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Sobre Comportamento e Cognição Desafios, soluções e questionamentos Volume 23 Organizado por Regina Christina Wielenska ESETec Editores Associados 2009 Copyright © desta edição: ESETec Editores Associados, Santo André, 2009. Todos os direitos reservados Wielenska, R.C. Sobre Comportamento e Cognição: Desafios, soluções e questionamentos - Org. Regina Christina Wielenska 1fl ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2009. v.23 504 p. 23cm 1. Psicologia do Comportamento e Cognição 2. Behaviorismo 3. Análise do Comportamento CDD 155.2 CDU 159.9.019.4 isbn 978-85-7918-003-3 ESETec Editores Associados Diagramação e arts: Ana Carolina Grassi Leonardi Sol/citação de exemplares: comercial@esetec.com.br Santo André-SP Tel. (11) 4438 6866/ 4990 5683 www.esetec.com.br mailto:comercial@esetec.com.br http://www.esetec.com.br Sumário Apresentação 9 Regina Christina Wielenska Atendimento Clínico para Luto no Enfoque da Terapia Cognitivo- Comportamental 13 Adriana Cardoso de Oliveira e Silva Habilidades Sociais de Universitários: Procedimentos de intervenção na perspectiva da Análise do Comportamento 21 Alessandra Turini Bolsoni-Silva Intervenções comportamentais numa oficina de música em um grupo de usuários de um serviço de saúde mental 53 Alex Roberto Machado, Elizeu Batista Borloti Uma defesa do determinismo no Behaviorismo Radical 65 Alexandre Dfttrich Uma leitura comportamental de respostas de escolha e consumo a partir de três estudos originais 73 Alexandre Vianna Montagnero, Gé)son Luiz Graça Martins, Luciano David, Mõnica Pontes Carvalho, Paulo Leandro Graça Martins Luto infantil: um estudo de caso baseado na análise do comportamento 85 Alyne Nogueira Teixeira, Patrícia Cristina Novaki Descrição e análise de contingências na proposta de Estatuto da Pessoa com Deficiência 97 Ana Cláudia Moreira Almeida-Verdu, Cibele Zanirato Cabral, Kester Carrara, Alessandra Turíni Bolsoni-Silva Comparação entre dois modelos experimentais de depressão: desamparo aprendido e chronic mild stress 111 Ana Carolina Trousdell Franceschini, Maria Helena Leite Hunziker Preconceito e agências controladoras: uma análise do filme “Homens de honra” 118 Ana Karina C. R. de-Farias, Najla Leitão Fraxe, Hildete Rosa dos S. Alves Análises de Práticas Culturais na Família, no Sistema de Saúde e em Microssociedades no Laboratório 127 Ana Rita Coutinho Xavier Naves, André Luiz de Almeida Martins, Fábio Henrique Baia, Laércia Abreu Vasconcelos Análise Comportemental do Ver e do Ouvir na ausência dos respectivos estímulos 138 Ana Terra de Araújo Rodrigues, Gina Nolêto Bueno A atuação do Analista do Comportamento na Política Pública de Assistên cia Social 152 Andreza Garbeloti Passos, Luciana Aparecida Zanella Gusmão. A interface entre a psicoterapia comportamental e a prática psiquiátrica 162 Andreza Ribeiro Gomes, Maria Cecília Freitas Ferrari e Henrique Tuccí Um estudo dos instrumentos para avaliação da aliança terapêutica na pesquisa clínica 169 Angélica Simone Escabora, Leandro André Santana Silvestre, Denis Roberto Zamignani Dor e comportamento 188 Antonio Bento Alves de Moraes, Aderson Luis Costa Jr, Gustavo Sattolo Rolim Controle de Estímulos na Crônica "O verdadeiro José” de Luís Fernando Veríssimo 193 Ariene Coelho Souza, Cássia Leal da Hora, Maria Eugênia de Mathis, Paula Debert Análise das armadilhas de refòrçamento na interação pais e filhos 198 Bruna de Moraes Aguiar, Cynthia Borges de Moura, Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Análise do movimento dos olhos como meio de avaliação do “prestar atenção” na Análise do Comportamento 211 Bruno Angelo Strapasson, Kester Cariara Efeitos do uso do estabelecimento de metas sobre o desempenho de atletas de Tênis 219 Camila Hanjmisudo, Sílvia Regina de Souza O uso do automonltoramento na Análise do Comportamento 230 Carlos Henrique Bohm, Lincoln da Silva Gimenes Contextualismo e monismo neutro: reflexões ontológicas sobre a Análise do Comportamento 239 Carlos Eduardo Lopes Uma Interpretação pragmatista da variação e seleção na Análise do Comportamento 243 Carolina Laurenti Indisciplina Escolar: Discussões acerca da abordagem comportamental 249 Cláudia Cruz Gomes, Ezinete Nilva Amorim Alvarenga, Alex Roberto Machado, Pauliane Mantovani Sepulcro Contestações de clientes permitem aprimoramento do trabalho em Psicologia do esporte? 266 Cristiana Tieppo Scala Análise do Comportamento e Música: Letras e Conceitos 271 Cristiane Frandsca Ferreira Matos, Daniel Feitosa dos Santos Conceituação e análise do comportamento de obedecer em crianças: implicações para a clínica 281 Cynthia Borges de Moura, Annie Catharine Wielewicki Bueno, Bruna Colombo dos Santos, Ana Claudia Paranzini Sampaio Fatores de adesão e desistência em pesquisas: dificuldades e propos tas 296 Fabiana Pinheiro Ramos, Sônia Regina Fiorim Enumo Atuação dos psicólogos brasileiros com portadores de diabetes e seus familiares 308 Fani Eta Kom Malerbi Intervenções clínicas em uma queixa de hiperatividade infantil 313 Franciele de Mari, Patrícia Cristina Novaki Criança em situação de risco: um estudo de caso em terapia analítico comportamental infantil 320 Gabriela Mello Sabbag, Caroline Guisantes de Salvo Toni Tenho medos diversos que Interditam minha vida: como posso controlá-los? 334 Gina Notêto Bueno, Angeluci Reis Branquinho Ribeiro, Jéssica Cirqueira Alves, Roberta Maia Marcon Quando as obsessões-compulsões interditam a vida: a intervenção petas estratégias comportamentais 346 Gina Nolêto Bueno Notas sobre o Comportamentl Verbal 361 Graziela Freire Vieira, lima A Goulart de Souza Britto Competência social, funcionamento adaptativo e rendimento acadêmi co do adolescente 370 Graziela Sapienza, Maria Aznar-Farias, Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Cálculo Renal - UTI: confronto com a morte versus encontro com a vida 380 Hèfia S. C. Fleury, Gina N. Bueno Esquizofrenia: intervenções operantes 393 lima A. Goulart de Souza Britto Contingências Estabelecedoras e Mantenedoras do Repertório Comportamental Bulímico 402 Iran Johnathan Silva Oliveira, Gina Nolêto Bueno Sobre o conceito de “eu” 417 Isaias Pessotti James e Skinner sobre a verdade 427 José Antônio Damásio Abib O trabalho do psicólogo clínico e do Acompanhante Terapêutico (AT) com crianças com problemas de aprendizagem 440 Jaide A. G Regra, Thais Albemaz Guimarães, Ana Carolina Furquim O comportamento de perceber na perspectiva behavíorista radical 470 João Henrique de Almeida, Heloísa Maria Cotta Pires de Carvalho, Maura Alves Nunes Gongora Adolescências, adolescentes, indivíduos que se comportam: uma leitura a partir de pressupostos analítico-com porta menta is 480 João dos Santos Carmo, Lívia de Oliveira Cunha, Evelyn de Cássia Pereira da Costa Ansiedade à matemática em alunos do Ensino Fundamental: achados recentes e implicações educacionais 488 João dos Santos Carmo, Rosana Mendes Éleres de Figueiredo O advento das terapias cognitivo-comportamentais e seu impacto no desenvolvimento de uma abordagem analítico-com porta mental dos eventos privados 496 João lio Coelho Barbosa Apresentação *V No ano em que a ABPMC completa 18 anos, tive a honra de ser convidada pela sua Diretoria a organizar os volumes 23 e 24 da coleção Sobre Comportamento e Cognição e a indicação do meu nome foi referendada em assembléia anual. Aceitei com prazer a tarefa de organizar os trabalhos referentes ao Encontro da ABPMC em 2009. Era um desafio grande, considerando-se a demanda dos presentes ã assem bléia de que fossem implantadas algumas mudanças na política editorial norteadora da coleção. Ao término de meses de trabalho, examino cada um dos artigos que compõem estes novos volumes, e reafirmo minha certeza, com base neste material, de que a comunidade brasileira de analistas do comportamento, e de terapeutas nas abordagens comportamental e cognitiva, se caracteriza por uma saudável diversidade, em termos deUnha de investigação, objetivos a alcançar, local de atuação, afiliação acadêmica, popula ção com a qual trabalha, entre outros atributos. Esta riqueza, de conteúdos e perspectivas, nos levou a publicar os artigos sem divisão temática, obedecendo apenas à ordem alfa bética do nome do primeiro autor. Foi uma dedsâo estratégica, cercada de algumas desvantagens, mas certamente suplantadas pelos benefícios, uma medida partilhada com a presidente Maria Martha Hübner. Acreditamos que inserir determinado artigo, por exemplo, entre os “casos dínicos”, de certo modo desconsideraria que esse mesmo trabalho poderia, também, ser corretamente classificado como um exemplo de “interven ções na comunidade* ou de ‘atuação em sefviços de saúde". Talvez não tenhamos uma classificação perfeita, e quisemos evitar que cada capítulo ficasse restrito ao rótulo sob o qual estaria abrigado. Vamos deixar que os próprios capítulos sejam faróis que orientem a navegação dos leitores ao longo da obra. Conforme decidido na Assembléia da ABPMC em 2008, manteríamos uma postura editorial de inclusão, procurando cuidar sistematicamente dos aspectos for mais e de conteúdo (o segundo grupo, deliberadamente em menor escala). Precisei iidar com a qualidade das imagens, completude e precisão das referências bibliográfi cas, prazos para submissão compatíveis com a necessidade de revisar os artigos e fornecer feedback aos autores. Estes, pela primeira vez, foram instados a aderir a re gras mais rígidas, no intuito de homogeneizar o aspecto formal de cada artigo, para Sobre Comportamento eCogriçâo 9 estabelecer alguma harmonia estrutural entre os textos da coleção, sem comprometer a originalidade e riqueza de cada um. Muitos equívocos foram cometidos por mim: levei tempo demais para encontrar um bom sistema de nomeação dos arquivos de textos e de imagens, queria agrupá-los de modo a evitar que algum material ficasse “perdido" nos meandros de quatro computadores e nas pastas dos três programas de troca de e- mails que utilizei ao longo do trabalho. Hoje sei, por doloroso contato com as contingên cias que controlaram meu desempenho, que é prudente restringir o uso de alternativas tecnológicas (webmail OU Outlook Express, por exemplo, nunca ambos), sei agora que é preciso salvar sistematicamente tudo, em locais distintos, sincronizar pastas... Tais falhas provavelmente incomodaram autores, precisei inclusive solicitar o reenvio de materiais já editados e aprovados! Faço questão de agradecer muito aos autores; todos foram pacientes, disponíveis, empenhados e coíaborativos. A vantagem de organizar a Sobre Comportamento e Cognição é estudar, ainda que brevemente, temas que não fariam parte das minhas leituras regulares. Tão rico substrato ampliou meus conhecimentos. Recomendo a cada leitor que se disponha a interagir com artigos com os quais habitualmente não entraria em contato, tenho certe za de que a experiência será enriquecedora. Nos presentes volumes há predomínio de artigos que, à primeira vista, poderi am ser denominados “clínicos”. A leitura deles nos revela que a terapia pode ser um trabalho desenvolvido em hospital-geral, consultório particular, clínica-escola, centro comunitário de atendimento à saúde mental, entre outros contextos, e com pessoas de diferentes idades e enfrentando problemas bastante distintos. Felizmente, não há uma clinica uniforme e pasteurizada Por sua vez, encontramos artigos supostamente conceituais ou filosóficos, e eles necessariamente subsidiam toda forma de trabalho aplicado, promovem avanços do nosso entendimento dos problemas que a área atravessa atualmente e/ou propõem um novo olhar sobre temas já conhecidos. Outros artigos poderiam, ainda, ser vistos como descrições funcionais do desenvolvimento humano; são análises dos processos envolvidos na aquisição de habilidades complexas, fenômenos ocorridos no meio da família, no universo da escola ou em outras situações. Apreendemos o homem quando entendemos como e o que ele aprende? Quem tiver olhos atentos, conseguirá reconhecer que alguns dos artigos esca pam do terreno remediativo ou terapêutico, porque nos sugerem principalmente manei ras de prevenir problemas graves, relacionados a contingências aversivas, que afetam tanto indivíduos como grupos. Em suma, temos aqui volumes que são excelente matéria prima para cursos de psicologia, educação, medicina, entre outras áreas, seja em níveis introdutórios ou bastante avançados. A educação continuada se beneficia com o lançamento de obras como a Sobre Comportamento e Cognição, estas fadlitam a disseminação do conheci mento entre profissionais que vivem distantes dos grandes centros produtores e difusores do conhecimento sobre as ciências do comportamento. Mais uma vez agradeço à Diretoria da ABPMC e aos presentes à assembléia pela oportunidade que me foi concedida. Aprendi muito, os desafios valeram a pena. Avaliar globalmente o resultado é agora dever da comunidade que usufruir dos volumes agora lançados. Ao organizar o material submetido à publicação, tenho certeza que contribui para nossa comunidade de forma infinitamente inferior à dos autores, estes é que se 10 R e g h a Christina W ietenska dedicaram, corajosa e disciplinadamente, à produção de artigos e a partilhar conosco seu extenso saber, inquietações, acertos e ocasionais equívocos. Por fim, reconheço o grande apoio da ESETEC ao projeto da Coleção. Trata-se de uma casa editorial que se dispõe a publicar regularmente nossos novos volumes, mesmo sabendo que lhes impomos prazos restritos para a execução do complexo trabalho de editoração gráfica. E mais, consumimos tiragens modestas de cada obra, num período relativamente longo de tempo e atuamos de forma artesanal, por vezes sob efeito de contingências conflitantes ou que não estão suficientemente claras para que os envolvidos possam tomar decisões com tranqüilidade e certeza do acerto. Aos leitores, meus votos de que os capítulos da coleção elidem em vocês um estado de encantamento e inquietude, e que funcionem eficazmente como operação estabelecedora para a emissão de comportamentos relacionados ao crescimento inte lectual e ampliação, no Brasil, da ciência que escolhemos praticar (ou que nos esco lheu, como diriam alguns). Abraços e agradecimentos irrestritos. Regina Christina Wielenska Sobre Comportamento «Cognição ti Capítulo 1 Atendimento Clínico para Luto no Enfoque da Terapia Cognitivo- Comportamental. Adriana Cardoso de Oliveira e Silva Universidade Federal Fluminense 1. Introdução. Apesar de a morte ser a única certeza que temos na vida, evitamos pensar sobre ela, seja a nossa própria, seja a dos que nos cercam e, quando somos atingidos pela perda definitiva de quem era parte importante de nossa existência, ficamos aturdi dos, despreparados que somos para lidar com as questões relativas à finitude. A morte de um ser humano pode ocorrer de diversas formas, em diferentes momentos de seu dcto de vida, fazendo com que diferentes elos de ligação sejam partidos. Cada tipo de morte tràrá diferentes desafios adaptativos para aqueies que sofreram a perda e têm que aprender a seguir com suas vidas apesar da ausência daquele que já não faz mais parte de seu convívio. Vivemos em uma sodedade que, por negar a morte (Áries, 1982, 2003; Becker, 1973), evita falar de assuntos reladonados a ela e, com isso, isola seus membros que passam por experiêndas de perdas, fazendo com que atravessem o processo de luto de forma solitária, sem compreender bem pelo que estão passando e, muitas vezes, chegando a acreditar que podem até mesmo estar “enlouquecendo’' devido a eventos comuns a esse período como, por exemplo, as alucinações com referência ao ser perdido. Em um tempo marcado por características de ambigüidade, consumismo e impermanência, manifestas, inclusive, nas relações interpessoais, assim como de incerteza e falta de controle sobre o que é vivendado (Bauman, 2008, 2007, 2001 e 1999), aqueleque sofreu a perda, sente-se sozinho e inseguro, perdido e isolado dos demais, obrigado a continuar vivendo e produzindo, apesar de seu momento de iuto. Considerando esse contexto, para os integrantes de nossa sodedade, é difícil aceitar que algo possa demorar a acontecer e, conforme Corr (dtado por Prízanteli, Sobre Cornportamertoe Cognição 13 thais Highlight thais Highlight Santos e Camanzi, 2005), o luto pode demorar mais tempo do que a sociedade estaria disposta a oferecer ao enlutado para este chegar a sua reorganização. Esse trabalho apresenta uma proposta de atendimento a pessoas enlutadas através do enfoque da Terapia Cognitivo-Comportamenta! (TCC). Um protocolo terapêutico através do qual a vivência do luto é valorizada e o sujeito não apenas encon tra um lugar onde pode se expressar sobre um assunto considerado tabu, como tam bém recebe orientações quanto ao que está passando e a ajuda necessária para executar as tarefas do iuto, com isso, facilitando sua readaptação à vida após a perda. A Terapia Cognitivo-ComportamentaI baseia-se em um modelo educacional e indutivo, tendo uma orientação objetiva e experimental. Antes que determinado procedi mento seja implementado na clínica, ele deve ser testado e fundamentado empiricamente, o que garante maior eficácia no tratamento de diversos transtornos mentais. A preocupação com a efetividade do tratamento é uma constante para os profissionais que atuam com esse modelo terapêutico, assim como a manutenção dos resultados obtidos através desse tratamento. Através de uma abordagem estruturada e diretiva, onde o paciente participa ativamente e a relação terapêutica é fortemente valorizada através do interesse genuino do terapeuta, assim como da demonstração de uma compreensão empática aliada à aceitação incondicional, busca-se a resolução de problemas específicos manifestados pelo paciente, sendo assim a TCC uma abordagem focal. Devido a todos esses fatores, em uma época na qual as pessoas não estão mais dispostas a passar longos períodos de tempo em terapia até que seus proble mas sejam resolvidos, a TCC mostra-se como a abordagem terapêutica que apresenta resultados mais eficazes em menor período de tempo. São conhecidas suas aplica ções no tratamento de transtornos psiquiátricos tais como: depressão, ansiedade, disfunções sexuais, fobias específicas, fobia sodal, transtorno obsessivo-compuIsivo, transtornos alimentares, estresse, hiperatividade, dependência química e transtornos da personalidade, entre outros. Sofrendo grandes avanços nos úttimos anos, a TCC tem estendido seus limites envolvendo hoje, além dos transtornos psiquiátricos já citados, diversos campos e popu lações específicas, podendo ser aplicada a casais, família, crianças, idosos, pessoas com defidêndas, problemas odontológicos, portadores de enfermidades orgânicas es pecíficas, e cuidadores familiares, além de suas aplicações em situações de crise. O protocolo de atendimento dtnico para luto, aqui apresentado resumidamen te, foi baseado tanto em dados da literatura, quanto na experiênda dos próprios seres enlutados, analisada através de pesquisa qualitativa realizada antes de sua elabora ção, em busca das reais demandas dessa população, assim como de suas maiores dificuldades nesse período, de modo que a versão final do protocolo, realmente, fosse apropriada às necessidades dos sujeitos que atravessam o processo de enlutamento. 2. Características do iuto No DSM-IV-TR (APA, 2002) o luto encontra-se catalogado no eixo V, relativo à avaliação global do funcionamento, categoria V62.82: “Essa categoria pode ser usada quando o foco de atenção dínica é uma reação à morte de um ente quando. Como parte de sua reação à perda, alguns indivíduos enlutados apresentam sintomas característicos de um Episódio Depressivo Maior (p. ex„ sentimentos de tristeza e sintomas associados, tais como insónia, perda 14 Adriana Carctoso de Oliveira eSiva thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight de apetite e perda de peso). 0 índividuo enlutado tipicamente considera seu humor deprimido como ‘normar, embora possa buscar auxílio profissional para o alivio dos sintomas associados, tais como insônia e anorexia. A duração e a expressão do luto ’normal" variam consideravelmente entre diferentes grupos culturais. O diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior geralmente não é dado, a menos que os sintomas estejam presentes 2 meses após a perda. Entretanto, a presença de certos sintomas que não são característicos de yma reação ‘normal’ de luto pode ser útil para a diferenciação ente o luto e um Episódio Depressivo Maior. Exemplos: 1) culpa acerca de coisas outras que não ações que o sobrevivente tenha realizado ou não à época do falecimento; 2) pensamentos sobre morte, outros que não o sentimento do sobrevivente de que seria melhor estar morto ou de que deveria ter morrido com a pessoa falecida; 3) preocupação mórbida com inutilidade; 4) retardo psicomotor acentuado; 5) prejuízo funcional prolongado e acentuado; 6) experiências alucinatórias outras que não o fato de achar que ouve a voz ou vê temporariamente a imagem da pessoa falecida." No caso do diagnóstico de luto, por sua semelhança de sinais e sintomas com quadros de depressivos, é necessário estabelecer algumas bases para um diagnósti co diferencial. Algumas diferenças bem marcadas podem ser observadas entre os dois qua dros, segundo Guisolfi, Broilo e Aguiar (2001). No quadro de luto, as ideações suicidas são raras, nos quadros depressivos, comuns. As auto-acusações são direcionadas ao modo como o falecido era tratado, no caso do luto, na depressão, são generalizadas. Os sentimentos generalizados de desvalia também se mostram presentes, como ca racterística, nos quadros depressivos. No luto, os sintomas tendem a ser auto-limitados, sendo que em aproximada mente dois meses os aspectos mais essenciais de seu funcionamento já são resgata dos, e ao longo do tempo os demais sinais e sintomas tendem a se esvanecerem. Na depressão, os sintomas não apenas não se esvanecem como podem piorar, permane cendo presente após anos. Em relação, ainda, ao esvaecimento de sintomas ao longo do tempo, devemos lembrar de uma condição denominada “luto patológico" ou “luto atípico" que, apesar de ser um conceito polêmico, conforme Ghisolfi, Broilo e Aguiar (2001), aparece com freqüência na literatura sobre o tema (Blazer e Koening, 1999; Bromberg, 2000; Gallagher- Thompson e Thompson, 1999; Parles, 1998; Worden, 1998 e outros). As principais categorias de tutos patológicos, ou atípicos, são: luto crônico, luto adiado, luto exagera do e luto mascarado. No luto patológico, a tristeza e a lamentação diante da perda do ser querido, podem variar desde o adiamento, ou mesmo ausência, até uma tristeza devastadora, que pode aparecer, então, associada a ideações suicidas e sintomas psicóticos. Parkes (1998) estabelece cinco estágios para o luto normal, sendo eles; Alar me, Torpor, Procura, Depressão e Recuperação/ Organização. A fase denominada Alar me se caracteriza pelo estresse manifestado em reações fisiológicas, como aumento da pressão arterial e freqüência cardíaca. O Torpor é uma fase em que o sujeito tenta proteger-se do desespero agudo, aparentando estar afetado apenas superficialmente pela perda. Na Procura, a pessoa perdida é constantemente buscada. A fase de De pressão é caracterizada pela desesperança em relação ao futuro e pelo retraimento social. Através de adaptações, a pessoa consegue imaginar uma continuidade de sua existência na fase de Recuperação e Organização. Sobre Comportamento e Cognição 15 thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight Jonh Bowlby {1997, 1998) desenvolveu diversos estudos sobre as reações às perdas e elaborou uma divisão o luto em cinco estágios. 0 primeiro deles: Torpor e Protesto é similar ao Protesto, descrito por Parkes (1998),iniciando-se por desespero agudo, envolvendo negação e ataques de raiva e aflição. Essa fase pode durar de breves momentos até dias, podendo ser revivido periodicamente por meio da lamentação. O segundo estágio se mostra pelo Desejo Intenso pela Presença da Pessoa Perdida e conseqüente busca por essa presença, sem a qual o mundo parece não ter sentido. Aparece a inquietação física e uma preocupação com o falecido. Pode durar de sema nas até anos, de forma atenuada. A terceira fase corresponde a Desorganização e Desespero, onde a realidade da perda começa a ser assimilada, as emoções de perda são repassadas e memórias revividas. A pessoa pode parecer retraída, apática e inqui eta. Insônia e perda de peso são freqüentes nesse período. Desapontamento do enlu tado por reconhecer que o que tem são apenas recordações. O estágio final é a Reorga nização, quando a pessoa começa a sentir como se voltasse à vida através do estabe lecimento de novos objetivos. O falecido agora é lembrado com alegria, assim como com tristeza, e sua imagem é internalizada. Rando (1993), por sua vez, organiza as fases do iuto em três etapas. A primeira é denominada fase de evitação ou negação. Semelhante a dos outros autores já cita dos, essa fase aponta para a necessidade do reconhecimento da perda. A segunda fase definida pelo autor é chamada fase de confrontação. Nesse momento o enlutado deverá vivenciar a dor, reaja à separação, sinta também as perdas secundárias decor rentes da morte do ser perdido. Mostra a necessidade das recordações ligadas ao vínculo desfeito, enfrentando os sentimentos decorrentes desse processo. O terceiro estágio definido pelo autor é a acomodação, onde as readaptações à vida na ausência do ser perdido é o foco principal. É nessa fase também que se inicia a busca por novos projetos e o investimento em novas relações. Kubler-Ross (1996) estabelece o que vem a ser conhecido como “estágios da morte”, que seriam cinco fases que os pacientes terminais atravessariam ao longo do processo de morrer. Essas fases, no entanto, confomie esclarece a autora (Kubler- Ross; 2001, 1998), só são nomeadas como estágios da morte por “falta de uma expres são mais adequada” (Kubler-Ross, 2001; p.34), mas podem ser estendidas para qual quer tipo de perda. Esses cinco estágios, que servem apenas com finalidade didática, devendo-se sempre lembrar que nem todas as pessoas passam por todas elas, assim como não há uma ordem correta pré-estabelecida que deva ser seguida por todos os sujeitos que se deparam com a finitude, seja a própria ou a de alguém que faça parte de sua vida (Kubler- Ross, 1998a). As cinco fases são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Na fase de negação o sujeito nega a realidade. Para ele, è como se nada houvesse ocorrido ainda e ele permanece seguindo sua rotina como se nada de dife rente houvesse ocorrido. Nesse momento ele ainda não tem a percepção de que a morte / perda realmente ocorreu. A segunda fase, denominada raiva, pode ser expressa com grade intensidade ou abafada por causa de sentimentos de culpa e inadequação. É freqüente na pessoa enlutada que ela sinta essa raiva em relação aos médicos (que deveriam ter feito mais), em relação a ela própria (por não ter conseguido impedir que o fato ocorresse, ou por não ter realizado determinada tarefa que tinha pendente em relação ao ser agora mor to), ou mesmo em relação ao morto (por ter partido, por ter abandonado, etc). Esses pensamentos e sentimentos podem gerar, além de culpa, vergonha. 16 Adriana Cardoso de Oliveira eSiva thais Highlight A barganha, terceira etapa, é caracterizada por uma tentativa de negociação. No caso do paciente terminal, se manifesta geralmente com o paciente dizendo que após determinado evento I acontecimento, poderá então morTer tranquilamente, ou seja, acei tará a morte. Porém, depois de ocorrido o tal evento, surge um novo, e o processo pode se estender indefinidamente. No caso de pessoas que passam por situações de luto, essa barganha muitas vezes se mostra em relação a algurrt contato com o seu perdido, algum tipo de elo ou comunicação que supostamente facilitaria a aceitação da perda. As vezes pode se mostrar presente como o “só mais uma vez”. No período de depressão, o paciente já percebe a morte ou a perda como real e irreversível, e também já percebe que brigar com todos e mesmo consigo mesmo, assim como buscar negociações não trará o que foi perdido de volta. É um momento de tristeza e vazio, onde o sujeito pode se distanciar do mundo para viver seus sentimentos de solidão e pesar. O afastamento social no caso dos enlutados pode dfficuftar o pro cesso de readaptação à vida. Aceitação, semelhante no caso de enlutados à fase de reorganização, é quan do o sujeito consegue então interiorizar as características positivas do que foi perdido e trabalha mais intensamente na readaptação à vida. Percebe que a morte é irreversível e sabe que tem que seguir adiante de forma construtiva. Ao longo do processo de enlutamento o sujeito percorrerá essas fases, lem brando que nem todas as pessoas vivendam todas elas e de que não há uma ordena ção fixa em seu seguimento. Tendo características específicas, assim como sinais e sintomas típicos, é fundamental para o terapeuta o conhecimento pleno das particulari dades dessas diferentes fases para que ele seja capaz de, efetivamente, auxiliar seu cliente na elaboração das tarefas adaptativas necessárias em cada uma delas. 3. Terapia cognitívo-comportamental para o luto O protocolo de atendimento é dividido em 12 sessões, através das quais a pessoa enlutada possa desfrutar dos benefícios do trabalho individual, recebendo in formações sobre o curso normal do luto e, se necessário, esclarecimentos quanto a seu quadro em particular. O aprendizado de novas habilidades, tanto cognitivas quanto comporta mentais, que possibilitem ao sujeito a readaptação ao seu cido de vida, considerando a neces sidade de reformulações de papéis no sistema familiar e na sociedade de modo geral, é valorizado no processo. O atendimento deverá, necessariamente, abranger alguns itens que são fun damentais na vivência do luto: 0 Função psícoeducatíva, promovendo o esdarecimento sobre todas as alterações cognitivas, fisiológicas e comportamentais consideradas comuns durante esse periodo, reduzindo, desse modo, o índice de ansiedade. Esse momento tem função primordial, pois vivemos em uma sodedade que, por negar a morte, evita falar de assuntos relacionados a ela e, com isso, isola seus membros que passam por experiêndas de perdas, principalmente quando recentes, fazendo com que vivam suas experiência sozinhos, sem compreender bem pelo que estão passando e, muitas vezes, chegando a acreditar que podem até mesmo estar "enlouquecendo” devido a eventos comuns a esse periodo como, por exemplo, as aludnações com referenda ao ser perdido. O entendimento de que determinadas experiências são Sobre Comportamento e Cognição 17 thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight universais e esperadas naquele período é capaz de já provocar algum alívio para o sujeito, reduzindo dessa forma um fator motivador de ansiedade. D Entendimento e respeito às diferentes fases do enlutamento tidas como normais, sendo elas: alarme, torpor, procura, depressão e reorganização, segundo o modelo de Parkes (1998) e torpor e protesto, desejo intenso pela presença da figura perdi da, desorganização e desespero e reorganização, segundo Bowlby (1998). D Uso de técnicas que sejam condizentes com os diferentes momentos do sujeito, ou seja, que sejam compatíveis com a fase de enlutamento em que ele se encontra. D Treino de reconhecimento e auto-monitoração de pensamentos, sentimentos e com portamentos. 0 Abordagem dos principais sentimentos envolvidos no > processo do luto: tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, desamparo, choque, anseio pela presença do outro, emancipação,alívio, estarreci mento. G Esclarecimento quanto às principais queixas somáticas presentes nesse momento e desenvolvimento de estratégias para lidar com elas: vazio no estomago, aperto no peito, nó na garganta, hipersensibilidade ao barulho, sensação de despersonalização ("nada me parece real, indusive eu”), falta de ar, fraqueza muscular, falta de energia, boca seca. □ Abordagem das alterações cognitivas mais freqüentes durante o período do luto: descrença, confusão, preocupação, sensação de presença e alucinações, buscan do a readaptação do sujeito à vida cotidiana e melhor funcionalidade. □ Orientações e treino de técnicas para manejo dos problemas comportamentais, tais como: distúrbios do sono, distúrbios do apetite, comportamento “aéreo", isolamento social, sonhos com a pessoa morta, prática de evitação de coisas que lembrem a pessoa morta, passeio a lugares que lembrem a pessoa morta, portar objetos que pertenciam a ela, choro frequente, hiperatividade O protocolo de atendimento pode ser, didaticamente, dividido em três grandes blocos, de acordo com a finalidade proposta, sendo cada um deles equivalente a quatro sessões terapêuticas, ou seja, um mês de acompanhamento. Segue abaixo um resu mo dos principais pontos valorizados, por bloco: Primeiro mês: • Esclarecimentos quanto ao processo de enlutamento: - Segundo Parkes: Alarme/ Torpor/ Procura/ Depressão/ Reorganização • Aprender a identificar sinais e sintomas: - Sentimentos / Queixas somáticas/ Pensamentos e Comportamentos • Técnicas para controle da ansiedade e da depressão em momentos agudos: - Relaxamento (RMP) - Mudança de foco • Técnicas para manejo dos delírios e alucinações (se houver) • Reconhecimento da realidade da perda 16 Adriana Cardoso de O hdra e Siva thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight - Objetos e documentos que atestem/comprovem a realidade da morte (ex.: certidão de óbito) - Possíveis questões legais ainda envolvidas • Compartilhar a experiência da perda: - Estimulo ao contato familiar e com outras pessoas qile sofreram a perda da mes ma pessoa • Rituais de despedida - reunir material que lembre o ser perdido (fatos, objetos, filmes, etc) - visitas ao cemitério - técnica de visualização para despedida - “limpeza da casa ! quarto / armário” Segundo mês: • Resolução de problemas pendentes entre o sujeito enlutados e o ser perdido: - escrever carta ao morto • Criar rede de apoio social: - estimular o contato social (parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, etc.) - identificar as pessoas que fazem parte da vida do sujeito e que podem ajudá-lo - fornecer habilidades sociais para que o sujeito consiga obter o apoio necessário em sua rede de contatos. • Reorganização do sistema familiar • Redistribuição de papéis / Distribuição de tarefas - organizar a quem caberá as tarefas que antes eram executadas pela pessoa morta Terceiro mês: • Propiciar a readaptação da pessoa à vida cotidiana « Organizar horário de atividades semanais: - registro de atividades diárias • Investimento em novos objetivos de vida e novas relações: - ajudar a pessoa a identificar novos interesses - fornecer instrumentos para que a pessoa seja capaz de implementar novos projetos - desfazer crenças disfuncionais que impeçam a pessoa de investir em novas rela ções • Prevenção de recaída Conclusão O protocolo apresentado, resumidamente, foi elaborado dentro do enfoque da Terapia Cognitivo-Comportamenta!, sendo caracterizado como breve e focal, e direcionado para as necessidades específicas dos pacientes que atravessam esse momento impar da existência, através de técnicas que forneçam segurança a esses Sobre Comportamento« Cogniçio t9 thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight thais Highlight pacientes por serem testadas dinicamente e tidas como, além de seguras, também eficazes para o que se destinam. Referências Associação Americana de Psiquiatria. (2002). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. rev. Porto Alegre: Artmed. Ariès, P. (1982). O Homem Diante da Morte. 2. vois. Rio de Janeiro: Francisco Alves. Ariès, P. (2003). História da Morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Ediouro. Bauman, Z. (2008). Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Bauman, Z. (2007). Vida Liquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Bauman, Z. (2001). Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Bauman, Z. (1999). Modernidade e Ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar . Becker, E. (1973). A Negação da Morte. Rio de janeiro: Record. Blazer, D. G.; Koening, H. G. (1999) Transtornos do Humor. In E. W. Busse (org.). Psiquiatria Geriátrica. 2.ed. Porto Alegre: Artmed. Bowlby, J (1998). Apego e Perda: Perda: tristeza e depressão. V.3. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes. Bowlby, J. (1997). Formação e Rompimento dos Laços Afetivos. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes. Bromberg, M. H. P. F. (2000). A Psiooterapia em Situações de Perdas e Luto. São Paulo: Livro Pleno. Gallag her-Thompson, D.; Thompson, L. W. (1999). Luto e Transtornos de Ajustamento. In E. W. Busse (org ), Psiquiatria Geriátrica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed. Ghisolfi, E. S.; Broilo, L. O.; Aguiar, R W. (2001). Luto e Transtorno de Ajustamento. In F. Kapczinski (org ), Emergências Psiquiátricas .̂ Poito Alegre: Artmed Editora. Kubler-Ross, E. (2001). A morte: um amanhecer. Säo Paulo: Pensamento. Kitbler-Ross, E. (1998). Sobre a Morte e o Morrer: o que os doentes terminais tem para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes. Parkes, C. M. (1998). Luto: estudas sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus. Prizanteli, C. C.; Santos, S. R. B.; Camanzi, V. L. F. M.. (2005). Morte, Luto e Gênero: a questão de gênero do profissional de saúde e do paciente frente às vivências do luto e da morte. In M.H.P.Franco (org.). Nada Sobre Mim sem Afim; estudos sobre vida e morte. Campinas: Livro Pleno, pp.37-52. Rando, T. A. (1993). Treatment of Complicate Mourning. Illinois: Research Press. Worden. J. W. (1998). Terapia de Luto: um manual para o profissional de Saúde mental. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 20 Adriana Cardoso de O lk«iraeSiva Capítulo 2 Habilidades Sociais de Universitários: Procedimentos de intervenção na perspectiva da Análise do Comportamento. Alessandra Tu rínt Bolsoni-Silva Universidade Estadual Paulista Muitos estudos apontam que sucesso acadêmico e prevenção de evasão es colar e de transtornos de depressão e ansiedade estão diretamente relacionados com aquisição de habilidades sociais, justificando estudos junto a universitários. Estudos de caracterização têm encontrado queixas que envolvem falar em público, sobretudo apresentar seminários, conviver com colegas de república, morar em cidade diferente da dos pais e de namorado(a) o que exige novos operantes para obter reforçadores positivos e negativos. Diante desta demanda e com intenção de prevenir transtornos e conseqüente evasão da universidade vêm-se desenvolvendo desde 2003, no Centro de Psicologia Aplicada de uma universidade estadual paulista, intervenções em grnpo junto a esta população. Para tanto foi desenvolvido procedimento de avaliação e de intervenção de forma a garantir tambémo atendimento das demandas individuais, além das de grupo. Este capítulo tem por objetivo apresentar de forma didática um terceiro procedimento junto a esta população. Para tanto rapidamente é revisada a literatura da área e são apresentados resultados exploratórios que indicam os alcan ces do procedimento. A literatura nacional e internacional aponta para relação inversa entre repertó rio de habilidades sociais e problemas psicológicos para diversas populações, ocor rendo também no caso do estudante universitário. Por exemplo Furtado, Falcone e Clark (2003) e Ciarrochi, Deane e Anderson (2002) encontraram que quanto menos freqüentes são as habilidades sociais, maior o estresse. É notória a influência de cursos de graduação sobre assertividade e habilidades sodais (Del Prette & Det Prette, 1983, Del Prette, Del Prette & Branco, 1992, Gouveia & Pereira, 1994). Baker (2003) encontrou correlação positiva entre resolução de problemas e ajustamento, motivação e desempenho acadêmico. Na mesma direção, Veenman, Wilhelm e Beishuizen (2004) verificaram que quanto mais freqüentes as habilidades de auto-regulação, maior o auto-controle e monitoria do próprio comportamento e mai or a competência acadêmica. Sobre Comportamento® Cognição 21 Estudos de caracterização apontam para os seguintes temas a serem traba lhados com universitários: falar em público, lidar com relacionamentos amorosos (Boas & cols., 2005, Del Prette & Del Prette, 2003; Del Prette & cols., 2004; Pacheco & Rangè, 2006) e interação com familiares (Bandeira & Gaglia, 2005). Cada um desses temas implica em diversos comportamentos socialmente habilidosos, sendo alguns de maior dificuldade para os universitários: a) expressão de afeto positivo e de auto-controle da agressividade (Del Prette e cols. (2004); b) expres sar insatisfação e solicitar mudança de comportamento (Bandeira & Gaglia, 2005). Portanto, não obter sucesso no que diz respeito ao relacionamento interpessoal pode prejudicar a qualidade de vida das pessoas e o Treinamento de Habilidades Sociais dentro da universidade pode funcionar, na medida em que possibilita o acesso a esses reforçadores, à ampliando repertórios, contribuindo, assim, para relações satisfatórias e para a saúde do indivíduo (Bolsoni-Silva e cols., 2005). Alguns estudos de intervenção foram conduzidos com esse objetivo. De manei ra geral todos autores (Boas e cols., 2005; Deí Prette e Del Prette, 2003; Del Prette e cols. ,2006; Falcone, 1998) relataram sucesso através de sessões de grupo usando o IHS-DEL PRETTE (Del Prette & Del Prette, 2001a) como medida de pré e de pós-teste, ainda que com limitações devido ao baixo número de participantes e o controle de variáveis, sobretudo experimental. Destaca-se o estudo de Boas e cols. (2005), pois se refere ao estudo piloto, com quatro participantes, do procedimento descrito nesse capítulo, prevendo o treino de comportamentos socialmente habilidosos numa perspectiva analítico comportamental. Contou com 22 sessões que ocorreram uma vez por semana, com duas horas de duração, distribuídas no período letivo; houve avaliação pré e pós-teste através de entrevista dínica (Bolsoni-Silva, Bitondi & Carrara, 2008) e do IHS-DEL PRETTE. Os temas trabalhados foram: comunicação, direitos humanos, assertividade, dar e receber feedback, expressar sentimentos negativos, elogiar e agradecer elogios, lidar com críticas e autoconhecimento. Os universitários relataram superação das seguintes dificuldades: fazer elogios, iniciar e manter conversação, expor-se a situações sociais, discordar, autoconhecer-se e redução de sintomas de ansiedade que prejudicavam o dormir e favoreceriam o uso de bebida alcoólica. No entanto, todos os quatro apresen tavam indicação clínica para atendimento conforme o IHS-DEL PRETTE, o que não foi superado após a intervenção. A pesquisa de Boas e cols. (2005) permitiu a elaboração e testagem de um segundo procedimento. Esse contou com 20 sessões também distribuídas no período letivo, com duas horas de duração, mas os temas, enquanto categorias comportamentais, foram alterados de forma a atender o que estudos de caracterização indicavam: comunicação, expressar sentimentos positivos e elogiar, direitos humanos, conhecer sobre diferentes formas de se comportar (habilidoso e não habilidoso), ex pressar sentimento negativo e discordar, lidar com criticas. Tais comportamentos foram promovidos contingentes a dificuldades de relacionamento amoroso, familiar, amizade, autoridade e falar em público. Nesse caso o resultado, com 18 participantes, foi promis sor, uma vez que o escore total do IHS-DEL PRETTE aumentou significativamente (p = 0,001), além das mudanças em três dos cinco fatores avaliados (enfrentamento e auto- afirmação com risco - p = 0,001, conversação e desenvoltura - p = 0,031eAuto-exposi- ção a desconhecido e situações novas - p = 0,003). Em relação às entrevistas as queixas relatadas que envolviam falar em público e relacionar-se com diferentes pes soas foram superadas, conforme a percepção dos participantes. Entretanto não encon- 22 Alessandra Turini 6ofsor»-S#va traram diferenças estatísticas a expressão de sentimentos positivos (Fator 2) e o auto controle da agressividade (Fator 5) conforme o IHS-DEL PRETTE após a intervenção. Objetivo Com base nesses achados, surge um terceiro procedimento que prima por ser mais compacto (12 encontros) ocorrendo em um semestre tetivo visando manter os ganhos que os outros procedimentos obtiveram e ampliar a expressão de sentimento positivo e o auto-controle da agressividade. Caracterização da Intervenção A partir das avaliações realizadas são estabelecidos objetivos, para cada indi víduo, através de estudos de caso, que nortearão as intervenções. Essas deverão ocor rer uma vez por semana, com duração entre uma hora e meia e duas horas cada. Um possível esquema para as sessões é apresentado abaixo: * A primeira parte de cada sessão investiga tarefas de casa e acontecimentos da semana, buscando descrever antecedentes, respostas e conseqüentes, identificar dificuldades, realiza análises funcionais e treina repertórios (através de diversas técnicas, tais como, modelação, modelagem, reforçamento, role-playing). As tarefas recebidas por escrito também são devolvidas com feedback pelo terapeuta; * O próximo passo da sessão terapêutica é realizar uma exposição teórica dialogada acerca do tema (adaptado Del Prette & Del Prette, 2001b), momento em que nova mente são identificadas dificuldades, realizadas análises funcionais; c) na seqüência são ampliadas habilidades (das mais fáceis para as mais difíceis conforme Qua dro 1) identificadas a partir da literatura da área e a partir dos diagnósticos realiza dos na fase de avaliação; * Para que o repertório seja treinado, são realizadas vivências (Del Prette & Del Prette, 2001}, atividades de discussão e/ou role-playings. Interessante chamar a atenção para o fato das avaliações diagnosticas permitirem conhecimento prévio dos partici pantes, o que facilita, ao terapeuta, a realização de estratégias de intervenção (soli citação de modelo, por exemplo); e) Os participantes recebem uma pasta na primei ra sessão e também os conteúdos teóricos trabalhados em cada encontro; f) As sessões são finalizadas com a avaliação dos procedimentos e com a solicitação de tareias pana casa, que podem ser gerais e/ou específicas para cada participante. O quadro a seguir apresenta os temas que foram trabalhados, o qual tem por objetivo esquematizar didaticamente a seqüência do trabalho. Entretanto, os mesmos temas inevitavelmente foram Irabalhados também em outras sessões, por serem pré- requisitos para habilidades mais complexas. Importante lembrar que todos os assun tos foram trabalhados contingentemente às dificuldades encontradas, pelos participan tes, no seu cotidiano. Sobre Comportamento eCogriçáo 23 Planejamento geral dos encontros As Tabelas de 1 a 12 apresentam cada procedimento com as tarefasprevistas e o tempo estimado para sua realização. Bolsoni-Silva, Carrara e Marturano (2008) descrevem quais comportamentos o terapeuta precisa utilizar nos momentos de tarefa de casa, exposição teórica, treino de repertório e finalização. No caso dos universitários, como expressar afeto e auto controle da agressividade são comportamentos de maior dificuldade, em todas as sessões os terapeutas preocuparam-se em questionar e proporcionar treino desses comportamentos de forma contingente aos problemas rela tados, uma vez que são comportamentos que se mostram pré-requisitos para a emis são de outros comportamentos socialmente habilidosos, por exemplo, para iniciar e manter conversação, sobretudo diante de situações conflituosas, é imprescindível o auto-controle da agressividade e, sempre que possível, é recomendável que a interação social seja positiva e afetuosa. 2A Alessandra TurkilBolsoni-Sitva Tabela 1. Planejamento da 1a Sessão. Apresentação, verificação de expectativas. Integração e início do tema “Iniciar e Manter conversação”. J I 1 ro -*• m f i l g «■ ff 3 ' l i - za S & s -|9 > Í ^ i S a 3 ^ | ~ Islii M í*! 2 & 3 e"S 2.Í-S § S * 3 3 I S " * 3 ■g = | ' £?£^§ | í | £ p | d I (S»5 . a l í g l ? »• ’ ’ 'Z & ® K* • £ S8 E Í S | " o t f - I s S 8 | I I g 1 ã S f 1 lítli s -h, i l3 51 H? I S !s * I * f f • » o $ ípííjlrljl » f .! J 8! 1 i |!?sll I# 5 1 32 AlessdndraTuriniBobcrt-SI« Tabela 8. Planejamento da d* Sessáo Expressar santtmentos negativos, dar © receber feedback negativo, sofcitar mudança de com portam ento Ta btt e 9. Pla ne jam en to da 9* Se as to . L ida r com crí tic as . a dm itir p rtp rk» orr ot « pa dlr d m cu lp a» . Sobre Corrçiortamento* Cognição 33 Ta M « 11 . P tan aja m an to da 11 * Sa aa «o . R ela do na m an lo fam Ha r/ Dt alo ga r com oa pa la. Sobre Comportamento «Cognição 35 36 Atessandra Turini Boteoni-Si« _____________________________________________________________________________________ Objetivos _Conteúdo_M etodologia_______ Recursos Materiais Qurac&a • Apresentar de modo resumido os - apresentação do cronograma da - Exposição dialogada. ___ conteúdos que serão trabalhados na aessS o. 5 m in. Exposições teóricas Como apontado previamente e constante nas Tabelas de 1 a 11, o conteúdo das exposições teóricas foram elaboradas a partir de Dei Prette e Del Prette (2001b). Esse conteúdo é apresentado considerando o modefo colaborativo proposto por Webster-Stratton e Hertoert (2003) em que tanto o terapeuta como o cliente são partici pantes ativos e ambos conhecimentos são relevantes para a intervenção, nesse senti do antes de apresentar o conteúdo, algumas perguntas são conduzidas de forma a gerar reflexão e discussão, no grupo, conforme as demandas dos participantes. Por exemplo, na Sessão 2 o terapeuta pode fazer as seguintes perguntas: "como vocês acham que as pessoas fazem perguntas? ... porque elas fazem? ... que tipo de pergun tas podem ser feitas? ... como vocês avaliam o grau de dificuldade? ... o que vocês gostariam de mudar quanto a esse comportamento? ... “. Com base nos relatos o terapeuta deve apontar para o conteúdo do tema da sessão. Para exemplificar, encon tra-se a exposição teórica utilizada na sessão 10. Sessão 10 - Relacionamento Amoroso Relacionar-se afetivamente com alguém é algo que nos traz uma série de vantagens, como por exemplo: ser ouvido, obter atenção, carinho, ser valorizado, etc, mas nem sempre tudo funciona como queremos. Às vezes queremos um carinho a mais ou que nosso parceiro ligue com mais freqüência e não somos atendidos em nossa vontade. Mas por que será que isso acontece? O relacionamento amoroso depende de nós mesmos e do outro e nem sem pre nossos interesses correspondem ao do(a) parceiro(a); a partir dessas divergênci as surgem conflitos, brigas, discussões que geram sofrimento, culpas, mágoas e podem culminar com o fim do relacionamento, seja um namoro, noivado, casamento. E o que podemos fazer para evitar conflitos maiores. Primeiro lugar é se utilizar da expressão dos sentimentos e de opiniões, por exemplo: “Eu estou triste porque você deixou de me ligar ontem". Mostre-se empático: “Eu entendo que você chegou cansado e resotveu sair para se distrair". Apresente a maneira de se comportar que você espera: "da próxima vez ligue e me avise que irá sair e que por isso não conversaremos como de costume“; coloque o quanto agir da maneira como você espera pode ser bom para ambos: "Assim eu não fico chateada, você sairá tranqüilo(a) e no dia seguinte nós conversemos sem brigas ou discussões'. E quando ele(a) agir da maneira como você solicitou, não se esqueça, ELOGIE (Que bom você me ligou, isto demonstra o seu interesse e respeito por mim.), AGRADEÇA (Obrigada por me ligar, vou ficar mais tranqüila(o) agora.). Mas você pode se perguntar “E se meu parceiro(a) não concordar com aquilo que eu penso ou não aceitar minha proposta?". Como já discutido, o outro tem o direito de não concordar conosco e é nosso dever respeitar a sua posição assim como temos o direito de sermos respeitados também. Portanto o jeito é negociar, para isso é impor tante ouvir o que o outro pensa, sente, se necessário pergunte: 'Eu gostaria de saber o que você acha da minha proposta?*. Lembre-se: Negociar significa ambos os lados cederem, até chegar a um ponto comum, onde ambos saiam satisfeitos e não apenas um dos dois! Sotxe Comportamento «Cognição 37 Atividades de discussão O treino de repertório, como também previsto nas Tabelas de 1 a 12, é realizado através de análise funcional durante todo o encontro, de vivêndas (Del Prette & Del Prette, 2001b), de role-playings e de atividades de discussão, que se mostraram perti nentes em sessões determinadas. Essas atividades são apresentadas conforme cada sessão. Sessão 1: Regras do Grupo Em grupo, jamais dê a impressão que derrotou um dos colegas. A derrota em público é difícil de ser perdoada. Lembre-se, você não veio vencer, veio cooperar. Todos são responsáveis pelo êxito do grupo. Leve o companheiro (a) a partici par, a cooperar No grupo, todas as decisões devem ser discutidas por todos. Todos têm papel de colaborador Se sentir que está meio por fora, reivindique seu lugar no grupo. Sò se sente livre e autônomo no grupo quem conquista seu espaço nele. Procure participar, não espere que o convidem... No grupo, todos são iguais, embora diferentes... procure respeitar todos os membros do grupo. Não se envergonhe de expor suas idéias. Este é um espaço onde as pessoas podem expressar-se livremente e serem acolhidas, Não há certo e errado. Só pode haver diálogo se você aceitar provisoriamente o ponto de vista do outro. O contrário é monólogo paralelo. Não crie barreiras psicológicas contra idéias, só por que você não gosta das pessoas que as expressam. Ouça o ponto de vista do outro. Não fale baixinho com o companheiro ao lado: é uma agressão ao grupo. Podem pensar que você critica algum membro do grupo. Fale aíto, dirigindo-se aos outros. Evite a expressão "Não concordo!”. Discorde sem dizer que está discordando. Todos perceberão suá discordância. Expressões criam barreiras intransponíveis, e emocionam. Tente dizendo "E se talvez a gente pensasse assim: “é importante isso que você está dizendol mas eu penso que...". Se a reunião vai mal, proponha uma parada para examinar o que está impedin do a produtividade do grupo. Não deixe para criticar depois da reunião. Quem não sabe do assunto é extremamente útil ao grupo: faz perguntas. Se perce ber que não compreenderam certa afirmação, peça ao expositor para darear a exposição ou proposição: pergunte o significado das palavras usadas. Não deixe equivoco. Mantenha sigilo sobre tudo o que acontece no grupo. Essa é uma forma de respeitar o outro e garantir a confiança entre os membros do grupo.Procure não faltar. Sua presença é importante para o grupo, pois você é parte dele. Sugestão: Quando falar, olhe para todas as pessoas do grupo. Esta é uma habilidade importante, pois aumenta o interesse das pessoas em ouvi-lo. 36 Alessandra Turini Boboni-SIlva "Lembre-se que você é uma pessoa única no mundo, e que talvez nesse momento, você tem a única chance de mudar uma situação... O grupo precisa de você. Só você conhece a sua experiência... Coopere!' Sessão 4 ^ Os participantes encenam situações com as quatro possibilidades de desempe nho, a partir de fichas que descrevem as situações os quais apresentam dificuldades. Os que não vivendam a situação dão feedback positivo. Abaixo são exemplos adaptados de situações relatadas nas entrevistas individuais e/ou durante a intervenção. Situação 1: Seu namorado te liga à noite e fala que vai dormir em seguida. No outro dia, você fica sabendo que ele foi a uma festa. Entâo você: Comportamento A: Você foi numa festa? Sei... Mas você disse que não ia... Bem... É que eu achei que você não ia... Mas tudo bem. .. Comportamento B: Você foi à festa e não me avisou. Eu fiquei chateada com isso, achei que tínhamos combinado de avisar um ao outro quando resolvêssemos sair. Em uma outra ocasião, ficaria muito feliz se você me avisasse. Acredito que assim nossa relação será melhor. Comportamento C: Puxa vida! Assim não dá! Você sai, vai à festa! Está pensado que eu sou quem? ______________ Situação 2: Universitária é injustamente criticada pela sua professora por falhas no seu trabalho que não foram de sua responsabilidade. Uma colega aproveita também para criticá-la e olha para os outros colegas esperando aprovação. Você: Comportamento A: Qual é a sua, hein!? Em primeiro lugar, você não tem moral para estar criticando ninguém. Em segundo lugar, não se chuta cachorro morto. Em terceiro lugar, chega de conversa fiada. Comportamento B: Bem, não sei se concordo... Vai ver que você tem razão... Talvez... Olha, acho que é melhor a gente deixar as coisas como estão...vai que piora, né? Comportamento C: Eu não concordo com suas críticas. A “universitária” é uma pessoa merecedora de respeito. Creio que a professora está mal informada. Sugiro que a gente vá esclarecer isso com ela, tão logo seja possível. Eu me prontifico a ir, sozinho ou com outros colegas. Sobtí Comportamento «Cogniçào 36 Situação 3: Universitário vai até a locadora e aluga um filme de ação para assistir com a sua namorada. Só que quando ela vê o filme diz que nâo gosta de filme de ação, é chato e pede para ele ir trocá-lo. Você: Comportamento A: É... Eu aluguei um filme de ação... Mas você não gosta... Tudo bem...Vou ver se troco.... Comportamento B: Que saco! Toda vez você faz isso! Só fica me criticando! Eu nunca mais alugo nada! E quer saber, vou embora! Comportamento C: Eu aluguei esse filme para nos divertimos juntos. Da última vez assistimos a um filme que você escolheu. Fico chateado quando você só quer assistir a filmes do seu gosto. Você poderia assistir também filmes que eu gosto, assim poderíamos divkfir as escolhas dos quanto às temáticas. Situação 4: Universitária está numa fila de banco bastante grande quando vê o chefe de um departamento do trabalho ‘disfarçadamente’ entrar na sua frente. Comportamento A: Hei! Qual é! Eu estava aqui primeiro! Você sabe quanta coisa eu ainda tenho que fazer para ficar deixando neguinho entrar na minha frente?! Vai pegar o final que é bem ali, oiha! Comportamento B: [Resmunga baixinho:] Puxa, como essa mulher foi entrar na minha frente? Eu tenho tanta coisa para fazer e essa fila está demorando tanto e ainda entra mais um? Aí que raiva... Comportamento C: Moça, eu acho que você se enganou, o final da fita é logo ali atrás. Sessão 10 Será propiciado um relaxamento, com uma música suave de fundo. Durante o mesmo, os participantes serão induzidos a pensar nas suas relações afetivas presen tes e passadas (momento alegres, brigas, conflitos, expressões de sentimento, a ma neira como reagiu a estas situações, o que fez diante de situações desconfortantes ou alegres, etc). Após o relaxamento, os participantes deverão expor em um papel o que pensa ram, sentiram com relação aos seguintes aspectos: MOMENTOS ALEGRES: • Porque este momento pode ser considerado alegre? 40 AíessandraTurtnlBotsoni-ârtvii • Em que eu contribui para que este momento fosse alegre, feliz? ♦ Em que meu parceiro (a) contribuiu para que este momento fosse alegre, feliz? ♦ O que eu posso fazer diferente para que este momento seja melhor? MOMENTOS TRISTES OU CONFLITUOSOS: * Porque este momento pode ser considerado triste ou de conflito? * Em que eu contribui para que este momento fosse triste ou de conflito ♦ Em que meu parceiro (a) contribuiu para que este momento fosse triste ou de conflito? • O que eu posso fazer diferente para que este momento seja melhor? Sessão 11 O terapeuta entregará para os universitários um papel para que eles escrevam sobre a sua relação familiar na infância e hoje em dia, atentando para o que mudou e o que continua igual (quais eram e ainda são as estratégias parentais). O que os univer sitários tem de semelhante e diferente dos pais. Ao fazer isso, colocará uma música de fundo relaxante... “Agora nós vamos fazer uma viagem no tempo e relembrar do nosso relaciona mento com nossos pais e irmãos...Vamos lembrar de quando éramos crianças e está vamos na escola...Como era meu relacionamento com meus pais e irmãos...Eu podia expressar meus sentimentos negativos e positivos, as minhas opiniões, críticas...Quando fazia algo errado, como meus pais agiam...e quando fazia algo agradável...Vamos lembrar de algum momento muito feliz, o que eu fazia e como meus pais agiam...E um momento muito triste...quais foram as minhas ações e reações dos meus pais...Agora vamos lembrar da adolescência... Quais foram as principais mudan ças que ocorreram no meu relacionamento com a minha família...os momentos mais felizes, as dificuldades...guardei alguma mágoa...E hoje em dia...quando está o meu relacionamento com meus pais e irmãos...o que mudou de positivo...o que continua ainda sendo dificuldade ..no que me pareço e me diferencio dos meus pais e dos meus irmãos... o que eu quero mudar daqui em frente..." MEU RELACIONAMENTO FAMILIAR A partir do que relembramos, nós vamos escrever sobre o nosso relaciona mento familiar... • Como era o meu relacionamento com meus pais e irmãos na infância... Eu podia expressar meus sentimentos negativos e positivos, as minhas opiniões, críticas e pedidos? Quando fazia algo errado, como meus pais agiam? E quando eu fazia algo bom? • E na adolescência..- Quais foram as principais mudanças que ocorreram no meu relacionamento com a minha família? Quais foram os momentos mais felizes, as dificuldades? Guardei alguma mágoa? E hoje em dia, como está o meu relacionamento com meus pais e irmãos? O que mudou de positivo? O que continua ainda sendo dificuldade? No que me pareço e me diferencio dos meus pais e dos meus irmãos? Sobre Comportamento e Cognição 41 Sessão 12 Após a discussão do texto, a terapeuta dividirá os participantes em duplas e pedirá que eles apresentem partes do texto da própria sessão, simulando uma pales* tra. Os demais participantes poderão fazer perguntas sobre o conteúdo. Após a apre sentação, a terapeuta dará feedback positivo e perguntará: a) como se sentiram nesta situação improvisada?; b) dificuldades e facilidades; c) o que poderia ter sido diferente ou não; d) relação com a vida real. Após isso, será solicitado feedback positivo e nega tivo dos conteúdos veribais e não verbais aos outros participantes. Tarefas de casa Para finalizar a descrição do procedimento, apresentam-se as tarefas de casa utilizadas com o grupo, em cada sessão. Por vezes, é necessária a solicitação de tarefas específicas conforme a necessidade dos participantes. Exemplos de lição de casa: Sessão 1. Hoje nós discutimos sobre maneiras de iniciar,manter e encerrar uma conver sação. A proposta da tarefa de casa é fazer um exercício de observação dos momentos em que você predsa usar essas habilidades no seu dia-a-dia. Quando surgir a oportu nidade, observe-se interagindo com a outra pessoa e depois responda as questões: • Com quem você conversou? • Quem iniciou o assunto? • Sobre o que conversaram? ► Como foi a conversa (longa, curta, quem falou mais, se o assunto original se estendeu para outros assuntos)? • Quem encerrou o assunto? • Como você se sentiu após terminar a conversa? • Houve alguma dificuldade? Em que momento? O que você sentiu, pensou e fez em relação a essa dificuldade? • Como você avalia seu desempenho nesse exercício? Sessão 2. O tema central de nosso encontro foi sobre Fazer e Responder Perguntas. Nossa tarefa de haçje consiste em que você observe momentos em que você predsar se utilizar dessas habilidades e preencha o quadro abaixo (se necessário, utilize o verso da folha): (vide tabela página seguinte) 42 Alessandra T u r in l B o ts o n l-S lv a Sessão 3. Hoje nós discutimos o tema Direitos Humanos e Cidadania. A proposta da tarefa de casa é relatar situações em que você vivenciou a existência ou não da expres são ou do respeito ao direito humano. Atente-se para: * Qual era a situação em que ocorreu ou não a expressão ou respeito ao direito humano? » Quat foi a Comportamento das pessoas envolvidas? ■ Como você avalia o seu desempenho? * Como você se sentiu? Sessão 4. A partir do que discutimos hoje sobre os comportamentos habilidosos, não habilidosos passivos e não habilidosos ativos, observe algumas situações onde você agiu destas maneiras (ou alguém agiu com vocês destas maneiras) e responda as seguintes questões: Solve Conportamentoe CogriçSo 43 Comportamento Habilidoso: • Em que situação ocorreu? • O que você falou (ou falaram para você)? • O que aconteceu depois? » Como você se sentiu? Comportamento Não Habilidoso Passivo: • Em que situação ocorreu? • O que você falou (ou falaram para você)? • O que aconteceu depois? • Como você se sentiu? Comportamento Não Habilidoso Ativo: ■ Em que situação ocorreu? • O que você falou (ou falaram para você)? • O que aconteceu depois? • Como você se sentiu? Sessão 5. Para realizar essa tarefa, vocês deverão expressar sentimentos positivos, elo giar e agradecer a uma ou mais pessoas conhecidas, porém de uma forma diferente da habitual. Depois disso, vocês deverão descrever nessa folha como foi a tarefa. Expressar sentimentos positivos: • Para quem você expressou os sentimentos positivos? • Foi em qual situação? • O que você falou? (tente descrever os verbais e não verbais) • O que aconteceu depois? • Como você se sentiu? Houve dificuldades? Quais? Elogiar: • Quem você elogiou? • Foi em qual situação? • O que você falou? (tente descrever os verbais e não verbais). • O que aconteceu depois? • Como você se sentiu? • Houve dificuldades? • Quais? • Agradecer a elogios: ■ De quem você recebeu um elogio? • Foi em qual situação? 44 Alessandra TurW • Como você agradeceu? (tente descrever os verbais e não verbais). • O que aconteceu depois? • Como você se sentiu? Houve dificuldades? Quais? Sessão 6 A partir do que discutimos preencha o quadro seguinte (página a seguir) Sessão 7. Nesta tarefa você deverá realizar observação de situação onde envolva a habi lidade de Expressar e outra de ouvir opiniões. Essa observação pode ser feita preferen cialmente através de uma experiência vivida por você durante essa semana, ou caso não ocorra nenhuma situação favorável, você poderá escolher uma cena de filme e observar. Após a observação você deverá preencher o quadro (tabela 15): Sessão 8. Tarefa 1: você deverá realizar observação de situação onde envolva a habilidade de Expressar feedback e outra de receber feedback negativo. Essa observação pode ser feita preferencialmente através de uma experiência vivida por você du rante essa semana, ou caso não ocorra nenhuma situação favorável, você pode rá escolher uma cena de filme, novela e observar. Após a observação você deverá preencher o quadro a seu ir (tabela 16): Tarefa 2: escrever carta Nesta tarefa você deverá escrever uma carta. O conteúdo dela deverá estar rela cionado ao que foi escrito na dinâmica "Minha dificuldade”, portanto, você deverá exercer, através da escrita, a habilidade que você colocou como tendo mais dificuldade (expressar sentimento negativo, dar ou receber feedback negativo). Ela deverá ser endereçada a pessoa descrita no papel e o motivo deverá ser os escrito na situação da dinâmica. Obs: Esta carta não necessariamente deverá ser entregue ao destinatário. Ela tem a função de ser um exercício para você colocar em prática tudo o que já foi visto no grupo. Boa Tarefa! Sessão 9. Relatar por escrito alguma situação importante em que você teve de admitir um erro e pedir desculpas a alguém. Procure responder as seguintes perguntas: • Qual era a situação? • Por que você acha que você estava errado? • Você admitiu o erro? • Como você fez isso (o que você falou, tom de voz, momento)? • Por que você acha que agiu assim? • Qual foi a Comportamento da outra pessoa? • Como você se sentiu? • Gostaria de ter feito diferente? Sobre CotTfHX IBM KailoeCogniçfio 45 46 Alessandra Turin! Golsor^SOva Sessão 10. Nesta tarefa você deverá realizar observação e reflexão acerca das regras que fazem parte de seus relacionamentos afetivos (paqueras, ficar, namoro, etc). Escreva no quadro abaixo (pág. seguinte, tabela 17) quais as suas dificuldades e facilidades no que se refere as habilidades descritas no quadro abaixo e como você poderia mudar. Sessão 11. A tarefa desta sessão será escrever uma carta para algum de seus familiares. Vocês poderão expressar tanto sentimentos positivos quanto negativos. Se quiserem, poderão entregar a ele. Mas não esqueça de trazer uma cópia da carta e anotar quais foram às reações deles e suas para discutirmos na próxima sessão! Relato da pesquisa Participaram da intervenção cinco estudantes universitários, três homens e duas mulheres, um homem apresentava alto repertório de habilidades sociais em todos os fatores e no escore total do IHS-Del Prette e uma das mulheres era estudante de mestrado, o que levou a exdusão de ambos do relato de pesquisa, uma vez que a intervenção é voltada para estudante de graduação com alguma queixa interpessoal. Scbre Cmi yuitai rioÉoe Cognição 47 Desta forma, para a pesquisa, foram partidpantes dois homens (H1, H2) e uma mulher (F1). H1 tem 26 anos, cursa Desenho Industrial, solteiro e é bancário. H2 tem 23 anos, cursa Engenharia Mecânica, solteiro, F1 tem 21 anos, é solteira e cursa Designer. O partidpantes assinaram a um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse prometo tem a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da universidade em que foi conduzido. Foram respondidos três instrumentos: a) roteiro de entrevista semi-estruturado (Bolsoni-Silva, Bitondi & Marturano, 2008) que avalia queixas e variáveis relacionadas; b) IHS-Del Prette (Del Prette & Del Prette, 2001a); c) questionário de habilidades sociais para universitários - comportamentos e contextos. Os três instrumentos, em conjunto, permitem formular avaliações funcionais e objetivos individuais que oferecem subsídi os para a intervenção. Para este trabalho, por contenção de espaço, são apresentados os resultados referentes ao IHS-Del Prette. O Inventário de Habilidades Sociais IHS-Del Prette (Del Prette & Del Prette, 2001a) consiste de 38 questões, em que o participante responde com que freqüência reage a cada situação especificada. Os resultados são organizados em fatores e per mite avaliar indicação dínica para atendimento. Resultados preliminares São apresentados os resultados do fHS-Del Prette. A Figura apresenta os resultados obtidos com os valores totais e por fatores do instrumento, para cada instru mento, nas medidas de pré e de pós-teste. 48 Alessandra TurinlBolsaftSfca Pelas Figuras 1 e 2 notam-se melhoranos Escores Totais e nos percentis para todos os participantes. Destaca-se o Total e o Fator 1 (enfrentamento e auto-afirmação com risco) apresentaram melhores resultados, no pós-teste, quando comparados às demais avaliações. Considerando as classificações propostas pelo IHS-Del Prette tem-se: * H l já apresentava na primeira avaliação repertório bastante elaborado de habi lidades sociais, o que se manteve após a intervenção. Quanto ao Fator 1 (enfrentamento e auto-afirmação com risco) ele passou da classificação bom repertório abaixo da mediana para bom repertório acima da mediana. Quanto a expressão de sentimento positivo (Fator 2) e conversação e desenvoltura sociaf (Fator 3) havia indicação clínica no pré-teste, a qual permaneceu após a interven ção, ainda que tenha aumentado o escore. Quanto ao Fator 4 (auto-exposição a desconhecido e situações novas) havia indicação para treinamento e após a intervenção recebeu a classificação bom repertório acima da mediana. Em rela- Sobre Comportamento« CogriçSo 48 ção ao Fator 5 (auto-controle da agressividade) no pré-teste o cliente tinha bom repertório de habilidades sodais abaixo da mediana, passando para repertório bastante elaborado de habilidades sociais. Portanto, resumindo, pode-se afir mar que H1 permaneceu com alto repertório de habilidades sociais (escore total) e melhorou em três dos cinco fatores avaliados. • H2 melhorou o escore total (bom repertório abaixo da mediana para repertório bastante elaborado de habilidades sociais). Quanto ao Fator 1 o cliente, no pré- teste, tinha bom repertório abaixo da mediana passando a bastante elaborado de habilidades sociais. Quanto aos Fatores 2 e 3, tal como H1, havia indicação clínica para atendimento, o que não melhorou após a intervenção, ainda que tenha aumentado os escores. No Fator 4 o cliente passou da classificação bom repertório acima da mediana para bastante elaborado de habilidades sociais. No Fator 5 já havia um repertório bastante elaborado, o que se manteve no pós- teste. Resumindo, o diente melhorou no escore total e em dois fatores do IHS- Del Prette. • F1 já tinha repertório bastante elaborado de habilidades sociais* o que se manteve no pós-teste. No Fator 1 ela passou de bom repertório acima da medi ana para repertório bastante elaborado. No Fator 2, em ambas avaliações, a cliente permaneceu com bom repertório acima da mediana. No Fator 3 havia indicação para treinamento, passando para repertório bastante elaboradojio pós-teste. Quanto ao Fator 4 também havia indicação para treinamento, melho rando para bom repertório abaixo da mediana. Não havia dificuldades quanto ao Fator 5, permanecendo com a dassificação de repertório bastante elaborado. Portanto, essa cliente melhorou quanto ao escore total e em três dos cinco fatores. Considerando a literatura que aponta para dificuldades na expressão de senti mentos positivos (Del Prette e cols. (2004), pode-se afirmar que esse procedimento permitiu melhora, mas insufidente para alterar a condição clínica dos clientes. Quanto a expressão da agressividade (Bandeira & Gaglia, 2005, Del Prette e cols., 2004) ape nas um dos clientes (H1) apresentou essa queixa, o que foi superado pelo procedimen to, sugerindo efetividade nessa direção. No que se refere a apresentar seminário, relacionar-se com familiares e ami gos pode-se encontrar proximidade com falar em público desconheddo e conhecido (Boas & cols., 2005, Del Prette & Del Prette, 2003; Del Prette & cols., 2004; Pacheco & Rangè, 2006), para o qual os três partidpantes melhoraram. Quanto aos comportamentos de conversação e desenvoltura social (Fator 3) os três partidpantes tinham dificuldades e apenas um (F1) superou a indicação clinica. Comparações com o estudo de Boas e cols. (2005) ficam dificultadas porque neste estudo todos os partidpantes tinham indicação dínica, enquanto escore total, o que não foi constatado na presente pesquisa, em que os três partidpantes não apresentavam tal indicação. Em relação ao segundo procedimento de 20 encontros, relatado breve mente na introdução, pode-se dizer que houve consonância quanto as melhoras no total do IHS-Del Prette e quanto aos Fator 1 (enfrentamento e auto-afirmação com risco) e Fator 4 (Auto-exposição a desconheddo e situações novas), garantindo, portanto, resultados semelhantes com um número menor de sessões; por outro lado o Fator 3 50 Alessandra Turira 8obooi-S#vB (conversação e desenvoltura social) melhorou no procedimento de 20 encontros e, nesse estudo, melhorou para apenas uma cliente. Quanto a auto-controle da agressividade (Fator 5) identificado como déficit do procedimento de 20 sessões, nes se parece ter atingido os objetivos, pois o único cliente com essa dificuldade, deixou de tê-la. Para expressão de sentimentos positivos, o problema permanece, pois os dois dientes que relataram essa queixa, continuaram a apresentá-la após a intervenção. Considerações finais O procedimento relatado mostrou-se mais econômico que os anteriores e os resultados são promissores. Ele manteve os resultados quanto ao escore total do iHS- Del Prette e quanto aos fatores 1 e 4. Esse procedimento avança no que se refere ao Fator 5, correspondente a auto-controle da agressividade. No entanto, quanto à expres são de sentimentos positivos as dificuldades permanecem sugerindo maiores estu dos nessa direção. De todo modo, o número reduzido de participantes impede maiores afirmativas sobre a efetividade do procedimento. Destaca-se que os universitários que procuraram atendimento não tinham in dicação clinica para o atendimento quanto ao escore total do IHS-Del Prette e puderam ser beneficiados da intervenção, o que afere o caráter preventivo para o procedimento, podendo contribuir para a redução do estresse (Ciarrochi, Deane & Anderson, 2002; Furtado, Falcone & Clark, 2003) e para a permanência na universidade. Estudos futuros que sejam conduzidos oom populações clínicas, por exemplo fòbicos e deprimidos são relevantes para aferir a efetividade do procedimento. Além disso, toma-se necessário ampliar o número de participantes e aumentar o controle de variáveis, além de realizar avaliações de seguimento para verificar a manutenção ou não dos resultados. Outros instrumentos preocupados em avaliar variáveis contextuais, além das freqüências de comportamento, também estão sendo aplicados e oportuna mente deverão ser computados para melhor avaliar o alcance dessa intervenção. Referências Backer, S. R. (2003). A prospectiva longitudinal investigation of social problem- solving appraisals on adjustment to unrversity, stress, health and academic motivation and performance. Personality and individual Differences, 35, 569-591. Bandeira, M. & Gaglia, M. A. C. (2005). Habilidades sociais de estudantes universitários: identificação de situações sociais significativas. Interação em Psicologia, 9(1), 45-55. Boas, A. C. V. B. V., Silveira, F. F & Bolsoni-Sitva, A. T. (2005). Descrição de efeitos de um procedimento de intervenção em grupo com universitários: um estudo piloto. Interação em Psicologia, 9(2), p.323- 332. Botsoni-Silva, A. T., Del Prette, 2. A P., Del, Prette G., Montanher, A R. P., Bandeira, M. & Del Prette, A. (2006). Habilidades Sociais no Brasil: Uma análse dos estudos publicados em periódicos. Em M. Bandeira, Z. A P. Del Prette & A. Del Prette. Estudos sobre Habilidades Sociais e Relacionamento Interpessoal (pp. 17-45). Sáo Paulo: Casa do Psicólogo. Bofeonl-Sitva, A. T., Bitondi, F. & Marturano, E. M. (2008). Intervenção em grupo para pais: a importância do diagnóstico comportamental individual. Em R. Cavalcanti (Org) Bases conceituais revisitadas, implicações éticas permanentes e estratégias recentes em Análise Aplicada do Comportamento (pp. 79-100). São Paulo : Roca. SctreConfxxtamentoeCognçáo 51 Ciarrochi, J., Deane, F. P. & Anderson, S. (2002). Emotional intelligence moderates the relationship between stress and mental health. Personality and Individual
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