamente, etc. 42 ATENÇÃO! Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Há palavras como “muito”, “bastante”, etc. que podem aparecer como advérbio e como pronome indefinido. O advérbio refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro advérbio e não sofre flexões. Ex.: Eu corri muito. O pronome indefinido relaciona-se a um substantivo e sofre flexões. Ex.: Eu corri muitos quilômetros. 1.8 Preposição Preposição é a palavra que estabelece uma relação entre dois ou mais termos da oração. Ela é invariável, pois não sobre flexão de gênero, número ou grau. Esta relação é do tipo subordinativa, ou seja, entre os elementos ligados pela preposição não há sentido dissociado, separado, individualizado; ao contrário, o sentido da expressão é dependente da união de todos os elementos que a preposição vincula. Ex.: Os amigos de João estranharam o seu modo de vestir. Nesse exemplo temos: “amigos de João” / “modo de vestir”: elementos ligados por preposição; “de” = preposição. Esse tipo de relação é chamada de conexão, em que os conectivos cumprem a função de ligar elementos. A preposição é um desses conectivos e se presta a ligar palavras entre si, num processo de subordinação denominado regência. Regência nada mais é do que a relação estabelecida pelas preposições, tendo seu primeiro elemento chamado de antecedente (termo que rege, impõe um regime) e seu segundo elemento chamado de consequente (termo que cumpre o regime estabelecido pelo antecedente). Tomemos como exemplo: “A hora das refeições é sagrada. Temos, no exemplo acima: “hora das refeições”: elementos ligados por preposição; “de + as = das”: preposição. 43 “hora”: termo antecedente (rege a construção “das refeições”); “refeições”: termo consequente (é regido pela construção “hora da”. As preposições podem introduzir: Complementos verbais Ex.: Eu obedeço ‘aos meus pais’. Complementos nominais Ex.: Continuo obediente ‘aos meus pais’. Locuções adjetivas Ex.: É uma pessoa ‘de valor’. Locuções adverbiais Ex.: Tive de agir ‘com cautela’. Orações reduzidas Ex.: ‘Ao chegar’, comentou sobre o fato ocorrido. 1.8.1 Classificação das preposições As palavras da língua portuguesa que atuam exclusivamente como preposição são as chamadas “preposições essenciais”. São elas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Há palavras de outras classes gramaticais que, em determinadas situações, podem atuar como preposições. São chamadas de “preposições acidentais”. São elas: Como (= na qualidade de); Conforme (= de acordo com); Segundo (= conforme); Consoante (= conforme); Durante, salvo, fora, mediante, tirante, exceto, senão, visto (= por); ATENÇÃO! As preposições essenciais regem sempre a forma oblíqua tônica dos pronomes pessoais. Ex.: Não vá sem mim à escola. As preposições acidentais, por sua vez, regem a forma reta desses mesmos pronomes. Ex.: Todos, exceto eu, preferem sorvete de chocolate. 44 1.8.2 Locução Prepositiva Locução prepositiva é o conjunto de duas ou mais palavras que têm o valor de uma preposição. Não se esqueça de que a última palavra dessas locuções é sempre uma preposição. Abaixo, as principais locuções prepositivas: Abaixo de Acima de Acerca de A fim de Além de A par de Apesar de Antes de Depois de Ao invés de Diante de Em fase de Em vez de Graças a Junto a Junto com Junto de À custa de Defronte de Através de Em via de De encontro a Em frente de Em frente a Sob pena de A respeito de Ao encontro de 1.8.1 Combinação e contração da preposição Quando as preposições a, de, em e per unem-se a certas palavras, formando um só vocábulo, essa união pode ser por combinação ou contração. Vejamos: Combinação: ocorre quando a preposição, ao unir-se a outra palavra, mantém todos os seus fonemas. Por exemplo: Preposição a + artigo masculino o = ao Preposição a + artigo masculinos os = aos Contração: ocorre quando a preposição sofre modificações na sua estrutura fonológica ao unir-se a outra palavra. As preposições de e em, por exemplo, formam contrações com os artigos e com diversos pronomes. Veja abaixo: Do Dos Da Das Num Nuns Numa Numas Disto Disso Daquilo - Naquele Naqueles Naquela Naquelas 45 Observação! Não se esqueça dos bons e velhos: Em + a = na / em + aquilo = naquilo / de + aquela = daquela E mais: as formas pelo, pela, pelos, pelas resultam da contração da antiga preposição per com os artigos definidos. (oi? É fácil, veja!) Per + o = pelo / Per + a = pela 1.8.2 Principais relações estabelecidas pelas preposições Autoria: Esta música é de Roberto Carlos; Lugar: Estou em casa; Tempo: Eu viajei durante as férias; Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio; Causa: Estou tremendo de frio; Assunto: Não gosto de falar sobre política; Fim/finalidade: Eu vim para ficar; Instrumento: Paulo feriu-se com a faca; Companhia: Hoje vou sair com meus amigos; Meio: Voltarei a andar a cavalo; Matéria: Devolva-me meu anel de prata; Posse: Este é o carro de João; Oposição: O São Paulo jogou contra Palmeiras; Conteúdo: Tomei um copo de (com) vinho; Preço: Vendemos o material escolar a (por) R$ 50,00; Origem: Você descende de família italiana; Especialidade: João formou-se em medicina; Destino ou Direção: Olhe para frente! 1.9 Conjunção A conjunção, além da preposição, também é utilizada como elemento de ligação. Veja no exemplo abaixo: A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amiguinhas. Note que existem três informações no exemplo acima: 46 1) Segurou a boneca; 2) A menina mostrou; 3) Viu as amiguinhas; As informações estão estruturadas em torno de verbos: segurou, mostrou, viu. Logo, teremos 3 orações nessa frase. A saber: 1ª oração: A menina segurou a boneca; 2ª oração: e mostrou; 3ª oração: quando viu as amiguinhas; A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”; e a terceira oração liga-se à segunda por meio de “quando”. As palavras “e” e “quando” não exercem propriamente uma função sintática13: são conectivos. 1.9.1 Classificação das conjunções As conjunções podem ser classificadas em coordenativas e subordinativas. 1) Conjunções coordenativas: São aquelas que ligam orações de sentido completo e independente ou termos da oração que têm a mesma função gramatical. Subdividem-se em: a) Aditivas: ligação orações ou palavras, expressando ideia de acrescentamento ou adição. São elas: e, nem ( = e não), não só... mas também, não só... como também, bem como, não só... mas ainda. Por exemplo: A sua pesquisa é clara e objetiva. Ela não só dirigiu a pesquisa como também escreveu o relatório. b) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou compensação. São elas: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, não obstante. Por exemplo: Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. 13 Morfossintaxe é a análise feita às orações em termos morfológicos e em termos sintáticos, ou seja, é a análise tanto da palavra, individualmente, quanto a análise da relação das palavras, conjuntamente, em uma oração. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/morfossintaxe/>. Acesso em 28 de fevereiro de 2018. 47 c) Alternativas: ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez. Por exemplo: Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. d) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por isso, assim. Por exemplo: Marta estava bem preparada para o teste, portanto não ficou nervosa. e) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo, porquanto. Por exemplo: Não demore, que o filme já vai começar. ATENÇÃO! Fique atento (a) para algumas situações: I. As conjunções "e"," antes", "agora"," quando" são adversativas quando equivalem a "mas". Por exemplo: Carlos fala, e não faz. O bom educador não proíbe, antes orienta. Sou muito bom; agora, bobo não sou. Foram mal na prova, quando poderiam ter ido muito bem. II. "Senão" é conjunção adversativa quando equivale a "mas sim". Por exemplo: Conseguimos vencer não por protecionismo, senão por capacidade. III. Das conjunções adversativas, "mas" deve ser empregada sempre no início da oração: as outras (porém, todavia, contudo, etc.) podem vir no início ou no meio. Por exemplo: Ninguém respondeu a pergunta, mas os alunos sabiam a resposta. Ninguém respondeu a pergunta; os alunos, porém, sabiam a resposta. IV. A palavra "pois", quando é conjunção conclusiva, vem geralmente após um ou mais termos da oração a que pertence. Por exemplo: Você o provocou com essas palavras; não se queixe, pois, de seus ataques. 48 2) Conjunções subordinativas: são aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas dependente da outra. A oração dependente recebe o nome de oração subordinada. Veja: O baile já tinha começado quando ela chegou. Temos, no exemplo acima: Oração principal: “O baile já tinha começado” Conjunção subordinativa: “quando” Oração subordinada: “ela chegou” As conjunções subordinativas subdividem-se em integrantes e adverbiais. A) Integrantes: indicam que a oração subordinada introduzida por elas completa ou integra o sentido da principal. Introduzem orações que equivalem a substantivos. São elas: que, se. Por exemplo: Espero que você volte (Espero sua volta); Não sei se ele voltará (Não sei da sua volta); B) Adverbiais: indicam que a oração subordinada introduzida por elas exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com a circunstância que expressam, classificam-se em: i. Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc. Por exemplo: Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. 49 ii. Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto, etc. Por exemplo: Embora fosse tarde, fomos visita-lo. iii. Condicionais: introduzem uma oração que indica a hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. Por exemplo: Se precisar de minha ajuda, telefone-me. iv. Conformativas: introduzem uma oração em que se exprime a conformidade de um fato com outro. São elas: conforme, como (= conforme), segundo, consoante, etc. Por exemplo: O passeio ocorreu como havíamos planejado. v. Finais: introduzem uma oração que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a principal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que), que, etc. Por exemplo: Toque o sinal para que todos entrem no salão. vi. Proporcionais: introduzem uma oração que expressa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência da principal. São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que, e as combinações quanto mais... (mais), quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (menos), etc. Por exemplo: O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam. vii. Temporais: introduzem uma oração que acrescenta uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc. Por exemplo: 50 A briga começou assim que saímos da festa. viii. Comparativas: introduzem uma oração que expressa ideia de comparação com referência à oração principal. São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado com menos ou mais), etc. Por exemplo:
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