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Emergências Obstétricas Aula 4 - Assistência ao parto

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Marina Ribeiro Portugal 
 
MARINA RIBEIRO PORTUGAL 
 
AULA 4: ASSISTÊNCIA AO PARTO EUTOCICO 
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1. Introdução 
 No Brasil cerca de 3 milhões de nascimentos envolvendo quase que 6 milhões de pessoas 
 O nascimento no ambiente hospitalar se caracteriza pela adoção de várias tecnologias e 
procedimentos com o objetivo de torna-lo mais seguro para a mulher e o recém-nascido 
 No componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha figura como a adoção de práticas 
de atenção à saúde → Boas práticas 
 Os modelos de assistência ao parto e a realização de cesáreas são debatidos desde a 
década de 1980. A complexidade dos fatores que cercam o parto e sua assistência têm 
suscitado questionamentos envolvendo desde a qualidade da atenção obstétrica até o 
significado da parturição para as mulheres. 
 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o objetivo da assistência ao parto é 
manter mulheres e recém-nascidos sadios, com o mínimo de intervenções médicas, 
buscando garantir a segurança de ambos. Dessa maneira, a OMS recomenda que o 
profissional de saúde intervenha no nascimento de uma criança somente quando 
necessário. Apesar dessa recomendação, a incidência do parto cesáreo está aumentando 
em diversos países, o que motiva muitos estudos internacionais e nacionais. 
 A cesárea é uma intervenção cirúrgica originalmente concebida para reduzir o risco de 
complicações maternas e/ou fetais durante a gravidez e o trabalho de parto. Essa 
intervenção não é isenta de risco, a despeito das melhorias na segurança dessa operação. 
Antes só realizada em mulheres mortas para salvar a vida do feto, a cesariana passou a 
proporcionar segurança à gestante e a seu filho em situações de maior complexidade. 
Enquanto a maioria dos autores concorda que a cesárea deve ser evitada na ausência de 
indicação médica, outros relatam que melhorias nas técnicas cirúrgicas, medidas de 
prevenção de infecção e transfusões sanguíneas permitiriam indicar o procedimento 
também para a satisfação dos anseios da mãe e/ou da família. 
 Em quase todo o mundo o parto cesáreo é cada vez mais frequente. As principais 
justificativas encontradas na literatura internacional para tanto são fatores sociais, 
demográficos, culturais e econômicos das gestantes, associados à solicitação materna pelo 
tipo de parto e fatores relacionados ao modelo assistencial desenvolvido nesses países, 
que envolvem aspectos do trabalho médico e de outros profissionais, preferências 
médicas e interesses econômicos dos atores desse processo. Diferentes países exibem 
características peculiares quanto à forma de organização da assistência à saúde 
relacionadas às prioridades em saúde pública, ao modelo político estabelecido e ao grau 
de intervenção e participação do Estado nos diversos níveis de assistência. Diferenças nas 
condições sociais, educacionais e econômicas da sociedade também são relevantes. A 
organização da assistência à gestante se molda a essas características, determinando o 
modelo de atendimento ao parto. O modelo hospitalar de assistência ao parto e com 
intervenções médicas nem sempre aceitas pelos estudiosos do assunto sofre críticas da 
sociedade e da comunidade acadêmica, com questionamentos contundentes no campo da 
obstetrícia. 
 Mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às 
informações baseadas em evidências e serem incluídas na tomada de decisões. Para isso, 
os profissionais que as atendem deverão estabelecer uma relação de confiança com as 
mesmas, perguntando-lhes sobre seus desejos e expectativas. Devem estar conscientes da 
importância de sua atitude, do tom de voz e das próprias palavras usadas, bem como a 
forma como os cuidados são prestados. 
 
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2. Princípios do programa de humanização no pré-natal e nascimento 
 Toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da 
gestação, parto e puerpério 
 Toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será 
atendida no momento do parto 
 Toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada 
de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições 
estabelecidas na prática médica 
 Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura 
3. Boas práticas de atenção e gestão 
 Acolhimento com classificação de risco 
 Direito a acompanhante durante a internação apoio durante o parto 
 Oferta de métodos de alívio a dor 
 Liberdade de posição no parto, privacidade 
 Restrição de episiotomia, amniotomia, ocitocina e outros 
 Contato pele a pele mãe e bebê → Proteção do período sensível 
 Acolhimento adequado às especificidades etnoculturais 
 Equipe horizontais do cuidado 
 Presença de enfermeiro obstetra/ obstetra na assistência ao parto 
 Colegiados gestores materno-infantis 
 Discussão e publicação dos resultados 
4. Diagnóstico do trabalho de parto 
 Contrações regulares 
 Esvaecimento do colo 
 Dilatação cervical 
 Formação da bolsa das águas 
5. Fases clínicas do parto 
 Período premonitório → 
 Primeiro período ou período de dilatação → 
Fase latente e a fase ativa 
 Segundo período ou período expulsivo 
 Terceiro período ou secundamento 
 Quarto período ou período de Greenberg 
6. Diagnóstico da fase ativa 
 Há contrações uterinas e dilatação cervical progressiva a partir dos 4cm 
 Contrações uterinas regulares que causam esvaecimento e dilatação cervical a partir de 
5cm de dilatação 
7. Assistência ao primeiro período 
 Internar → Fase ativa 
 No internamento 
❖ Exames pré-natal 
❖ Medicações em uso 
❖ Avaliar risco → Atual e em gestação anterior 
❖ Exames admissionais 
➢ Tipagem sanguínea e fator Rh 
➢ Teste rápido para HIV 
➢ Vírus da hepatite B (agHbs) 
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➢ TR sífilis/ VDRL 
❖ Classificação de risco HPP 
❖ Classificação de Robson 
❖ Ausculta fetal a cada 15 – 30 minutos 
❖ Pulso materno a cada hora 
❖ Temperatura e PA a cada 4 horas 
❖ Frequência de diurese 
❖ Exame vaginal a cada 4 horas 
❖ Abrir o partograma 
 
 Ausculta fetal 
❖ Baixo risco 
➢ Período de dilatação → 30 em 30 minutos 
➢ Período expulsivo → 15 em 15 minutos 
❖ Alto risco 
➢ Período de dilatação → 15 em 15 minutos 
➢ Período expulsivo → 5 em 5 minutos 
 Permitir a ingestão de períodos e alimentos → Gestante por si só corre o risco de 
broncoaspiração comendo ou não 
 Presença do acompanhante em todo o trabalho de parto 
 Período de repouso relativo 
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 Encorajar posições verticais/ confortáveis 
 
8. Estratificação de risco HPP 
 
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9. Não recomendados na rotina 
 
10. Analgesia – opções ao alívio da dor 
 Farmacológicas 
❖ Epidural 
❖ Opioides parentereais → Fentanil; Diamorfina; Pepdina 
 Não farmacológicas → Normalmente realizada no início 
❖ Técnica de relaxamento 
❖ Massagens 
❖ Compressas 
❖ Imersão 
11. Duração da fase ativa 
 Primíparas → Média de 8 horas e é pouco provável que dure mais que 15 horas 
 Multíparas → Dura em média 5 horas e é pouco provável que dure mais que 12 horas 
12. Assistência ao segundo período 
 Período expulsivo e orientar a respiração e puxo segundo o seu próprio impulso 
 Evitar puxos dirigidos 
 Puxo espontâneo ineficaz → Suporte emocional; mudança de posição; esvaziamento 
vesical 
 Não realizar manobra de Kristeller 
 Ausculta intermitente → A cada 5 – 15 minutos 
 Desencorajar posições → Supina; decúbito dorsal horizontal; posição semi-supina 
 
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6Manobra de Ritgen → Proteção do períneo através da manobra de Ritgen, mas existe a 
hands off (pedido da mão) 
 
 Episiotomia seletiva 
 
 Duração do período expulsivo 
❖ Primíparas → 0,5 – 2,5 horas (sem peridural) e 1 – 3 horas (com peridural) 
❖ Multíparas → 1 hora (sem peridural) e 2 horas (com peridural) 
13. Nasce 
 Contato pele a pele 
14. Assistência ao terceiro período 
 Cortar o cordão umbilical em 3 minutos, pois acima 
disso corre o risco de icterícia 
 Manejo ativo da terceira fase do parto 
❖ Uso de uterotônicos 
❖ Clampeamento oportuno 
❖ Tração controlada do cordão 
 Expulsão da placenta 
❖ Nunca puxar 
❖ Sempre amparar 
❖ Acima de trinta minutos é patológico, necessitando intervenção 
 
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15. Assistência ao quarto período 
 Lacerações perineais 
 
 Evitar retirada de coágulos de rotina 
 Avaliação do tônus, pressão arterial, sangramento vaginal, contração uterina, altura 
uterina, temperatura e frequência cardíaca durante as primeiras 24 horas 
 
16. Assistência ao puerpério 
 Começa no quarto período 
 Cuidados e controles 
 Queixas frequentes 
 Dieta e deambulação 
 Alterações urinárias 
 Doenças hemorroidárias 
 Cuidados com as mamas 
 Exames laboratoriais 
 Vacinação 
 Depressão 
 Anticoncepção 
 Licença maternidade e licença paternidade 
 Alta hospitalar 
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 Atividade sexual após 45 dias 
 Retorno ambulatorial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas 
Aula de Dra. Licemary Lessa (24/08/2021) 
Patah, L. E. M., & Malik, A. M. (2011). Modelos de assistência ao parto e taxa de cesárea em 
diferentes países. Revista de Saúde Pública, 45, 185-194. 
Castro, J. C. D., & Clapis, M. J. (2005). Parto humanizado na percepção das enfermeiras 
obstétricas envolvidas com a assistência ao parto. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 
13, 960-967. 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. 
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de 
assistência ao parto normal: versão resumida [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, 
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e 
Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 51 p. : il.

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