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Camila Catherine A TO no contexto de cuidados paliativos pediátricos atua visando a melhora da qualidade de vida e o engajamento em ocupações significativas de vida diária. O cotidiano hospitalar e a condição de doença cria uma rotina nova, diferenciada e intensa, que muitas vezes, não faz sentido para o bebe/criança/adolescente e pode tornar ainda mais sofrida para o paciente e sua família. Cada paciente responde a fase avançada da doença e a proximidade com a morte de modo diferente. Essa resposta tem influencia de fatores como o diagnostico, os efeitos do tratamento, a idade, o desenvolvimento cognitivo, a personalidade, a visão de vida e de morte e os recursos externos (situação socioeconômica, acesso a serviços de saúde, saneamento básico etc). O conhecimento do profissional pela etapas de desenvolvimento infantil, em especial emocional e cognitivo é fundamental, pois nos da o entendimento de que a concepção de morte depende do grau de desenvolvimento da criança. 5-7 anos a criança entende a morte como algo que tem uma causa, não é reversível e que todos os seres que vivem, morrem. Intervenção Na intervenção é importante estimular a autonomia, auxiliando nas possibilidades de significação, compreensão e participação no processo, sempre de acordo com sua etapa de desenvolvimento, e disponibilizar utilização de linguagens não verbais, como o brincar, para que possa expressar seus temores, medos, esperança, desejos e reflexões. Identificar os papéis ocupacionais valorizados pela criança – e trabalhar com as atividades significativas e escolhidas pelo próprio sujeito. Cotidiano Cotidiano = abrange como o sujeito vê a si mesmo, como constrói sua identidade, como participa da vida comunitária e também se refere as formas de organização social. A TO contribui para o sentido e possibilidade de refletir a respeito da vida cotidiana e suas determinações; lançar um olhar estrangeiro para o que parece rotina imutável; e contribuir de modo marcante para os movimentos de autodeterminação do sujeito, de reorganização do coletivo e de ressignificação do cotidiano. No contexto hospitalar o cotidiano passa a ser preenchido por cuidados em saúde, perdendo o espaço destinado às atividades prazerosas/ significativas, ficando em segundo plano. Esta situação acontece inclusive aos pais que perdem as atividades de cuidado com o filho. A TO junto à família e o paciente busca ressignificar esse cotidiano em meio a uma rotina intensa de cuidados – AVDs prazerosas e com independência, inserir o brincar, realização das atividades significativas, diminui a dor e fadiga. Processo de avaliação (avaliação terapêutica ocupacional) Este processo leva em conta os objetivos possíveis de serem alcançados junto a esses sujeitos e suas famílias e ter flexibilidade para muda-los. Camila Catherine Importante comtemplar os seguintes aspectos: História social da criança e sua família (parentes, amigos, presença de dor, mapear o cotidiano e as atividades significativas, papeis ocupacionais, funcionalidade e engajamento nos papéis, o brincar, coordenação motora ampla e fina, resistência nas AVDs e desenvolvimento neuropsiomotor). Avaliação deve ser qualitativa Traçar os objetivos e metas de intervenção junto ao paciente a família (só eles conhecem as atividades significativas) Construção dos objetivos – considerar a fase de tratamento do paciente, para construir os objetivos de curto, médio ou longo prazo. Os objetivos caminham para proporcionar autonomia e independência nas AVDs, realizar atividades significativas, ressignificar o cotidiano, melhorar o conforto e o posicionamento, manter ou estimular o desenvolvimento neuropsicomotor, trabalhar técnicas de conservação de energia e mudanças de decúbitos seguras nas AVDs etc. Manter a participação nas AVDs são fatores importantes para a criança em estado avançado da doença. Por isso o TO deve atuar em todas as fases da doença, ajustar os objetivos para ajudar os sujeitos a realizarem as atividades durante toda a evolução da doença. Os objetivos podem mudar ao longo do processo – devido aos desejos do paciente e família, evolução da doença. Dor e suas implicações no cotidiano Verificar o quanto a dor atrapalha ou impede o envolvimento na vida diária Entender que ela pode ser limitadora não apenas de funções motoras mas de qualquer tipo de interação A dor não é só física – é psicológica, social e emocional. Brincadeiras, atividades prazerosas e significativas ajudam a minimizar a dor Pais devem ser envolvidos nos atendimentos Evitar procedimentos desnecessários – agir para prevenir e minimizar a dor. Nos bebês algumas possibilidades de manejo que minimizam a dor são: reduzir a luz, ruídos e estímulos estressantes, aconchego, toque facilitado e o enrolamento. Posição de canguru em contato pele a pele com a mãe ou pai, sucção não nutritiva e o aleitamento materno. Brincar É a principal atividade da criança e proporciona o desenvolvimento de habilidades motoras, sensoriais, cognitivas, sociais e emocionais, ocupação mais significativa nessa fase da vida. O brincar neste contexto facilita muito a realização de atividades e funções, pois permite que a criança não tenha medo de fracassar no seu desempenho e ainda possa aprender com suas dificuldades. Camila Catherine A atividade lúdica é um valioso instrumento de intervenção. É prazeroso para a criança, traz alegria e resgata a condição de ser criança. Criança é vista como criança através do brincar e não apenas como um paciente grave. O brincar favorece a possibilidade de socialização e pelas características imaginativas associadas a esta atividade, brincar amplia as fronteiras limitadas pelo adoecimento. TO – pode adaptar as brincadeiras e jogos, sugerir e realizar mudanças ambientais para facilitar os momentos de brincadeiras e jogos, promover brincadeiras com os irmãos sempre que possível, envolver a família nos atendimentos e lembrar que, por mais difícil que seja, o bebe, a criança ou o adolescente precisam brincar. Tecnologia assistiva Engloba as áreas da comunicação alternativa, adaptações de acesso ao computador, tablets e smartphones, equipamentos de auxilio (órteses) para ampliar a funcionalidade dos movimentos e posicionamento. TO – prescrição e confecção dos dispositivos de TA, de acordo com as necessidades e demandas do sujeito e sua família, considerando também a condição socioeconômica, a história desse sujeito e o contexto em que esse dispositivo será usado. Treino para o uso, de acordo com o contexto, e observação se esta facilitando o cotidiano do paciente e sua família, o quanto é funcional para a dinâmica de vida daquelas pessoas. Para que os recursos de TA cumpram seu papel, proporcione autonomia, independência e ter um impacto positivo na qualidade de vida, há de se reafirmar a necessidade de abordagens que considerem os aspectos que estão presentes nas historias de vidas das pessoas, os sentidos que os equipamentos ou a falta de acesso a eles tem para essas pessoas, os sentidos sociais, educacionais e políticos presentes. O uso de dispositivos de tecnologia assistiva dentro deste contexto devem ser bem avaliados pelo TO, visto que tais dispositivos em alguns casos podem ser incômodos e não é a intenção dos cuidados paliativos proporcionar mais incomodo ao paciente é importante que o dispositivo seja confortável e funcional se assim for realmente necessário, é importante também considerar a opinião do paciente e pais sobre a implementação de tal dispositivo. (copiar da síntese) Intervenções com a família, os irmãos e a rede social próxima O adoecimento de um membro da família, reflete tambémno adoecimento dos familiares junto a esse sujeito, inclusive quando acontece a perda deste ente, ficando um lacuna na família, por isso a equipe de cuidados paliativos tem a função de oferecer apoio e cuidado aos familiares durante todo o processo de adoecimento como também no luto. Além do apoio e cuidado com a criança, os cuidados paliativos envolvem o atendimento a família, sendo esta apoiada e encorajada a manter hábitos e rotinas da criança, ainda que a morte esteja próxima. É fundamental que a equipe de CP possa realizar intervenções com os familiares no sentido de perceberem a necessidade de cuidados que Camila Catherine amenizem a dor e o sofrimento deles mesmo, da criança e da rede social mais próxima. Ações como a visita dos irmãos e colegas de escola neste contexto, é um ponto de intervenção do TO para usar de estratégias para receber essas crianças que vem visitar o irmão ou amigo de escola da melhor maneira possível tanto para o paciente como para as crianças, esse encontro pode ser organizado em um local mais aconchegante que não se limite apenas ao quarto do hospital e atividades podem ser preparadas para envolve-los. O TO faz também escuta e aconselhamento aos pais/familiares e colegas para esclarecer à situação de uma maneira compreensível as crianças, as mudanças que eles poderão visualizar devido ao tratamento, e a escuta de como foi a experiência para aqueles que visitaram, no intuito de não causar estranhamentos, sensibilização e resolução duvidas. Referencia: Texto: A terapia Ocupacional e os cuidados paliativos pediátricos (cap.10) do livro Cuidado paliativo pediátrico e perinatal, 1° ed.: editora Atheneu, 2018. Autoras: Mariana Pereira Simonato, Rosa Maria de Araújo Mitre.
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