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224-Texto do artigo-526-1-10-20190726


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68Revista Eletrônica Ambiente - Vol. 6
PRODUÇÃO MAIS LIMPA APLICADA EM TINTURARIA TÊXTIL
CLEANER PRODUCTION APPLIED IN TEXTILE DYEING
Nilton Cesar Pasquini
Químico Industrial, MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade, MBA em Gestão de Pessoas, Black Belt, 
Mestrando em Química Tecnológica na UFSCAR, São Carlos, SP. 
nc.pasquini@ig.com.br
69Revista Eletrônica Ambiente - Vol. 6
PRODUÇÃO MAIS LIMPA APLICADA EM TINTURARIA TÊXTIL
CLEANER PRODUCTION APPLIED IN TEXTILE DYEING
Resumo
A Produção mais Limpa (P+L) avalia o processo 
produtivo por um todo, assim há a necessidade de 
constituir um Ecotime multidisciplinar, na qual foi 
composta por 1 mecânico, 3 operador de rama (1 por 
turno), 1 tintureiro, 1 supervisor. O trabalho visou 
a redução de corantes, produtos auxiliares, energia 
elétrica e água, consecutivamente produzindo 
menos lodo. A empresa estudada é do setor têxtil, 
onde proporciona o tingimento e acabamento de 
malha sintética e natural, com capacidade para 300 
toneladas, localizada na região metropolitana de São 
Paulo. O Ecotime apontou os processos preparação 
da malha, relaxamento, tingimento, lavagem 
redutiva, abrir a malha, rama e embalar como 
os pontos passiveis de melhoramento, destaque 
para tingimento e rama. O custo de introdução 
do programa foi financiado pela economia obtida 
no processo. Pode observar que a redução ou 
eliminação de produtos ou cargas contaminantes 
foram facilmente obtidos por práticas simples de 
produção mais limpa 
Palavras-chave: Produção mais limpa, têxtil, 
qualidade.
Abstract
The Cleaner Production evaluates the production 
process for a whole, so there needs to be a 
multidisciplinary Ecotime, which was composed of 
1 mechanic, 3 operator rama (1 per shift), 1 dyer, 1 
charge. This study investigated the reduction of dyes, 
auxiliaries, power and water, sequentially producing 
less sludge. The company studied is the textile 
sector, which provides the dyeing and finishing 
of knitted synthetic and natural, with a capacity 
of 300 tons, located in the metroplotan region of 
São Paulo. The Ecotime pointed processes mesh 
preparation, relaxation, dyeing, washing reductive, 
open mesh, raw and packaging as the points liable 
to improvement, highlighting and dyeing wool. 
The cost of introducing the program was funded by 
saving achieved in the process. You can observe that 
redction or elimination of products or contaminant 
loads were easily obtained by simple practical cleaner 
production.
Keywords: Cleaner production, textile, quality.
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INTRODUÇÃO
De acordo com Zagonel e Schultz (2009) 
a questão ambiental atualmente está cada vez 
mais inserida nas atividades relativas aos sistemas 
produtivos e à administração das organizações, sendo 
fundamental não dissociar as variáveis ambientais 
das decisões que envolvem as organizações. Nas 
empresas a competitividade é determinante para sua 
sobrevivência no mercado e o meio ambiente tornou-
se fator essencial para o alcance desses objetivos. 
Portanto, as informações sobre os custos ambientais 
e as oportunidades de ganho no gerenciamento de 
seus processos e na racionalização do uso de recursos 
naturais e energia são elementos fundamentais para 
a gestão estratégica das empresas. Com as pressões 
impostas pelos órgãos ambientalistas e população 
em geral por nova ordem de consciência ambiental, 
as empresas estão reestruturando seus processos, 
utilizando-se principalmente dos princípios da 
Produção Mais Limpa .
Para Rensi e Schenini (2006) o objetivo da 
P+L é atender a necessidade de produtos de forma 
sustentável, ou melhor, usar com eficiência materiais 
e energia renováveis, não-nocivos, conservando ao 
mesmo tempo a biodiversidade. Pode-se dizer ainda 
que a produção mais limpa questiona a necessidade 
real do produto ou procura outras formas pelas 
quais essa necessidade poderia ser satisfeita ou 
reduzida. Todavia, os sistemas de P+L são circulares 
e buscam o menor número de materiais, água e 
energia possíveis.
Segundo Wced e (1987) e Jones (2001) a 
inovação de caráter sustentável, que alguns autores 
denominam ecoinovação, é uma dentre diversas 
abordagens de desenvolvimento sustentável de 
novos produtos, ou seja, de desenvolvimento que 
atenda a necessidades atuais de consumo sem 
comprometer a satisfação de necessidades de futuras 
gerações. Projetar produtos sustentáveis requer o 
balanceamento de aspectos econômicos, ambientais, 
éticos e sociais.
O trabalho visou à redução de corantes, 
produtos auxiliares, energia elétrica e água, 
consecutivamente produzindo menos lodo. Com 
estes ganhos a organização se torna mais competitiva 
no mercado, possuindo condições de competir com 
produtos mportados.
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
O princípio básico da P+L é eliminar a 
poluição durante o processo de produção, não no 
final. Todavia, “[...] essa expressão visa nomear 
o conjunto de medidas que tornam o processo 
produtivo mais racional, com o uso inteligente 
e econômico de utilidades e matérias-primas 
e principalmente com mínima ou, se possível, 
nenhuma geração de contaminantes”. (FURTADO, 
2002, p. 33).
Nas ultimas décadas o meio ambiente vem 
sendo um dos temas mais discutidos entre os 
países, devido à constante preocupação de como 
irá ser o mundo para as futuras gerações. O grande 
acrescimento populacional atrelado ao crescente 
consumo humano vem sendo alimentado pelo 
desenvolvimento econômico em que aumenta 
cada vez mais a poluição no mundo (ASEVEDO; 
JERÔNIMO, 2012).
O Sistema de Gestão Ambiental é um conjunto 
de atividades administrativas e operacionais inter-
relacionadas para abordar os problemas ambientais 
atuais ou para evitar o seu surgimento. É necessário 
também o envolvimento de diferentes segmentos da 
empresa para tratar das questões ambientais de modo 
integrado com as demais atividades corporativas 
(BARBIERI, 2004).
A P+L é uma ferramenta capaz de reduzir 
impactos identificados nos processos e na atividade, 
além de proporcionar benefícios financeiros e na 
imagem da empresa. Ao longo do estudo, verificamos 
que a empresa que deseja trabalhar dentro de um 
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conceito de ecoeficiência, ou seja, que quer produzir 
“mais e melhor com menos recursos”, deve considerar 
a gestão ambiental como um compromisso para 
conservar o meio ambiente e limitar as descargas 
poluentes, além de proporcionar maior segurança 
no trabalho (ROSSI, BARATA, 2009).
Silva e Farias (2007) relatam seis estágios 
principais para o sucesso na implantação da produção 
mais limpa: planejamento, diagnóstico, avaliação, 
viabilidade, implementação e monitoramento e 
melhoria contínua.
De acordo com o CNTL (2013), produção 
mais limpa significa a aplicação contínua de uma 
estratégia econômica, ambiental e tecnológica 
integrada aos processos e produtos, a fim de 
aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, 
água e energia, através da não-geração, minimização 
ou reciclagem de resíduos gerados em um processo 
produtivo.
Rensi e Schenini (2006) sugere modificações, 
instigando toda a empresa a pensar em alternativas 
mais inteligentes e econômicas de produzir. Essa 
metodologia tenta integrar os objetivos ambientais 
aos processos de produção, a fim de reduzir os 
resíduos e as emissões em termos de quantidade e 
periculosidade.
Segundo Hirose (2005) na gestão empresarial 
são encontrados vários sistemas, como o de gestão 
do pessoal, de gestão da informação, de gestão 
da produção, etc. Todos são muito importantes e 
desempenham seu papel específico na eficiência da 
empresa. Dentre esses sistemas, a gestão ambiental é 
uma das que mais fornecem vantagem competitiva 
em relação à concorrência, pois seus efeitos se fazem 
sentir diretamente na relação da empresa com seus 
clientes e fornecedores.
INDÚSTRIA TÊXTIL
O setor têxtil e de confecção brasileiro tem 
destaque no cenário mundial, não apenas por seu 
profissionalismo, criatividade e tecnologia, mas 
também pelas dimensões deseu parque têxtil: é a 
quinta maior indústria têxtil do mundo e a quarta 
maior em confecção; o segundo maior produtor de 
denim e o terceiro na produção de malhas (CNI, 
2012).
A indústria têxtil representa importante 
setor da economia brasileira e mundial, tendo 
experimentado considerável crescimento nos 
últimos anos. Como consequência, essa indústria O 
processo de tingimento e acabamento têxtil depende 
diretamente da utilização da água, sendo usada em 
maior ou menor quantidade no processo conforme 
os produtos que serão tingidos e acabados (Zanonel; 
Schltz, 2009)
Segundo Bruno et al. (2009), essa indústria 
precisa inovar, mas as inovações deverão seguir cri-
térios ainda mais exigentes em termos do conhe-
cimento envolvido sobre os mínimos detalhes da 
produção, do suprimento e do consumo. Produtos, 
insumos, máquinas, processos, métodos e formas 
de organização do trabalho estarão cada vez mais 
condicionados ao impacto que causam ao meio am-
biente. A participação do consumidor e dos demais 
atores da cadeia têxtil e de confecção é fundamental 
para implementação das inovações desde a base do 
processo produtivo. Novos produtos e processos de 
baixo impacto ambiental estão ainda limitados pela 
capacidade das melhores tecnologias disponíveis e 
de uma abordagem sistêmica que integre anseios de 
atores sociais, sistemas produtivos e sistemas de pes-
quisa e inovação sob um mesmo marco cultural.
METODOLOGIA
A P+L avalia o processo produtivo por 
um todo, assim há necessidade de constituir um 
Ecotime multidisciplinar, na qual foi composta por 
1 mecânico, 3 operador de rama (1 por turno), 3 
tintureiro (1 por turno), 1 supervisor.
Inicialmente [houve uma] palestras e 
treinamentos aos [colaboradores], mostrando 
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a importância da redução de resíduos na fonte 
geradora, no sentido de como acondicionar e 
utilizar corretamente os insumos e matérias-primas 
(SOARES et al., 2007).
A empresa estudada é do setor têxtil, onde 
proporciona o tingimento e acabamento de malha 
sintética e natural, com capacidade para 300 toneladas 
ao mês, localizada na região metropolitana de São 
Paulo. Foram estudados os dados gerais da empresa, 
visando avaliar grau de desenvolvimento tecnológico 
e condições do maquinário, adaptando-o conforme 
fluxograma 1.
Segundo Yin (2005), a metodologia de estudo 
de caso se presta para pesquisas que procuram 
respostas a perguntas do tipo “como” e “por que”, 
quando a ênfase se encontra em fenômenos inseridos 
em algum contexto da vida real. O estudo de caso é 
adequado para analisar condições contextuais, caso 
sejam pertinentes ao fenômeno em estudo (YIN, 
2005). 
Fluxograma 1. Passos para a Produção mais Limpa, Adaptado de CNTL (2006).
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A vantagem de estudos de caso realizados pela 
coleta de dados a partir da observação participante é 
a oportunidade de se perceber a realidade do ponto 
de vista de alguém de “dentro” do estudo de caso 
para proporcionar um retrato acurado do fenômeno 
analisado (YIN, 2005).
RESULTADOS
Antes de qualquer atividade na empresa, 
houve uma visita técnica, que consistiu conforme 
Werner et al. (2012) em realizar uma breve avaliação 
das atividades executadas pela empresa (fluxograma 
2) como objetivo de identificar as possibilidades da 
Fluxograma 2. Processo produtivo da organização
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implantação da Produção Mais Limpa, bem como o 
tempo dedicado a ela..
Formou o Ecotime, a diretoria disponibilizou 
um colaborador que investiu 80% de seu trabalho 
ao programa. As barreiras identificadas foram: 
limitada capacitação e especialização, acesso a 
apoio técnico externo, informações em P+L, infra-
estrutura adicional e treinamento técnico no local de 
trabalho (ROSSI; BARATA, 2009), alta rotatividade 
de colaboradores, tomada de decisão apenas pela 
diretoria, falta de motivação dos colaboradores, 
pouca tecnologia e resistência a mudanças.
Para quebrar estas barreiras, incorporou 
no Plano de Participação de Resultados (PPR) 
itens como: redução de água (15%), redução vapor 
(10%), redução de energia elétrica (25%), redução 
de corantes e produtos auxiliares (40%), redução de 
absenteísmo (10%). Todos os itens tinha uma meta a 
atingir para receber a porcentagem referente.
O Ecotime apontou os processos preparação 
da malha, relaxamento, tingimento, lavagem 
redutiva, abrir a malha, rama e embalar como os 
pontos passiveis de melhoramento, destaque para 
tingimento e rama (fluxograma 2). 
Na tabela 1 observa-se a quantidade de 
água que Pinto e Leão (2013) encontraram para 
determinada composição de malha. Há também o 
volume antes e após a implantação do programa na 
empresa estudada, houve 
uma redução média de 
56,9% em 6 meses, aos 
12 meses foi necessário 
fazer ajustes fixando uma 
redução de 56,6% de água.
Para atingir 
esta redução instalou 
válvulas dosadoras, 
reformulou as receitas 
retirando o excesso de 
corante (reduziu em 8% 
o consumo) e sanou os 
vazamentos na tubulação (13 pontos). Passou a 
reutilizar o banho de tingimento, escolheu duas 
cores que mais processa (preto e branco) e criou um 
tanque para cada tonalidade com capacidade para 
10 mil litros, assim ao terminar o processo o banho 
não era mais enviado a ETE, mas para o tanque. 
Este banho contém apenas corante hidrolisado, sem 
capacidade de montar na fibra; passou também a 
reutilizar a água do resfriador da rama, na qual faz uso 
de 10.000 litros/dia. Para Kinlaw (1997) uma técnica 
comprovada de economia é a reciclagem, podendo 
cada empresa adaptar à sua realidade maneiras de 
recuperar e reutilizar até mesmo produtos químicos.
No período de 1 ano a organização deixou 
de desperdiçar 13.097.733,12 litros de água, 
considerando que o custo de R$2,37 m3, a economia 
anual foi de R$32.744.332,8; para canudo e plástico 
houve economia de R$5.338,26 e R$9.331,26 
consecutivamente. 
A economia em 18,1% em peso de canudo 
se deu com a redução do raio e da parede. O mesmo 
se deu para reduzir 21,2% de embalagem (plástico), 
reduziu a espessura de 0,11 mm para 0,08 mm, 
deixou de utlilizar plástico “virgem” para fazer de 
uma composição de reciclável (20%). 
Tabela 1. Relação L/kg de água para malha.
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Para a produção de tecidos 100% algodão, 
100% viscose e mesclas viscose/elastano, as etapas 
de tingimento e ensaboamento são decisivas no 
consumo de água, sendo que para os de algodão, a 
etapa de ensaboamento prevalece sobre o tingimento. 
Para tecidos de poliéster e mesclas de poliamida/
elastano o tingimento é o principal responsável. Em 
tecidos 100% poliamida, a etapa de purga apresenta 
o consumo de água mais elevado, seguida das etapas 
de aplicação do fixador e do amaciante (Pinto; Leão, 
2013).
No processo de tingimento houve redução de 
8% no corante, 17% na água, 9% em auxiliares, 27% 
em vapor e 5% em processo (tempo) de tingimento. 
Em 2011, das malhas tintas, 1,6% voltava para 
retingir (reprocesso), 1 ano após a implantação 
apresentou média de 0,6%.
A água do resfriador da rama foi destinada 
ao tanque que aquece água para as máquinas de 
tingir, assim a água chegava pré-aquecida sendo 
necessário menor quantidade de vapor para aquecê-
la a temperatura desejada. A manutenção da 
organização construiu um aquecedor solar sobre o 
telhado do prédio, obtendo água a aproximadamente 
80ºC. 
O exaustor da rama, que antes era 
direcionado para fora do prédio, foi redirecionado 
para o tanque que aquece água, o exaustor emite 
vapor a aproximadamente 180ºC. Antes de realizar 
esta mudança efetuou análise na água aquecida com 
este vapor para determinar possíveis substâncias que 
afetaria o processo produtivo. Este tanque passou a 
recircular água através de uma tubulação que passa 
por dentro da rama, a rama trabalha com temperatura 
aproximada de 220ºC. Este procedimento mantinha 
um tanque de 500 litros a temperatura de 100ºC.
Algumas máquinas aqueciam o própriobanho, nelas utilizava água provinda do aquecedor 
ou da tubulação que passava na rama. A máquina 
de tingir que gastava em média 30 minutos para 
aquecer à temperatura desejada, com a água pré 
aquecida passou a demorar aproximadamente 10 
minutos.
A ramagem é o processo em que os tecidos 
são presos somente pelas ourelas (laterais) e passam 
por uma estufa para secagem e/ou termofixação, sem 
sofrer nenhum contato em suas faces, resultando 
que o tecido saia sem variação em sua largura. O 
processo de termofixação é realizado em tecidos de 
fibras sintéticas (termoplásticas) para orientação 
dos polímeros nas fibras, fazendo que os fios se 
estabilizem na maneira em que se encontram na 
ligação do tecido, fixando a estrutura dimensional 
do mesmo (largura, gramatura) (Dicotone Têxtil, 
2012). Alguns artigos que era processado na rama 
e em seguida na sanforizadeira deixaram o processo 
rama depois de mudar o processo na sanforizadeira.
Sanforização é o processo de encolhimento 
mecânico do tecido no sentido do urdume 
(comprimento). Durante a construção dos tecidos 
os fios estão tensionados, fazendo que o tecido 
construído também saia da mesma forma tensionado, 
e um tecido confeccionado dessa maneira sofre 
grandes encolhimento durante a lavagem caseira, 
dessa maneira por exemplo seria necessário comprar 
uma calça maior que o tamanho da pessoa, para após 
a lavagem ela servir. Para evitar esse transtorno e as 
lojas poderem vender as peças de confecção pronta 
para o uso o tecido precisa ser encolhido antes de ser 
confeccionado. A sanforizadeira consiste em uma 
máquina que faz esse encolhimento no sentido do 
urdume do tecido. Processo comum em tecidos de 
algodão (Dicotone Textil, 2012). 
Em 2011, das malhas acabadas, 3,4% voltava 
para ramar (reprocesso) por estar com largura, 
ou gramatura, ou estabilidade ou trama fora da 
especificação, 1 ano após a implantação apresentou 
média de 0,8%. 
Na tabela 2, consta o consumo antes e 
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após a P+L, observa-se que o hipoclorito de sódio 
reduziu 40,30% e água 19,80%. Energia elétrica 
20%, considerando o custo de R$0,40364 por kw/h a 
organização economizou R$12.707,88, enfatizando 
que o cálculo foi realizado para a mesma quantidade 
de tecido acabado, uma vez que a produção em kg/
tecido subiu 36,4%. A maior economia ocorreu com 
hipoclorito de sódio (40,30%) precedido por fita 
adesiva (35,00%). O corante apresentou o menor 
ganho em relação a porcentagem 8,60%, seguido 
por detergente (9,40%).
Na figura 1 observa-se os produtos e 
contaminantes que apresentaram significativa 
redução e os insumos reutilizados. Todo o trabalho 
realizado no projeto Produção mais Limpa (P+L) 
desencadeou outro projeto, o 5S. De acordo com 
Pasquini (2012) 5S é a circunspecção que deve ser 
ensinado, aperfeiçoado até transformar em cultura 
organizacional.
A maioria dos artigos tem sua ourela 
cortada no final da rama, este corte representa 3% 
da diminuição do peso da malha (quebra), com 
instalação de um auxilio a ar comprimido para a 
máquina de corte, a quebra caiu para 2,1%. 
No processo geral a malha composta de 
Tabela 2. Relação de consumo de produtos antes e após a implantação do P+L.
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viscose tem uma quebra de aproximadamente 10%, 
com a instalação de um aspersor no final da rama 
após o resfriador a quebra atingiu 6,3%. Este aspersor 
foi construído pela manutenção da empresa, gerou 
uma economia de 75 mil reais ao construir, e não 
comprar. 
A necessidade do aspersor surgiu de 
brainstorming realizado com os colaboradores 
de chão-de-fábrica. Com ele conseguiu aplicar 
amaciantes, produtos auxiliares de acabamento, 
agentes antiestáticos, branqueadores ópticos, 
produtos antichamas, produtos hidrófobos, 
umectantes, produtos anti-rugas, produtos não 
filtrantes e água. Muitos dos produtos químicos 
citados era aplicado em forma de banho, com o 
aspersor a empresa adotou a filosofia da aplicação 
mínima. 
A discussão sobre a técnica de “aplicação 
mínima” iniciou-se aproximadamente 15 anos atrás, 
quando os preços de energia começaram a subir 
na Europa, forçando a indústria têxtil a procurar 
outras alternativas no beneficiamento. Outro 
motivo importante foi os recursos limitados no 
abastecimento de água. O consumo desnecessário 
nos processos de tingimento e acabamento 
inflacionam drasticamente os custos operacionais 
por metro de processado (ALVAREZ, 2013).
Segundo Medeiros (2007) a Produção mais 
Limpa que prima para a melhora da conduta ambiental 
das organizações, também pode proporcionar 
redução de custos de produção e aumento de 
eficiência e competitividade; redução de multas e 
penalidades por poluição; acesso facilitado a linhas 
de financiamento; melhoria das condições de saúde 
e de segurança do trabalhador; melhoria da imagem 
da empresa junto a consumidores, fornecedores 
e poder público; melhor relacionamento com os 
órgãos ambientais e com a comunidade; maior 
Figura 1. Itens do processo que obteve redução.
78Revista Eletrônica Ambiente - Vol. 6
satisfação dos clientes.
As vantagens da P+L, comparada com as 
tecnologias convencionais de fim-de-tubo são as 
seguintes (CNTL, 2003): redução da quantidade de 
materiais e energia usados; exploração do processo 
produtivo com a minimização de resíduos e emissões, 
induzindo a um processo de inovação dentro da 
empresa; processo de produção é visto como um 
todo, minimizando os riscos na disposição dos 
resíduos e nas obrigações ambientais; caminho para 
um desenvolvimento econômico mais sustentado, 
através da minimização de resíduos e emissões 
(MEDEIROS et al., 2007).
Há a necessidade de enfatizar a busca por 
alternativas e métodos de produção que otimize 
o uso de insumos, como: água, energia, produtos 
químicos e outros, pois cada grama de contaminante 
presente no efluente ou nos resíduos gerados nos 
processos industriais, são insumos e matérias-
primas que foram pagas pela indústria, assim como 
todo o capital investido para a remoção destes 
contaminantes do efluente, de forma a se atender 
aos padrões estabelecidos em normas ambientais 
(MIERZWA e HESPANHOL, 2007).
Clientes enviavam malha embalada em saco 
plástico, onde a tinturaria vendia estas embalagem 
para reciclar por R$0,03; o cliente comprava por 
R$0,95. Em reunião com clientes a empresa mostrou a 
vantagem em reutilizá-las. Doravante as embalagens 
foram devolvidas aos clientes proporcionando-os 
ganho financeiro e a empresa credibilidade. 
CONCLUSÃO
O custo de introdução do programa foi 
financiado pela economia obtida no processo. 
A redução ou eliminação de produtos ou cargas 
contaminantes foram facilmente obtidos por 
práticas simples de Produção mais Limpa (P+L). 
Esta ferramenta proporcionou a organização o 
bem mais precioso, financeiro; através do melhor 
uso e economia da água, energia elétrica, matérias-
primas e geração de resíduos, com isso aumentou a 
vantagem competitiva perante os demais. 
Todos os itens estudo como: energia (20%), 
água (19,80%), detergente (9,40%), ácido (13,65%), 
corantes (8,60%), lenha (10.60%), barrilha (10,68%) 
etc, apresentaram significativa redução de consumo. 
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