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As causas e as consequências do imediatismo na sociedade contemporânea brasileira 
 A obra cinematográfica norte-americana “Click” retrata a vida de Michael Newman, um arquiteto que, cansado de trabalhar, 
utiliza um controle para passar todos os momentos ruins da sua vida e só viver os que lhe agradam, o que faz com que ele pule a 
maioria e acabe infeliz e solitário no final. Com essa abordagem, o filme revela as causas e as consequências do imediatismo na 
vida do ser humano e, também, a recorrência do desejo da população brasileira de fazer tudo ao mesmo tempo e em um “piscar” 
de segundos. Na sociedade contemporânea, fora da ficção, muitos indivíduos enfrentam situações semelhantes, o que colabora 
para a perpetuação desse comportamento e para o agravamento do alto índice de transtornos psicológicos. Dessa forma, há dois 
fatores que não podem ser menosprezados: a exigência de produtividade a qualquer custo e os danos psíquicos ocasionados. 
 Nesse contexto, é válido ressaltar que a contemporaneidade é marcada por uma cobrança excessiva por produtividade e vive 
em uma constante luta contra o seu próprio tempo. Na obra literária “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll, há uma 
figura bastante apressada, que vive sempre correndo com um relógio na mão e falando sobre pressa, mesmo sem estar atrasado, 
o Coelho Branco. À vista disso, pode-se afirmar que, infelizmente, é comum observar o retrato do coelho no comportamento do 
corpo social e em muitas situações cotidianas, uma vez que a sociedade vive um profundo sofrimento de exaustão temporal e, 
por ter a tendência de exigir muito de si e de se cobrar, frequente e incessantemente, fica sem fôlego o tempo todo por lidar com 
o presente e com essa cobrança desenfreada pela produtividade. Assim, ao ter dificuldades para lidar com as frustrações de tudo 
o que se refere ao mediato, são gerados adoecimentos e não haverá energia para viver o futuro. 
 Além disso, cabe pontuar que, a partir do momento em que há sofrimento com o imediatismo, há uma violenta tensão na vida 
do sujeito que vive preso pelas amarras da instantaneidade, o que resulta na sua fragilidade emocional. Byung-Chul-Han, filósofo 
sul-coreano, afirma, em seu livro “Sociedade do Cansaço”, que o modo hiperprodutivo como se trabalha gera um conjunto de 
doenças – entre elas, a “Síndrome do Esgotamento” – e, devido a isso, as pessoas vivem a lógica perversa segundo a qual para 
alcançar o sucesso é preciso massacrar a si mesmo. Diante desse cenário, é perceptível que o número de indivíduos com depressão 
ou outras doenças de origens psicossomáticas, como, por exemplo, ansiedade, estresse, mudanças abruptas de humor e 
bipolaridade, continua a crescer em larga escala, consequência da inquietação da sociedade frente à necessidade de sempre 
querer viver a margem do imediato e ininterrupto. Logo, é nítida a urgência de uma forma para solucionar a problemática. 
 Portanto, para que as questões negativas que envolvem essa problemática sejam amenizadas e para que se encontrem 
caminhos para resolvê-las, os Ministérios da Saúde e da Educação devem, por meio de verbas governamentais e dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, investir na inserção do letramento socioemocional – robusto e permanente – da população e, mais ainda, 
inserir, na grade curricular do Ensino Fundamental ao Médio, a matéria de “O imediatismo social, suas causas e consequências”, 
a partir da contratação de professores, psicólogos e profissionais especializados na área, a fim de contribuir com a diminuição dos 
danos psíquicos ocasionados pela tendência do imediato. Somente assim, os casos de imediatismo na sociedade brasileira serão 
mitigados e comportamentos como o de Michael Newman serão reduzidos. 
 
Redação escrita por Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes

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