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Acadêmicos: Igor Tadeu Reis Jaensch Marcos Vinícius Souza do Vale Costa Raylene Hagata Sandy Caroline da Silva Andrade MENINGITE Docente: Daniel Saito Fonte: Medicina NET Introdução ▸ Meningites são processos inflamatórios de etiologia variada que se localizam nas meninges do encéfalo e da medula espinhal; ▸ Agentes estranhos podem adentrar a leptomeninge das seguintes formas: ▸ Via Direta; ▸ Via nervosa; ▸ Via sanguínea; ▸ Continuidade. ▸ Podem invadir o parênquima nervoso, no qual podem causar quadros de periculosidade variável para o paciente; Fonte: researchgate.net História ▸ Primeiros relatos registrados feitos no início do século XIX. Contudo, estudiosos defendem a existência de relatos desde Aristoteles; ▸ Primeira descrição de agente etiológico bacteriano (Haemophilus influenzae) em 1887 por Anton Weichaelbaum. ▸ Mortalidade muito alta nos primeiros relatos. Devido às condições sanitárias no século XIX dentre outros fatores levava a uma taxa de mortalidade próxima de 90%; ▸ A produção de um antissoro só veio a ocorrer 20 anos depois e substituída na década de 30 pela sulfonamida; ▸ Década de 40 fora registrado um aumento da resistência a sulfonamida e passou a ser utilizadas outras substâncias com o passar do tempo. Agentes Etiológicos • A meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, dentre outros, e agentes não-infecciosos; • Meningite Aguda: mais comum (bactérias e vírus); • Meningite crônica: menos frequente (fungos, sifilítica, tuberculose,etc.); • Meningite Asséptica: vírus. Forma considerada incorreta para muitos pesquisadores; • Os quadros de meningite aguda são os mais relevantes para a saúde pública devido a frequência (virais) e periculosidade (bacterianas); • Qualquer bactéria pode causar meningite. No entanto, podemos estabelecer alguns parâmetros para definir o provável agente causador no paciente com quadro clínico PRINCIPAIS AGENTES ETIOLOGICOS DA MENINGITE Fonte: Guia de vigilância epidemiológica 6ª edição • Os agentes etiológicos mais frequentes da meningite são separados de acordo a faixa etária dos pacientes, devendo essa guiar a suspeita clínica. • Recém nascidos até 3 meses • 3 meses aos 18 anos • 18 anos aos 50 anos • Maiores de 50 • Dependendo da literatura a tabela de faixa etária sofre variações. Contudo, os agentes etiologicos representados não MENINGITES BACTERIANAS Neisseria meningitidis (meningococo); Haemophilus influenzae tipo b; Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Neisseria meningitidis Domínio: Bacteria Filo: Proteobacteria Classe: Betaproteobacteria Ordem: Neisseriales Família: Neisseriaceae Gênero: Neisseria Espécie: N. meningitidis Fonte: Blog das Micro: Meningite Neisseria Meningitidis: ‣Conhecido como meningococo; ‣Gram-negativa em forma de coco; ‣Possui diversos sorogrupos de acordo o antígeno polissacarídeo da cápsula; ‣Estão presentes nos casos de meningite na faixa dos 3 meses de vida até próximo dos 60; Streptococcus pneumoniae Domínio: Bacteria Filo: Firmicutes Classe: Bacilli Ordem: Lactobacillales Família: Streptococcaceae Gênero: Streptococcus Espécie: S. pneumoniae Fonte: Blog das Micro: Meningite Streptococcus Pneumoniae: ‣Gram-positiva com morfologia esférica (cocos); ‣Agente da meningite bacteriana mais frequente no adulto (50% dos casos declarados); ‣Possui mais de 90 sorotipos capsulares; Haemophilus influenzae Domínio: Bacteria Reino: Eubacteria Filo: Proteobacteria Classe: Gammaproteobacteria Ordem: Pasteurellales Família: Pasteurellaceae Gênero: Haemophilus Espécie: H. influenzae Haemophilus influenzae ‣Bactéria Gram-negativa; ‣Classificada em 6 sorotipos a partir da diferença da cápsula polissacarídea; ‣Se encontra nas vias respiratórias causando doenças como otite, sinusite e asma em sua forma não capsulada; ‣A sua forma capsulada, antes da vacina HiB era responsável por 95% das doenças invasivas como a meningite; Fonte: Blog das Micro: Meningite Fonte: sgc.goias.gov.br Características clínicas O período de incubação varia de algumas horas até dias. O início é quase sempre abrupto, com febre elevada, cefaleia e vômitos. Em geral podem ocorrer três síndromes concomitantes: 1. Síndrome Toxêmica/infecciosa Engloba sintomas inespecíficos como febre alta, prostração, agitação psicomotora, letargia, mialgia e inapetência, dentre outros. 2. Síndrome de Irritação Meníngea ▸ Resulta da inflamação das raizes nervosas; ▸ Possui sinais mais específicos em comparação com as outras síndromes; ▸ Crianças de até 9 meses podem não apresentar os sinais clássicos de irritação meníngea. Prestar atenção ao quadro em torno da criança; ▸ Principais Sinais: 1. Rigidez de nuca; 2. Sinal de Brudzinski; 3. Sinal de Kemig; 4. Sinal de Laségue. Fonte: researchgate.net 3. Síndrome de Hipertensão intracraniana ▸ Presente em 40% dos pacientes (mais frequente quanto mais velho for o indivíduo; ▸Cefaleia intensa e universal que mal responde aos analgésicos, irritabilidade, vômitos não precedidos de náusea (vômito em jato); ▸ Também é perceptível fotofobia, confusão mental paralisia do 6º nervo cranial e a tríade de Cushing; ▸ Pode levar ao coma; Agentes etiológicos B ac té ri as : Neisseria meningitidis (meningococo) Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Haemophilus influenzae Mycobacterium tuberculosis Streptococcus sp., especialmente os do Grupo B Listeria monocytogenes Escherichia coli Treponema pallidum Agentes etiológicos Fu n go s: Cryptococcus neoformans Cryptococcus gatti Candida albicans Candida tropicalis Histoplasma capsulatum Paracoccidioides brasiliensis Aspergillus fumigatus Agentes etiológicos V ír u s Enterovírus não-pólio (tais como os vírus Coxsackie, e Echovirus) Virus do grupo Herpes (incluindo o herpes simplex, o vírus da varicela zoster, Epstein-Barr, e Citomegalovirus) Arbovirus (tais como dengue, zika, chykungunya, febre amarela, e o vírus da febre do Nilo Ocidental) Vírus do Sarampo Vírus da Caxumba Adenovirus Agentes etiológicos Pr o to zo ár io s Toxoplasma gondii Trypanosoma cruzi Plasmodium sp H el m in to s Infecção larvária da Taenia solium Cysticercus cellulosae (Cisticercose) Angyostrongylus cantonensis Fatores de virulência • Cápsula → polissacarídeo → 13 grupos sorológicos • A, B, C, D, X, Y, Z, W135 e 29E • Sorogrupo A → epidemia → África e Ásia • B e C → Europa, Austrália e Américas → endemia • Y→ ascensão na Suécia e Estados Unidos • Fímbrias (Pili) → adesão às células Fatores de virulência • Porinas → PorA e PorB • OMP → receptores de transferrina e lactoferrina → aquisição Fe. • Lipooligossacarídios (LOS) → liberação do TNF-α → citocina→ inflamação • Proteases de IgA1 → clivam IgA1 Fatores de virulência Haemophilus influenzae Cápsula de polissacarídeo 6 sorotipos -> (a-f) Hib polirribosil-ribitol- fosfato (PRP) – FAGOCITOSE Fatores de virulência Haemophilus influenzae Fimbrias→ adesão as células epiteliais IgA1 protease LOS FATORES DE VIRULENCIA STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE • Pneumolisina Toxina com ação na membrana celular alvo Função citolítica Induz a apoptose FATORES DE VIRULENCIA STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE Hialuroni dases Acido hialurô nico celular tecido conjuntivo invasão do patógen o Autolisinas enzima de remodelação Neuraminidases Degrada acido siálico Facilita a exposição do pneumococo PATOGENIA DA MENINGITE Condições para que a doença se estabeleça: exposição ao patógeno, colonização da mucosa nasofaringea, passagem através da mucosa, sobrevida do patógeno na circulação sanguínea e produção da resposta tecidual hemorrágica; Colonização bacteriana nasofaringe Bactéria se adere ao epitélio local e atravessa a mucosa Interleucina-1 e o fator de necrose tumoral (TNF) 6. Vias de transmissão • Na MeningiteBacteriana a transmissão é de pessoa para pessoa, pelo contato direto com gotículas de secreções nasofaríngeas de doentes ou portadores. • Inoculação de microrganismos. • Na MB do recém-nascido, a transmissão pode se dar pelo contato com secreções vaginais. • Que, através da ingestão de alimentos contaminados. • Por via sanguínea, ocorre a partir de um foco infeccioso primário ou parasitemia. • Na Meningite Viral, a transmissão é de pessoa a pessoa, e varia de acordo com o agente etiológico, sendo fecal-oral, no caso dos enterovírus. Fonte: Popular Science Fonte: Brasil Escola Fonte: Icon-Icons 7. Vetores e Reservatórios • O Ser humano é o principal reservatório dos agentes infecciosos que causam a meningite, tanto a viral quanto a bacteriana. • Escherichia coli, Salmonella sp. e Listeria monocytogenes podem estar em alimentos contaminados. Até no solo como é caso também da Listeria monocytogenes. • Além disso na Meningite Tuberculosa, o reservatório também pode ser o boi ou outros animais. • Em relação aos Enterovírus, já se observou a presença desses agentes em cães, podendo ser encontrados também no meio ambiente (p. ex., no esgoto). • Na maioria dos casos não existem vetores desses agentes. Exceto em casos como dos arbovírus que também causam meningite. No vírus do Nilo Ocidental, o Culex. Fonte: BBC Brasil Fonte: Icon-Icons Fonte: visao.sapo 7. Epidemiologia • Globalmente, mais de 5 milhões pessoas são afetadas pela meningite anualmente e a cada dez pacientes, um morre em decorrência da doença (Meningitis Research Foundation) • Todas as faixas etárias podem ser acometidas • O maior risco de adoecimento está entre as crianças menores de 05 (cinco) anos, especialmente as menores de 01 (um) ano de idade. • A incidência de meningite, principalmente por N. meningitidis é mais alta em uma região da África Subsaariana conhecida como “cinturão da meningite”. Região hiperendêmica se estende do Senegal à Etiópia. • Epidemias sazonais (10-100 casos por 100.000 habitantes), pontuada por epidemias explosivas em ciclos de 8-12 anos (maiores mais de 1.000 casos por 100.000 habitantes). Fonte: Control of epidemic meningococcal disease, WHO practical guidelines, World Health Organization, 1998, 2nd edition, WHO/EMC/BAC/98.3 Fonte: MD.Saúde 7. Epidemiologia • No Brasil, a meningite é endêmica, com ocorrência de surtos de forma esporádica. A taxa de incidência tem diminuído nos últimos anos. • O coeficiente de incidência da Meningite Meningocócica, a mais grave, demonstrou tendência de declínio entre 2003-2018. 2 casos/100 mil hab -> estável, com 0,5/100 mil hab (2016-2018). • RJ, SP, RS e SC. • O coeficiente de incidência da Meningite Viral variou entre 8,2/100 mil hab (2007) a 3,5 casos/100 mil hab. (2015) • Regiões Sul, Sudeste e Nordeste (2003-2018). • Com relação aos níveis de letalidade da doença, foram registrados em torno de 20% nos últimos anos, chegando a quase 50% na forma mais grave. • 15.247 casos confirmados (2017) Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)/MS. Data de atualização dos dados: 11/06/2019. Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)/MS. Data de atualização dos dados: 07/06/2019 7. Epidemiologia • No Amazonas, a doença é endêmica. • Região Norte com 752 casos (2019). • Amazonas 151 casos (2019), e 26 mortes (2019). Fonte: Wikipédia DIAGNÓSTICO ❖ CLÍNICO • A suspeita diagnóstica é feita na presença de sinais e sintomas clínicos que, em geral, traduzem a inflamação, meníngea e suas consequências e que variam de acordo com a faixa etária acometida. • Sintomas e sinais não específicos Recém-nascidos: alta temperatura, recusa alimentar, vómitos, letargia e dificuldade respiratória. • Crianças maiores: cefaleia, vômitos e febre, de início agudo ou insidioso, acompanhada frequentemente de fotofobia bem como sonolência e letargia. • Exame físico em geral Sinais de Irritação Meníngea: rigidez de nuca, sinal de Brudzinski e sinal de Kerning. • Adultos: irritação meníngea e inflamação do parênquima cerebral. ❖ Na existência de sinais sugestivos de meningite é importante estabelecer o diagnóstico, que proceda à realização de uma punção lombar com recolha de LCR. • Desinfecção da pele com álcool • Cuidados de Assepsia • LCR recolhido para tubos estéreis com tampa de rosca. É importante que o LCR seja recolhido sem anticoagulantes. A amostra é concentrada por centrifugação, e o sedimento é usado para inoculação em meios de cultura apropriados e para preparar a coloração pelo método de Gram (Murray et al., 2004). Laboratorial Exame do LCR Testes serológicos para diagnóstico rápido Cultura bacteriana Testes moleculares Proteína C reactiva Neuroimaginologia (TAC e RM) EXAME DE LCR • Apresenta-se turvo • Aumento → células → leucócitos polimorfonucleares. • Aumento das proteínas • Diminuição da glicose e pleocitose com predomínio de neutrófilos. CULTURA BACTERIANA • A análise bacteriológica inclui a coloração de Gram , e a inoculação em meios de cultura; • A coloração de Gram é realizada recorrendo a LCR fresco não centrifugado. Os meios de cultura mais usados para a inoculação do LCR são: Gelose chocolate Gelose sangue Outro meio de cultura que pode ser usado é o Thayer Martin TESTES MOLECULARE - PCR • Esta técnica permite a análise de um grande número de agentes patogénicos de um modo mais rápido, preciso e seguro. • resultados mais rápidos e não é necessário o cultivo prévio do microrganismo. PROTEINA C REATIVA • Diagnóstico diferencial entre meningite viral e meningite bacteriana. • Valores elevados em caso de meningite bacteriana. • Níveis normais em caso de meningite viral. Neuroimagiologia O exame tomográfico (TAC) deve ser solicitado nos casos em que haja suspeita de hipertensão intracraniana. Auxilia o diagnóstico quando o LCR e as culturas são negativas. Uma boa opção para o seguimento e avaliação do curso da doença. TRATAMENTO ❖Observações • Nos casos de tuberculose meningoencefálica em qualquer idade, recomenda-se o uso de corticosteroides (prednisona, dexametasona ou outros) por um período de 1 a 4 meses, no início do tratamento. • Na criança, a prednisona é administrada na dose de 1 a 2mg/kg de peso corporal, até a dose máxima de 30mg/dia. No caso de se utilizar outro corticosteroide, aplicar a tabela de equivalência entre eles. PREVENÇÃO E CONTROLE • Orientar a população sobre a importância da higiene corporal e ambiental, bem como a manutenção de ambientes domiciliares e ocupacionais ventilados, e evitar aglomerados em ambientes fechados. • Informar sobre os mecanismos de transmissão da doença. • Capacitar os profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento precoces. • Notificar todos os casos suspeitos às autoridades de saúde. • Investigar imediatamente todos os casos notificados como meningite. • Realizar, de forma adequada e em tempo hábil, a quimioprofilaxia dos contatos íntimos, quando indicada. • Manter alta cobertura vacinal contra BCG e Hib, observando a importância da cobertura homogênea nos municípios. • Detectar precocemente e investigar rapidamente os surtos. • Realizar a vacinação para bloqueio de surtos, quando indicada. Referências • Monte, Rossicléia Lins. A importância clínico-epidemiológica dos marcadores laboratoriais presuntivos e confirmatórios para o diagnóstico da doença meningocócica [Dissertação]. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, 2004. • GOLDMAN, Lee, SCHAFER, Andrew L. Goldman - Cecil Medicina. 24ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. • MURRAY, Patrick.R.; ROSHENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A. Microbiologia Médica. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. • Jarovsky, Daniel. Estudo de vigilância hospitalar em doença pneumocócica invasiva: efeito da vacina pneumocócica conjugada 10-valente na incidência da doença pediátrica e na distribuiçãode sorotipos [Dissertação]. São Paulo, 201. • FARIA, Sônia Maria. Meningites bacterianas-diagnóstico e conduta. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, 1999. Disponível em:http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S46/port.pdf Acesso em: 27 de set. de 2020. • PEREIRA, Diana Nogueira. Meningites Bacterianas. Porto, 2014. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4837/1/PPG-21948.pdf Acesso em:27 de set. de 2020 http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S46/port.pdf https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4837/1/PPG-21948.pdf
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