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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS PROFESSORA: Profª. Drª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo ROTULAGEM DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS E FORTIFICADOS/ ENRIQUECIDOS HELLEN SOARES TERESINA – PI MAIO/ 2021 HELLEN SOARES ROTULAGEM DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS E FORTIFICADOS/ ENRIQUECIDOS ESTAGIÁRIAS DOCENTES: DÉBORA THAÍS SAMPAIO DA SILVA GUIDA GRAZIELA SANTOS CARDOSO JULIANA DAYSE DE CARVALHO SILVA TERESINA – PI MAIO/ 2021 1 INTRODUÇÃO Rotulagem é toda inscrição, legenda, imagem ou toda matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento, segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 259/2002. Dessa forma, a rotulagem caracteriza-se como um elemento fundamental para saúde pública, uma vez que identifica a origem, as características nutricionais e composições dos produtos, propiciando ao consumidor escolhas mais apropriadas, sendo indispensável à fidedignidade das informações apresentadas nos rótulos dos produtos (MARTINEZ; PAULA, 2015). Os alimentos transgênicos surgiram através da Engenharia Genética, por meio da tecnologia do DNA recombinante, através da qual inseriram no genoma de uma espécie, um ou mais genes provenientes de outra espécie, com o objetivo de se obter determinadas características referentes ao tamanho, odor, cor, dentre inúmeras outras. Dessa forma, esses alimentos são obtidos através do cultivo das plantas transgênicas e consumidos de forma direta ou indireta através de alimentos que possuam como matéria-prima ingredientes transgênicos (POZZETTI; RODRIGUES, 2018). Diante disso, a rotulagem dos alimentos transgênicos no Brasil, também conhecidos como organismos geneticamente modificados (OGMs), é regulamentada pelo Decreto 4.680, de 24 de abril de 2003, que estabelece em seu art. 2º que o consumidor deva ser informado quando houver a presença de transgênicos. Além desse Decreto, o Código de Defesa do Consumidor e a Lei de Biossegurança, em seu artigo 40, disciplinam a forma como a informação deve ser passada ao consumidor, sendo esta através dos rótulos que devem conter o símbolo da transgenia, o “T” envolto por um triângulo amarelo. Sendo importante destacar que esse Decreto estabeleceu o mínimo de 1% de ingrediente transgênico no produto final para que fosse rotulado (SOUSA, 2019). Dentre os produtos transgênicos aprovados para comercialização no Brasil, têm- se espécies de soja, milho, algodão, feijão, eucalipto, cana-de-açúcar (POZZETTI; RODRIGUES, 2018). Entretanto, ainda se tem uma falta de unanimidade quanto as consequências do consumo de transgênicos, seus pontos positivos e negativos. Diante desse quadro de inexistência de um consenso científico sobre as implicações decorrentes desses alimentos geneticamente modificados na saúde humana e no meio ambiente, foi dado ao consumidor o direito de escolha na hora de consumi-los, por meio da obrigatoriedade da presença do símbolo gráfico que representa os transgênicos nos rótulos dos produtos (POZZETTI; LOUREIRO; JÚNIOR, 2019). Os alimentos fortificados são aqueles que recebem adição de algum nutriente como vitaminas e/ou minerais, ressaltando que para esses alimentos possam assim ser designados devem fornecer no mínimo 60% na dose média diária ingerida, da dose diária recomendada para adultos. Dessa forma, a fortificação de alimentos com micronutrientes é uma tecnologia válida para diminuir a desnutrição como parte de uma abordagem baseada em alimentos quando e onde os suprimentos alimentares existentes e o acesso limitado não conseguem fornecer níveis adequados na dieta (MATOS, 2017). No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), alimentos enriquecidos ou fortificados são aqueles onde um ou mais nutrientes são adicionados, contendo no máximo 15% e 30% da RDA em 100g ou 100ml em sólidos e líquidos, respectivamente. Alimentos adicionados de nutrientes essenciais fornecem de 7,5 a 15% da RDA sendo adicionado em 100g ou 100ml de alimentos sólidos ou líquidos podendo estar presente no rótulo, neste caso, a alegação de “Fonte” ressaltando que os alimentos “fonte” não atingem os percentuais de adição dos alimentos enriquecidos. Já os alimentos reconstituídos são aqueles onde nutrientes específicos são adicionados para substituir a quantidade perdida durante processamento e armazenamento (SARTOR, 2017). Outrora, é importante mencionar que desde junho de 2004 no Brasil, se tornou obrigatório a fortificação da farinha de trigo e milho com ferro e ácido fólico. Diante desses fatos, a fortificação de alimentos básicos largamente consumidos, vem sendo adotada nas últimas décadas tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, já que tem excelente relação custo/benefício em longo prazo para controlar a deficiência deste micronutriente (SARTOR, 2017). Mediante ao exposto, o objetivo da prática foi comparar os rótulos de alimentos transgênicos e fortificados/enriquecidos com convencionais ou orgânicos quanto aos ingredientes e as informações nutricionais apresentadas. 2 METODOLOGIA A prática de rotulagem de alimentos transgênicos e fortificados/enriquecidos foi realizada por meio do ensino remoto, em uma sala de reunião virtual, através da plataforma digital Google Meet. Nessa atividade, foram comparados os rótulos das embalagens de flocão de milho transgênico e convencional; molho de tomate transgênico e orgânico; composto lácteo enriquecido e leite em pó convencional; farinha láctea enriquecida e farinha láctea convencional, analisando os ingredientes e informações nutricionais de cada produto, para que os alunos identificassem as principais diferenças nos rótulos dos alimentos transgênicos e fortificados/enriquecidos em detrimento dos convencionais ou orgânico e estabelecessem sua conformidade, ou não, de acordo com a legislação vigente. . 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na prática, analisaram-se os ingredientes e o valor nutritivo dos alimentos. No Quadro 1, verifica-se os ingredientes presentes no flocão de milho transgênico e no flocão de milho convencional. Quadro 1 – Verificação dos ingredientes na rotulagem do flocão de milho transgênico e do flocão de milho convencional. Alimento Ingredientes Flocão de milho transgênico Farinha de milho flocada (geneticamente modificado a partir de Streptomyces viridochromogenes e/ou Bacillus thuringiensis e/ou Agrobacterium tumefaciens e/ou Agrobacterium sp.). Flocão de milho convencional Massa de milho. Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Com base no quadro 1, observa-se que o flocão de milho transgênico apresenta como único ingrediente a farinha de milho flocada geneticamente modificada, enquanto o flocão de milho convencional apresenta como único ingrediente a massa de milho. Com isso, verifica-se que quanto a lista de ingredientes tais alimentos não apresentam diferenças significativas. No entanto, é importante destacar que o produto transgênico trouxe em sua embalagem o símbolo que representa a identificação desse tipo de produto, sendo este o “T” na cor preta, dentro de um triângulo equilátero amarelo, conforme previsto no Decreto supracitado, a Portaria nº. 2.658/03 do Ministério da Justiça (POZZETTI; RODRIGUES, 2018). No Quadro 2, logo abaixo, é possível observar as informações nutricionais do flocão de milho transgênico, e no Quadro 3, verifica-se as informações nutricionais do flocão de milho convencional, apresentando a quantidade por porção. Quadro 2 – Informação nutricionaldo flocão de milho transgênico. Informação nutricional Porção 50g (01 Xícara de Chá) Quantidade por porção %VD(*) Valor Calórico 167Kcal/701kj 8 Carboidratos 37g 12 Proteínas 3,5g 5 Gorduras totais 0,6g, das quais: 1 Gorduras Saturadas 0g 0 Gorduras Trans 0g ** Fibra Alimentar 2,9g 12 Sódio 0mg 0 Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Quadro 3 – Informação nutricional do flocão de milho convencional. Informação Nutricional Porção 50g (1/2 Xicara de chá) Valor energético 170kcal=714kJ 7%VD* Carboidratos 38g 10%VD* Proteínas 4g 8%VD* Gorduras totais 0,5g 1%VD* Gorduras saturadas 0g 0%VD* Gorduras trans 0g 0%VD* Fibra alimentar 2g 7%VD* Sódio 0g 0%VD* Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Ao comparar as informações nutricionais do flocão de milho transgênico com o convencional, observa-se que ambos os produtos apresentam uma composição nutricional bem semelhante, apresentando um maior diferencial quanto ao teor de fibra alimentar, cujo flocão de milho transgênico apresentou maior quantidade desse nutriente, o qual está diretamente relacionado com a melhoria do trânsito intestinal, assim como a questão da saciedade. Dessa forma, embora exista muitas dúvidas quanto aos alimentos com transgenia, neste caso, esse produto apresenta-se como uma melhor escolha quando comparado ao convencional. No Quadro 4, verifica-se os ingredientes presentes no molho de tomate transgênico e no molho de tomate orgânico. Quadro 4 – Verificação dos ingredientes na rotulagem do molho de tomate transgênico e orgânico. Alimento Ingredientes Molho de tomate transgênico Tomate, amido modificado de milho transgênico (bacillus thuringiensis, streptomyces viridochromogenes, agrobacterium tumefaciens e zea mays), açúcar, cebola, sal, salsa, aroma natural de alho e acidulante ácido cítrico. Molho de tomate orgânico Tomate orgânico, cebola, fibra de milho orgânico, sal, acidulante ácido cítrico, salsa, alho, alecrim e noz moscada. Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Ao analisar a lista de ingredientes de ambos os molhos de tomate, tanto transgênico quanto convencional, verifica-se que o alimento orgânico apresenta algumas especiarias como alecrim e noz moscada, que não está contida na composição do produto transgênico analisado. Além disso, observa-se que no molho de tomate transgênico tem amido de milho modificado transgênico, enquanto o molho de tomate orgânico apresenta em sua composição fibra de milho orgânica. Quanto aos selos que obrigatoriamente devem vir nas embalagens, ambos apresentaram seus respectivos selos, tanto de transgênico quanto de orgânico. No Quadro 5, logo abaixo, é possível observar as informações nutricionais do molho de tomate transgênico, e no Quadro 6, verifica-se as informações nutricionais do molho de tomate orgânico, apresentando a quantidade por porção. Quadro 5 – Informação nutricional do molho de tomate transgênico. Informação nutricional Porção 60g Quantidade por porção %VD(*) Valor Calórico 25kcal 1% Carboidratos 5g 1% Proteínas 0,6g 1% Gorduras totais 0 0% Gorduras Saturadas 0 0% Fibra Alimentar 0,8g 1% Sódio 330mg 14% Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Quadro 6 – Informação nutricional do molho de tomate orgânico. Informação nutricional (Porção de 60g / 03 Colheres de Sopa) Quantidade por porção % VD (*) Valor Energético 25 kcal = 105 kJ 1% Carboidratos 5,9 g 2% Proteínas 1,3 g 2% Gorduras Totais 0 g 0% Gorduras Saturadas 0 g 0% Gorduras Trans 0 g ** Colesterol 0 mg 0% Fibra Alimentar 1,9 g 8% Sódio 188 mg 8% Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Ao realizar a comparação entre a tabela nutricional dos molhos de tomate transgênico e orgânico, observa-se que ambos apresentaram o mesmo valor energético, correspondendo a 25 kcal, em uma porção de 60 g. No entanto, o produto orgânico apresentou melhor teor nutritivo, uma vez que apresentar maior teor proteico, maior quantidade de fibra alimentar, menor teor de carboidrato e de sódio, quando comparado ao alimento transgênico. Logo, pode-se concluir que o molho de tomate orgânico é melhor para o consumo alimentar, no entanto, deve-se levar em consideração também o poder aquisitivo do indivíduo, assim como o fácil acesso a esse tipo de alimento. Mediante o exposto, quanto as informações contidas nos rótulos, ambos os produtos analisados informam corretamente em suas embalagens o tipo de produto em questão, no caso dos produtos analisados, apresentam informação se o alimento é orgânico ou transgênico, sendo possível identificar também o produto convencional. Nessa perspectiva, é importante mencionar que no que tange o conteúdo do rótulo do alimento ou ingrediente alimentar, o Decreto nº. 4.680/03 prevê que, em conjunto com símbolo definido pelo Ministério da Justiça, deverá ser acrescentada expressões como: produto (nome) transgênico, contém (nome do ingrediente) transgênico ou produto produzido a partir de produto (nome) transgênico (POZZETTI; RODRIGUES, 2018). É importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos. O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral. Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer (POZZETTI; RODRIGUES, 2018). Dessa forma, é necessário que o consumidor saiba a origem do produto, de onde ele vem, como foi produzido e de que substâncias ele é composto, esses dados na rotulagem ajuda o consumidor, para que ele possa distinguir um alimento orgânico daquele geneticamente modificado. Por isso, que a comunicação existente entre o fornecedor e o consumidor se dá pela rotulagem do produto, e é através dessas informações que o consumidor será informado sobre os produtos que contenham organismos geneticamente modificados, dando-lhe a opção de adquiri-lo ou não, desta maneira, não haveria prática enganosa (SOUSA, 2019). Ademais, a segurança alimentar pressupõe o pleno exercício de escolha do consumidor que, por sua vez, está intrinsicamente relacionado ao direito em ser informado de todas as características intrínsecas do produto, bem como de seu modo de utilização, além de eventuais advertências sobre riscos de sua utilização, consoante dispõe o art. 6º do CDC, que declara “fazer afirmação, falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produto dos serviços.” (SOUSA, 2019). Logo em seguida, no Quadro 7, verifica-se os ingredientes presentes no composto lácteo enriquecido e no leite em pó integral instantâneo. Quadro 7 – Verificação dos ingredientes na rotulagem do composto lácteo enriquecido e do leite em pó integral instantâneo. Alimento Ingredientes Composto lácteo enriquecido Leite em pó integral, fibra, permeado de soro de leite natural, minerais [cálcio, ferro e zinco], vitaminas [vitamina C, vitamina E, vitamina A e vitamina D] e emulsificante lecitina de soja. Leite em pó integral instantâneo Leite integral e emulsificante lecitina de soja. Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Com base nas informações apresentadas pelo quadro 7, verifica-se que o leite em pó integral instantâneo apresenta como ingrediente apenas leite integral e emulsificante lecitinade soja, enquanto o produto enriquecido apresenta como ingredientes a mais em sua composição fibra e, minerais e vitaminas para fortificação deste alimento. No Quadro 8, é possível observar as informações nutricionais do composto lácteo enriquecido, e no Quadro 9, verifica-se as informações nutricionais do leite em pó integral instantâneo, apresentando a quantidade por porção. Quadro 8 – Informação nutricional do composto lácteo enriquecido. Porção de 25 g (2 colheres de sopa) Quantidade por porção %VD Valor Energético 105 kcal = 441 kj 5% Carboidratos 9,7g, dos quais: 3% Açúcares 9,6 g ** Proteínas 5,0 g 7% Gorduras totais 5,1 g 9% Gorduras Saturadas 3,4 g 15% Gorduras Trans 0 g ** Fibra alimentar 2,5 g 10% Sódio 89 mg 4% Cálcio 380 mg 38% Ferro 5,4 mg 39% Zinco 2,1 mg 30% Vitamina A 180 µg RE 30% Vitamina D 1,9 µg 38% Vitamina C 17 mg 38% Vitamina E (mg TE) 3,8 mg 38% Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Quadro 9 – Informação nutricional do leite em pó integral instantâneo. Quantidade por porção %VD Valor Energético 131 kcal = 550 kJ 7 Carboidratos 10 g 3 Proteínas 7,0 g 9 Gorduras totais 7,0 g 13 Gorduras saturadas 5,0 g 23 Gorduras trans 0 ** Fibra alimentar 0 0 Sódio 124 mg 5 Cálcio 235 mg 24 Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Ao realizar a análise dos quadros 8 e 9, observa-se que o composto lácteo enriquecido apresenta menor valor energético, menos teor proteico, menor teor lipídico, menor teor de sódio, maior teor de cálcio, apresenta fibra alimentar, além de apresentar outros minerais como ferro e zinco, e também vitaminas, sendo estas a vitamina A, D, C e E, uma vez que se trata de um alimento fortificado, quando comparado ao leite em pó integral instantâneo. Logo, conclui-se que o composto lácteo apresenta melhores benefícios a saúde, devido a sua composição nutricional do que o alimento convencional. Além disso, é importante mencionar que a embalagem do produto fortificado vem especificando esta característica desse alimento, a qual é obrigatória vir especificada. O Quadro 10, logo abaixo, apresenta os ingredientes que compõe a farinha láctea enriquecida e a farinha láctea convencional. Quadro 10 – Verificação dos ingredientes na rotulagem da farinha láctea enriquecida e da farinha láctea convencional. Alimento Ingredientes Farinha láctea enriquecida farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, açúcar, leite em pó, sal, maltodextrina, fosfato de cálcio tribásico (cálcio), ácido ascórbico (vitamina C), acetato de DL-alfa- tocoferol (vitamina E), fumarato ferroso (ferro), nicotinamida (vitamina PP), acetato de retinila (vitamina A), d-pantonenato de cálcio (vitamina B5), colecalciferol (vitamina D), cianocobalamina (vitamina B12), tiamina mononitrato (vitamina B1), cloridrato de piridoxina (vitamina B6), riboflavina (vitamina B2) e ácifo fólico, antiumectante fosfato tricálcico e aromatizante. Farinha láctea convencional Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico (55%), açúcar, leite em pó integral (20%), vitaminas [vitamina C (ácido áscórbico), vitamina B5 (pantotenato de cálcio), vitamina B6 (cloridrato de piridoxina) e vitamina B1 (mononitrato de tiamina)], minerais [cálcio (fosfato de cálcio dibásico), ferro (fumarato ferroso) e zinco (óxido de zinco)], sal e aromatizante. Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Com base no Quadro 10, verifica-se que quanto aos ingredientes, ambos os produtos apresentam uma composição bem semelhante, no entanto a farinha láctea enriquecida apresenta mais tipos de vitaminas como a B2, B12, D3 e E, quando comparada a farinha láctea convencional, além de apresentar também ácido fólico. Já o produto convencional apresenta em sua composição o zinco, mineral este não presente no alimento fortificado. No Quadro 11, é possível observar as informações nutricionais da farinha láctea enriquecida, e no Quadro 12, verifica-se as informações nutricionais da farinha láctea convencional, apresentando a quantidade por porção. Quadro 11 – Informação nutricional da farinha láctea enriquecida. Porção de 30 g (4 colheres de sopa) Quantidade por porção %VD Valor Energético 123 kcal = 517 kJ 6% Carboidratos 23 g 8% Proteínas 3,4 g 4% Gorduras totais 1, 9 g 3 % Gorduras Saturadas 1,1 g 5% Gorduras Trans 0 g ** Fibra alimentar 0 g 0% Sódio 55 mg 2% Cálcio 86 mg 9% Ferro 1,8 mg 13% Vitamina A 135 µg RE 23% Vitamina B1 0,18 mg 15% Vitamina B2 0,18 mg 14% Vitamina B5 0,90 mg 18% Vitamina B6 0,15 mg 12% Vitamina B12 0,36 mcg 15% Vitamina C 9,0 mg 20% Vitamina D3 1,5 mcg 30% Vitamina E 1,5 mg ɑ TE 15% Vitamina PP (niacinamida) 2,4 mg 15% Ácido fólico 35 mcg 15% Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Quadro 12 – Informação nutricional da farinha láctea convencional Porção de 30 g (4 colheres de sopa) Quantidade por porção %VD Valor Energético 121 kcal = 508 kJ 6% Carboidratos 22 g, dos quais 7% Açúcares 10 g ** Proteínas 3,8 g 5% Gorduras totais 1, 9 g 3 % Gorduras Saturadas 0,9 g 4% Gorduras Trans 0 g ** Fibra alimentar 0,8 g 3% Sódio 33 mg 1% Cálcio 78 mg 8% Ferro 2,7 mg 19% Zinco 1,1 mg 16% Vitamina B1 0,23 mg 19% Vitamina B6 0,30 mg 23% Vitamina C 17 mg 38% Ácido pantotênico 0,95 mg 19% Fonte: Dados de pesquisa. Teresina, 2021. Quanto a tabela nutricional das farinhas lácteas enriquecida e convencional, verifica-se que ambas apresentam valor energético bem próximos, assim quanto ao teor de carboidratos e gorduras. No entanto, quando analisado maior teor proteico, fibra alimentar, menor teor de sódio e maior teor de vitaminas B1, B5, B6 e C, o alimento convencional apresenta melhores resultados. Já o enriquecido apresentou maior teor de cálcio, além de apresentar mais tipos de vitaminas em sua composição como as vitaminas B2, B12, D3, E e PP, além de conter também ácido fólico. Dessa forma, por apresentar uma maior diversificação de micronutrientes, a farinha láctea enriquecida se torna uma melhor opção para o consumo alimentar. Assim como se tem importância a identificação dos alimentos nas embalagens, quanto a ser orgânico, transgênico, diet, light, a especificação de ser um alimento fortificado também tem sua importância, sendo necessária sua descrição nos produtos. Na prática realizada tais alimentos seguem essa norma vigente, sendo necessário destacar a finalidade desses alimentos de reforçar o valor nutricional, repondo quantitativamente os nutrientes destruídos durante o processamento do alimento, ou suplementando-os com nutrientes, para obter um conteúdo elevado relativamente ao normal de forma a prevenir ou corrigir possíveis deficiências nutricionais apresentadas pela população em geral ou de grupos específicos (MATOS, 2017). Diante disso, cabe mencionar que as deficiências nutricionais de micronutrientes persistem como problema de saúde pública e são, mais comumente, a anemia ferropriva e a hipovitaminose A, afetando principalmente crianças e mulheres em todo o país e uma das estratégias adotadas para redução da prevalência destas deficiências é justamente a fortificação de alimentos. No Brasil, as ações governamentais adotaram estratégias que objetivaram reduzir a prevalência de anemia e deficiência de ácido fólico nos grupos mais vulneráveis, sendo uma delas a fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico (SARTOR, 2017). No contexto de consumo excessivo de alimentos industrializados, no qual o valor energético consumido ultrapassa as necessidades recomendadas, deve-se observar que ainda assim o consumo de micronutrientes está substancialmente abaixo do adequado. Desse modo, o controle total das calorias ingeridas deve existir para que hajacontrole do peso corporal indo de encontro aos micronutrientes que são fortificados a estes alimentos, onde deve haver um balanço com os limites calóricos (SARTOR, 2017). Em um estudo de Klaus Eichler (2012), analisou-se os efeitos da fortificação de micronutrientes no leite e cereal consumidos por bebês e crianças onde foi observado um aumento de peso significativo naqueles que consumiram leite fortificado comparado com o grupo controle. Contudo, o estudo concluiu que o leite e o cereal fortificados consumidos ajudaram a reduzir a anemia de crianças acima de três anos. Em contrapartida, o consumo frequente de alimentos fortificados pode levar ao acúmulo de alguns nutrientes pelo corpo aumentado as chances de intoxicação. O consumo máximo tolerado é a quantidade máxima que um nutriente pode ser ingerido diariamente sem causar riscos ou efeitos adversos na saúde dos indivíduos e já está determinado para a maioria das vitaminas e minerais. Com isso, o alto consumo de uma vitamina pode mascarar a deficiência de outra vitamina, uma condição que pode ser diagnosticada, similar a hipervitaminose, através de testes laboratoriais (SARTOR, 2017). Diante do exposto, destaca-se a importância dos rótulos com todas as informações obrigatórias e necessárias como lista de ingredientes, prazo de validade, informação nutricional, origem, nome e endereço do fabricante, número do Serviço de Inspeção Federal (SIF), dentre outros dados., para que o consumidor possa analisar os produtos e escolher aquele que melhor atenda suas necessidades, sejam elas nutritivas e/ou fisiológicas (LOPES; PADILHA, 2019). 4 CONCLUSÃO Mediante o exposto, constata-se a importância dos rótulos nos produtos, sejam eles convencionais, orgânicos, transgênicos ou enriquecidos, para que o consumidor possa analisar seus ingredientes e tabela nutricional, para então escolher os alimentos que melhor atendem suas necessidades. Na presente prática, constatou-se que ainda não se tem estudos científicos suficientes sobre as implicações, sejam estas benéficas ou maléficas, quanto ao consumo de alimentos transgênicos, porém observou-se melhores característica desse tipo de produto quando comparado ao convencional, ao analisar o flocão de milho, por exemplo. Quanto aos alimentos enriquecidos foi possível constatar sua grande importância para suprir as deficiências de micronutrientes que certas pessoas ou comunidades apresentam em uma determinada área geográfica, podendo assim evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, colaborando para o bom funcionamento do organismo. REFERÊNCIAS EICHLER, K. et al. Effects of micronutrient fortified milk and cereal food for infants and children: a systematic review. Bmc Public Health, [s.l.], v. 12, n. 1, p.1- 13, 6 jul. 2012. LOPES, E. V.; PADILHA, N. S. Direito à informação na rotulagem de alimentos transgênicos como garantia da segurança alimentar humana frente ao PLC 34/2015. Revista de Direito, Globalização e Responsabilidade nas Relações de Consumo, v. 5, n. 1, p. 82-104, 2019. MARTINEZ, L. P. G.; PAULA, J. N. L. M. Estudos sobre rotulagem de alimentos no Brasil. Dissertação – Pontífica Universidade Católica de Goiás. 2015. MATOS, Catarina da Silva. Segurança alimentar: fortificação alimentar e aditivos. Tese de Doutorado. Brasil. 2017. POZZETTI, V. C.; LOUREIRO, R. L. C. S.; JÚNIOR, J. F. C. A OBRIGATORIEDADE DA ROTULAGEM DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS. Percurso, v. 3, n. 30, p. 19-41, 2019. POZZETTI, V. C.; RODRIGUES, C. B.. Alimentos transgênicos e o princípio da dignidade da pessoa humana. Revista Jurídica (FURB), v. 22, n. 48, p. 7874, 2018. SARTOR, P. Análise de rótulos de alimentos comumente consumidos por pré- escolares com ênfase na fortificação de micronutrientes. Dissertação. Brasil. 2018. SOUSA, M. B. V. A rotulagem dos alimentos transgênicos e o direito do consumidor à informação. Dissertação de Mestrado. Brasil. 2019.