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PRÁTICAS-MULTIPROFISSIONAIS-EM-NEUROCIÊNCIA-APLICADA-A-EDUCAÇÃO

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1 
 
 
PRÁTICAS MULTIPROFISSIONAIS EM NEUROCIÊNCIA 
APLICADA A EDUCAÇÃO 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Sumário 
PRÁTICAS MULTIPROFISSIONAIS EM NEUROCIÊNCIA APLICADA A 
EDUCAÇÃO ....................................................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
O NEUROPSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ....................... 4 
CONSIDERAÇÕES ................................................................................. 8 
PRÁTICA NEUROPSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL .................. 10 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 10 
HISTÓRICO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA NO BRASIL .................. 11 
NEUROPSICOPEDAGOGIA: CONCEITO E ATUAÇÃO ....................... 13 
DIFICULDADES E TRANSTORNOS ESCOLARES .............................. 16 
A INCLUSÃO ESCOLAR ....................................................................... 18 
O DESAFIO DA ESCOLA/PROFESSOR COMO FACILITADOR DA 
APRENDIZAGEM ............................................................................................. 20 
O NEUROPSICOPEDAGOGO NO AMBIENTE ESCOLAR .................. 23 
EXEMPLO DE ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA NA 
EDUCAÇÃO ..................................................................................................... 28 
Método ................................................................................................... 31 
Instrumento ............................................................................................ 31 
Procedimentos ....................................................................................... 32 
Resultados ............................................................................................. 33 
Discussão .............................................................................................. 34 
NEUROPSICOPEDAGOGIA: NOVAS PERSPECTIVAS PARA O 
PROCESSO DE APRENDIZAGEM ................................................................. 37 
Referências ........................................................................................... 39 
 
file:///C:/Users/LUCAS/Downloads/PRATICAS%20MULTIPROFISSIONAIS%20EM%20NEUROCIENCIA%20APLICADA%20A%20EDUCAÇÃO.docx%23_Toc74506864
file:///C:/Users/LUCAS/Downloads/PRATICAS%20MULTIPROFISSIONAIS%20EM%20NEUROCIENCIA%20APLICADA%20A%20EDUCAÇÃO.docx%23_Toc74506864
 
 
 
4 
O NEUROPSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
O neuropsicopedagogo é um especialista da união da neurociência, 
psicologia e pedagogia, que busca compreender o funcionamento do cérebro, 
além de adaptar às melhores metodologias educacionais aos indivíduos com 
sintomas cognitivas e emocionais debilitados. De antemão, esse profissional, 
deve conhecer as anomalias neurológicas para desenvolver um papel de 
acompanhamento pedagógico as pessoas que apresentem essas 
sintomatologias, sendo assim um dos elementos mais importantes para 
desenvolver e estimular novas sinapses diante do processo de ensino e 
aprendizagem (TABAQUIM, 2003). 
O trabalho do neuropsicopedagogo em âmbito escolar ou fora dele é de 
propor exercícios de estímulos aos pacientes/alunos que auxilie as atividades 
cerebrais. O cérebro por sua vez, tem as funções de receber, selecionar, 
memorizar e processar os elementos captados pelos sensores, a qual esse 
compreensão desse órgão, auxilia no trabalho desse profissional. Sendo assim, 
realiza um trabalho que avalia e auxilia nos processos didático-metodológicos e 
na dinâmica institucional para um melhor processo de ensino e aprendizagem, 
direcionando suas atenções para aquelas pessoas com transtornos diversos e 
que necessitam de um olhar mais apurado em seu tempo de aprendizagem. 
Aliás, todo ser humano tem capacidade para aprender, não importando 
suas limitações. Em linhas gerais, os alunos que apresentam deficiências 
sensoriais, mentais, cognitivas ou transtornos significantes no comportamento 
em âmbito escolar, são amparados pela Educação Inclusiva, leis que foram 
discutidas na Declaração de Salamanca (1994), na Conferência de Jomtien 
(1990), Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (1996), a qual ratificaram que todos, devem tem 
possibilidades de integrar-se ao ensino regular e sem restrição. 
Desse modo, a escola deve adaptar-se para atender essas necessidades 
ao inseri-los em classes regulares, buscando caminhos que favoreçam a 
integração dos mesmos em boas práticas e replicabilidade posteriormente. 
Porém, no cotidiano escolar a realidade é outra, pois pais, educadores e os 
 
 
 
5 
próprios colegas de sala, não estão preparados para auxiliar o incluso nas 
turmas regulares de ensino da Educação Básica. 
Contudo, percebe-se que falta de investimentos e principalmente o 
reconhecimento dessa profissão está aquém do esperado, salve algumas 
instituições de ensino particulares e públicas da Educação Básica no país. 
Atualmente a escola é a única instituição de ensino capaz de ampliar as questões 
de aprendizagens e sociais dos indivíduos, mas vem recebendo inúmeras 
tarefas perdendo o foco com a relação com o saber. 
Assim, a escola e cérebro com suas funções especificas remetem ao 
desenvolvimento cognitivo, por isso devem estar agregadas as funções do 
neuropsicopedagogo que fará a amálgama para o sucesso escolar. 
Ao conhecer as funções neurofuncionais de alunos com determinadas 
limitações, o neuropsicopedagogo torna-se primordial para o processo 
educacional ao empregar como recurso principal, entrevistas dedicadas a 
expressão e comportamentos em busca do diagnóstico educacional. 
Assim, será capaz de desenvolver um trabalho pertinente, 
proporcionando assim, um processo eficaz na aprendizagem dos alunos da 
Educação Básica. As atribuições do neuropsicopedagogo, em conhecer os 
distúrbios das aprendizagens e posteriormente os processos da aprendizagem 
humana, tem a função de identificar, diagnosticar e encaminhar a outros 
especialistas por meio de pareceres e laudos. Distúrbios esses, que podem estar 
relacionados a leitura, a escrita, a matemática, a situação problemas, a déficit 
visuais, motora, transtornos emocionais ou desenvolvimento intelectual. Com 
essas observações especificas pode-se endossar os recursos mediante a outros 
laudos de profissionais de saúde, a partir do quadro de sintomas existentes do 
aluno, e assim, trilhar o caminho para a solução do problema de aprendizagem 
dos mesmos. 
Em âmbito escolar, após o diagnóstico de outros especialistas, o 
profissional de neuropsicopedagogo atuará paralelamente com a família, com 
 
 
 
6 
intuito de realizar um trabalho de intervenção pedagógica, almejando a evoluçãosistêmica do mesmo, respeitando sempre as limitações de cada indivíduo. 
Dentro deste novo contexto educativo de inclusão, os membros da 
comunidade escolar percebem urgentemente a necessidade de um profissional 
especialista, que venha dar suporte diariamente, nas questões pedagógicas e 
psicológicas para promover uma aprendizagem mais eficaz e redução dos 
problemas educacionais nos diversos níveis de ensino. 
O neuropsicopedagogo pode atuar como clinico e institucional, contudo o 
víeis dessa apostila esteve volto para as questões escolares, e suas 
contribuições direcionou-se para os problemas encontrados nesse 
espaço/tempo cotidianamente. Raramente, as escolas do país, possuem esse 
profissional que auxiliem pais, professores e alunos em suas labutas. Exceto, as 
salas de recursos, que possuem um especialista em Educação Especial, ou que 
corresponde a área de maior necessidade pela demanda de alunos “laudados”, 
ou seja, apontados por um especialista em educação especial quando a escola 
possui, normalmente trabalhando com um pequeno grupo de alunos. 
Segundo o Código de Normas Técnicas 01/2016, da Sociedade Brasileira 
de Neuropsicopedagogia, no artigo 29, as funções do neuropsicopedagogo se 
resume em: 
a) Observação, identificação e analise do ambiente escolar nas questões 
relacionadas ao desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, 
cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da neurociências 
aplicada a Educação, em interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva; 
b) Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino 
e aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos; 
c) Encaminhamento de pessoas atendidas a outros profissionais quando o caso 
for de outra área de atuação/ especialização contribuir com aspectos específicos 
que influenciam na aprendizagem e no desenvolvimento humano. (SBNPp, 
2016, p. 4). 
 
 
 
7 
O neuropsicopedagogo necessita ter conhecimentos dos processos de 
aprendizagens, bem comoas metodologias utilizadas pelos docentes em sala de 
aula do ensino regular, currículo e atividades didáticas que podem influenciar na 
aquisição do aprendizado, assim compreender, se as causas do transtornos tem 
realmente origem nas questões neuronais, familiar ou mesmo na didática do 
professor regular. 
Mesmo que o especialista em neuropsicopedagogia desenvolva um papel 
significativo nos quesitos de diagnósticos e na aplicação das ferramentas 
pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem, os problemas 
contemporâneos se destacam em cunhos socioeconômico, familiar e cultural 
ainda bastante incisivos para o fracasso escolar. Em contrapartida, defasagens 
de aprendizagens, incivilidades e indisciplinas que permeiam no cotidiano 
escolar, poderiam serem amenizados se as famílias estivessem ainda mais 
presente na vida escolar dos filhos. 
É notório que a ausência de responsáveis, seja em âmbito escolar ou 
afetivo, expõe os filhos a viverem com sentimento de insegurança, carência, 
desvalorização e desinteresses, criando assim, traumas irreversíveis em muitos 
casos, a qual consequentemente afeta no processo da aprendizagem do aluno. 
Assim, a educação escolar é um subsídio interpretado pela a família, e não vice 
versa, como pensam alguns pais com uma inversão de valores, ao deixar os 
filhos à mercê dos professores na escola. 
Educandos, assimilam a aprendizagem de forma distinta, inicialmente 
com diferentes estratégiasmetodológicas propostas pelos educadores. Segundo 
pela capacidade neuronal de cada indivíduo ao que se refere a questão de tempo 
e espaço. Desse modo, alunos necessitam de acompanhamento e atividades 
diferenciadas no cotidiano escolar. Uma estratégia para a aprendizagem dos 
alunos com limitações diversas, é na formação das duplas produtivas nas 
atividades propostas, pois assim um aluno auxilia o colega nos exercícios. 
A saber, na Educação Básica, os poucos programas educacionais 
existentes voltados paraimplementação de atividades diversificadas e demais 
projetos de intervenção pedagógica, estão nacapacidade de cada envolvidos 
 
 
 
8 
com a melhoria do ensino de qualidade. Com isso, na medida em que o 
neuropsicopedagogo se demonstra mais aplicado em suas atribuições, melhor 
se ratifica suas funções em âmbito escolar. 
Sendo assim, cada vez mais cedo diagnosticar as naturezas físicas e 
sensoriais dos alunos com necessidades intelectuais cognitivas e emocionais, 
melhor será as intervenções ou encaminhamento do especialista ao 
desenvolvimento intelectual na aprendizagem do aluno. Por fim, a compreensão 
dos processos motivacionais envolvidos dentro do ensino e aprendizagem, estão 
ligados diretamente a liberação dos neurotransmissores, a sistemas de 
recompensa, límbico e regiões do hipocampo. 
Conforme o contexto da neuropsicopedagogia mencionado 
anteriormente, destaca-se aimportância do respeito mútuo à cada indivíduo em 
âmbito escolar e de seus processos, ao considerar as condições fisiológicas, 
sociais, neuroanatômicas, cognitivas e emocionas. Cabe ao especialista, indicar 
o caminho a ser trilhado pelos alunos, o que remete identificar em cada indivíduo 
como seres únicos. 
Mesmo, com uma dinâmica de funcionamento bastante peculiar, a 
aprendizagem ocorre como formas alternativas e mais pertinentes para a 
abordagem. Portanto, ao diagnosticar precocemente um transtorno de 
defasagem de aprendizagem, função prioritária do neuropsicopedagogo, esse 
processo remeterá aos melhores métodos de ensino a serem desenvolvidos na 
aquisição de informações, conhecimentos e intervenções nas crianças com 
transtornos e dificuldades do ato de aprender. 
CONSIDERAÇÕES 
Sugere-se então, que em todas escolas do país possuam uma equipe 
multidisciplinar, pois sãonesses espaços cotidianos que ocorrem os diversos 
tipos de limitações de aprendizagens que remetem aofracasso escolar. 
Assim, cada conflito que surgir no ambiente escolar, poderão ser 
intervindos por esses profissionais imediatamente, sem a necessidade de 
encaminhamento ao sistema de saúde precário que seencontra no Brasil. 
 
 
 
9 
Contudo, entende-se que os problemas no processo de ensino e 
aprendizagem não seencontram apenas na didática do educador ou nas funções 
do cérebro da criança, mas também nas políticas públicas ao não manter nas 
instituições de ensino os mais diversos especialistas como:Psicopedagogos, 
Psicólogos, Neuropsicólogos, Pediatras, Psiquiatras, Fonoaudiólogos, 
Neurolinguistas, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e Neurocientistas. 
 Daí, não restando outra alternativa, o desvio de funções aos professores 
de sala de aula, na tentativa frustrada de resolver problemas que cabe a outros 
profissionais especialistas e ao responsáveis legais. 
Desse modo, no cotidiano escolar, muitos alunos com perfis que 
requerem atenção naaprendizagem, sempre foram rotulados como 
indisciplinados, com defasagens, ou que não tiveram pais presentes na 
educação dos filhos. Porém, com o avanço das pesquisas, esses por sua vez, 
encontram dificuldades em abstrair informações e processá-las conforme as 
habilidades e competências almejadas pelos sistemas de ensino 
contemporâneo. 
Haja visto que a inclusão está inserida em leis nacionais e internacionais, 
e deve permear todos os setores da sociedade para que seus direitos sejam 
garantidos e efetivados. A família e a escola, por sua vez tem, obrigações de 
iniciar esses direitos, previsto no Art.227, da Magna Carta. “[...] É dever da 
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, [...]”. 
Portanto, faz-se necessário que todos os envolvidos no processo de 
ensino e aprendizagem na Educação Básica, estejam aptos a atingir a qualidade 
social, a apropriação do conhecimento, as habilidades e competências prevista 
na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,2017), solucionar problemas 
individuais ou coletivos e participar da sociedade de forma consciente, crítica, 
criativa e humanitária. Mas, para que isso ocorra, é de suma importância, a 
valorização de profissionais especialistas em todas as escolas de Educação 
Básica do país, sejam elas públicas ou privadas. 
 
 
 
10 
Casemiro, Fonseca e Secco (2014), apontam que um dos maiores 
desafios para implantação deprofissionais de saúde na escola estão no 
planejamento escolar; no conhecimento e execução dos programas já 
existentes; e na relação desses profissionais inseridos em âmbito escolar. 
Contudo,segundo os autores, uma boa estratégias é fazer parcerias com os 
responsáveis do município, estado egoverno federal e logo após ratificar no 
Projeto Político Pedagógico da escola, onde se define os planos e metas a serem 
cumpridos ao longo do ano letivo. 
Por fim, para que se efetive o sucesso escolar na Educação Básica, todas 
as alternativas são viáveis, e o profissional de neuropsicopedagogia em âmbito 
escolar se faz necessário, não apenas em algumas poucas salas de recursos 
espalhadas pelo país, mas em todas as escolas e salas de aulas da nação. 
Além da presença desse especialista de forma obrigatória, defende-se 
investimentos de políticas públicas em capacitação e formação continuada de 
educadores que já estão inseridos nas salas de aulas e nos cursos de 
licenciaturas como disciplina obrigatória de neuropsicopedagogia que perfaça o 
ensino de qualidade no país e respeito às leis nacionais e internacionais vigentes 
e ao alunos com defasagem de aprendizagem. 
 
PRÁTICA NEUROPSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL 
 
INTRODUÇÃO 
 
A educação é um meio de emancipação cultural e intelectual, os seres 
humanos se utilizam para sua autonomia de aprendizagem para manutenção de 
sua vida acadêmica. A educação é composta por duas vertentes, a de origem 
familiar e a escolar. A primeira tem por objetivo ensinar valores e princípios 
básicos para convivência em sociedade; a segunda é mais direcionada que é 
uma educação sistematizada, em que os seres humanos são encaminhados a 
aprender de acordo com sua faixa etária e seu desempenho intelectual. 
 
 
 
11 
Os seres humanos são direcionados desde pequenos a frequentar a 
aprendizagem sistematizada ou a educação escolar, apesar da importância da 
educação familiar. Dentro desse sistema educacional escolar, o sujeito é 
“obrigado” a seguir para escola, o mesmo sujeito recebe nomenclaturas de 
criança e adolescente. Com isso, a escola tem algumas indagações ao receber 
essa criança e esse adolescente, e preocupa-se como esse sujeito vai aprender, 
de que forma acontece a aprendizagem, por que, a mente dos seres não é 
uniforme, igual a do seu semelhante. 
Esta problemática é muito recorrente na escola, pois cada criança ou cada 
adolescente aprende de um jeito diferente do outro; uns são mais acelerados e 
outros mais lentos. Os mais lentos na aprendizagem, a escola em conjunto com 
seus responsáveis buscam ajuda para minimizar o “problema” que pode ser de 
origem interna (deficiência, distúrbios, transtornos,...) ou externa (dificuldade de 
aprendizagem, metodologia de ensino, bullying,...). 
Pais e escola buscam o auxílio dos profissionais que trabalham com 
essas sintomatologias dos problemas relacionados à aprendizagem humana, 
que são os psicólogos, psicopedagogos, neuropsicólogos e os 
neuropsicopedagogos. Nessa busca também entram os profissionais da 
medicina como psiquiatras e neurologistas. 
Focaremos no profissional da neuropsicopedagogia, uma profissão 
“nova” no mercado de trabalho, com um potencial multidisciplinar em sua 
atuação nos setores da sociedade. O objetivo geral da pesquisa é averiguar as 
possibilidades da atuação profissional do neuropsicopedagogo no ambiente 
escolar. 
 
HISTÓRICO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA NO BRASIL 
 
Durante muito tempo, a pesquisa relacionada à aprendizagem humana 
envolveu grandes discussões entre o contexto da saúde e da educação. Esses 
 
 
 
12 
dois contextos buscavam a origem dos problemas que desencadeavam a 
dificuldade de aprendizagem em assimilar conteúdos escolares e acadêmicos. 
 A dificuldade de aprendizagem, como também os distúrbios e as 
deficiências sempre foram as maiores barreiras educacionais de aprendizagem 
enfrentadas por professores para efetivar o ensino e aprendizagem. Para auxiliar 
os professores no tratamento adequado a essas pessoas, que em suma maioria 
são crianças e adolescentes em idade escolar, sentiu-se a necessidade de 
outros profissionais no ambiente escolar. 
Os profissionais direcionados para escola foram o psicólogo, o 
psicopedagogo e o professor de educação especial. Em outros ambientes ligado, 
direto e indiretamente com a escola, há o fonoaudiólogo e o terapeuta 
ocupacional. Com a demanda de crianças e adolescentes com dificuldade de 
aprendizagem e outras deficiências educacionais, necessitou-se de outros 
profissionais especialistas em áreas especificas centradas no aprendizado e 
suas funções cerebrais. Em 2008, foi lançado o primeiro curso de especialização 
em Neuropsicopedagogia no Brasil, na cidade de Jaraguá do Sul, no Estado de 
Santa Catarina. 
No ano 2008, na cidade de Joinville, no Estado de Santa Catarina, um 
grupo de docentes em uma instituição de ensino e pesquisa, sediada nesta 
mesma cidade, que promovia assessoria em cursos de pós-graduação, se 
motivara através de um pedido ousado e empreendedor vindo do diretor da 
instituição, a criar um grupo que promoveria observações e pesquisas, com base 
em um aguçado senso crítico e movido aos anseios de responsabilidades com 
o contexto escolar que vivenciavam na época (CENSUPEG, 2019). O discurso 
para criação do curso era norteado nas questões que envolvessem as 
neurociências aplicadas a educação, nas especificidades das aprendizagens 
escolares e seus recorrentes problemas. 
Após repercussão muito breve foi-se ganhando a credibilidade nas ações 
colecionando casos de sucesso de professores e alunos, de entidades de 
classes que hoje já conseguem olhar a Neuropsicopedagogia como uma área 
de grande suporte das questões da aprendizagem escolar, também como uma 
 
 
 
13 
possibilidade de reintegração dos indivíduos que dela dependem (CENSUPEG, 
2019). 
A Neuropsicopedagogia vem ganhando espaço em atuação clínica e 
institucional e mundo acadêmico. Sua base prática e atuante vem se 
consolidando no Brasil em seu vário curso de pós-graduação orientado e 
autorizado pelo MEC (Ministério da Educação), de acordo com a legislação 
vigente. 
 
NEUROPSICOPEDAGOGIA: CONCEITO E ATUAÇÃO 
 
A Neuropsicopedagogia é uma área de atuação nova, que visa trabalhar 
problemas relacionada à aprendizagem humana a seu desenvolvimento 
cerebral. A formação de sua palavra está relacionada à aglutinação de algumas 
áreas fundamentais para atuação desse especialista. 
A Neuropsicopedagogia (NEURO + PSICO + PEDAGOGIA), está 
fundamentada nos estudos das neurociências, da psicologia e da pedagogia, 
centradas no aprendizado do ser humano. Fundamentada e embasada nos 
estudos relacionados a aprendizagem humana, o conceito da 
neuropsicopedagogia vai perpasse-se por várias ciências do conhecimento 
humano. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) 
define esse campo através do artigo 10º do Código Técnico Profissional da 
Neuropsicopedagogia: 
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, 
fundamentada nos conhecimentos das Neurociências 
aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e 
Psicologia cognitiva que tem como objeto formal de 
estudo a relação entre o funcionamento do sistema 
nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de 
reintegração pessoal, social e educacional (SBNPp, 2016, 
p. 4) 
 
 
 
14 
A função do Neuropsicopedagogia está voltada para a compreensão das 
dificuldades desenvolvidas pelo indivíduo e auxiliar na elaboraçãode conteúdos 
pedagógicos relevantes aos alunos com necessidades especiais quer de forma 
física ou cognitiva. Está interligada à neurociência, que faz a ligação entre 
educação e saúde em sua definição. 
Bartoszeck nos remete que a neurociência é uma das áreas do 
conhecimento biológico que utiliza os achados de subáreas que a compõe, por 
exemplo, a neurofisiologia, a neurofarmacologia, o eixo psiconeuro-endoimuno, 
a psicologia evolucionária, o neuroimageamento, a fim de esclarecer como 
funciona o sistema nervoso (BARTOSZECK, 2013). 
A neurociência é forte aliada do processo de aprendizagem e uma base 
para a Neuropsicopedagogia e sua plena atuação, que busca estudos atrelados 
aos seus conhecimentos prévios a de outros profissionais quer da área da 
educação quer da área da saúde. 
O conhecimento da neurociência para a atuação do neuropsicopedagogo 
é de fundamental importância, pois sua função está voltada para a compreensão 
das dificuldades desenvolvidas pelo indivíduo e auxiliar na elaboração da 
intervenção baseado em referenciais da neurociência com o olhar 
psicopedagógico. Assim, as áreas de atuação do Neuropsicopedagogo seguem 
de acordo com o Art. 29 e 30, que diz: 
Artigo 29: Ao Neuropsicopedagogo com formação na área 
Institucional, conforme descrito no Capítulo V, fica 
delimitada sua atuação com atendimentos 
neuropsicopedagógicos exclusivamente em ambientes 
escolares e/ou instituições de atendimento coletivo. §1º. 
Entende-se que sua atuação na área de Institucional, ou 
de educação especial, de educação inclusiva escolar 
deve contemplar: a) Observação, identificação e analise 
do ambiente escolar nas questões relacionadas ao 
desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, 
cognitivas e comportamentais; b) Criação de estratégias 
que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem do aluno; c) Encaminhamento do aluno a 
outros profissionais quando o caso for de outra área de 
atuação/especialização (SBNPp, 2016, p. 5). 
 
Na área institucional, a Neuropsicopedagogia está muito ligada ao 
ambiente escolar, e às instituições de aprendizagem, apesar que esse ambiente 
 
 
 
15 
não é o único lugar de atuação desse profissional. Cabe a ele delimitar que tipo 
de instituição pretende exercer seus saberes institucionais. Como no próprio 
Artigo (SBPp, 2016) nos fala a Neuropsicopedagogia Institucional está 
exclusivamente para ambientes coletivos, no qual pode incluir instituições 
hospitalares, empresas e ONGs (Organizações Não Governamentais). Desse 
modo, a vertente da Neuropsicopedagogia clínica se volta para um atendimento 
mais individual e específico de acordo com a Sociedade Brasileira de 
Neuropsicopedagogia (SBPp, 2016). 
Artigo 30º. Ao Neuropsicopedagogia com formação 
clinica, conforme descrito no Capítulo V, fica delimitada 
sua atuação com atendimentos neuropsicopedagógicos 
individualizados em setting adequado, como consultório 
particular, espaço de atendimento, posto de saúde, 
terceiro setor. Os atendimentos em local escolar ou 
hospitalar devem acontecer de forma individual e em local 
adequado. §1º. Entende-se que sua atuação na área 
clínica ou de atendimento multiprofissional deve 
contemplar: a) Observação, identificação e analise do 
ambiente escolar nas questões relacionadas ao 
desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, 
cognitivas e comportamentais; b) Avaliação, intervenção 
e acompanhamento do individuo com dificuldades de 
aprendizagem, transtornos, síndromes ou altas 
habilidades que causam prejuízos na aprendizagem 
escolar e social; c) Criação de estratégias que viabilizem 
o desenvolvimento do processo ensinoaprendizagem do 
aluno; d) Utilização de protocolos e instrumentos de 
avaliação e reabilitação devidamente validados, 
respeitando sua formação de graduação; e) Elaboração 
de relatórios e pareceres técnicos-profissionais; f) 
Encaminhamento a outros profissionais quando o caso for 
de outra área de atuação/especialização (SBNPp, 2016, 
p. 6). 
 
A atuação do Neuropsicopedagogo é multidisciplinar, podendo exercer 
suas funções tanto institucional (escolas, hospitais, ONGs, terceiro setor como 
na docência no ensino superior), como na clínica (equipe multiprofissional em 
consultórios, clínicas, posto de saúde, terceiro setor e posto de saúde). Esse 
profissional é formado através de uma pós-graduação em instituições 
habilitadas. 
Desta forma, temos a ampla atuação desse profissional nos mais variados 
setores do campo clínico e institucional. Podemos compreender que sua prática 
está dividido em três fundamento através da Resolução 03/2014 em Capítulo III: 
 
 
 
16 
Art. 29. A Neuropsicopedagogia tem características 
próprias de atuação e considera contextos diferenciados 
para tal, de acordo com a característica dos espaços nos 
quais é possível desempenhar o exercício da Profissão. 
Por isso, para definir as suas formas de atuação, toma 
como base: § 1º A atuação Institucional, na qual tem como 
espaço de atuação, instituições que tem no princípio de 
suas atividades o trabalho coletivo. §2º A atuação Clínica, 
na qual tem como espaço de atuação o atendimento 
individualizado, focado em planos de intervenção 
específicos. 5 §3º Conforme avanços nos estudos 
realizados por esta nova ciência, a SBNPp poderá prever 
novos espaços de atuação neste código, atendendo as 
revisões bienais, conforme previsto no artigo 2º deste 
documento. Artigo 30. Ao Neuropsicopedagogo com 
formação na área Institucional, conforme descrito no 
Capítulo V, fica delimitada sua atuação com atendimentos 
neuropsicopedagógicos exclusivamente em ambientes 
educacionais e/ou instituições de atendimento coletivo. 
§1° Entende-se que sua atuação na área de Institucional 
possa acontecer em instituições como Escolas Públicas e 
Particulares, Centros de Educação, Instituições de Ensino 
Superior e Terceiro Setor que tem finalidade de oferecer 
serviços sociais, sem foco na distribuição de lucros, mas 
com administração privada, sendo composto por 
associações, cooperativas, organização não-
governamentais, entre outros. §2º São bases da atuação 
institucional os fundamentos da Educação Especial e da 
Educação Inclusiva, com embasamento legal e de 
práticas sociais, que deverão ser pensadas através da 
aplicação das neurociências ao ambiente educacional, 
[...] (SBPp, 2016, p. 7). 
 
DIFICULDADES E TRANSTORNOS ESCOLARES 
 
Os problemas de aprendizagem é algo antigo no contexto educacional, 
pois origem é interna (fatores orgânicos) ou externa (fatores ambientais). Há 
várias classificações de acordo com a profundidade do problema. Pode ser 
classificado como Distúrbios, Transtornos ou Dificuldade. Os distúrbios estão 
ligados às funções orgânicas do corpo humano, como descreve Olivier (2013): 
[...] distúrbios abrange alterações de fundo estrutural e 
funcional e, portanto, é mais amplo que Disfunção que se 
refere unicamente aos desvios da função de um órgão ou 
sistema [...], distúrbios também pode ser usado para 
designar patologias somáticas (corpo) enquanto 
transtorno pode ser usado para denominar 
psicopatologias (mentais e cognitivas) (OLIVIER, 2013, p. 
37). 
 
 
 
17 
A palavra distúrbio pode ser traduzida como “anormalidade patológica por 
alteração violenta na ordem natural”. Distúrbio de aprendizagem parece 
classificar exatamente o que é: mau funcionamento de um órgão podendo 
manifestar-se por alterações afetivas e de comportamento. Essa definição é 
aceita pela medicina e não invade a área médica (OLIVIER, 2013, p. 38). 
Os Transtornos com o Distúrbio são de origem interna, independem do 
desejo que o individuo possa ter, de desempenhar atividades da forma que 
família, a escola ou a sociedade esperam dele. O Transtorno decorre de uma 
disfunção na região frontal do cérebro, que provoca perturbação devido à falha 
na entrada do estímulo e da integração de informações, comprometendo a 
atenção seletiva e gerando impulsividade e dificuldade visomotora.De acordo 
com Olivier (2013): 
A síndrome e o transtorno podem confundir-se, pois 
podem demonstrar os mesmos sintomas e/ou sinais. 
Enquanto não pode identificar a patologia, este conjunto 
de sinais e sintomas é chamado de síndrome. A partir do 
momento em que se define a patologia, o quadro passa a 
ser chamado de transtorno. Resumindo, a diferença entre 
síndrome e transtorno é a identificação da patologia [...] 
(OLIVIER, 2013, p. 36). 
Entretanto, os transtornos específicos de aprendizagem são transtornos 
que afetam o funcionamento do sistema nervoso central, levando a 
desempenhos abaixo do esperado em teste padronizada de leitura, escrita ou 
de matemática e interferindo, assim, no rendimento escolar ou em atividades em 
que tais habilidades são necessárias. Para serem considerados, devem ser 
excluídos todos os outros aspectos que possam justificar o mau desempenho, 
aqui listados entre as dificuldades de aprendizagem. De maneira geral, os 
transtornos específicos de aprendizagem são herdáveis geneticamente, devem 
causar prejuízos e são persistentes ao longo da vida (SEABRA; DIAS; 
ESTANISLAU; TREVISAN Apud ESTANILAU e BRESSAN, 2014, p. 189). 
Para a compreensão do processo de socialização e de aprendizagem de 
crianças e adolescentes, faz-se importante que profissionais da saúde e da 
educação unam esforços, busquem serviços de formação continuada para a 
compreensão dos transtornos escolares e assim encontrem meios teóricos e 
vivenciais para a correta identificação desses transtornos, para a orientação 
 
 
 
18 
familiar e escolar, para a realização de encaminhamentos e possíveis estratégias 
interventivas. Nesse sentido, acreditamos ser possível favorecer condições de 
acesso e possibilidades de permanência desses indivíduos no contexto 
educacional inclusivo. 
 
A INCLUSÃO ESCOLAR 
 
A inclusão escolar no limiar da História da educação no Brasil é um 
processo recente no contexto atual. O processo inclusivo envolve várias esferas 
institucionais e políticas, pois a inclusão só não vem da escola e sim de todo um 
contexto social e familiar. 
A educação especial foi a grande percursora da educação inclusiva em 
contexto geral. A educação especial viveu profundas transformações durante o 
século XX. Impulsionada pelos movimentos sociais que reivindicavam mais 
igualdade entre todos os cidadãos e a superação de qualquer tipo de 
discriminação, incorporou-se, aos poucos, ao sistema educacional regular e 
buscou fórmulas que facilitassem a integração dos alunos com alguma 
deficiência. Ao mesmo tempo, produziu-se uma profunda reflexão no campo 
educativo fazendo com que os problemas desses alunos fossem encarados a 
partir de um enfoque mais interativo, no qual a própria escola devia assumir sua 
responsabilidade diante dos problemas de aprendizagem que eles 
manifestavam. 
O conceito de necessidades educativas especiais e a ênfase na 
importância de que a escola se adapte à diversidade de seus alunos foi 
expressão dessas novas realidades (COLL; MARCHES; PALACIOS, 2004, p. 
15). 
A transformação da educação especial para o contexto da inclusão 
passou por um processo, saindo do modelo de segregadora para a vertente 
inclusiva, dando espaço educacional para esses indivíduos que eram separados 
dos “normais”. A escola foi umas das principais instituições a levantar a bandeira 
da inclusão. Com isso, as escolas que têm entre seus principais objetivos a 
 
 
 
19 
atenção à diversidade dos alunos e que adaptam seu funcionamento e seu 
ensino para alcançar tal objetivo, são as escolas que conseguem uma integração 
mais completa. Isso, porem supõe um processo de reforma (COLL; MARCHES; 
PALACIOS, 2004, p. 26). Partindo desses princípios Carvalho (1997) no remete 
a real função da escola: 
[...] Todas as escolas deveriam acomodar todas as 
acrianças independentemente de suas condições físicas, 
intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. 
Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, 
crianças de rua e que trabalham, crianças de origem 
remota ou de população nômade, crianças pertencentes 
a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de 
outros grupos em desvantagem ou marginalizados... No 
contexto destas Linhas de Ação o termo “necessidades 
educacionais especiais” refere-se a todas aquelas 
crianças ou jovens cujas necessidades se originam em 
função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem... 
As escolas têm que encontrar a maneira de educar com 
êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências 
graves (CARVALHO, 1997, p. 56-57). 
O objetivo de ter escolas inclusivas supõe uma profunda transformação 
do sistema educacional, que vai muito além da reforma da educação especial. 
Embasado nessa ideia de reforma em agosto do ano de 2015, o governo federal 
sancionou a Lei Brasileira de Inclusão, iniciativa que articula medidas que 
capacitem espaços de todos os tipos para a recepção, comunicação e integração 
de pessoas com deficiência. Essa legislação se adequa às determinações da 
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das 
Nações Unidas (ONU). As autoras Honora e Frizanco (2008) nos explica esses 
princípios da inclusão escolar: 
[...] O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que 
todas as crianças devem aprender juntas, sempre que 
possível, independentemente de quaisquer dificuldades 
ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas 
devem reconhecer e responder às necessidades diversas 
de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de 
aprendizagem e assegurando uma educação de 
qualidade a todos através de um currículo apropriado, 
arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de 
recurso e parceria com as comunidades. Na verdade, 
deveria existir uma continuidade de serviços e apoio 
proporcional ao contínuo de necessidades especiais 
encontradas dentro da escola (HONORA e FRIZANCO, 
2008, p. 22). 
 
 
 
20 
A escola inclusiva é uma realidade atual em nosso contexto educacional, 
a lei é bem incisiva em seu cumprimento, no qual a instituição escolar e seus 
colaboradores tem que nos processos pedagógicos de trabalho incluir aquele 
estudante com alguma limitação, seja intelectual, sensorial ou física. 
A Lei 13.146 de julho de 2015, chamada de Lei Brasileira de Inclusão, 
consagrou a política de educação inclusiva no Brasil. Isso significa que todas as 
escolas, sejam públicas ou particulares devem cumprir as determinações dessa 
lei no sentido de aprimorar seus sistemas de ensino, visando garantir condições 
de acesso, permanência, participação e aprendizagem a todas as pessoas com 
deficiência. Tudo sem custos extras para a família da pessoa com deficiência, 
uma vez que, as adaptações necessárias para o atendimento educacional 
inclusivo devem ser suportadas por toda a sociedade, entendendo-se a 
comunidade, a escola e a família (TEAPOIO, 2019). 
A neuropsicopedagogia é uma ciência nova na atualidade, mas seus 
respaldos científicos já têm um bom tempo no campo da pesquisa da mente 
humana. Ela é uma ciência transdisciplinar com contribuições da psicologia, 
psicopedagogia, pedagogia, psicanálise, neurologia, sociologia das 
neurociências. O profissional que atua nessa área tem como objetivo interligar a 
aprendizagem ao cérebro humano utilizando o mais variado mecanismo para a 
mediação e a concretização do saber sistematizado. 
Consideramos a importância da pesquisa como um eixo norteador para a 
atuação do neuropsicopedagogo no ambiente escolar e esperamos que o estudo 
sirva de embasamento para outras pesquisas ou mesmo como referencial para 
futuras legislações que aprove a atuação do neuropsicopedagogo na instituição 
escolar, pois a educação é feita pela multidisciplinariedade de profissionais. 
 
O DESAFIO DA ESCOLA/PROFESSOR COMO FACILITADOR DA 
APRENDIZAGEM 
 
O dito “fracasso escolar” é hoje um dos temas mais estudados e 
discutidos naárea educacional em geral, e que traz concepções distintas 
 
 
 
21 
sobre o motivo pelo qual ocorre. Há sempre a intenção de se achar culpados 
pela ocorrência da não-aprendizagem, seja culpabilizando as crianças, pais, 
contexto social, economia ou até mesmo a política. 
O fato é que a aprendizagem se estabelece devido ao somatório de 
diversos fatores (sociais, ambientais, biológicos, entre outros), logo, a não-
aprendizagem segue a mesma ordem. No atual contexto escolar, é evidente 
que este espaço e seu modus operandi não têm despertado muito interesse 
nos alunos. Infelizmente, a escola como lugar da dúvida e da curiosidade têm se 
consolidado em uma formalidade da fase de vida de muitas crianças e jovens 
que não associam o aprender ao prazer. 
Com isso, vários são os casos de pessoas próximas que ficaram 
conhecidas e estigmatizadas como “fracos” educacionalmente, ou repetiram 
de ano, ficando retidas no ensino fundamental ou médio, ou chegaram ao final 
de algum ciclo com diversas defasagens quando comparadas com outras 
pessoas de mesma idade. 
Paula (2009) discorre que as problemáticas encontradas na questão 
do fracasso escolar podem se dar de forma “intraescolar” ou “extraescolar”. 
Como fatores intraescolares encontrados na maioria da população, são 
citados: escassas condições financeiras, falta de saneamento básico em 
muitas moradias, fome, desnutrição, e todas as demais privações que essas 
crianças podem passar. Há também condições neurológicas que podem 
contribuir para que a não-aprendizagem se estabeleça, o que merece uma maior 
atenção. 
Como fatores extraescolares, encontram-se: dificuldades atreladas ao 
currículo, programas, metodologia e didática adotada pelo professor e 
especialistas, e avaliações de desempenho. Paula (2009) aponta ainda que 
as camadas sociais menos favorecidas estão intrinsicamente ligadas à 
evasão escolar e a repetências de anos escolares. Fica o sentimento que a 
escola não é o lugar certo para eles, pois não há espaço mental reservado para 
a aprendizagem. 
 
 
 
22 
Ali, na escola, ficaria a sensação de que neste local só eclodiriam 
sentimentos ruins, como ser rechaçado, corrigido e observado; e que seus 
problemas, na cabeça de grande parte dessas crianças, seriam muito 
maiores do que simplesmente aprender a ler e a escrever. Rodrigues e Chechia 
(2017) postulam que muitas das vezes essas crianças não possuem 
conhecimentos prévios a respeito de determinado assunto, o que as leva a 
se desmotivar e evadir a escola. 
Reiteram, ainda, que falta preparo por parte de alguns professores para 
entender a situação da criança e realmente poder ajudá-la a se desenvolver, 
sendo necessário pensar em uma forma de ensinar mais específica e 
condizente com o nível de estruturação educacional encontrado na mesma. 
Oliveira e Müller (2018) reiteram vários fatores sinalizados pelos 
autores supracitados, inclusive os problemas relacionados à indisciplina dos 
alunos em sala de aula, que estaria atrelada a questões familiares; dessa 
forma, os estudantes iriam para a escola por obrigação dos pais, e que por 
trabalharem e não terem tempo de supervisionar as atividades, acabariam 
negligenciando as atividades escolares de seus filhos, potencializando assim 
a sensação dessas crianças de estarem sozinhas. 
A escola possui em si uma função social de preparar, aprimorar e instruir 
o infante para conviver em sociedade e adquirir competências necessárias para 
se viver em grupo. Como espaço importante na vida da criança, e muitas vezes 
o local onde passa maior tempo de seu dia, é de extrema relevância que a 
escola possa abarcar de forma efetiva as problemáticas e situações que os 
educandos trazem. 
Nessa perspectiva, a escola não faz parte da vida, mas é, em si, a própria 
vida ao trazer sentido para o aprendido. Da mesma forma, a escola 
deveria desencadear um processo de interpretação, transformação e 
(auto)descoberta do sujeito que se constitui na interação, tornando os 
personagens escolares um papel catalisador. 
Embora de maneira tímida e pontual, muitos cursos de formação de 
professores e profissionais atuantes na Educação têm se preocupado com 
 
 
 
23 
as reais, complexas e plurais demandas da sala de aula, incorporando em 
seu currículo momentos reflexivos e temas que se apoiam no diálogo com 
as Neurociências, o que se torna um avanço para a inovação do contexto 
escolar. 
 
O NEUROPSICOPEDAGOGO NO AMBIENTE ESCOLAR 
 
De modo geral, a Neuropsicopedagogia visa investigar a inter-relação 
entre a Neurociências, a Psicologia Cognitiva e a Pedagogia, a fim de 
traçar uma melhor identificação, diagnóstico, prevenção e reabilitação face 
às distintas dificuldades encontradas nos estudantes, equipe pedagógica e 
a família do educando. 
Tem-se, por objetivos discriminados na grade curricular do curso de 
Neuropsicopedagogia Institucional e Educação Inclusiva, os seguintes 
objetivos (CENSUPEG, 2019): 
 Capacitar os profissionais frente à compreensão do papel do cérebro 
humano em relação aos processos de aprendizagem, considerando 
os aspectos neurocientíficos, pedagógicos, psicológicos e biológicos 
para promover a aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes 
espaços institucionais, cuja eficiência científica seja comprovada pela 
literatura, avaliando as funções cognitivas, exceto inteligência, 
transtornos de humor e personalidade; e intervindo nas questões de 
aprendizagem. 
 Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica, 
abrangendo pessoas com dificuldades de aprendizagem e/ou 
deficiências, bem como sujeitos em risco social, promovendo 
reintegração pessoal, social e acadêmica nos diferentes espaços 
coletivos. 
 Desenvolver competências de acordo com as disciplinas da grade 
curricular, bem como conhecimentos técnicos específicos para 
 
 
 
24 
atuação em espaços coletivos que sejam berço da aprendizagem 
humana, agindo individualmente ou em equipe multidisciplinar. 
À luz dos fundamentos éticos e técnicos pautados no Conselho 
Técnico-Profissional da SBNPp (2016) acerca das diretrizes do trabalho do 
Neuropsicopedagogo Institucional, encontram-se as seguintes formas de 
atuação (RUSSO; FÜLLE, 2018): 
1 - Identificação precoce, que consiste em realizar uma 
investigação a partir das queixas advindas dos professores 
e/ou equipe pedagógica, guiada por instrumentos próprios do 
profissional e regulamentados, sondagem/triagem 
acadêmica e direcionamento precoce das funções 
cognitivas atenção, memória de trabalho, linguagem, 
compreensão, linguagem matemática, observação 
psicomotora, habilidades socioemocionais entre outros; 
2 - Planejamento e intervenção a partir de dados e realidades 
encontradas, elaborando um plano de intervenção de forma 
coletiva ou individual, onde se estabeleça metas iniciais, 
intermediárias e finais; utilizar metodologia de projetos de 
trabalho e oficinas temáticas a fim de oportunizar o 
desenvolvimento de diferentes habilidades e a inclusão 
(desde o ensino infantil até o ensino médio); orientação de pais 
e professores sobre aprendizagem e seus processos; emissão 
do parecer neuropsicopedagógico com bases institucionais, 
com o intuito de sinalizar de que forma pode ser tratada 
a individualidade nos processos de aprendizagem, 
objetivando o conhecimento da equipe técnica da escola.Fülle et al. (2018) sinaliza, ainda, que a INPP (Intervenção 
Neuropsicopedagógica Escolar), baseada em funções executivas (FE), tem 
um papel fundamental na educação quando realizada de forma preventiva. 
Segundo Cardoso et al. (2016) apud Fülle (2018), após 18 sessões com 
duração de 45 minutos, os educandos ganharam em funcionalidade mais 
 
 
 
25 
de 40% para o desenvolvimento da linguagem e acima de 47,5% no que tange 
as estratégias de aprendizagem. 
Sendo assim, a INPP surge como uma ação eficaz na construção e 
identificação de programas de intervenção de dificuldades de aprendizagem, 
pensando de forma individualizada sobre como planejar e executar cada sessão 
e bloco de intervenções. Ainda segundo Cardoso et al. (2016), o 
neuropsicopedagogo na escola transforma o processo de avaliação em 
instrumento para redimensionar práticas de intervenção em ambientes 
escolares, contribuindo para que os próprios educadores reorganizem as 
suas formas de atuação. 
Sendo assim, é de suma relevância, que as intervenções e 
instrumentos psicopedagógicos consigam abarcar o coletivo, ajudando o 
educador tanto na tarefa de rastrear crianças com dificuldades mais severas 
quanto na intervenção precoce das mesmas. 
Com intuito de contribuir para a diminuição de dificuldades, a 
Neuropsicopedagogia cria intervenções de remediação e reintegração 
evidenciadas através de programas intervencionais que englobam tanto a 
saúde cognitiva como a estimulação de habilidades cognitivas escolares, 
objetivando potencializar os processos cognitivos e melhorar habilidades 
fundamentais (FÜLLE et al., 2018). 
Fülle et al. (2018) discorre que cerca de 10% da população escolar possui 
algum tipo de transtorno de aprendizagem. Para Ohlweiler (2016), a prevalência 
de transtornos varia de 5% a 15%, dependendo do tipo de testagem 
utilizada. Entretanto, um questionamento fica explicito quando se pensa o 
porquê de haver tantos encaminhamentos que as escolas fazem para serviços 
relacionados à saúde. 
Uma explicação dada por Fülle et al. (2018) sugere que os professores 
estariam despreparados para lidar com essas dificuldades, tornando-se 
necessário que o processo de ensino e aprendizagem fosse baseado no 
desenvolvimento de competências e não somente no conteúdo. A fim de que 
isso ocorra, seria de vital importância que as intervenções se dessem 
 
 
 
26 
atrelando as diversas ciências que compõem o repertório técnico e prático 
do neuropsicopedagogo e dos demais componentes da equipe pedagógica, 
o que propiciaria um maior entendimento das limitações maturacionais e 
capacidades (potencialidades) da criança. 
Considerando a pluralidade dos alunos e sua incorporação no 
ambiente escolar, seria possível atender a todas as especificidades desses 
em sala de forma realmente efetiva e sem auxílio de um outro profissional 
mais especializado? 
Em 2017, uma pesquisa realizada com 1202 professores de Sala 
de Recursos Multifuncionais (SRM) em mais de 150 munícipios por todo o 
país trouxe dados muito relevantes para se pensar a atuação do professor 
com alunados especiais. Quando questionados como se sentiam em relação 
a sua preparação para lidar com as diversidades dos alunos PAEE1, 43,6% 
disseram se sentir parcialmente aptos e somente 7,5% sinalizaram estar 
totalmente aptos. 
Outro dado relevante foi em relação a se sentirem capazes de atuar com 
toda a diversidade do alunado na SRM sem o auxílio de um outro profissional. 
Cerca de 70% discordaram totalmente sobre a possibilidade de atuação sem 
o auxílio de um outro profissional (PAZIAN et al., 2017). Segundo Russo e Fülle 
(2018) o neuropsicopedagogo deverá integrar a seu trabalho a atuação junto a 
outros profissionais, pensando na melhor atuação e no bem-estar dos 
usuários. 
Ainda de acordo com as autoras, a gestão das questões encontradas 
pelos profissionais deve ter cunho participativo, ou seja, cada um realiza 
suas funções de forma delimitada, mas ao mesmo tempo 
1 PAEE: Professor de Atendimento Educacional Especializado. Neste sentido, a 
sigla se refere aos professores trabalham com alunos que tenham algum tipo de 
deficiência. 
Todas as ações são pensadas de forma coletiva. Como atividades 
exercidas, o neuropsicopedagogo poderá contribuir na elaboração de projeto 
 
 
 
27 
pedagógico, adequações curriculares, oficinas temáticas, projetos de trabalho 
e contribuir com a equipe pedagógica. 
Poderá ainda, mapear o comportamento socioafetivo através de 
técnicas específicas, como o “Sociograma”, com intuito de identificar lideranças 
positivas e negativas em sala, propondo assim intervenções para melhoria 
comportamental dos infantes. 
Utilizando-se de materiais e instrumentos pertinentes ao que se 
objetiva pesquisar, o neuropsicopedagogo institucional identifica possíveis 
alterações no desenvolvimento cognitivo e nas habilidades sociais da questão 
analisada. 
Após identificação, traça ainda estratégias e objetivos para saná-las, 
o tempo necessário e as atividades indispensáveis para que os resultados 
se efetivem. Não cabe ao referido profissional, seja ele clínico ou 
institucional, diagnosticar deficiências intelectuais, transtornos de humor e 
personalidade, e demais comorbidades, já que tal avaliação é realizada por 
profissionais da área da saúde. 
Assim, o profissional Neuropsicopedagogo poderia auxiliar tanto o 
professor de escolas públicas (salas comuns ou recursos) quanto de 
escolas privadas a encontrar melhores formas de sanar questões ocorridas em 
sala, seja de cunho cognitivo, emocional e/ou social. Inclusive ao pensar em 
alunos que apresentem deficiências intelectuais, físicas, ou transtornos 
significativos no comportamento em âmbito escolar, auxiliando o professor na 
adoção de práticas inclusivas de educação. 
À equipe pedagógica, oficinas socioeducativas poderiam ser ministradas, 
a fim de ampliar o conhecimento de todos acerca de temas pertinentes à 
educação, e evidenciar técnicas e instrumentos que teriam mais 
assertividade em sala de aula. E, não menos importante, munir também 
os responsáveis pelas crianças sobre informações oportunas acerca da 
problemática que as acomete, sinalizando formas de auxiliar e diminuir 
comportamentos não-adaptativos desde suas casas. 
 
 
 
28 
 
EXEMPLO DE ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA NA 
EDUCAÇÃO 
 
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) caracteriza-
se por ser um programa contínuo, por oferecer ideias para as práticas e políticas 
educativas, e por ajudar a realizar o desenvolvimento das aptidões dos 
estudantes na aquisição de conhecimentos e habilidades nos diferentes países 
e em diferentes subgrupos demográficos de cada país (Pisa, 2015). 
Mesmo não identificando as relações de causa e consequência entre as 
políticas e práticas e os resultados educativos, o PISA objetiva apontar para 
educadores e responsáveis políticos de todo o mundo, as semelhanças e as 
diferenças dos sistemas educativos, assim, revela o que é possível no âmbito da 
educação, detectando o que os estudantes são capazes de fazer nos sistemas 
educativos de mais alto rendimento e com melhoras mais rápidas a nível mundial 
(Pisa, 2015). 
No Brasil, o Instituto de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira 
(INEP) é o responsável por coordenar o PISA. As provas desse programa são 
aplicadas a cada triênio e englobam três áreasdo conhecimento: Leitura, 
Matemática e Ciências. Nessa perspectiva, cabe a correlação do 
posicionamento do cenário brasileiro diante desse tipo de avaliação (Amaral, 
2015). 
De acordo Amaral (2015), no Brasil a qualidade da educação possui 
diversos pontos de estrangulamento, pois evidencia inúmeros pontos estreitos, 
dos quais destaca-se a relação qualidade X financiamento, a qual pode ser 
analisada por meio do PISA. Consequentemente, após a aprovação de um novo 
Plano Nacional de Educação por meio da Lei Nº 13.005 de 24 de junho de 2014, 
que vigorará de 2014 a 2024, algo precisa ser feito para mudar a situação atual 
da educação brasileira, como aumentar o valor limite a ser aplicado por 
estudante no país. 
 
 
 
29 
Em 2012, considerando os países selecionados1 , o resultado médio do 
PISA para os anos inicias do ensino fundamental foi de 487 pontos e o valor 
aplicado por estudante em 2011 foi de US$/PPP 7.532,002 . O Brasil aplicou um 
valor inferior a isso (US$/PPP 2.673,00), o que o deixou abaixo da média e, para 
atingir o valor limite, seria necessário um aumento de 120,5% nesse número 
(Amaral, 2015). 
Nesse contexto, nota-se que, desde o início da década de 1980, o Brasil 
percorre um caminho que levanta dúvidas a respeito do ensino da leitura e da 
escrita e de como elas se concretizam atualmente na etapa da alfabetização 
inicial, já que nas três últimas décadas o ensino destas tem se transformado 
bastante, uma vez que alguns fatores, como o surgimento e desenvolvimento de 
novas tecnologias, assim como mudanças nas práticas sociais e avanços 
teóricos na área, dificultam o desabrochar de propostas pedagógicas e materiais 
didáticos novos (Albuquerque, Morais & Ferreira, 2008). 
Na mesma perspectiva, Morais (2012), sustenta a ideia de que justamente 
a partir dos anos de 1980 o Brasil iniciou um processo de “desinvenção” da 
alfabetização, pois: 
a negação aos métodos tradicionais se fez acompanhar, 
em muitos casos, de um não tratamento da escrita 
alfabética como um objeto de ensino e aprendizagem em 
si e da expectativa de que, espontaneamente, pela 
participação exclusiva em atividades de leitura e produção 
de textos, as crianças viessem a se alfabetizar. Em nome 
do construtivismo, criouse um grande estado de 
indefinição sobre o que ensinar e como ensinar nas salas 
de aula de alfabetização (Morais, 2012, pp.553). 
Dessa forma, desde então, estudos têm explicitado que os alfabetizadores 
apresentam dificuldades em medir os progressos conquistados por seus alunos 
e de basearem a alfabetização nas informações oriundas dessa medida, isso 
além haver grandes variações nas formas de alfabetizar. Fica evidente, portanto, 
que há inúmeras indefinições no que diz respeito ao ensino e à avaliação no 
processo de ensino da leitura e da escrita (Morais, 2012). 
Assim, revela-se a importância de provas que possam auxiliar no 
processo do ensino da leitura e escrita, como por exemplo, no âmbito nacional a 
Provinha Brasil e, em caráter clinico e educacional, provas referentes aos 
 
 
 
30 
elementos que são subjacentes ao evento tanto da leitura, como da escrita. 
Nessa perspectiva, podemos citar o Protocolo de Avaliação de Habilidades 
Cognitivo- Linguísticas (PAHCL), objeto de aplicação no presente estudo. 
Os autores do Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-
Linguísticas (PAHCL), com o escopo de buscar soluções que facilitassem a vida 
dos indivíduos disléxicos, criaram o referenciado instrumento para cobrir uma 
lacuna existente dentro das publicações fonoaudiológicas. Nessa direção, a área 
neuropsicopedagógica apresenta uma instrumentalização avaliativa também 
escassa. 
De encontro a isso, o PAHCL caracteriza-se como uma medida 
satisfatória para auxiliar nas vertentes relacionadas aos processos da leitura, 
escrita e aritmética, pois, trata-se de um material vasto, com linguagem clara e 
objetiva e rico em informações, que permitirá aos professores terem meios para 
investigar a hipótese de algum distúrbio e poder sinalizar o problema para os 
pais. 
Em uma vertente empírica o PAHCL foi utilizado em uma série de 
pesquisas cujos resultados embasam com veemência a sua importância na 
verificação do desempenho de escolares em anos iniciais de escolarização. Isto 
posto, Capellini e colaboradores (2007) realizaram o primeiro estudo de 
adaptação brasileira, no qual o objetivo principal foi caracterizar e comparar o 
desempenho de escolares de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. Os 
resultados apontaram que a velocidade de acesso ao léxico mental está 
diretamente relacionada com a habilidade de consciência fonológica, memória 
operacional e de leitura e escrita. 
Outro estudo, realizado por Silva e Capellini (2011), teve como objetivo 
comparar o desempenho cognitivo linguístico entre escolares com distúrbios de 
aprendizagem e escolares com e sem transtorno de aprendizagem em leitura, 
escrita, consciência fonológica, velocidade de processamento e memória de 
trabalho fonológica. Os resultados obtidos evidenciaram uma diferença 
estatisticamente significante, sugerindo desempenho superior dos escolares 
 
 
 
31 
sem dificuldade em relação aos escolares com transtorno de aprendizagem 
(Silva & Capellini, 2013). 
O presente capítulo tem por objetivo apresentar e caracterizar o 
desempenho cognitivo-linguístico de alunos da 3ª série dos anos iniciais diante 
das tarefas do PAHCL na versão coletiva. 
 
MÉTODO 
 
Participaram deste estudo 15 escolares concluintes do 3º ano do ensino 
fundamental I, de ambos os gêneros, com média de 8 anos de idade. A turma 
selecionada foi de uma escola de ensino privado de uma cidade de grande porte 
do interior paulista, cujas aulas acontecem em período matutino. 
A sala de aula do 3º ano do ensino fundamental I fica localizada na 
unidade II do colégio e se situa na parte inferior da unidade e as aulas são 
ministradas no período da manhã. A sala é equipada com carteiras, cadeiras, 
mesa do professor, lousa, ar condicionado, armário e pontos de luz e decorada 
com atividades realizadas pelos próprios alunos. 
No dia da aplicação do teste, todos os escolares estavam uniformizados 
e portavam, cada um, o seu próprio material escolar. 
 
Instrumento 
 
O material utilizado neste estudo foi a versão coletiva do Protocolo de 
Avaliação de Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PAHCL), este, além da versão 
coletiva, é também composto pela versão individual. A versão coletiva do teste 
é constituída por cinco subtestes, sendo eles: escrita do alfabeto em sequência, 
cópia de formas, aritmética, escrita sob ditado de palavras e pseudopalavras, e 
repetição de números, que englobam as habilidades de escrita, aritmética, 
processamento auditivo e processamento visual. Já a versão individual, possui 
 
 
 
32 
dez subtestes, sendo eles: leitura de palavras e pseudopalavras, ruma, 
aliteração, repetição de palavras e não palavras, ritmo, segmentação silábica, 
nomeação rápida de figuras e de dígitos, memória visual com cartões, 
discriminação de sons e nomeação de números invertidos, que compreendem 
as habilidades de leitura, metalinguística, processamento auditivo, 
processamento visual e velocidade de processamento. 
Assim, para cada uma das habilidades os autores pensaram e elaboraram 
provas específicas que permitem verificar o desempenho da criança. Portanto, o 
objetivo do PAHCL é avaliar distintos aspectos do processamento cognitivo-
linguístico de crianças em fase de alfabetização, detectando aquelas com 
desempenho abaixo do esperado em relação ao seu grupo-classe. 
Procedimentos 
 
Da versão coletiva, os 15 escolares fizeram todos os cinco subtestes 
(escrita do alfabeto em sequência, cópia de formas, aritmética, escrita sob ditado 
de palavras e pseudopalavras, e repetição de números), além de terem que 
escrever o seu próprio nome no início. 
 A escrita do alfabeto dever ser em sequência,incluindo as letras K, W e 
Y, devido à reforma ortográfica da língua portuguesa que vigora no Brasil desde 
o dia 1º de janeiro de 2009. A cópia de formas consiste em copiar quatro 
diferentes formas geométricas, dentro de um espaço determinado. O cálculo 
matemático (aritmética) exige a resolução de 20 operações aritméticas simples, 
tais como adição, subtração, multiplicação e divisão. A escrita sob ditado 
subdivide-se em 30 palavras reais e 10 pseudopalavras, que a criança deve 
escrever somente após ouvir e da maneira como entender, podendo ser repetida 
apenas duas vezes cada. Por fim, a repetição de números em ordem aleatória 
sucede com a criança escrevendo 10 sequências de números aleatórios, que 
podem conter de dois a seis dígitos. 
A análise da pontuação do escolar deu-se a depender do número de 
acertos do mesmo em cada um dos subtestes individualmente, isto é, atribuiu-
se um (1) ponto a cada acerto em cada um dos subtestes da versão coletiva. 
 
 
 
33 
Consequentemente e de acordo com o número de acertos que o PAHCL 
estabelece, o escolar foi identificado com desempenho superior (DS), 
desempenho médio (DM) ou desempenho inferior (DI) em cada um dos 
subtestes. 
A aplicação foi realizada após a assinatura do Termo de consentimento 
livre e esclarecido, a qual durou 1h20 minutos, desde as orientações iniciais até 
o término de todos os subtestes pelos 15 escolares juntamente com a professora 
responsável pela turma. Portanto, a forma de análise dos dados foi pelos critérios 
estabelecidos pelo próprio instrumento e os resultados postos em discussão. 
Resultados 
 
Na tabela abaixo estão expostos os resultados encontrados após 
aplicação e correção do PAHCL, sendo N o número de escolares, os quais 
obtiveram os seguintes desempenhos no teste: desempenho superior (DS), 
desempenho médio (DM) ou desempenho inferior (DI) em cada um dos 
subtestes e a porcentagem (%) cujo número corresponde. 
 
 
 
 
34 
Os resultados analisados evidenciaram que o desvio padrão mais distante 
é observado no Ditado de Palavras, seguido pela Matemática e pelo Alfabeto, 
enquanto que o menos distante se apresentou em relação à Cópia de Figuras, 
e, por conseguinte, à Memória Imediata e ao Ditado de Pseudopalavras. Sendo 
que no Ditado de Palavras a pontuação máxima foi de 30 pontos e apenas cinco 
5 escolares conseguiram atingi-la; na Matemática a pontuação máxima foi de 19 
pontos e apenas 4 escolares conseguiram atingi-la; e, por fim, no Alfabeto a 
pontuação máxima foi de 26 pontos e apenas 9 escolares conseguiram atingi-la. 
Discussão 
 
Para Siqueira e Gurgel-Giannetti (2011) a educação formal atualmente 
tem importante valor sociocultural, o bom desempenho escolar é indicativo de 
futuro sucesso social. Nos últimos anos, o fato do acesso à escola ter se tornado 
universal, fez com que, consequentemente, as queixas de mau desempenho 
escolar e dificuldade em aprender aumentassem. 
Vários estudos mostram que em torno de 15% a 20% das 
crianças no início da escolarização apresentam 
dificuldade em aprender e, logo, mau desempenho 
escolar. Essas estimativas podem chegar a 30%-50% se 
forem analisados os primeiros seis anos de escolaridade. 
(Siqueira & Gurgel-Giannetti, 2011, pp. 79). 
Nessa direção, os resultados apontados neste estudo confirmam os 
resultados expostos no presente estudo, pois evidenciam que logo no 3º ano do 
ensino fundamental I, ou seja, uma das séries iniciais na qual a alfabetização se 
concretiza de fato, a criança já apresenta mau desempenho escolar e/ou 
dificuldade de aprendizagem. 
Comprova-se isso visto que, neste estudo, no que diz respeito à escrita 
sob ditado – tanto de palavras de alta frequência quanto de pseudopalavras – o 
objetivo foi o de verificar a codificação, ou seja, a escrita, assim como o acesso 
ao léxico e a rota fonológica. Isso mostra que 20% dos escolares em estudo 
apresentaram 
DI nessa habilidade, precisamente na escrita das palavras de alta 
frequência, o que pode sinalizar certa defasagem no processo de ensino-
 
 
 
35 
aprendizagem da escrita, corroborada pela ideia de que nas três últimas 
décadas, no Brasil, o ensino de leitura e escrita tem se transformado bastante, 
principalmente por intermédio da tecnologia, o que demonstra que os 
alfabetizadores têm dificuldade em medir o progresso dos seus alunos 
(Albuquerque, Morais & Ferreira,2008; Morais, 2012). Tal fato também pode ser 
encontrado ao analisar o subteste da escrita do alfabeto em sequência, já que 
este apresentou-se como o terceiro desvio padrão mais distante, apontando 7% 
dos escolares em DI. 
Além disso, o cálculo matemático, que teve por objetivo verificar a 
capacidade da criança em solucionar equações matemáticas, apontou que 20% 
dos escolares estão com DI, 53% com DM e apenas 27% com DS, isto é, além 
do ensino-aprendizagem da escrita, os escolares apresentaram, em segundo 
lugar, dificuldade no que concerne à aritmética, mesmo levando-se em 
consideração que o grupo em estudo sabia distinguir todos os sinais 
matemáticos; já havia sido submetido ao aprendizado da tabuada; era capaz de 
elaborar as equações; e que todas as equações solicitadas já haviam sido 
ensinadas pela professora, desconsiderando aquelas cuja criança ainda não 
havia aprendido. 
Em vista disso, é necessário salientar que uma criança, em idade escolar, 
quando inicia seus passos no caminho da aprendizagem, na maioria dos casos 
possui apenas o domínio linguístico fonológico da língua, uma vez que ainda não 
adquiriu consciência das correspondências existentes da língua oral com a 
leitura e a escrita, as chamadas correspondências letra/som (Capellini & cols, 
2007). 
Os dados confirmam que o processo de ensino-aprendizagem precisa, 
necessariamente, receber um olhar especial e cuidadoso, pois é durante a 
alfabetização que o escolar consolidará a base do que virá nos anos 
subsequentes, ou seja, esse momento é um dos fatores responsáveis pelo 
sucesso social futuro dele como sujeito pensante e ativo dentro de uma 
sociedade. 
 
 
 
36 
Portanto, de acordo com Capellini e colaboradores (2007), fica evidente a 
importância do professor como instrumento mediador de conhecimentos dos 
escolares. Assim sendo, entende-se a importância de o professor estar em 
constante aperfeiçoamento, caminhando lado a lado com seu aluno e tendo foco 
individualizado ao menos durante os anos iniciais de escolarização, pois, dessa 
forma, a ele será permitido completar qualquer lacuna que, por vezes, o escolar 
apresente durante o processo de aprendizagem. 
Este trabalho teve como objetivo apresentar e caracterizar o desempenho 
cognitivo-linguístico de alunos da 3ª série dos anos iniciais. Isso posto, os dados 
foram expostos e analisados na perspectiva de auxiliar os profissionais que 
participam do processo de aprendizagem de escolares nessa faixa etária e 
escolaridade. 
Dessa maneira, comprova-se que o PAHCL em sua versão coletiva é um 
instrumento que possibilita a triagem das dificuldades de aprendizagem e aponta 
direcionamentos para possíveis práticas interventivas no ambiente escolar. 
Portanto, o PAHCL apontou que os escolares da turma do 3º ano do 
ensino fundamental I pesquisada não apresentaram grandes desníveis no 
aspecto da aprendizagem, no entanto apresentaram desvios consideráveis para 
quem está concluindo esta série, o que ilustra a necessidade de o professor 
alfabetizador ter um olhar mais próximo para cada um dos seus alunos. 
Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem, dos anos iniciais 
referente ao ensino fundamental I, é tratado com menos critério de analise em 
relação ao ensino, prejudicando o desenvolvimento de escolares com 
dificuldades nos elementos subjacentes ao processo de alfabetização, como 
observado nos resultados desse trabalho. É evidente, então, que no Brasil há a 
necessidade em aumentar o valor investido na educação, para queseja possível 
alterar os resultados atuais obtidos, inclusive em avaliações de nível 
internacional. 
Devido ao não esgotamento das possibilidades de generalização desse 
exemplo, sugere-se como implicações futuras a replicação com um número 
maior de sujeitos da mesma faixa etária e escolaridade, e também um possível 
 
 
 
37 
cruzamento com outros escolares de séries/anos da mesma etapa para 
evidenciar a importância do objetivo proposto neste trabalho. 
 
 
NEUROPSICOPEDAGOGIA: NOVAS PERSPECTIVAS PARA O 
PROCESSO DE APRENDIZAGEM 
 
Os estudos da neuropsicopedagogia surgiram da necessidade de se 
promover a integração educacional, haja vista a nova demanda social 
diferenciada do século XXI. Para Hennemann (2012, p.11) a mesma apresenta-
se como “um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos 
neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem 
contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que 
apresentem dificuldades de aprendizagem”. 
Para Beauclair (2014, p.23), o termo Neuropsicopedagogia é “um novo 
campo de especialização profissional, de pesquisa, ação e intervenção, 
baseados nos avanços das Neurociências e suas aplicabilidades no campo da 
Educação e Psicopedagogia”. 
Sabendo que a neurociência significa, “conjunto de ciências fundamentais 
e clínicas que se ocupam da anatomia, da fisiologia e da patologia do sistema 
nervoso (DINIZ; DAHER; SILVA, 2008, p. 154)”, é fundamental que o 
neuropsicopedagogo se aproprie das bases da neurociência para intervir e 
pesquisar sobre as particularidades cerebrais que podem interferir no processo 
de aprendizagem. 
É preciso ter em mente que o neuropsicopedagogo, em posse dos seus 
referenciais teóricos, irá atuar de maneira investigativa, descobrindo os mistérios 
e os desdobramentos da aprendizagem, os fatores inter-relacionais e 
intrapessoais que podem ser chave ou ponto de partida para uma intervenção 
 
 
 
38 
pedagógica mais efetiva, para isso, deve-se levar em conta quem é esse sujeito, 
qual é a sua base familiar e qual o contexto em que ele está inserido. 
O neurosicopedagogo precisa compreender o papel do cérebro na 
aprendizagem, fazer levantamentos do histórico de desenvolvimento 
neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo, a fim de avaliar possíveis 
encaminhamentos a profissionais de outras especialidades ou mesmo intervir no 
ambiente educacional com adequação curricular que possibilite a aprendizagem 
do aluno. 
A perspectiva da metacognição surge como uma estratégia que auxilia no 
processo de aprendizagem, proporcionando ao discente a motivação tanto pelo 
objeto de estudo quanto pelo ambiente escolar. A estratégia metacognitiva é 
definida por Kleiman (2008a, p.34) como: “a capacidade de estabelecer objetivos 
na leitura […], isto é uma estratégia de controle e regulamento do próprio 
conhecimento”. 
Os estudos neurocientíficos apontam que para que a aprendizagem 
aconteça, é necessário criar memória de longo prazo, direcionando o cérebro a 
aprender e relacionar o conhecimento, de maneira que as informações sejam 
armazenadas plenamente. 
Desse modo, o neuropsicopedagogo pode contribuir para o 
desenvolvimento da motivação pela aprendizagem, ajudando o educando a 
descobrir quais são as suas habilidades e potencialidades e de que forma ele 
pode agregar isso à sua vida, numa atividade de autoconhecimento e 
autoconfiança. Deve-se trabalhar com a ideia de que todos são capazes de 
aprender, dentro de suas limitações e de seu próprio ritmo de aprendizagem. 
O Neuropsicopedagogo em contexto institucional, será capaz de 
conhecer o espaço escolar, observar os educandos e professores, traçar 
estratégias de avaliações e eventualmente, fazer encaminhamentos a 
profissionais de outras especialidades, quando julgar necessário, a fim de 
 
 
 
39 
possibilitar a aprendizagem a todos os indivíduos envolvidos no processo de 
escolarização, independentemente de qualquer limitação cognitiva. 
 
 
 
 
 
 
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