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VICTORIA ALENCAR – 6º SEMESTRE – UNIFTC – 2021.1 7 otorrino aula 7 – rinossinusites anatomia – revisão 1 – Cavidade sinusal maxilar; 2 - Óstio de drenagem da cavidade paranasal maxilar; 3 – Infundíbulo etmoidal; 4 – Hiato semilunar; 5 – Corneto inferior; 7 – Processo unciforme.TC NO PLANO CORONAL MOSTRANDO O COMPLEXO OSTIOMEATAL HISTOLOGIA · Epitélio pseudo-estratificado colunar ciliado, entremeado por células caliciformes; · Coberto por cílios dotados de movimentos vibráteis que conduzem o material estranho retido no muco para a região do óstio de drenagem; · Na região submucosa encontram-se as glândulas seromucosas que, juntamente com as células caliciformes, produzem a camada de muco com seus dois componentes: camada mucosa (fase gel) na superfície e serosa (fase sol) na profundidade. FISIOLOGIA · Ressonância à voz; · Aquecer o ar inspirado; · Diminuir o peso do crânio; · Absorver choque craniano; · Contribuir p/ desenvolvimento facial; · Mucosa íntegra – barreira; · Produção de muco – barreira; · Função ciliar – barreira; · IgA secretora, IgG, IgM; · Potência dos óstios. rinossinusites · Processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e dos seios paranasais; · Termo correto: rinossinusite · Dificilmente tem-se sinusite sem rinite; · Um continuum. · 2 ou mais dos seguidos sintomas: obstrução nasal, rinorréia anterior ou posterior, dor ou pressão facial, hiposmia ou anosmia; · 1 ou mais achados endoscópios: pólipos, secreção mucopurulenta drenada do meato médio, edema obstrutivo da mucosa no meato médio; · e/ ou alterações de mucosa do complexo óstiomeatal (COM) ou seios paranasais visualizadas na tomografia computadorizada (TC) não muito utilizada para rinossinusites agudas. OBS: na maioria das vezes o diagnóstico é feito clinicamente, pois por mais que nos últimos tempos a presença do endoscópio no consultório seja frequente, nem todas as rinossinusites terão achados endoscópios (como por exemplo, secreção mucopurulenta drenada do meato médio). CLASSIFICAÇÃO MAIS COMUM · RSCsPN – rinossinusite crônica sem polipose nasal; · RSCcPN - rinossinusite crônica com polipose nasal; · Nesta última classificação foi retirada a rinossinusite subaguda e foi incluída na crônica a subdivisão de com polipose nasal e sem polipose nasal. ETIOPATOGENIA · Mais comum quando se tem patologia de base: · Alergia; · Anormalidades ciliares e do muco; · Imunodeficiência; · Doenças granulomatosas. · Fatores locais contribuem para a formação da rinossinusite, dentre eles: · Rinite alérgica; · Hipertrofia adenoideana; · Refluxo gastroesofágico; · Corpo estranho – sempre desconfiar em casos, por exemplo, de crianças que surgem no consultório com secreção unilateral em fossa nasal. Principalmente se for tratada e não melhorar os sintomas, neste caso deve-se realizar exames para investigar um possível corpo estranho; · Pólipos; · Atresia coanal. ATRESIA COANAL - OBSERVAR QUE A COANA DO LADO DIREITO DA IMAGEM ESTÁ ABERTA/LIVRE, ENQUANDO A COANA DA ESQUERDA ENCONTRA-SE FECHADA (SETA). · Fatores locais: · Desvio do septo – com o desvio, o septo às vezes acaba obstruindo o óstio meatal, não havendo uma drenagem eficiente das secreções; · Concha bolhosa – ocorre quando a concha nasal apresenta uma bolha de ar em seu interior, aumentando a chance de obstrução na região do óstio; · Processo unciforme anômalo; · Corneto paradoxal – ocorre quando a região convexa da concha nasal se dá para o lado do septo, obstruindo a passam de ar (observar na imagem acima que a região convexa se dá normalmente para o lado oposto ao do septo e a côncava para o lado do septo em uma concha normal, no corneto paradoxal ocorre o inverso); · Bula proeminente; · Tumores. · Fatores sistêmicos: · Discinesia ciliar; · Sinusite fúngica alérgica; · Imunodeficiência; · Infecção viral ( função defensiva da mucosa e diminuição do batimento ciliar); · Doenças gerais ( as defesas do organismo). · Imunodeficiências: · Congênita; · IgA; · Subclasses IgG;PRINCIPAIS DOENÇAS HOJE EM DIA QUE CAUSAM A CRONIFICAÇÃO DAS RINOSSINUSITES, PRINCIPALMENTE FÚNGICAS. · Quimioterapia; · HIV/SIDA. · Falha na amamentação; · Creches; · Desnutrição; · Falha no tratamento das rinossinusites agudas; · Mudanças de temperatura (distúrbios vasomotores); · Grandes baixas de temperatura ( atividade ciliar); · Fatores de proteção: · Revestimento epitelial vibrátil da mucosa (transporte contínuo do muco para a orofaringe); · Secreção mucosa glandular (lisozimas e IgA secretora); · 80% do ar nos seios são trocados a cada 5 minutos. · Muitas vezes até mesmo um simples bloqueio do óstio pode gerar uma rinossinusite, pois ele diminui a tensão de oxigênio, favorecendo algumas alterações que podem abaixar o ph, produzir ácido lático e reduzir o batimento ciliar, gerando o acúmulo/estase do muco levando a uma colonização bacteriana e ocasionando o aparecimento da rinossinusite. diagnóstico · Quadro clínico: · Obstrução/ congestão nasal; · Rinorréia anterior/ posterior muitas vezes o quadro não será de uma coriza saindo pelo nariz (anterior) e sim uma tosse, pois também há rinorréia posterior; · Dor/ pressão facial; · Hiposmia/ anosmia; · Febre (menor na crônica); · Tosse; · Cefaleia. · Exame físico: · À inspeção e palpação: · Edema periorbitário, com hiperemia ou sinais infecciosos, que levantariam suspeita de alguma complicação; · Halitose, pela presença de secreções purulentas; · Dor à palpação facial. · À Rinoscopia anterior: · Edema e hiperemia de conchas nasais; · Secreção em região de meato médio ou nas fossas nasais. · À Oroscopia: · Drenagem posterior de secreção mucopurulenta (é possível ver a secreção purulenta escorrendo na orofaringe); · Hiperemia da parede posterior da orofaringe. · Exame endoscópio da cavidade nasal; · Citologia nasal; · Função mucocicliar; · Laboratório; Exames de imagem USG (GESTANTES) RADIOGRAFIA SIMPLES · Baixa sensibilidade; · Achados não são compatíveis com os da TC; · Podem apresentar alterações após infecção viral; · Cerca de 80% das vezes não concordante com TC; · Alterado em 30-50% de assintomáticos; 40 -46% normais, porém com TC alterada; 35-36% alterados com TC normal; · Utilizado com cautela. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA · “Padrão ouro”; · Casos agudos sem resposta ao tratamento clínico; · Casos recorrentes ou crônicos; · Complicações; · Planejamento cirúrgico; · Requer cuidado ao momento de solicitação: · 25-38% de pacientes sintomáticos com TC normal; · 87% dos pacientes com resfriado comum apresentam alteração à TC dos seios maxilares, 65% nos etmoidais, 30-40% nos seios frontais ou esfenoidais que são característicos de rinossinusite e na verdade era apenas um resfriado e não rinossinusite; · Assintomáticos apresentam 15-42,5% de sinais sugestivos de rinossinusite; · PREFERE TRATAR E DEPOIS SOLICITAR, POIS QUANDO PEDIDA ANTES DO TRATAMENTO SÓ TENDE A ATRAPALHAR E NÃO AJUDAR NO DIAGNÓSTICO EFETIVO. RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA · Indicação limitada; · Complicações intracranianas; · Complicações oftalmológicas; · Suspeita de rinossinusite fúngica. BOLA FÚNGICA NO ESFENÓIDE RINOSSINUSISTE AGUDA EPIDEMIOLOGIA · Geralmente após uma IVAS ou inflamação alérgica; · Apenas 0,5 a 2% evoluem para sinusite bacteriana não utilizar ATBs indiscriminadamente; · IVAS são mais frequentes nas crianças: · Sistema imunológico imaturo; · Anatomia nasossinusal; · Vegetações adenoideanas; · Fatores ambientais (escola e creches). diagnóstico · História clínica; · Exame complementar: videoendoscopia nasal; · Tomografia computadorizada – geralmente desnecessária. microbiologia* · Viral: · Rinovírus, influenza, adenovírus e parainfluenza. · Bacteriana: · S. pneumoniae; · H. influenzae; · M. catarrhalis; · Outras espécies de estreptococcus; · Anaeróbios; · S. aureus. · Suspeitar de quadro bacteriano se durar mais de 10 dias ou houver piora dos sintomas após o 5º ao 7º dia (segundo pico) – linhas vermelhas; · Em imunodeprimidos lembrar de fungos. tratamento · Lavagem nasal + spray de corticóide nasal; · Podeser utilizado corticóide oral, injetável o professor relata que não utiliza; · ATBs são utilizados nos casos de segundo pico ou manutenção após 10 dias (não há melhora); · A amoxicilina hoje em dia não é utilizada pura por conta da resistência bacteriana, mas sim com clavulanato (início de tratamento); · Sulfametaxazol possui muitos efeitos colaterais e é pouco utilizada; · As quinolonas são muito boas para o tratamento das rinossinusites, mas com a indicação correta. O levofloxacino, moxifloxacinoe gemifloxacino tem sido pouco utilizadas, pois por anos foi utilizada indiscriminadamente para crianças e grávidas (não são indicadas para estes grupos) e levou a muitos efeitos colaterais, fazendo com que a associação europeia contraindicasse o uso de quinolonas para tudo e aqui no Brasil a sociedade também recomendou a contraindicação. rinossinusite crônica epidemiologia · Prevalência de 15% (37 milhões de pessoas) na população americana; · Igualmente em ambos os sexos, todas as raças; · 6-59% dos portadores de HIV desenvolvem rinossinusite crônica (RSC); · 5ª enfermidade em frequência de prescrição de antibiótico. microbiologia · Fungos; · Aeróbios: · S. aureus; · S. coagulase negativo; · Steptococcus hemolyticus. · Anaeróbios: · Peptostreptococcus; · Prevotella; · Bacteroides; · Propionibacterium. tratamento · Lavagens nasais com solução salina; · Corticosteroides sistêmicos e tópicos; · Descongestionantes tópicos por 3 a 5 dias – evitar os sistêmicos, pois deixam a secreção mais espessa e dificultam sua saída; · Analgésicos – dor e febre; · Anti-histamínicos em pacientes alérgicos; · Tratamento da doença ou alteração de base; · Cirurgia. rinossinusite crônica com polipose fisiopatologia · Multifatorial: fatores locais, como infecção bacteriana, alterações estruturais, participação de células e mediadores químicos, além da predisposição genética; · O processo inflamatório crônico é o elemento central – interação de células inflamatória e células residentes da mucosa, com aumento de mediadores inflamatórios; · Associação com: · Asma; · Intolerância a aspirina; · Rinite alérgica (controverso); · Discinesias ciliares (principalmente em crianças). diagnóstico · Rinoscopia anterior; · Videoendoscopia nasal; · Tomografia computadorizada – avaliação da extensão. POLIPOSE CARNOSA X POLIPOSE GERATINOSA – O PÓLIPO INSTRANASAL É MAIS GELATINOSO E QUANDO MUITO PÓXIMO A ENTRADA DA FOSSA NASAL TEM UM ASPECTO MAIS CARNOSO PELA PRESENÇA DO AR (RESSECA). · Na imagem da direita podemos observar o corneto médio (seta preta) e o pólipo localizado no meato médio juntamente com secreção (seta verde). Este cenário é o que observamos na maioria das vezes nos pacientes e geralmente este pólipo se origina do seio maxilar. Quando ele cresce muito e vai “para trás” (seta rosa) pode ser chamado de pólipo antrocoanal quando unilateral e quando bilateral é chamado de polipose. tratamento · Glicocorticoides sistêmicos – já se inicia o tratamento com ele (a não ser que haja uma contraindicação ao paciente) e de forma injetável, pois o pólipo “murcha” na presença do corticóide; · Glicocorticoides tópicos ou spray– quando parar? apenas quando o médico indicar; · Solução salina; · Macrolídeos (claritromicina, eritromicina) – também para redução do pólipo; · Antileucotrienos (utilizado principalmente em pacientes contraindicados para uso de corticóide) e dessensibilização com AAS; · Cirurgia. rinossinusite fúngica · Processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e paranasal de origem fúngica. epidemiologia · Tem aumento a sua importância, devido ao aumento da incidência do comprometimento do sistema imunológico das pessoas (SIDA, quimioterapias); · 10-20% dos pacientes com rinossinusite crônica que são submetidos à cirurgia têm o fungo como principal agente causador; · Inicia-se pela inalação de esporos e sua nidação na mucosa da via aérea superior; · Alguns fungos são capazes de colonizar os epitélios sem penetrar ou invadir a superfície, provocando resposta inflamatória e imunológica, semelhante aos que invadem; · Outro mecanismo: antígenos fúngicos estimulam reação de hipersensibilidade. fatores de risco · Uso de corticosteróides crônico (pacientes com lúpos) – na candidíase, criptococose e aspergilose; · Atopia – na rinossinusite fúngica alérgica; · Cetoacidose diabética – na mucormicose rinocerebral; · SIDA, discrasias sanguíneas, usuários de drogas imunossupressoras e citotóxicas. diagnóstico · Testes imunológicos (identificação de anticorpos circulantes); · Histopatologia (diferencia as formas): · Técnicas citológicas (Papanicolau e Leischman) celularidade e cristais de Charcot-Leyden; · Colorações especiais. · Cultura; · Exame direto. classificação · Invasiva:EM PCTES COM IMUNIDADE COMPROMETIDA · Aguda (fulminante); · Crônica (indolente). · Não-invasiva:EM PCTES COM IMUNIDADE NÃO-COMPROMETIDA · Saprófita; · Bola fúngica;EM PCTES COM ATOPIA · RSFA. ATÉ AQUI PARA PROVA + BOLA FÚNGICA FORMA NÃO-INVASIVA · São as mais comuns; · Infestação saprófica: · Presença assintomática de fungos visíveis em crostas mucosas no nariz ou seio paranasal; · Mais frequente em pacientes submetidos a cirurgia endoscópica prévia; · Número de seios afetados é variável; · Tratamento: limpeza endoscopia e lavagens salinas para a remoção das crostas. · Rinossinusite fúngica alérgica: · História de atopia, eosinofilia; · Associada Polipose nasal e RSC intratável; · Agentes mais frequentes: bipolares, curvalaria, aspergillus e fusarium; · Critérios diagnósticos: · Hipersensibilidade tipo I confirmada por testes; · Polipose nasal; · TC ou RNM características; · Histologia sem invasão tecidual e com evidência de muco eosinofílico (mucina alérgica); · Exame direto ou cultura positiva para fungos. · Quadro clínico e achados: rinossinusite crônca, atopia, polipose nasal, deformidade facial progressiva sem invasão de mucosa; · Muco evidencia eosinofilia apresenta cristais de Charcot-Leyden; · Múltiplos seios; · TC com sinais de hiperatenuação; · Tratamento: · Cirurgia endoscópica: retirada de muco de pólipos (melhorar drenagem e aeração); · Lavagem nasal hipertônica; · Corticosteróide (prednisona); · Corticóide tópico; · Não são usados antifúngicos. · Bola fúngica:* · Emaranhado de hifas no interior dos seios paranasais, sem invasão tecidual e com mínima reação inflamatória da mucosa; · Seio envolvido geralmente único; · Os mais atingidos são os maxilares, seguidos pelo esfenoidal, frontais e raramente etmoidais; · Maior incidência entre mulheres e idosas; · Não é comum a associação com condições clínicas gerais e locais (desvio septal, polipose, etc); · Quadro clínico semelhante ao da RSC bacteriana – paciente que normalmente tem quadro de RSC bacteriana, mas não melhora ao tratamento e após tomografia percebe-se a bola fúngica ou até mesmo um paciente sem sintomas e à TC de crânio apresenta a bola fúngica; · TC opacificação do seio envolvido, com esclerose e afinamento de parede, presença de imagens de densidade óssea ou metálica no interior do seio (define diagnóstico? não necessariamente... secreções espessas podem gerar esse achado, mas é bem característico da bola fúngica); · Aspergillus são os mais encontrados; · Tratamento: - Remoção cirúrgica da bola fúngica e aeração do seio; - Lavagem nasal hipertônica. · Na imagem acima percebemos que no seio maxilar do lado esquerdo da imagem aparece uma região cinza, que é compatível com a apresentação de partes moles à TC. Entretanto é possível visualizar neste seio duas manchas esbranquiçadas, que se referem ossificações dentro das “partes moles” (setas em rosa) e isso é bem característico de fungos. É sempre fungo? Não, mas é bem característico e é necessário preparo para cirurgia. FORMA INVASIVA · Crônica invasiva: · Geralmente aspergillus, mas também Mucor, Altenaria, Curvalaria, Bipolaris, Candida, Sporotrix schenckii; · Massa facial e proptose. Lentamente progressivae localmente destrutiva; · Pode ocorrer em imunocomprometido; · Tratamento: remoçãocirúrgica, reastabelecimento da drenagem mucocicliar, ventilação. Anfotericina B e Itraconazol (uso prolongado), lavagem nasal. · Aguda fulminante: · Neutropênico; · Caráter angioinvasivo. Necrose ulcerativa da mucosa; · Endema/ eritema periorbitário e/ou facial; acometimento de nervos cranianos; quemose, ptose, otalmoplegia; necrose gengival/ palatal; crostas necróticas. · Mucor, aspergillus; · Mucomicose rinocerebral; · Tratamento: repetidos desbridamento, corrigir deficiências imunológicas, anfotericina B segunda de antifúngicos orais por longa data.