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Metodologia da Libras para Surdos _L1_

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Aline P. Feza
Metodologia da Libras 
para Surdos (L1)
A Faculdade Eficaz nasceu com o objetivo de promover a formação consciente 
dos cidadãos de seus direitos e deveres sociais, primando pela cidadania e soli-
dariedade humana.
Nossa tarefa é trabalhar em nossos alunos habilidades e capacidades, para 
que sejam cidadãos capazes de enfrentar as dificuldades cotidianas. Em nossos 
cursos buscamos a excelência educacional, seja por sua preocupação perante o 
avanço da ciência, da tecnologia, ou perante os anseios da sociedade moderna e 
democrática.
A Faculdade Eficaz se propõe a ser uma mediadora na transmissão dos co-
nhecimentos já produzidos pela humanidade; ponte na articulação destes conhe-
cimentos com os novos, produzidos a partir das experiências vivenciadas pelos 
discentes que é a construção do seu próprio saber e ainda: promover a integração 
destes conhecimentos pela mobilização de competências já construídas, por sua 
ampliação e pela construção de novas competências.
Portanto, entendemos que a nossa finalidade é formar profissionais com com-
petências e habilidades para atuar no contexto complexo e contraditório da eco-
nomia global, das políticas e das mudanças sociais, que afetam diretamente a vida 
cotidiana, o trabalho e as formas de organização e qualificação profissional.
Ao ingressar na Faculdade Eficaz, os alunos terão a chance não apenas de 
estudar uma nova profissão, ou aprimorá-la, mas também de ampliar sua visão de 
mundo a partir do acesso à cultura e ao conhecimento. Isto, com certeza, tornando-
-os cidadãos mais ativos e mais plurais neste mundo globalizado em que vivemos, 
assim como os torna mais bem preparados para o mercado de trabalho.
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ÃOMetodologia 
da Libras para 
Surdos (L1)
Aline Pedro Feza
Olá alunos! Sejam bem-vindos à nossa disciplina de Metodologia do Ensino da Li-
bras para pessoas surdas, inicialmente, nossos estudos envolvem o processo de aquisi-
ção da língua, como instrumento do desenvolvimento humano, para tal nos basearemos 
na Teoria Histórico-Cultural, e, em especial, nos autores Vygotsky, Luria e Leontiev.
Sabe-se que a linguagem é o principal meio para o desenvolvimento do indivíduo, 
cognitiva e socialmente, ela permite que as expressões dos nossos pensamentos se 
tornem acessíveis favoreçam o nosso desenvolvimento integral. Assim, a linguagem é 
muito mais do que desenvolver a fala, consiste em organizar as ideias de forma indi-
vidual e saber expressá-las por um canal comunicativo, seja ele a fala a escrita ou a 
sinalização. O desenvolvimento da linguagem dos surdos acontece à medida em que 
eles são inseridos em sua língua materna L1, que no caso dos surdos brasileiros, é a 
língua brasileira de sinais, a Libras.
A aquisição da linguagem para surdos ocorre a partir de quatro estágios, o primeiro 
estágio, pré-linguístico, que é denominado como o estágio do balbucio, no qual os 
bebês surdos emitem sons como forma de comunicação. Este estágio acontece, até 
aproximadamente os doze meses de idade. Seguindo seu desenvolvimento, os surdos 
passarão pelo estágio de um sinal, que compreende o período de doze meses a 2 
anos de idade, neste período os bebês surdos e ouvintes começam a se diferenciar, 
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pois, é neste momento que os bebês surdos diminuem a oralização e aumentam a 
gesticulação e, em contrapartida, os ouvintes aumentam a oralização e diminuem a 
gesticulação. Este estágio acontece dos doze meses até quase os dois anos de idade, 
nesta etapa, toda e qualquer sinalização, realizada pelo bebê surdo, acontece mediante 
cópias de outras pessoas, logo, as sinalizações são ainda muito primitivas. O tercei-
ro estágio das primeiras combinações, no qual começam a realizar sinalizações mais 
coerentes e com o maior sentido,expressam seus pensamentos e desejos. Por fim, 
os surdos entram no estágio das múltiplas combinações, que acontece após os dois 
anos e meio. Neste processo, bebês surdos começam a emergir na língua de sinais, 
desenvolvendo as suas capacidades visuais e espaciais, como recursos principais para 
a aquisição da língua de sinais.
Ensinar a língua de sinais para surdos e respeitar toda a construção linguística da 
mesma, tal como o ensino voltado para os sujeitos ouvintes, requer dos profissionais 
encarregados da mediação do conhecimento, um aprendizado a respeito da utilização 
correta da língua falada, visto que, os surdos precisam daqueles que os ensinam, a ha-
bilidade acerca do processo de sinalização, desde a estrutura da língua de sinais, a sua 
gramática e seu vocabulário. No processo de aquisição da língua de sinais para o sujei-
to surdo, é de extrema importância, que o mediador deste aprendizado seja um nativo 
da língua ou seja um surdo, haja vista que estará apto a construir conexões linguísticas 
mais precisas, desenvolvendo nas crianças surdas as habilidades linguísticas, para além 
de uma comunicação, mas sim que esta língua seja utilizada como uma expressão do 
seu pensamento, enfim, que simbolize as suas capacidades e suas opiniões.
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UNIDADE 1 - ASPECTOS DA LINGUAGEM 9
INTRODUÇÃO À UNIDADE ...............................................................11
CONCEITO DE LÍNGUA E LINGUAGEM ..........................................13
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................28
UNIDADE 2 - AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS 35
INTRODUÇÃO À UNIDADE ...............................................................37
UNIDADE 3 - METODOLOGIA PARA ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDOS 57
INTRODUÇÃO À UNIDADE ...............................................................59
O APRENDIZADO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA O SURDO ..........59
GUIA PRÁTICO DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA OS 
SURDOS .............................................................................................70
CONSIDERAÇÔES FINAIS ................................................................76
UNIDADE 4 - PLANO DE AULA DA L1 PARA SURDOS 83
INTRODUÇÃO À UNIDADE ...............................................................85
METODOLOGIA DE UMA ENSINO VISUAL .....................................86
MODELO DE PLANO DE AULA PARA ENSINO DE L1 ....................90
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................97
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Aspectos da Linguagem
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar o conceito de linguagem como recurso do 
desenvolvimento do pensamento;
• Discutir pressupostos da comunicação como recursos linguísticos;
• Conhecer as características da comunicação nas comunidades 
surdas..
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentamos os tópicos, que serão estudados nesta unidade:
• Conceito de Língua e Linguagem;
• Linguagem Sinalizada e a Cultura Surda;
• As etapas do desenvolvimento da linguagem.
Aline Pedro Feza
11
Unidade I - Aspectos da Linguagem
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Olá alunos! Nesta unidade, estudaremos a relação da linguagem no processo de aquisi-
ção da língua de sinais pelos surdos, bem como práticas para o ensino desta língua na 
modalidade L1. A unidade estará dividida em três tópicos. No tópico 01, discutiremos o 
conceito e a diferença entre língua e linguagem, no tópico 02, abordaremos a linguagem 
sinalizada na comunidade surda. No desenvolvimento desta unidade, nos pautamos em 
Vygotsky, que é um dos principais autores nas discussões sobre a linguagem. Este pes-
quisador afirma que a aquisição da linguagem no sujeito se dá devido à interação que 
ele possui com o ambiente que o rodeia e o convívio com outros da mesma espécie. A 
linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pelo sujeito, entre 
pensamento e palavra existe uma inter-relação fundamental, na qual a linguagem contribui 
na formação do pensamento do indivíduo. Podemos considerar a linguagem como um 
instrumento complexo que viabiliza a comunicação e a vida em sociedade. Sem a lingua-
gem, o ser humano não se constitui como um ser social, nem cultural.
Para Vygotsky (2001), pensamento e linguagem têm origens diferentes. No início da vida 
humana o pensamento não era verbal e a fala não era intelectual. Desta maneira, o balbu-
cio e o choro da criança, nos primeiros meses de vida, são estágios do desenvolvimento 
da fala, que não têm relação com a evolução do pensamento, sendo consideradas como 
12
Unidade I - Aspectos da Linguagem
manifestações de comportamento emocional.
O desenvolvimento do pensamento conceitual é uma das mais importantes funções na 
escola, ele possibilita a consciência reflexiva do aluno, ou seja, a percepção dos seus 
próprios processos mentais. Para Vygotsky (1987 p. 79), “a reflexão chega à consciência 
através dos portais dos conhecimentos científicos”, que se constitui na sociedade e nos 
meios que o sujeito frequenta como igrejas, escolas, comunidades em geral. 
A linguagem é um veículo primordial para a interação, por meio dela são transmitidos os 
significados, além disso, permite identificar as marcas culturais do grupo, no qual o indivíduo 
está inserido, e através deste grupo, o sujeito aprende a perceber o mundo e interagir nele.
Conforme Feza (2013), o comportamento do homem também é regulado pela linguagem, 
por isso, conforme enfatiza Vygotsky (1998), é necessário investir o máximo possível 
no potencial formador da linguagem como instrumento de comunicação e formação. A 
mediação desenvolve campos de percepção, memória, raciocínio, sentimentos e regu-
lação de comportamento. Na interação social se transformam funções mentais, afetivas 
e psíquicas. Dessa maneira, é essencial verificar se as práticas aplicadas possibilitam o 
desenvolvimento de raciocínios mais complexos.
13
Unidade I - Aspectos da Linguagem
CONCEITO DE LÍNGUA E LINGUAGEM
 Importante lembrar de que a linguagem não é somente instrumento para as pesso-
as interagirem, mas um artefato fundamental para o desenvolvimento e a comunicação. 
Atualmente, é possível compreender que o homem constrói a si mesmo e ao mundo, de-
senvolve a consciência e o intelecto, a partir da linguagem. No decorrer de seus estudos, 
você perceberá que existem propriedades universais na linguagem humana, que possi-
bilitam adquirir diversos entendimentos sobre a mente humana e seu desenvolvimento.
Inicialmente, deve-se entender a diferença entre os conceitos de língua e linguagem. 
Segundo os linguistas, a língua é um fenômeno social e constitui um conjunto de sinais 
(palavras), determinados por um grupo, que o utiliza para comunicar e interagir.
A língua é um mecanismo de comunicação, que pode ocorrer, por meio de escrita, sina-
lização ou fala, incidindo no objetivo comunicativo expresso pelos indivíduos, a partir dos 
símbolos (gráficos e auditivos), pré-determinados pela sociedade, desta forma, a língua é 
um fenômeno social, estruturada tal como exposto na Figura 1.
14
Unidade I - Aspectos da Linguagem
Figura 1 - Desenvolvimento da Linguagem
Fonte: A autora
A linguagem é de suma importância para o desenvolvimento do indivíduo e está rela-
cionada tanto ao campo verbal, palavras, frases, textos, livros, entre outros, quanto no 
campo não verbal, no qual podemos “ler” as emoções de uma pessoa, as características 
de um objeto, dentre outros aspectos. 
É fundamental que a linguagem tanto verbal como não verbal, ocorra como um processo comu-
nicativo, pelo qual as pessoas interajam entre si, ou seja, podemos estabelecer comunicação 
falando ou escrevendo ou através de gestos, olhares, desenhos, imagens, notas musicais. 
A partir dos estudos de Luria (1986), constatamos que o surgimento da linguagem ocorre 
no processo de trabalho socialmente dividido, pois, foi durante o trabalho que surgiu a 
15
UnidadeI - Aspectos da Linguagem
necessidade de comunicação entre os homens.
O nascimento da linguagem levou a que, progressivamente, fosse aparecendo todo um 
sistema de códigos que designavam objetos e ações. Logo esse sistema de códigos 
começou a diferenciar as características dos objetos, das ações e suas relações (LURIA, 
1986, p. 22).
Conforme os pressupostos de Luria (1986), a linguagem é o canal de expressão dos 
indivíduos, constituído por um conjunto de signos da língua. A linguagem é ampla, englo-
bando diversas áreas do conhecimento, como, por exemplo, a linguagem matemática, 
a científica, a visual, entre outras. Cada área do conhecimento possui uma linguagem 
própria, expressa por meio da língua – códigos verbais que estabelecem comunicação.
Diante destes conceitos, é possível entender que a linguagem é universal, diferentemente 
da língua, entretanto, destacam-se alguns traços estruturais comuns a todas as línguas, 
conforme Luria (1986), no ambiente que há seres humanos, existe linguagem, desta 
forma todas as línguas são igualmente complexas e igualmente capazes de exprimir uma 
ideia do universo e evoluem por meio do tempo. Por sua vez as línguas de sinais seguem 
sua própria estrutura, não está ligada às estruturas sonoras de construção de palavras 
das línguas orais auditivas, contudo define-se como língua assim como todas as demais 
as línguas humanas as quais possuem um sistema finito de sons discretos (ou gestos), 
que se combinam, formando elementos com significação ou palavras que, por sua vez, 
16
Unidade I - Aspectos da Linguagem
constituem um sistema infinito de frases possíveis. Para esta organização as línguas de 
sinais e as línguas orais apresentam gramáticas e regras semelhantes para a formação de 
palavras e frases, bem como recursos para se referir a um tempo passado, à capacidade 
de negar, à competência de formular perguntas, emitir ordens, entre outros aspectos.
Diante destes aspectos, quais são as relações entre a linguagem e o pensamento, de 
acordo com a perspectiva da teoria histórico cultural? 
A RELAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO E A LINGUAGEM
Inúmeros estudos demonstram que a linguagem é um sistema simbólico fundamental 
para o desenvolvimento humano. Desde seus primeiros dias de vida, os sujeitos entram 
em contato com pessoas que se comunicam pela linguagem, quer seja oral, gestual ou 
escrita, entre outros. Por meio dela, se apropriam da cultura humana. Nesse processo, 
desenvolvem o pensamento.
Segundo a teoria histórico–cultural, a linguagem é fundamental na formação e no desen-
volvimento das funções superiores, ou seja, na formação do pensamento, pois ela é um 
sistema simbólico, que foi elaborado no decorrer da história social dos homens.
A linguagem é considerada uma das primeiras e principais formas de socialização, e 
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
também importante para o desenvolvimento do homem, “a constituição das funções 
complexas do pensamento, é veiculada, principalmente pelas trocas sociais e, nesta 
interação social, o fator de maior peso é a linguagem, isto é, a comunicação entre os 
homens”, por sua vez, a apropriação do sistema linguístico ‘organiza’, pois, todos os pro-
cessos mentais, dando forma ao pensamento” (PALANGANA, 2001, p. 97 e 99).
Segundo Leontiev (s/d), a atividade intelectual é predominante no homem. Sendo que, 
só ele é capaz de planejar suas ações, a partir das condições apresentadas, executar o 
plano estabelecido e avaliar os resultados obtidos. Ou seja, somente o homem é capaz 
de planejar suas ações e de estudá-las na mente.
 Já o animal não consegue planejar suas ações, não consegue escolher um método mais 
apropriado para a resolução de seus problemas, resolvendo-os, a partir da ação imedia-
ta, do “ensaio e erro”. Sendo assim, concluímos que o intelecto do animal é prático e que 
ele resolve seus problemas através de atividades imediatas. 
O mesmo ocorre com o ato intelectual do sujeito, que possui estrutura do pensamento 
muito semelhante ao animal, quando muito pequeno, ele não é capaz de planejar suas 
ações, guia-se, apenas pela atividade prática. No entanto, ainda encontramos no adulto 
o intelecto de característica prática.
No livro “Pensamento e Linguagem: as últimas conferências de Luria” (1986), o autor 
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
apresenta as diferenças entre essas duas linguagens, a dos homens e a dos animais. 
Para o psicólogo soviético, a linguagem dos homens é um sistema complexo de códigos 
e também um sistema de códigos objetivos, que tem a função principal de codificar e 
transmitir informações. Também podemos definir a linguagem humana como um sistema 
de códigos objetivos, formado ao longo do processo histórico da humanidade. 
Pelo termo linguagem humana, entendemos um complexo sistema de códigos que desig-
nam objetos, características, ações ou relações; códigos que possuem a função de codi-
ficar e transmitir a informação, introduzi-la em determinados sistemas (LURIA, 1986, p. 25).
A linguagem dos animais, ou melhor, suas manifestações fonéticas buscam somente ex-
pressar o estado emocional, expressar os desejos e estados subjetivos do animal. São, 
simplesmente um sinal externo, que expressa seu estado ou vivência afetiva.
O animal utiliza-se de sua linguagem para contagiar seus semelhantes, por exemplo, 
quando em perigo, utiliza-se do “grito” para comunicar aos outros animais do bando, que 
devem fugir. Ele “não está informando aos outros aquilo que viu, mas, antes, contagian-
do-os com seu medo” (OLIVEIRA, 2006, p. 29).
Consequentemente, a “linguagem” dos animais não é um instrumento para designar ob-
jetos e abstrair propriedades e, por isso, de nenhuma forma pode ser considerado como 
meio formador de pensamento abstrato. Esta “linguagem” é apenas um meio para a criação 
de formas complexas de comunicação afetiva (LURIA, 1986, p. 26).
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
A partir dos estudos referentes à questão da linguagem, percebemos sua relevância em 
nossas vidas e que ela possui funções, extremamente importantes, Marta Kohl, no livro 
“Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico” (2006) coloca 
as duas principais funções da linguagem de um modo bastante explicativo.
Segundo Kohl (2006), a principal função da linguagem é a de intercâmbio social, ou 
seja, a fala é utilizada para a comunicação entre os indivíduos. A fala, em um primeiro 
momento, foi criada com o objetivo explícito de comunicação entre os membros de uma 
determinada espécie.
Essa função (...) é bem visível no bebê que está começando a aprender a falar: ele não 
sabe ainda articular as palavras, nem é capaz de compreender o significado preciso das 
palavras utilizadas pelos adultos, mas consegue comunicar seus desejos e seus estados 
emocionais aos outros através de sons, gestos e expressões (KOHL, 2006, p. 42).
Segundo Kohl (2006), a função comunicativa da linguagem também está presente nos 
animais, já que estes, também se comunicam, via algum tipo de linguagem, seja sonora 
ou gestual, e, a linguagem, apresentada por eles, ainda tem, como objetivo principal, a 
comunicação entre os membros da espécie. 
A segunda função da linguagem, que aparece, posteriormente no desenvolvimento do 
sujeito, é a de pensamento generalizante, nesta função, a relação entre pensamento e lin-
guagem é muito intensa, segundo Palangana (2001), neste momento, a palavra é capaz 
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
de especificar as principais características do objeto generalizando-as, para no momento 
seguinte, relacioná-las em categorias.
Ainda, conforme indica Kohl (2006), ao nomear determinado objeto, estamos realizando 
uma classificação, estamos agrupando-o a elementos de uma mesma categoria e dife-
renciando-o de elementos de outras categorias. Encontramos outras funções referentes 
à linguagem interior, como expressão do pensamento, visto que, a linguagem é elemento 
básico, usadopelo homem para planejar suas atividades; linguagem como elemento 
regulador dos atos e linguagem como instrumento do conhecimento. 
Depois de entendermos as funções referentes à fala, fica fácil compreender a importân-
cia da linguagem para o desenvolvimento do pensamento, nas palavras de Palangana: 
a linguagem “sistematiza a experiência direta e serve para orientar seu comportamen-
to, propiciando-lhes condições de ser tanto sujeito como objeto desse comportamento” 
(PALANGANA, 2001, p. 99).
Antes de Vygotsky desenvolver sua teoria acerca da relação entre pensamento e lin-
guagem, estes conceitos eram vistos de modo separado. Portanto, segundo Vygotsky 
(2000), percebemos que os métodos oscilavam entre dois extremos: a plena fusão e a 
plena dissociação entre o pensamento e a linguagem. À luz dos pressupostos do psicó-
logo, podemos entender que pensamento e linguagem são processos interdependentes 
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
desde o início da vida. A aquisição da linguagem modifica as funções mentais superiores, 
dá forma ao pensamento, permite o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o 
planejamento da ação. “Se o pensamento e a linguagem coincidem, são a mesma coisa, 
não pode surgir nenhuma relação entre eles nem a questão pode constituir-se em objeto 
de estudo” (VYGOTSKY, 2000, p. 3)
Segundo o autor, o que existe entre eles é somente uma interação mecânica, uma intera-
ção entre a linguagem e o pensamento. O pensamento e a fala possuem raízes genéticas 
distintas e se desenvolvem de maneira independente; não surgem ao mesmo tempo e 
não se desenvolvem de modo paralelo, mas de modo independente.
LINGUAGEM SINALIZADA E CULTURA SURDA
Quando pensamos sobre o ato de comunicar, percebemos que temos várias possibili-
dades de nos comunicarmos com os outros, seja pela linguagem gestual, oral, escrita, 
visual, corporal, facial. Mas, quando se trata de ato comunicativo com o sujeito surdo, a 
comunicação fica totalmente “travada“ para quem nunca teve contato com língua dos, 
por essa razão, quando você precisar se comunicar diretamente com eles, lembre-se de 
que a LIBRAS é uma língua que possui uma estrutura gramatical diferente da estrutura 
do Português.
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
Segundo Quadros (2006), a linguagem é um sistema de comunicação natural ou artificial, 
humano ou não, assim, linguagem pode ser compreendida na sua ação comunicativa, 
incluindo a própria língua, movida pela sua identidade e cultura.
Com base nesses, entendemos que a conversação é uma das partes da comunicação, 
desta forma, a conversação entre comunidades surdas, acontecerá, por meio do uso 
dos sinais, visto que este é o meio utilizado entre eles. Conversação em libras é um ato 
de sinalizar e de se comunicar com os surdos.
A cultura de cada grupo de indivíduos, possui características próprias, tais como com-
portamentos e falas, as quais representam a sua vivência. A cultura traz em si, influências 
diversas, ou seja, familiar, religiosa, política, ambiental, dentre outras. 
A cultura surda está se fortalecendo, à medida que ocorrem as lutas das comunidades surdas 
para obter respeito e valorização a sua diferença, pela aceitação de sua língua de sinais, sua 
identidade, sua experiência visual com o mundo, pelo direito ao intérprete de língua de sinais, 
porém, esta luta, embora antiga, ainda enfrenta muitas barreiras, entre elas, o preconceito.
É difícil a aceitação de uma sociedade, de maioria ouvinte, no que tange ao reconheci-
mento de uma cultura surda, inserida em outra cultura, desse modo, há uma mistura de 
culturas inter-relacionadas. Entretanto, os estudos interculturais podem, e muito, contri-
buir para uma mudança de concepção, isto é, para um novo olhar. (NICOLOSO, 2010).
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
As relações interculturais estão inseridas no conceito de cultura, dizem respeito a grupos 
diferentes, que pensam e opinam de maneira, também diferentes. Os interesses de cada 
comunidade cultural são permeados por opiniões diferentes, estas podem ser aceitas por 
outros grupos ou não, por isso, sempre haverá entre os grupos uma zona de conflitos.
Para Silva (2005, p. 41-42)
a noção de interculturalidade, além de expressar a coesão étnica de um grupo social, pro-
porcionando condições para o fortalecimento da identidade cultural, vai também estimular a 
aquisição do conhecimento cultural de outros povos [...] Das preocupações marcadamen-
te linguísticas, características da educação bicultural e bilíngue, a interculturalidade passa a 
considerar o contexto sociocultural [...].
A aceitação de uma ou outra opinião e, quando elas passam a possuir relação entre si, 
temos a interculturalidade que consiste na relação cultural entre os grupos. Conforme 
Silva (2005): “as diferenças culturais seriam apenas a manifestação superficial de carac-
terísticas humanas mais profundas. Os diferentes grupos culturais tornaram-se igualados 
por sua comum humanidade” (SILVA, 2005, p. 86).
Logo, entende-se a importância de se trabalhar com as diferenças culturais, mais especi-
ficamente, das culturas minoritárias como os surdos. Segundo Silva 2005, o multicultura-
lismo enfatiza a representação de “múltiplas identidades e tradições culturais fragmentada 
uma cultura nacional única e comum (SILVA, 2005, p. 89). Nesse contexto, Faeti (2005), 
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
comenta que o multiculturalismo, consiste em um movimento teórico e político, que bus-
ca respostas para os desafios da pluralidade cultural nos campos do saber.
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Existe, um determinado estágio da vida, aproximadamente aos dois anos de idade, no qual 
o pensamento e a linguagem “estabelecem entre si uma interdependência contínua e siste-
mática” (SOUZA, 1994, p. 127), ou seja, existe uma determinada fase em que pensamento 
e linguagem passam a se relacionar e a estabelecer uma relação mútua de dependência. 
Podemos constatar essa não linearidade entre o desenvolvimento do pensamento e da 
linguagem, a partir das duas fases sugeridas por Vygotsky: a primeira, fase pré-verbal do 
pensamento, na qual intuímos que o pensamento evolui sem a ocorrência da fala, digo 
melhor, “Antes de dominar a linguagem, o sujeito demonstra capacidade de resolver pro-
blemas práticos, de utilizar instrumentos e meios indiretos para conseguir determinados 
objetivos” (KOHL, 2006, p. 46).
A segunda, a fase pré-intelectual da fala, nesta, o sujeito ainda não tem domínio do pensamen-
to linguístico, “não domina o sistema simbólico (Símbolo - Significado), já utiliza manifestações 
verbais” (KOHL, 2006, p. 46). Neste momento, o choro, riso, balbucio, o grito, as expressões 
faciais e o olhar, servem como um dispositivo de alívio emocional e de comunicação social. 
25
Unidade I - Aspectos da Linguagem
Ao longo do desenvolvimento, percebemos que a relação entre pensamento e fala mo-
difica-se, quer dizer, ocorrem mudanças estruturais e funcionais. A respeito desse mo-
vimento, Vygotsky propõe a existência de três fases do desenvolvimento da fala, fases 
estas denominadas: fala socializada, egocêntrica e internalizada. 
A fala socializada ou fala exterior ocorre até aproximadamente os três anos de idade, é 
uma fala direcionada para outras pessoas, com o intuito de comunicação, assim, nesta 
etapa da vida, a criança procura estabelecer uma comunicação com o outro. Neste pe-
ríodo do desenvolvimento, a fala é acompanhada de ações e caracterizada, em função 
de ser dispersa e caótica. Também podemos caracterizar esta fase pela tradução do 
pensamento em palavras.
A linguagem egocêntrica, constitui na fala para si própria, independentemente da presen-
ça de outra pessoa. Neste momento, o sujeito não tenta comunicar-se, não espera uma 
resposta e nem ao menos se preocupa em saber se alguém está escutando. “É uma fala 
para si mesmo, íntima e, convenientemente relacionada com o pensamento” (VYGOTSKY,2005, p. 166). Assim, a fala auxilia o planejamento de suas ações e a solução de proble-
mas, o infante usa a fala para explicitar seu raciocínio. O psicólogo da Bielorrússia reconhe-
ce a fala egocêntrica como um estágio transitório entre a fala externa e a interior.
Ao diminuir o uso da fala externa, substituindo-a por sussurros, até que desapareça 
26
Unidade I - Aspectos da Linguagem
completamente e se torne interna. A fala interior é a fala para si mesmo, “uma linguagem 
que está unicamente ao serviço do pensamento, não se empregando, como outros tipos 
de linguagem, com fins de comunicação” (LEONTIEV, s/d, p. 38). Esta fase da fala não 
pode ser visualizada como fala sem som, mas deve ser vista como uma fase possuidora 
de funções e estruturas, completamente específicas. 
A fala interior caracteriza-se por uma sintaxe especial, isto é, omite o sujeito de uma frase, 
assim como, as palavras relacionadas a ele, mantendo, somente o predicado. Em função 
disso, recebe o nome de linguagem predicativa, cujas características são: fragmentada 
e abreviada, desconexa, incompleta ou elíptica, contendo núcleos de significado e não 
todas as palavras de um diálogo, desta feita, possui uma sintaxe diferente. Essas carac-
terísticas estão presentes na fala interior, justamente, porque ela é um diálogo consigo, 
constituindo nas palavras de Kohl em um “dialeto pessoal”.
Dessa forma, a linguagem interior, por sua semântica, nunca designa o objeto, nunca pos-
sui um caráter nominalmente restrito, ou seja, não possui “sujeito”; a linguagem interior 
indica o que é necessário realizar, em que direção deve ser orientada a ação. (LURIA, 
1986, p. 112).
Outra característica marcante da fala interior é a função planejadora, ou seja, a função de auxiliar 
o indivíduo nas operações psicológicas. A partir dessa fase, a criança é capaz de efetuar opera-
ções complexas, operar mentalmente e utilizar a linguagem como instrumento do pensamento.
27
Unidade I - Aspectos da Linguagem
Palangana (1995) também apresenta outros fatores determinantes para o desenvolvimen-
to da linguagem. Primeiramente, concluímos, que a transição da alimentação vegetariana 
para a alimentação carnívora foi essencial para o desenvolvimento da linguagem, pois, “a 
maior ingestão de proteínas operou mudanças na estrutura biológica do cérebro, favo-
recendo o estabelecimento de novas conexões mentais”. (PALANGANA, 1995, p. 17). 
Outros fatores importantes para o desenvolvimento da linguagem são: a convivência co-
letiva, a divisão de tarefas e a formação de famílias, que acabou gerando a necessidade 
de comunicação, entre os membros de uma mesma comunidade. 
Foi a partir do desenvolvimento da linguagem que ocorreu o surgimento do pensamento 
abstrato, ou seja, das formas complexas superiores, além disso, a linguagem permitiu ao 
homem desenvolver a capacidade de operar mentalmente.
Assim, compreendemos que o significado da palavra possui grande importância, uma vez 
que esse significado proporciona a união entre fala e pensamento, é o significado que 
permite a generalização de palavras, e, portanto, compreendidas por todos. Uma palavra 
sem significado é um som vazio, que não mais faz parte da fala humana. Cabe aqui, 
inserir o pressuposto defendido por Vygotsky (2005, p. 6): “Uma vez que o significado 
da palavra é simultaneamente pensamento e fala, é nele, que encontramos a unidade do 
pensamento verbal que procuramos”.
28
Unidade I - Aspectos da Linguagem
O significado de uma palavra representa um amálgama tão estreito do pensamento e da 
linguagem, que fica difícil dizer se se trata de um fenômeno da fala ou de um fenômeno do 
pensamento. Uma palavra sem significado é um som vazio, o significado, portanto, é um 
critério de “palavra”, seu componente indispensável (VYGOTSKY, 2005, p. 50).
Neste sentido, o significado é ao mesmo tempo um fenômeno da linguagem e do pensamen-
to “ele é ao mesmo tempo linguagem e pensamento, porque é uma unidade do pensamento 
verbalizado” (VYGOTSKY, 2000, p. 10). É no significado das palavras que encontramos as 
duas principais funções da linguagem, a comunicação e o pensamento generalizante.
A linguagem e pensamento passam a se relacionar, ocorre uma nova forma de comportamen-
to. Por exemplo, quando perguntamos a uma criança o que é uma “flor”, o que é um “gato” 
podemos obter dois tipos de respostas. No primeiro, a criança não determina um conceito, 
mas sim reproduz alguma função ou algum traço típico do objeto ou ainda pode inserir o ob-
jeto em alguma situação prática. O segundo tipo de resposta se diferencia, substancialmente 
do primeiro, em sua estrutura psicológica. Neste período, o indivíduo se apropria do conceito 
do objeto mencionado, em um sistema de conceitos, em uma determinada categoria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, trabalhamos as questões teóricas a respeito da aquisição da lingua-
gem, bem como o desenvolvimento da mesma, passamos pela teoria histórico-cultural e 
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
demonstramos a compreensão do desenvolvimento sociocultural do sujeito. 
A linguagem consiste em uma forma de interação, que abre espaço para as questões 
sociais e que reflete sobre a cultura trabalhada, juntamente com a formação dos sujeitos, 
quer dizer, na construção de sua própria identidade.
Entendemos que a linguagem verbal está relacionada ao uso da escrita e da fala e a 
língua de sinais como meio de comunicação, já a linguagem não verbal é o uso de ima-
gens, figuras, desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, 
mímica, escultura e gestos como meios de comunicação. 
Concluímos, que a língua é apresentada como um conceito estruturado e institucionali-
zado, trata da organização equitativa e sensata da vida da humanidade, a fim de permitir, 
a cada ser humano a possibilidade prática de apreender e participar como criador de 
significados e das realizações do progresso histórico. 
Discutimos a prática interlocutora, que contribui para a interação social, e, se desenvolve no 
meio social, se interpenetra como expressões de vivências oriundas das relações entre os 
sujeitos e a comunicação. Além do mais, entendemos que a comunicação é permeada por 
características culturais, particulares e coletivas, do grupo, no qual o indivíduo está inserido. 
Por fim, apreendemos que, desde seus primeiros dias de vida, os sujeitos entram em contato 
30
Unidade I - Aspectos da Linguagem
com pessoas, que se comunicam pela linguagem, tanto oral, quanto gestual e escrita, é, por 
meio dela, que os sujeitos se apropriam da cultura humana. Nesse processo, eles desenvol-
vem o pensamento. A “linguagem humana, entendemos um complexo sistema de códigos 
que designam objetos, características, ações ou relações; códigos que possuem a função de 
codificar e transmitir a informação, traduzi-la em determinados sistemas”. (Luria, 1986, p. 25).
FIQUE POR DENTRO
Os neurônios auditivos temporais, que reconhecem a forma auditiva da palavra comer, 
ativam neurônios na área de Broca, correspondentes à sua fonação e à ação represen-
tada por esse verbo.
O reconhecimento das formas sonoras das palavras leão e carne ativa os neurônios da 
área de Wernicke, que dá acesso às áreas cerebrais, as quais reconhecem esses ele-
mentos e definem a semântica dessas palavras. 
O neurônio de representação das ações, na área de Broca, estabelece relações sináp-
ticas com neurônios de representação dos nomes em Wernicke, que representam ele-
mentos, que podem estar envolvidos com a ação que o verbo descreve. 
Dessa maneira, o reconhecimento do verbo comer na área de Broca, favorece a ativação dos 
31
Unidade I - Aspectos da Linguagem
neurônios, referentes às palavras leão e comer, o que confirma que essas palavras obedecem 
a sintaxe do verbo comer e fazem parte do campo semântico da ação desse verbo.
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2xdmqbR
Acesso: 27/02/2020
32
Unidade I - Aspectosda Linguagem
INDICAÇÃO DE LEITURA
Sinopse: O livro “Pensamento e Linguagem”, 
de Lev S. Vygotsky, aborda as questões 
sobre a inter-relação entre pensamento e 
linguagem. Partindo de uma teoria geral 
das raízes genéticas do pensamento e da 
linguagem, para desenvolver a sua teoria com 
bases psicológicas, mas, de uma abordagem 
mais atual, aplicável a diversas áreas.
Aquisição da Língua de Sinais
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar o processo da aquisição da linguagem no 
desenvolvimento humano e suas especificidades..
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentamos os tópicos, que serão estudados nesta unidade:
• Aquisição da linguagem da Modalidade Sinalizada;
• A aquisição da linguagem dos surdos;
• Aplicações da Língua de Sinais para os surdos.
Aline Pedro Feza
37
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, deste livro-texto, discutimos o processo da aquisição da linguagem, 
em uma visão geral, assim, foi possível compreender, que a forma e o conteúdo da lin-
guagem estão relacionados ao modo como os homens produzem a vida. Na produção 
da vida, eles adquirem e transformam conceitos, ideais e valores, ao mesmo tempo em 
que também são transformados. Os fatos, objetos e fenômenos, que em um determina-
do momento, são entendidos e justificados, por meio do empírico e do imediato, com a 
mediação sistemática podem alcançar patamares superiores e adquirir o status do que 
Vygotsky (1987) chama de conceito científico.
O conceito científico abrange a percepção e a análise das diferentes relações envolvidas 
em um objeto, ou seja, ultrapassa o concreto, o imediato, o conceito espontâneo e busca 
inserir tal conceito num contexto mais amplo e completo.
A transformação de um conceito espontâneo em científico, exige a interação planejada 
do sujeito com a sociedade. Nessas interações, a criança adquire novos significados e 
amplia as possibilidades de significação daquilo que já conhece. Nesse sentido, a escola 
é um lócus privilegiado para a significação e ressignificação do mundo, com o intuito de 
compartilhar conhecimentos.
Nas relações cotidianas, o adulto participa da apreensão e utilização da linguagem, utilizando-a 
38
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
na orientação explícita e dirigida para a aquisição de conhecimentos sistematizados. Nesta 
unidade, voltaremos a discutir a linguagem, porém, a partir daqui, faremos isso de maneira 
direcionada ao sujeito surdo, veremos como esse sujeito adquire a linguagem, quais são as 
principais barreiras enfrentadas por eles, e, também conhecermos os recursos usados por 
intérpretes e ouvintes para a eficácia no desenvolvimento da linguagem do surdo.
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM NA MODALIDADE SINALIZADA
A aquisição da linguagem, por crianças surdas, corresponde a uma modalidade linguísti-
ca diferenciada, a língua de sinais. 
Os primeiros estudos linguísticos na língua de sinais foram apresentados por William 
Stokoe, que analisou a American Sign Language (ASL), constatando que “os sinais eram 
símbolos abstratos com uma complexa estrutura interior” (1960).
Neste cenário, as questões lexicais foram organizadas, conforme três aspectos: localiza-
ção, configuração de mão e movimento. Há uma classificação, diferenciando cada sinal, 
elaborada por Stokoe (1960).
Os sinais não eram imagens, mas símbolos abstratos e complexos, com uma complexa 
estrutura interior. Ele foi o primeiro, portanto, a procurar uma estrutura, a analisar os sinais, 
dissecá-los e a pesquisar suas partes constituintes. (QUADROS e KARNOPP, 2004, p. 30).
39
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Somente em 1960, a língua de sinais foi aceita como língua, depois que Stokoe (1960) a 
definiu e demonstrou que a mesma possui características de léxico, na sintaxe e na ca-
pacidade de gerar uma quantidade infinita de sentenças (QUADROS e KARNOPP, 2004). 
A língua de sinais, desde então, tem apresentado as suas complexidades linguísticas, 
equivalentes às línguas orais.
Com base nos estudos a respeito da língua de sinais investigou-se o processo de aqui-
sição da linguagem de surdos, que usam esta língua. Quadros (1997) constatou, que 
crianças surdas e ouvintes, quando em condições de input adequadas, apresentaram 
um processo normal de aquisição da linguagem, por que, independentemente da moda-
lidade, que a língua se apresenta, seja auditivo-oral (línguas orais) ou seja visuo- espacial 
(línguas de sinais) a aquisição acontece.
Os surdos e ouvintes desenvolvem os mesmos estágios de aquisição da linguagem, o que 
os diferencia é o fato de os bebês ouvintes se expressarem através de sons, enquanto os 
bebês surdos se expressam mediante as produções manuais. Portanto, são diferenciadas, 
conforme o input que recebem, tanto na língua oral quanto na língua de sinais. No tocante 
às vocalizações ou às produções manuais, infere-se que aumentam ou diminuem de acor-
do com a frequência e modalidade de língua, a que os bebês estão expostos.
Diante disso, as crianças surdas, que estão expostas à língua de sinais desde o 
40
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
nascimento, e as crianças ouvintes expostas a uma língua oral, no mesmo período, “bal-
buciam, nas suas respectivas modalidades de língua, adquirem suas primeiras palavras/
sinais (por volta dos 12 meses), produzem suas primeiras combinações de palavras/
sinais (em torno dos 2 anos), aumentam, consideravelmente seu vocabulário e produzem 
frases, com maior complexidade, entre os dois anos e meio e três anos” (QUADROS, 
1997).
Figura 2: Processo Aquisição linguística dos Surdos
Fonte: A autora
É fundamental ao surdo ter um processo normal de aquisição da linguagem, permitindo a ele 
apreender a recepção e a expressão de informações linguísticas de forma completa e acessível, 
possibilitando o desenvolvimento também da área emocional, cognitiva, social e acadêmica.
41
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Os estudos relacionados à língua de sinais e sobre a aquisição da linguagem, pelos surdos, na 
língua de sinais, apontam, que esta habilidade contribui para a aquisição da linguagem, que ocor-
re independentemente, da modalidade que a língua se realiza (oral-auditiva ou visuo-espacial).
A formação se integra anatômica e fisiologicamente ao sistema auditivo, sendo esta inte-
gração, um pré-requisito para uma adequada aquisição e um efetivo desenvolvimento da 
linguagem oral e escrita. Nos estudos acerca do tema, encontramos pesquisadores que 
caracterizam a escrita de surdos e apontam dificuldades de diferentes tipos, como: uso 
inadequado de preposições; conjugações verbais e nominais; omissões ou substituições 
de constituintes frasais, dentre outras. 
Ao refletir sobre as distorções na escrita dos surdos, entendemos que elas ocorrem, em 
decorrência de eles adquirirem a linguagem, a partir de uma construção linguística visual 
e espacial, na qual o processo de escrita está atrelado a uma língua oral auditiva. A fim 
de contribuir para diminuir as barreiras da escrita dos surdos, desenvolveu-se estudos 
sobre um sistema de escrita para a língua de sinais. A escrita de sinais também conheci-
da como SignWriting, apresenta as configurações das mãos, este sistema é considerado 
o registro, mais valioso para a comunidade surda.
42
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
FIQUE POR DENTRO
Aprofunde seus conhecimentos sobre a escrita de sinais, visite o site oficial no endereço 
eletrônico: http://www.signwriting.org/brazil/
Figura 3 – Sign Writing
Fonte: http://www.signwriting.org/brazil/ Acesso 29 de Março de 2020
43
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
AQUISIÇÂO DA LINGUAGEM DOS SURDOS
Na unidade anterior, verificamos as etapas da aquisição da linguagem por um sujeito, 
com todos os sentidos preservados, mas como ocorre a aquisição da linguagem para o 
sujeito surdo e quais são as etapas desta aquisição?
Sabemos que a língua de sinais éuma língua visuo-espacial, logo, o processo de aquisição 
da mesma, precisa respeitar o espaço, assim, é fundamental entender também que os sis-
temas linguísticos de sinais se apresentam de maneira independente das línguas orais, eles 
são compostos por regras gramaticais próprias, que utilizam os espaços e recursos visuais.
Com relação ao processo de aquisição da língua de sinais, Quadros (2011) é uma das 
poucas estudiosas do tema, ainda são poucas as pesquisas na área e a maioria delas 
são elaboradas a partir da vivências de CODAS ou de experiências educacionais.
O primeiro estágio de aquisição da linguagem acontece pelo estágio do Sinal, no período 
entre os doze meses a dois anos de vida do sujeito, consiste em produzir gestos icônicos 
para demonstrar seu desejo, essa produção gestual inicial é relativa ao balbucio do ouvin-
te. As formas inflexionáveis são as primeiras a se apresentar, as flexionáveis são utilizadas, 
posteriormente, este processo acontece via correlações entre o que visualmente lhe é 
apresentado e atrelado à necessidade comunicativa da criança.
44
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
O próximo é o Estágio das Primeiras Combinações, que tem início, logo após a apropria-
ção dos sinais, estes passam a ser utilizados na ordem de combinações frasais, primei-
ramente de SV (sujeito-verbo), depois pela VO (verbo-objeto), havendo uma limitação, no 
que diz respeito às ligações lexicais e fonológicas, além disso, não ocorre a flexão dos 
verbos. Para eliminar estas dificuldades e tornar a comunicação mais coesa, os surdos 
utilizam duas estratégias com vistas a marcar as relações gramaticais, são elas: a incor-
poração dos indicadores e a ordem das palavras. Nesta fase, os surdos já começam a 
fazer uso de uma pronominal, porém de forma ainda inconsistente. Estudos linguísticos 
determinam que a apontação envolve o sistema pronominal, o sistema dos determinado-
res e modificadores, em que objetos são nomeados e referidos, somente em situações 
do contexto imediato, ou seja, que estejam presente no espaço, onde se encontra o não 
ouvinte, conforme Quadros (2011) 
Entre dois anos e meio e três anos, a criança surda inicia o processo de distinções e 
expansão do vocabulário e da formação pronominal para indicar pessoas e objetos, que 
não estejam presentes, fisicamente no espaço, no qual ela se encontra. Neste momento, 
há uma preocupação com a formação de conceitos de significados. Quadros (2011) 
define, que neste momento, “as crianças utilizam os verbos sempre direcionais, achando 
que somente eles fazem parte do vocabulário” (QUADROS, 2011, p. 68). 
Com quatro anos, a língua de sinais apresenta-se de forma desarticulada na sinalização 
45
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
dos surdos e, a partir dos cinco até os seis anos, é que as crianças surdas começam 
a corrigir os erros produzidos na estruturação comunicativa, respeitando os parâmetros 
estruturais e a coerência, efetivando a aquisição linguística formal. Nesta fase, é comum 
o uso de sujeito e objeto nulo e definindo, mais claramente os referentes. 
Vivenciados estes estágios pelo surdo, inicia-se o processo de Aquisição de L2, res-
saltamos, que a proposta de ensino de uma segunda língua para surdos surgiu de pois 
da implementação da modalidade de ensino bilíngue, na qual os surdos passam pelo 
processo de aprendizagem da L1 (língua materna), a língua de sinais e, posteriormente, é 
ensinada a eles a L2 (língua oral), mais precisamente, a modalidade escrita. A L2, neste 
caso, é uma língua oral-auditiva, enquanto a L1 é a representação por sinais. O processo 
de aquisição de L2 pelos surdos não ocorre de forma natural, pois as influências am-
bientais, metodológicas e questões intrínsecas ao sujeito interferem no processo. Veja 
na Figura 4 o processo de aquisição da L2 pelos surdos, bem como os aspectos que 
interferem na aquisição da L2.
46
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Figura 4: Aquisição da L2
Fonte: Elaborado pela autora
LEITURA COMPLEMENTAR
Aline Lemos Pizzio e Ronice Müller de Quadros. Aquisição da Língua de Sinais. 
Universidade Federal de Santa Catarina. 2011. Disponível em: http://www.libras.ufsc.br/
colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/aquisicaoDeLinguaDeSinais/assets/748/
Texto_BaseAquisi_o_de_l_nguas_de_sinais_.pdf Acesso 20 de Março de 2020.
47
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Estudos de línguas de sinais e a aquisição da linguagem
Os estudos das línguas de sinais no sentido das investigações linguísticas apresentam 
evidências de que as línguas de sinais observam as mesmas restrições que se aplicam 
às línguas faladas (Stokoe et alli, 1976; Bellugi & Klima, 1972; Siple, 1978). Quase em 
paralelo a esses estudos, iniciaram-se as pesquisas sobre o processo de aquisição da 
linguagem em crianças surdas filhas de pais surdos (Hoffmeister, 1978; Meier, 1980; 
Loew, 1984; Lillo-Martin, 1986; Petitto, 1987; Slobin, 1986). No Brasil, a língua de sinais 
brasileira começou a ser investigada nas décadas de 80 e 90 (Ferreira- Brito, 1986; 
Felipe, 1992, 1993; Quadros, 1995, 1999) e a aquisição da língua de sinais brasileira nos 
anos 90 (Karnopp, 1994; Quadros, 1995, 1997).
As investigações delineadas até então indicam que as crianças surdas, filhas de pais surdos, 
adquirem as regras de sua gramática de forma muito similar às crianças adquirindo línguas 
faladas. Assim, à medida que avançamos nos estudos, verificamos que a constituição da gra-
mática da criança independe das variações das línguas e das modalidades em que as línguas 
se apresentam (Quadros, no prelo; Lillo-Martin e Quadros, 2007). Como diz Chomsky, seja a 
língua como for, a faculdade da linguagem é algo comum entre os seres humanos:
A concepção de que a articulação e a percepção envolvem a mesma interface (represen-
tação fonética) é controversa, os problemas obscuros relacionados à interface C-I (con-
ceptual-intencional) é ainda mais. O termo “articulatório” é tão restrito que sugere que a 
faculdade da linguagem apresenta uma modalidade específica, com uma relação especial 
48
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
aos órgãos vocais. O trabalho nos últimos anos em língua de sinais evidencia que essa 
concepção é muito restrita. Eu continuarei a usar o termo, mas sem quaisquer implica-
ções sobre a especificidade do sistema de output, mantendo o caso das línguas faladas. 
(CHOMSKY, 1995a:434, nota de rodapé 4).
Na sua grande maioria, os linguistas têm se ocupado em identificar o que é comum entre as 
línguas de sinais e as línguas faladas. Parte-se dos referenciais já propostos para as línguas 
faladas e os universais linguísticos que também foram estabelecidos a partir de estudos 
com várias línguas faladas e propõem-se análises das línguas de sinais. O investimento 
nesta linha investigativa justificou-se, uma vez que na década de 60 havia um movimento 
intenso no sentido de “provar” que as línguas de sinais eram, de fato, línguas naturais.
Atualmente, não há dúvidas em relação ao estatuto linguístico das línguas de sinais. 
Assim, principalmente a partir da década de 90, iniciaram-se investigações com o intuito 
de identificar não apenas o que era “igual”, mas também o que era “diferente” com o 
objetivo de enriquecer as teorias linguísticas atuais.
A pergunta que antes era “Como a linguística se aplica às línguas de sinais e aos estudos da 
aquisição das línguas de sinais”? Passou a ser “Como as línguas de sinais e os estudos do 
processo de aquisição das línguas de sinais podem contribuir para os estudos linguísticos”?
A mudança, aparentemente sutil, abre novos caminhos investigativos no campo da lin-
guística, buscando explicações para o que é diferente entre estas modalidades.
49
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Os efeitos de modalidade
Os estudos sobre os efeitos da modalidade na aquisição da linguagem iniciaram com os 
estudos de Petitto (1987) que argumentaque a criança surda produz gestos que diferem 
dos sinais produzidos por volta dos 14 meses, analisando essa produção gestual como 
parte do balbucio. Em outro estudo relacionado com este, Petitto & Bellugi (1988) obser-
varam que as crianças surdas com menos de dois anos não fazem uso da apontação 
típica da língua de sinais americana, pois há um processo descontínuo na aquisição da 
linguagem. As crianças surdas com menos de um ano de idade, assim como as crianças 
ouvintes, apontam frequentemente para indicar objetos e pessoas; no entanto, quando 
a criança entra no estágio de um sinal, o uso da apontação desaparece. Petitto (1987) 
sugere que nesse período parece ocorrer uma reorganização básica em que a criança 
muda o conceito da apontação inicialmente gestual (pré-linguística) para visualizá-la como 
elemento do sistema gramatical da língua de sinais (linguístico).
Surgem as primeiras combinações de sinais por volta dos dois anos das crianças sur-
das. Fischer (1973) e Hoffmeister (1978) observaram que a ordem usada pelas crianças 
surdas durante esse estágio é SV, VO ou, ainda, num período subsequente, SVO. Meier 
(1980) verificou que a ordem das palavras é utilizada para o estabelecimento das relações 
gramaticais. A ausência do sujeito ou do objeto em algumas sentenças produzidas pelas 
crianças pode indicar a marcação (+) do parâmetro pro-drop (Lillo-Martin, 1991; Quadros, 
50
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
1995). Entretanto, nesse estágio os argumentos nulos apresentados normalmente não 
são aceitos como gramaticais, pois a omissão de sujeitos e/ou objetos na língua de sinais 
americana, assim como na língua de sinais brasileira, é feita sob certas condições que 
determinam a identificação e recuperabilidade dos elementos omitidos.
Meier (1980) observou que, assim como o Japonês e o Croata, nem todos os verbos 
da língua de sinais americana podem ser flexionados para marcar as relações grama-
ticais em uma sentença. Há verbos que apresentam limitações lexicais e fonológicas 
para incorporar os pronomes como, por exemplo, os verbos ancorados no corpo, como 
GOSTAR e PENSAR na língua de sinais brasileira. Isso sugere que as crianças surdas 
devem adquirir duas estratégias para marcar as relações gramaticais: a incorporação dos 
pronomes e a ordem das palavras. A incorporação dos referentes envolve a concordân-
cia verbal, e essa depende diretamente da aquisição do sistema pronominal. Lillo-Martin, 
Mathur e Quadros (1998) e Quadros, Lillo-Martin e Mathur (2001) analisaram dados da 
aquisição da língua de sinais brasileira e da língua de sinais americana e observaram que 
os casos em que não há o licenciamento de sujeitos e objetos nulos com verbos sem 
concordância podem estar relacionados com os casos de infinitivos opcionais, pois o 
objeto não pode ser nulo com verbos sem concordância. Portanto, mesmo a criança 
tendo duas estratégias (ou ambos os parâmetros para a marcação de línguas pro-drop), 
parece estar sendo observada as mesmas restrições em relação às diferentes línguas.
51
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Petitto (1986) observou que, por volta dos dois anos de idade, ocorrem ‘erros’ de rever-
são pronominal, assim como ocorrem com crianças ouvintes. As crianças usam a apon-
tação direcionada ao receptor para referirem-se a si mesmas. A princípio, causa certa 
surpresa constatar esse tipo de erro nas crianças surdas devido à aparente transparência 
entre a forma de apontação e o seu significado. Esse tipo de erro e a evitação do uso dos 
pronomes do estágio anterior são fenômenos diretamente relacionados com o processo 
de aquisição da linguagem. A princípio, o fato das línguas de sinais serem gestuais e apa-
rentemente mais óbvias em relação à apontação não interfere na aquisição da linguagem, 
pois os mesmos efeitos observados na aquisição pronominal em crianças adquirindo 
línguas faladas são observados em crianças adquirindo línguas de sinais. Petitto descarta 
a hipótese de mudança de perspectiva, pois, no caso das línguas de sinais, se essa 
hipótese fosse verdadeira as crianças deveriam apresentar erros na perspectiva de todos 
os sinais. Para Petitto, a criança usa o sinal ‘YOU‟ como um item congelado, não dêitico, 
não recíproco e que refere somente a ela. Petitto (1987) também concluiu que, apesar da 
aparente relação entre forma e significado da apontação, a compreensão dos pronomes 
não é óbvia para a criança dentro do sistema linguístico da língua de sinais americana, 
pois apresenta múltiplas funções linguísticas.
Hoffmeister (1978) observou que a apontação envolve o sistema pronominal, o siste-
ma dos determinadores e modificadores, o sistema de pluralização e a modulação do 
52
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
sistema verbal. No estágio das primeiras combinações, Hoffmeister observou que os 
objetos são nomeados e referidos somente em situações do contexto imediato.
Dos três anos em diante, as crianças começam a usar o sistema pronominal com referen-
tes não presentes no contexto do discurso, mas ainda apresentam erros. Algumas crianças 
empilham os referentes não presentes em um único ponto do espaço. Petitto & Bellugi 
(1988) observaram que, de três anos a três anos e meio, as crianças usam a concordância 
verbal com referentes presentes. Entretanto, elas flexionam alguns verbos cuja flexão não é 
aceita nas línguas de sinais. Bellugi & Klima (1990) identificam essa flexão generalizada dos 
verbos nesse período como supergeneralizações, considerando esse fenômeno análogo 
a generalizações verbais como ‘fazi’, ‘gosti’ e ‘sabo’ na língua portuguesa. Meier (1980) 
detectou esse uso supergeneralizado observando que, nesse período, as crianças usam 
os verbos como pertencentes a uma única classe verbal na língua de sinais americana, a 
classe dos verbos com concordância, chamada por ele de verbos direcionais. Quando 
as crianças deixam de empilhar os referentes em um único ponto, elas estabelecem mais 
de um ponto no espaço, mas de forma inconsistente, pois não estabelecem associações 
entre o local e a referência, dificultando a concordância verbal.
Lillo-Martin (1986) discute alguns efeitos da modalidade espacial no processo de aquisição, 
principalmente no que se refere à iconicidade das línguas de sinais. De fato, alguns sinais 
e processos, na ASL têm motivação icônica, apresentando alguma relação entre forma 
53
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
e significado, entre o referente e o referenciado. Lillo-Martin (2002), ao considerar essa 
discussão, analisa a seguinte questão: a modalidade de alguma forma facilita a aquisição 
da linguagem? Os estudos indicam que, apesar de haver uma aparente iconicidade nas 
línguas de sinais, a aquisição do sistema pronominal e a concordância verbal apresentam 
as mesmas características da aquisição dos mesmos aspectos linguísticos nas línguas fala-
das, o que é ilustrado pelos estudos mencionados até o presente momento. Lillo-Martin cita 
a conclusão de Meier (1980) que diz que a modalidade não facilita a aquisição do sistema 
da concordância verbal. Assim, considerando o input natural que as crianças surdas ana-
lisadas nessas pesquisas apresentam, a aquisição da língua de sinais americana parece 
seguir um curso linguisticamente similar ao desenvolvimento das línguas orais.
Quanto à imitação e à compreensão dos argumentos nulos na língua de sinais americana 
pela criança, Lillo-Martin observou alguns aspectos interessantes. Primeiro, as crianças 
demonstram entender o uso opcional de argumentos e percebem o estatuto sintaticamente 
real dos argumentos nulos na língua de sinais americana. Segundo, as crianças demons-
tram o conhecimento das restrições que determinam quando os argumentos nulos podem 
ocorrer. Lillo-Martin observou que a criança não pode analisar evidências negativas.
Vimos até aqui que já há algumas pesquisas sobre a estrutura e a aquisição das línguas 
de sinais,mas ainda há muito a ser investigado. Por um lado, existe uma preocupação 
em relação aos efeitos das diferenças na modalidade, fazendo com que os estudos das 
54
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
línguas de sinais sejam extremamente relevantes. Por outro lado, as similaridades encon-
tradas entre as línguas faladas e as línguas sinalizadas parecem indicar a existência de 
propriedades do sistema linguístico que transcendem a modalidade das línguas. Nesse 
sentido, o estudo das línguas de sinais tem apresentado elementos significativos para a 
confirmação dos princípios que regem as línguas humanas.
Metodologia para Ensino da 
Língua de Sinais para Surdos
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar metodologias adequadas para o ensino da língua de 
sinais aos surdos..
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentamos os tópicos, que serão estudados nesta unidade:
• Aprendizado da Língua de Sinais e os surdos;
• Guia prático para a Língua de Sinais.
Aline Pedro Feza
59
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Ao longo dos nossos estudos acerca da língua de sinais e da educação dos surdos, apren-
demos que a língua de sinais corresponde à identidade do surdo e sua representação cul-
tural. As políticas educacionais definem atualmente que o ensino do surdo deve acontecer 
dentro de uma concepção bilíngue, a qual garante a alfabetização do surdo na língua de 
sinais e, posteriormente o aprendizado na língua oficial de seu país na modalidade escrita.
Muitos linguistas criticam o ensino bilíngue, por julgar que este ensino representa uma 
dificuldade para os surdos na apreensão da língua portuguesa. Sendo assim, nesta uni-
dade, buscaremos elucidar, a você aluno, que embora traga alguns desafios, o ensino 
bilíngue é o ensino mais adequado para o surdo, visto que preserva e garante a sua 
identidade. Neste contexto, a base da alfabetização e o desenvolvimento da aprendiza-
gem dos surdos devem ser, previamente estabelecidas com a finalidade de minimizar as 
dificuldades enfrentadas pelo surdo.
O APRENDIZADO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA O SURDO
A partir dos anos noventa, o Brasil intensifica as discussões, em curso nos mais variados 
países do mundo, acerca de uma filosofia educacional, que propiciasse êxito na edu-
cação dos surdos, já que as filosofias anteriores não trouxeram resultados confortáveis 
60
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
no que concerne ao aprendizado dos surdos. Em razão de conhecimentos advindos da 
linguística, as aulas, que eram sinalizadas e faladas ao mesmo tempo, como na aborda-
gem da comunicação total, não poderiam mais ser o veículo apropriado para a educação 
e desenvolvimento das crianças surdas. Isso porque se constatou que o uso simultâneo 
de línguas, não favorecia uma compreensão completa dos conteúdos transmitidos, até 
porque muitos sinais eram omitidos com o uso concomitante com a fala. Sendo assim, 
começaram a surgir expectativas em relação à língua de sinais, defendia-se, que esta 
é a língua natural dos surdos. E desse modo, o bilinguismo passa a ser a nova filosofia 
educacional para a educação dos surdos. Segundo Goldfeld:
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja, deve 
adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos 
surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país (GOLDFELD, 2002, p. 42).
O passo inicial, para concretizar a proposta educacional do bilinguismo, foi dado pela 
Suécia, o primeiro país a reconhecer o surdo como uma minoria linguística que tem direito 
a uma educação bilíngue legal e politicamente assegurada.
A proposta educacional bilíngue tem como objetivo, oferecer ao surdo o acesso às duas 
línguas, ou seja, a primeira língua (língua de sinais) e a segunda língua, a falada e/ou a 
escrita, que no caso do Brasil é o português. Porém, para que esse aprendizado acon-
teça, é necessário que o surdo esteja, o mais cedo possível em contato com pessoas 
61
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
que sabem a língua de sinais, pois, esse contato é de fundamental importância, para o 
domínio e conhecimento dessa língua, do mesmo modo como acontece com os ouvin-
tes, esta prática era para que nenhum atraso cognitivo viesse a acontecer. 
Nos estudos de Britto (apud Goldfeld, 2002), afirma-se que, se a criança surda não for ex-
posta à língua de sinais, desde os seus primeiros anos de vida, sofrerá várias consequências: 
A. este (o surdo) perde a oportunidade de usar a linguagem, senão o mais importan-
te, pelo menos um dos principais instrumentos para a solução de tarefas que se 
lhe apresentam no desenvolvimento da ação inteligente;
B. o surdo não há de recorrer ao planejamento para a solução de problemas;
C. não supera a ação impulsiva;
D. não adquire independência da situação visual concreta;
E. não controla seu próprio comportamento e o ambiente;
F. não se socializa adequadamente (GOLDFELD, 2002, p. 45).
A família tem um papel essencial na filosofia bilíngue. Quanto mais cedo a criança for diag-
nosticada com a surdez e inserida em escolas e/ou ambientes que a ensinem a língua 
de sinais, mais rápido ela se apropriará desse código linguístico, tendo acesso a uma 
62
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
linguagem própria da sua comunidade. O bilinguismo busca instruir o surdo na constru-
ção de sua identidade e na valorização dos seus direitos, de forma que ele possa buscar 
sua inserção na sociedade do mesmo modo que os ouvintes. Além disso, sabemos, que 
cerca de 90% dos surdos, são filhos de pais ouvintes, por isso, é fundamental que toda a 
família possa aprender a língua de sinais, facilitando a comunicação entre a criança surda 
e seus familiares de forma interativa.
Segundo Goldfeld (2002), “o conceito mais importante que a filosofia bilíngue traz é a de 
que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua própria”, por este motivo, a 
oralidade, dentro desta proposta, não é o único objetivo, além desta garantia é importante 
entender o surdo e suas particularidades, sua língua (a de sinais), sua cultura, sua forma 
de agir e pensar, entre outras. Só assim, os surdos poderão desenvolver suas habilida-
des e ter seus direitos linguísticos respeitados por toda a sociedade.
Hoje, em pleno século XXI, é possível compreender que as demais filosofias, citadas nesse 
artigo, deram suas contribuições para a educação dos surdos, mas a que conseguiu apro-
ximar o surdo de uma linguagem efetiva, foi o bilinguismo. Esta filosofia introduziu os sinais 
nas práticas educacionais, possibilitou a interação entre professor e aluno, entre os surdos e 
ouvintes, já que, grande parte dos professores, que trabalham com os surdos, são ouvintes.
As práticas educacionais, relacionadas ao bilinguismo, são muito recentes, têm, aproximadamente 
63
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
dez anos, por isso, nem todos os países implantaram essa filosofia. Entre os países adeptos do 
bilinguismo, os que se destacaram foram: A Suécia, Estados Unidos, Venezuela e o Uruguai. 
Forma necessários muitos cuidados para a implantação do bilinguismo, tais como, a formação 
de professores habilitados em língua de sinais. Vale ressaltar, que nem sempre é possível dispor 
de professores surdos, então, é preciso recorrer a professores ouvintes.
Salientamos, que no Brasil, nem sempre esses profissionais têm o domínio suficiente 
em Língua Brasileira de Sinais (Libras), podendo causar um atraso na aprendizagem dos 
alunos, por causa de omissões de palavras e gestos, comprometendo o processo de 
aquisição da linguagem, como já aconteceu nas demais filosofias. 
Outro fator importantíssimo nesse processo são os materiais didáticos, estes devem ser 
adequados para cada tipo de deficiência.Os intérpretes são fundamentais nessa ação, 
pois, são eles que transmitirão os conteúdos para os alunos surdos. Assim, a tradução 
da língua falada para a libras e da libras para a língua falada precisa ser muito eficiente, 
para que ambos possam se comunicar e interagir, da melhor forma possível.
Enfim, a educação de crianças especiais requer cuidados especiais. Por essa razão, mui-
tos países não se adequaram ao bilinguismo, e continuam na filosofia do oralismo ou da 
comunicação total. Quando falamos em mudanças educacionais, muitas coisas devem 
ser revisadas e repensadas para se alcançar a eficácia no aprendizado, e, infelizmente o 
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
comodismo é grande, ao pensarmos a educação. Um exemplo de mudança bem-sucedi-
da na educação dos surdos, encontra-se na Suécia, primeiro país a defender o bilinguismo. 
Hansen (apud Capovilla, 2001) descreve um programa dinamarquês de pesquisa, que 
acompanhou, durante oito anos, o desenvolvimento da aquisição da Língua de Sinais e 
das línguas falada e escrita por nove crianças surdas. Para se adequar a essa nova filoso-
fia, esse país planejou as etapas a serem seguidas no novo programa educacional, bem 
como, a organização e formação de todo o corpo docente das escolas e instituições, que 
atendessem à comunidade surda.
Neste diapasão, o primeiro ano dessa experiência seria dedicado apenas ao aprendiza-
do da primeira língua, ou seja, a linguagem de sinais. O principal recurso metodológico 
foi a linguagem gestual, para que os alunos pudessem aprender a base da edificação 
escolar e também aceitar a língua falada e sinalizada, facilitando, sobremaneira, a comu-
nicação entre surdos e ouvintes. Somente após o segundo ano do programa, é que o 
dinamarquês falado e escrito foi introduzido, como primeira língua estrangeira. E o mais 
interessante do programa, é que as crianças surdas, obtiveram grandes avanços edu-
cacionais e, principalmente conseguiram se desenvolver do mesmo modo que as crian-
ças ouvintes, pois tinham o mesmo nível de leitura, e também passaram a escrever em 
Dinamarquês. Como consequência do bom trabalho desenvolvido pelas instituições edu-
cacionais, obteve-se um índice altíssimo do nível de leitura e escrita das crianças surdas, 
65
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
igualando-se aos índices das crianças ouvintes. 
Além disso, melhoraram suas habilidades de leitura labial, facilitando sua interação na co-
munidade. O resultado eficaz desse programa foi reconhecido por vários países, órgãos 
governamentais e, até mesmo, pela sociedade. Desta forma, quando uma família tem um 
filho diagnosticado como surdo, deve buscar a sua inserção em escolas que ensinam a 
língua de sinais e, consequentemente, seus familiares também aprenderão essa nova lin-
guagem. Até porque, para a criança surda, a língua oral será sempre uma segunda língua, 
e para aprendê-la é necessário um trabalho especifico, como, por exemplo, atendimento 
com fonoaudiólogo, psicólogo, entre outros.
Para o surdo, o aprendizado da língua oral é um processo muito lento e difícil. Para apren-
der a falar, necessitamos dos recursos orais e auditivos e nos surdos esses recursos 
são bloqueados pela perda auditiva. Por essa razão, muitos autores concordam que a 
linguagem oral será sempre algo estranho na vida dos surdos. Sob esta lógica, Rocha-
Coutinho (apud Goldfeld, 2002), tece as seguintes considerações:
Um deficiente auditivo não pode adquirir uma língua falada como língua nativa porque ele 
não tem acesso a um sistema de monitoria que forneça um feedback constante para sua 
fala. A língua falada sempre será um fenômeno estranho para o deficiente auditivo, nunca 
algo natural. Os deficientes auditivos, provavelmente experimentam um grau considerável 
de ansiedade ao usar a língua oral porque eles não têm nenhuma forma de controlar a 
propriedade técnica e social da sua fala, exceto através de movimentos labiais e da reação 
66
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
das pessoas a sua fala. O deficiente auditivo apesar de contar com expressões faciais e 
movimentos corporais, não possui uma das fontes de informação mais rica da língua oral: 
monitorar sua própria fala e elaborar sutilezas através da entonação, volume de voz, hesi-
tação, assim como extrair da produção de seu interlocutor sutilezas através da entonação, 
volume de voz, etc. (GOLDFELD, 2002, p. 79-80).
Os bilinguistas defendem a importância do uso da língua de sinais, o mais cedo possível, 
no cotidiano das famílias de uma criança surda, para que o aprendizado dessa criança não 
seja comprometido. Os teóricos do bilinguismo enfatizam que tanto os pais como os pro-
fissionais de educação, que convivem e trabalham com crianças surdas, tenham a consci-
ência das dificuldades que a surdez traz à vida dessas crianças, seja no processo escolar, 
seja na vida pessoal. Haja vista que a falta de linguagem pode causar uma impossibilidade 
comunicativa entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes. Infelizmente, muitas pessoas 
não sabem se comunicar e interagir com os surdos. A falta de pessoas que dominem a 
língua de sinais torna a interação social do surdo muito difícil. Faltam intérpretes em locais 
como hospitais, repartições públicas, restaurantes, lanchonetes, centros comerciais, ci-
nemas, shoppings, enfim, em ambientes que poderiam se adequar para que realmente a 
inclusão dessas pessoas realmente acontecesse. Essa realidade só será possível quando 
a sociedade quebrar o tabu, de que a fala é a única forma de comunicação. 
A falta da linguagem falada não inibe os surdos de se comunicar entre si e com os ou-
vintes. Cabe aos ouvintes aprender a língua de sinais para facilitar essa comunicação. A 
67
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
falta de comunicação pode propiciar um sentimento negativo de frustração na vida dos 
surdos. Imaginem como deve ser difícil, querer se expressar e dialogar com alguém que 
não entenda a sua linguagem.
LINGUAGEM VISUAL E O APRENDIZADO PARA O SURDO
Antes de conceituarmos o termo linguagem visual, é prudente que retomemos o conceito 
de língua e linguagem. A língua representa uma forma de comunicação pré-estabelecida 
por uma comunidade linguística, ela pode ocorrer de forma oral, escrita ou sinalizada. 
Toda língua é estruturada e traz consigo a representação de um grupo, isto é, sua identi-
dade e cultura. A linguagem, por sua vez, pode ser apresentada de diversas formas, sem 
seguir um padrão pré-estabelecido, uma gramática ou uma estrutura linguística formal. 
Pode, ainda, realizar-se por intermédio da música, dança, gestos, pintura, poesia, enfim 
qualquer canal de comunicação útil para aquele sujeito naquele momento. 
Toda língua pode ter diversas formas de linguagem, então, a linguagem pode representar a 
interação das línguas e a união das pessoas via comunicação. Vale salientar, que conhecer 
uma língua, não representa se apropriar de uma linguagem. Como, por exemplo, os autistas 
não verbais, já que muitos deles conhecem a língua de seu país e a utiliza para nomear coisas e 
objetos, porém não conseguem estabelecer comunicação para expressar desejos e opiniões.
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de 
Sinais para Surdos
Diante de diversos aspectos sobre a linguagem, abordaremos, num primeiro momento, o as-
pecto visual, nesta esteira, a linguagem visual pode ser definida como toda e qualquer forma 
de comunicação, que não utiliza recursos verbais, demanda apenas imagens e símbolos. Os 
elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, são a matéria-prima 
de toda informação visual. A linguagem visual objetiva, através de símbolos e gestos, gerar 
um significado, um sentimento ou uma ideia, por parte daquele, que visualiza essa imagem. 
Contudo, qual é a relação

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