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Retinopatia diabética Entre os distúrbios endócrinos, o diabetes é sem dúvida a mais importante doença sistêmica com manifestações oculares. A retinopatia diabética (RD) é uma doença que afeta os pequenos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro. O aparecimento da retinopatia diabética está relacionado principalmente ao tempo de duração do diabetes e ao descontrole da glicemia. Quando o diabetes não está controlado, a hiperglicemia desencadeia várias alterações no organismo que, entre outros danos, levam à disfunção dos vasos da retina.1,4 A RD é predominantemente uma microangiopatia na qual os pequenos vasos sanguíneos são particularmente vulneráveis à lesão por níveis elevados de glicose. A retinopatia diabética (RD) se instala após 5 anos de hiperglicemia, com isso, o exame de fundo de olho deve ser realizado no diagnóstico, já que pode ter sido detectado tardiamente, e a reavaliação feita anualmente. Com o diagnóstico precoce e o tratamento sendo realizado de maneira correta, a retinopatia diabética pode ser evitada e/ou controlada. O comprometimento ocular pelo diabetes pode envolver estruturas como o cristalino, a íris e a retina. A duração do diabetes insulinodependente é o fator principal para o nível de comprometimento da retinopatia diabética. Quando o diabetes é diagnosticado antes dos trinta anos de idade, o risco cumulativo de se desenvolver a retinopatia é de aproximadamente 2% ao ano. Após 7 anos nessa fase de risco, aproximadamente 50% dos pacientes diabéticos irão desenvolver alguma forma de retinopatia. A retinopatia diabética envolve basicamente estágios progressivos de comprometimento. Pode ser dividida em retinopatia diabética não proliferativa e proliferativa. Dentro desses dois grupos existem subdivisões de acordo com o nível de comprometimento e prognóstico. A retinopatia diabética não proliferativa é caracterizada por permeabilidade vascular anômala dos vasos retinianos com exsudação excessiva de líquido levando ao aumento da espessura retiniana. A reabsorção do componente seroso dos exsudatos deixa depósitos amarelos brilhantes conhecidos como “exsudatos duros”. Outras alterações encontradas são hemorragias profundas e superficiais e beading venoso. Exsudatos caracterizados como “algodonosos” decorrem do bloqueio do fluxo axoplasmático das fibras nervosas, causado pelo processo de isquemia. A retinopatia diabética proliferativa manifesta-se como evolução do quadro previamente descrito. Nessa fase o processo de isquemia retiniana leva à liberação de fatores de crescimento vascular endotelial e ao desenvolvimento de neovasos no disco óptico e na retina. Os neovasos podem aderir-se ao humor vítreo e permitir extravasamento de líquido para o mesmo, o que poderia levar a sua contração. Essa contração poderia induzir tração dos neovasos e hemorragia vítrea. A evolução da retinopatia diabética proliferativa pode levar ao desenvolvimento de glaucoma secundário relacionado à neovascularização do segmento anterior com comprometimento do seio camerular e aumento da pressão intraocular. Trata-se do chamado “glaucoma neovascular”. Outras mudanças incluem flutuações de erros refracionais relacionadas a mudança no poder refracional do cristalino, a desenvolvimento de catarata e a paralisia de músculos extra-oculares. Fatores de risco Duração do diabetes, o controle glicêmico, a hipertensão, a dislipidemia, a nefropatia e a gestação são principais fatores de risco desenvolvimento e progressão da RD. Idade, obesidade, doença cardiovascular, etnia, genética, fatores oculares e tabagismo a apneia do sono, a esteatose hepática não alcoólica, os níveis de prolactina, adiponectina e de homocisteína devem ser considerados fatores influenciáveis. Tempo de evolução do DM: Tempo de evolução de DM + pior controle glicêmico - mais chances de desenvolver RD. Fator mais importante para prevalência de RD, seguido por hiperglicemia. No diabetes tipo 1, existe um hiato de 3 a 4 anos antes do aparecimento dos primeiros sinais de retinopatia não proliferativa (RDNP). É a exposição crônica à hiperglicemia que determina maior impacto, tanto para a instalação quanto para a progressão da retinopatia. HAS Comorbidade 2 x mais frequente em diabéticos. Contribui para a lesão endotelial por meio da hiperperfusão capilar, favorecendo o extravasamento de proteínas, o espessamento da membrana basal capilar e o processo isquêmico da retina. A hipertensão, que é muito comum em pacientes com diabetes tipo 2, deve ser rigorosamente controlada (< 140/80 mmHg). O controle rígido parece ser particularmente benéfico em diabéticos tipo 2 com maculopatia. Doença cardiovascular e AVC prévio também são preditores. Nefropatia Presença de microalbuminúria aumenta 3 vezes o risco de progressão da retinopatia para a forma proliferativa no DM 1 e 2. Todo paciente com microalbuminúria tem RD. A presença de RD não implica nefropatia. Diante de um paciente diabético com microalbuminúria sem RD, há que se investigar outras causas para a lesão renal. Indica que diferentes mecanismos patológicos subjacentes podem estar envolvidos e favorece a interpretação de que certas complicações podem não ser fatores de risco e sim indicadores de risco para outras complicações. Doença renal do diabetes ou nefropatia diabética caracterizada por albuminúria e redução da taxa de filtração glomerular. Ambas as doenças são causadas por microangiopatia diabética, e a presença e gravidade de uma reflete na outra. Dislipidemia Relação diretamente proporcional dos níveis de colesterol ligado a lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e triglicerídios com a gravidade da RD, além de relação inversa com os níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL). Dislipidemia descontrolada contribui para o desenvolvimento de exsudatos duros maculares e hemorragia. Níveis elevados de colesterol total, LDL, lipoproteína B e triglicerídios associam-se diretamente ao desenvolvimento da retinopatia proliferativa e do edema macular. Altos níveis de HDL parecem proteger os danos microvasculares da retina. Derivados do ácido fíbrico são agonistas do PPARα (ativadores dos proliferadores de peroxissomo do receptor õ) e têm efeitos na proteção endotelial. Modulam a expressão de citocinas inflamatórias das moléculas de adesão vascular, produzindo efeito anti-inflamatório e antiaterosclerótico. Genética Controles glicêmico e pressórico, certos grupos de pacientes não se beneficiam com essas medidas, não sendo possível evitar o aparecimento nem a progressão da RD. Gestação Piora se deva ao controle glicêmico mais rígido, à hipertensão arterial, à sobrecarga hemodinâmica própria da gestação e ao ambiente pró-angiogênico gestacional, causado pela elevação dos níveis de fatores de crescimento, IGF-1 e do endotélio vascular (VEGF). A gravidez associa-se, por vezes, à progressão rápida da RD. Os fatores preditivos incluem maior gravidade da retinopatia pré-gravidez, mau controle do diabetes pré-gravidez, controle realizado muito rapidamente durante os estágios iniciais da gravidez e pré- eclampsia. O risco de progressão está relacionado à gravidade da RD no primeiro trimestre da gestação. Se estiver presente RD substancial, a frequência das reavaliações deve refletir o risco individual e pode ser até mensalmente. O edema macular diabético geralmente se resolve de forma espontânea após a gravidez e não necessita ser tratado caso se desenvolva tardiamente na gravidez. Classificação Baseada na gravidade das alterações microvascularese na presença ou ausência de neovascularização retiniana. Retinopatia diabética de fundo (RDF): é caracterizada por microaneurismas, hemorragias em “ponto-borrão” (dot-blot) e exsudatos. Estes são geralmente os sinais mais precoces de RD e persistem à medida que lesões mais avançadas aparecem. Maculopatia diabética: refere-se estritamente à presença de qualquer retinopatia na mácula, mas é de modo comum reservada para alterações significativas, particularmente edema ameaçador da visão e isquemia. Retinopatia diabética pré-proliferativa (RDPP): manifesta-se com manchas em algodão, alterações venosas, anomalias microvasculares intrarretinianas (AMIR) e, muitas vezes, hemorragias retinianas profundas. A RDPP indica isquemia retiniana progressiva, com um risco intensificado de progressão para neovascularização retiniana. RDP: caracteriza-se por neovascularização sobre ou dentro de um diâmetro de disco da cabeça do nervo óptico (NVD) e/ou novos vasos em outros locais (NVE) no fundo. Doença ocular diabética avançada: caracteriza- se por descolamento tracional da retina, hemorragias do vítreo significativas e persistentes e glaucoma neovascular. Classificada como retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) e retinopatia diabética proliferativa (RDP) Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) Estágio da retinopatia que precede a fase proliferativa, na qual neovasos e/ou tecidos fibrosos se formam na retina. Encontra-se microaneurismas e anormalidades intrarretianas resultantes do aumento da permeabilidade vascular, provocando edema retiniano e exsudatos duros. Oclusão vascular leva à não perfusão, clinicamente evidenciada como hemorragias, exsudatos algodonosos e anormalidades venosas, que são capilares dilatados que funcionam como canais colaterais, frequentemente localizados adjacentes às áreas de não perfusão capilar. Edema retiniano caracterizado pelo acúmulo de fluido entre as camadas plexiforme externa e nuclear interna, mas pode envolver todas as camadas da retina. 50% dos pacientes com RDNP grave progridem para a retinopatia diabética RDP dentro de 1 ano A retinopatia diabética não proliferativa é o estágio menos avançado da doença. Nesta fase, podem ser encontrados microaneurismas (pequenas dilatações vasculares), hemorragias e vasos sanguíneos obstruídos, fazendo com que diversas áreas da retina fiquem sem suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes (conhecido como isquemia). Estas áreas isquêmicas da retina podem então estimular a formação de novos vasos sanguíneos. Se a mácula (pequena área no centro da retina responsável pela visão central) não for afetada, este estágio da retinopatia diabética pode não apresentar sintomas ou perda da visão. No entanto, quando o edema macular (inchaço da retina) provocado pelo acúmulo de fluído na mácula estiver presente, a visão pode parecer turva o risco de perda visual ou cegueira aumenta significativamente. RDNP muito leve Apenas microaneurismas Abordagem: reavaliação em 12 meses RDNP leve Qualquer ou todos os seguintes: microaneurismas, hemorragias retinianas, exsudatos, manchas algodonosas, até o nível de RDNP moderada. Sem anomalias microvasculares intrarretinais (AMIR) ou em forma de rosário. Abordagem: Reavaliação em 6 a 12 meses, dependendo da gravidade dos sinais, estabilidade, fatores sistêmicos e circunstâncias individuais do paciente RDNP moderada Hemorragias retinianas graves (mais do que na fotografia-padrão 2A do ETDRS: cerca de 20 médias a grandes por quadrante) em 1 a 3 quadrantes ou AMIR ligeiras (anormalidade microvascular intrarretiniana) Rosário venoso (dilatações venosas) significativo pode estar presente em não mais de 1 quadrante Manchas algodonosas comumente presentes Abordagem: Reavaliação em aproximadamente seis meses. Retinopatia diabética proliferativa (RDP) em até 26%, RDP de alto risco em até 8% em um ano RDNP grave Hemorragias graves em todos os 4 quadrantes Rosário venoso (dilatações venosas) significativo em 2 ou mais quadrantes AMIR moderada em 1 ou mais quadrantes Abordagem: Reavaliação em quatro meses. RDP em até 50%, RDP de alto risco em até 15% em um ano RDNP muito grave Dois ou mais dos critérios de RDNP grave Abordagem: Reavaliação em dois a três meses. RDP de alto risco em até 45% em um ano Retinopatia diabética proliferativa (RDP) Caracterizada pela presença de neovascularização devido a não perfusão retiniana. Neovasos podem proliferar na cabeça do nervo óptico (neovasos no disco óptico) e ao longo do curso das arcadas vasculares (neovasos fora do disco óptico). Neovasos crescem principalmente junto à hialoide posterior, e a contração súbita do vítreo pode resultar em ruptura desses vasos frágeis. No descolamento do vítreo, os neovasos são tracionados anteriormente junto com a retina subjacente, podendo resultar em descolamento tracional da retina. Por outro lado, o vítreo pode se deslocar completamente sem qualquer ação sobre a retina, e os neovasos regridem, resultando no desenvolvimento de uma doença em fase terminal A retinopatia diabética proliferativa é a fase mais avançada da doença, caracterizada pelo aparecimento de novos vasos sanguíneos (também conhecidos como neovasos) na superfície da retina. A principal causa da formação de neovasos é a oclusão dos vasos sanguíneos da retina, chamada isquemia, com impedimento do fluxo sanguíneo adequado.1-3 Os neovasos são frágeis e crescem ao longo da retina sem causar qualquer sintoma ou perda de visão. No entanto, podem romper e liberar sangue, provocando perda de visão grave e até mesmo cegueira.3 Frequentemente, os neovasos são acompanhados de uma espécie de cicatriz (tecido cicatricial), cuja contração pode levar a outra grave complicação chamada de descolamento da retina.4 Entre as razões para a perda de visão na retinopatia diabética proliferativa estão complicações como hemorragia vítrea, descolamento de retina e glaucoma neovascular.2,4 Além dessas complicações, cerca de metade das pessoas com retinopatia proliferativa também desenvolve o edema macular diabético. O edema macular diabético é causado por acúmulo de líquido na zona mais “nobre” da retina, a mácula, e é a principal causa de cegueira nas pessoas com diabetes e idade economicamente ativa RDP leve – moderada Neovasos no disco (NVD) ou neovasos em outros locais (NVE), mas extensão insuficiente para cumprir o critério de alto risco Abordagem: Tratamento considerado de acordo com a gravidade dos sinais, estabilidade, fatores sistêmicos e circunstâncias pessoais do paciente, como o cumprimento das consultas médicas. Se não for tratada, reavaliação em até dois meses RDP de alto risco Neovasos no disco (NVD) maior que a fotografia-padrão 10A do ETDRS (cerca de 1/3 da área do disco) Qualquer NVD com hemorragia do vítreo NVE maior que 1/2 da área do disco com hemorragia do vítreo Abordagem: Tratamento recomendado deve ser realizado imediatamente quando possível e certamente no mesmo dia se houver apresentação sintomática com boa visão da retina Fisiologia normal do olho Barreira hematorretiniana (BHB): União de vasos com junções intercelulares impermeáveis da retina com epitélio pigmentar formando tecido imunologicamente privilegiado com mecanismo para controlar fluxo de fluidos, metabólitos e barreira contra macromoléculas. Junção intercelulares: Pequeno poro responsável pelas trocas transcapilares de água e outras moléculas hidrofílicas menores. Há 3 tipos de junções intercelulares - responsável para mediação do endotélio o Junções ou zônulas de oclusão(tight junctions), as zonas de adesão e as junções gap. o Entre as células endoteliais dos vasos da retina, existem apenas zonas de oclusão entremeadas com desmossomos. o No DM há ruptura dessas junções (quebra da BHR), principalmente das zônulas de oclusão, e é considerada a característica da RD e caracteriza uma gama de complicações como edema macular. Pericitos Pericitos: regulador no fluxo sanguíneo dos capilares, pós-capilares e vênulas, mas as presenças de actina, miosina e tropomiosina sugerem capacidade contrátil. O que ocorre nos capilares retinianos dos diabéticos é a perda desses pericitos, tornando-os vasos acelulares ou fantasmas, fato este que parece permitir o processo angiogênico. Fisiopatologia A RD é predominantemente uma microangiopatia na qual os pequenos vasos sanguíneos são particularmente vulneráveis à lesão por níveis elevados de glicose. É provável que os efeitos hiperglicêmicos diretos nas células da retina também desempenhem um papel. Muitos estimuladores e inibidores angiogênicos foram identificados; o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) parece ter um papel importante na primeira categoria. Base da doença é a microangiopatia (espessamento da membrana basal do capilar) e oclusão capilar secundárias com danos relacionados direta e indiretamente com hiperglicemia crônica e sendo secundárias à ela. Causam hipoxia retiniana, quebra da barreira hematorretiniana, aumento da permeabilidade vascular que acarretam em hemorragias, exsudatos e edema retinianos e desenvolvimento de edema macular. Oclusão e isquemia microvasculares favorecem o aparecimento de exsudatos algodonosos, alterações capilares, shunts arteriovenosos e neovascularização. Os efeitos da hiperglicemia crônica sobre a RD são explicados por diferentes mecanismos bioquímicos, como aumento da atividade da via dos polióis, formação de produtos finais de glicação avançada, estresse oxidativo, ativação da proteinoquinase C (PKC) e aumento de atividade da via da hexosamina. Dislipidemia também foi associada ao surgimento de RD e edema macular A glicemia não controlada desencadeia processos que prejudicam o fluxo sanguíneo nos vasos retinianos. De um modo geral, o lúmen do capilar retiniano do diabético diminui devido ao espessamento da membrana basal, o que diminui o fluxo sanguíneo local levando a uma isquemia futuramente. A retina é um tecido nervoso que não se regenera, por isso que o paciente perde a visão de forma irreversível. Essa isquemia aumenta a produção de VEGF, um fator de crescimento vascular. O VEGF é responsável pela angiogênese, porém, a formação de novos vasos não é benéfica já que não nutre e pode levar a sangramentos. Nesse processo, também há a perda de pericitos, células responsáveis pela sustentação do vaso e regulação da permeabilidade na microcirculação da retina. Com isso há extravasamento de liquido e proteína na retina, causando edema macular, que leva a cegueira. Também pode ocorrer extravasamento de gordura, causando exsudato duro e dilatação dos vasos, o que resulta em microaneurismas que podem levar a micro-hemorragias. Fenômenos ocorrem unânime e precocemente no DM: A quebra da BHR precede a neovascularização (angiogênese) que pode levar à cegueira. Nos capilares retinianos dos pacientes diabéticos, pode-se observar inúmeros capilares com as junções interendoteliais abertas. Aumento na vacuolização citoplasmática (aumento do transporte vesicular). Pericitos com alterações degenerativas. Espessamento da membrana basal do capilar. O espessamento, cuja causa ainda é desconhecida, altera a função celular e/ou a difusão de oxigênio e reduz o contato entre os pericitos e a célula endotelial, contribuindo para as alterações vasculares dos diabéticos As alterações endoteliais e a oclusão dos capilares retinianos são a base para a RD. Aumento da permeabilidade vascular leva a hemorragias, exsudatos e edema macular. Oclusão dos capilares leva à isquemia tecidual, refletida pelos exsudatos algodonosos, shunts arteriovenosos e, consequentemente, ao aumento dos níveis de fatores de crescimento, responsáveis pelo crescimento de neovasos. As principais causas das alterações anatômicas da retina são agrupadas em 3 categorias: bioquímicas, hemodinâmicas e endócrinas. As categorias interagem e apresentam sequência temporal, sendo a bioquímica a anormalidade mais consistentemente ligada ao início dessas alterações. Via dos polióis Captação de glicose pelo tecido retiniano é independente da insulina, e os níveis de glicose nesse tecido estão em equilíbrio com a glicemia plasmática. Hiperglicemia ativa a via dos polióis, que converte em glicose em sorbitol, e sorbitol em frutose. Acúmulos de frutose nos tecidos retiniano, nervoso e renal resultam em efeitos osmóticos que levam a aumento de influxo de líquido, alterações na permeabilidade da membrana e subsequente início da patologia celular. Acúmulo de sorbitol intracelular está ligado à depleção de mioinositol, que reduz metabolismo do fosfoinositol e leva à disfunção celular e às lesões anatômicas. Síntese de óxido nítrico diminuída, por depleção dos níveis de fosfato de dinucleotídio de nicotinamida e adenina (NADPH), dinucleotídio de nicotinamida e adenina (NAD), que pode levar a vasoconstrição, redução do fluxo sanguíneo, isquemia e lesão tissular Estresse oxidativo Depleção do NADPH relaciona-se com o estresse oxidativo. NADPH é importante na redução da glutationa, antioxidante implicado na eliminação do peróxido formado. NADPH reduzido, há acúmulo de radicais livres, produzindo assim o chamado estresse oxidativo, um dos pilares da microangiopatia. Glicosilação não enzimática Aumento nos níveis de AGE correlaciona-se com a duração do diabetes e a gravidade das complicações, assim como estresse oxidativo. Os AGE são encontrados no plasma, parede vascular e tecidos, e exercem sua ação por meio de seus receptores, RAGE, expressos no endotélio vascular, promovendo aumento da permeabilidade vascular e trombogenicidade Quadro clinico No início, pacientes assintomáticos. Com a progressão, surgem sintomatologia variada como escotomas, visão embaçada e distorção na imagem. Nos estágios iniciais da RD, pacientes são assintomáticos. Com a progressão da doença surgem manchas no campo visual, distorção da imagem e redução da acuidade visual. Microaneurismas é o sinal mais precoce de RD. Independente da forma ou estágio da RD, edema macular é o maior responsável pelo comprometimento visual. Pontos ou manchas escuras flutuando na visão; Visão embaçada; Visão que muda periodicamente de borrada para clara; Visão noturna prejudicada; Perda de visão central ou periférica. Microaneurismas: O primeiro sinal clínico de retinopatia diabética; estes ocorrem secundariamente à saída da parede capilar devido à perda de pericito; eles aparecem como pequenos pontos vermelhos nas camadas superficiais da retina; Hemorragias de pontos e manchas: parecem semelhantes aos microaneurismas se forem pequenos; eles ocorrem como ruptura de microaneurismas nas camadas mais profundas da retina, como as camadas nucleares internas e plexiformes externas; Hemorragias em forma de chama: hemorragias em estilhaços que ocorrem na camada de fibra nervosa mais superficial; Edema retinal e exsudatos duros: causados pela quebra da barreira sangue-retina, permitindo o vazamentode proteínas séricas, lipídios e proteínas dos vasos; Manchas algodonosas: enfartes da camada de fibras nervosas por oclusão das arteríolas pré- capilares; eles são frequentemente limitados por microaneurismas e hiper permeabilidade vascular; Alças venosas e bordas venosas: ocorrem frequentemente adjacentes a áreas de não perfusão; eles refletem o aumento da isquemia retiniana e sua ocorrência é o preditor mais significativo de progressão para retinopatia diabética proliferativa (PDR). Anormalidades microvasculares intra-retinianas: leitos capilares remodelados sem alterações proliferativas; geralmente podem s er encontrados nas bordas da retina não perfundida; Edema macular: principal causa de deficiência visual em pacientes com diabetes Sinais Microaneurismas: Os microaneurismas são bolsas localizadas, sobretudo saculares, na parede dos capilares que podem se formar por dilatação focal da parede do capilar onde estão ausentes pericitos ou por fusão de dois braços de uma alça capilar. A maioria desenvolve-se no plexo capilar interno (camada nuclear interna), frequentemente adjacente a áreas de não perfusão capilar. A perda de periquitos pode também levar à proliferação de células endoteliais com formação de microaneurismas “celulares”. Os microaneurismas podem vazar componentes do plasma para a retina como resultado de ruptura na barreira hematorretiniana ou podem trombosar. Tendem a ser o sinal mais precoce de RD. A angiografia com fluoresceína (AF) permite a diferenciação entre pontos hemorrágicos e microaneurismas não trombosados. As imagens iniciais mostram pequenos pontos hiperfluorescentes, normalmente mais numerosos que os visíveis clinicamente. As imagens tardias mostram hiperfluorescência difusa devido ao vazamento. Hemorragias retinianas: Hemorragias da camada de fibras nervosas da retina originam-se das arteríolas pré-capilares superficiais maiores e assumem sua forma característica devido à arquitetura da camada de fibras nervosas da retina. Hemorragias intrarretinianas originam-se da extremidade venosa dos capilares e localizam-se nas camadas médias compactas da retina, resultando em uma configuração “ponto-borrão” (dot/blot). Hemorragias redondas, escuras e mais profundas representam infartos retinianos hemorrágicos e localizam-se nas camadas médias da retina. A extensão do envolvimento é um marcador significativo da probabilidade de progressão para RDP. Exsudatos: Os exsudatos, por vezes denominados exsudatos “duros” para distinguir do termo mais antigo para as manchas algodonosas – exsudatos “moles”, são causados por edema retiniano crônico localizado; desenvolvem-se na junção entre a retina normal e edemaciada. São compostos por lipoproteínas e macrófagos cheios de lipídios e localizam-se, sobretudo, na camada plexiforme externa. A hiperlipidemia pode aumentar a probabilidade de formação de exsudatos. o Lesões amarelas cerosas com margens relativamente distintas, organizadas em aglomerados e/ou anéis no polo posterior, frequentemente circundando microaneurismas com vazamento o Com o tempo, o número e tamanho tendem a aumentar e a fóvea pode ser envolvida. o Quando o vazamento cessa, os exsudatos são absorvidos espontaneamente em um período de meses, tanto por capilares vizinhos saudáveis como por fagocitose. o O vazamento crônico leva ao aumento dos exsudatos e à deposição de colesterol cristalino. o A AF comumente mostrará hipofluorescência apenas com exsudatos grandes e densos, uma vez que embora a fluorescência coroidal de fundo esteja mascarada, a fluorescência capilar retiniana está geralmente preservada cobrindo as lesões. Edema macular diabético (EMD): A maculopatia diabética (edema da fóvea, exsudatos ou isquemia) é a causa mais comum de déficit visual em pacientes diabéticos, particularmente do tipo 2. O edema retiniano difuso é causado por vazamento capilar extenso e edema localizado por vazamento focal de microaneurismas e segmentos de capilares dilatados. O fluido localiza-se inicialmente entre a camada plexiforme externa e a nuclear interna; posteriormente pode também envolver a camada plexiforme interna e a de fibras nervosas, até que eventualmente a totalidade da espessura da retina se torna edemaciada. Com a acumulação central de fluido, a fóvea assume uma aparência cistoide – edema macular cistoide (EMC), que é prontamente detectável no exame de tomografia de coerência óptica (OCT) e assume na AF um padrão central de pétalas de flor. o Maculopatia focal: espessamento retiniano bem circunscrito associado a anéis incompletos de exsudatos. A AF mostra hiperfluorescência focal e tardia devido ao vazamento, geralmente com boa perfusão macular o Maculopatia difusa: espessamento retiniano difuso, que pode estar associado a alterações cistoides; há também normalmente microaneurismas dispersos e hemorragias pequenas. Os pontos de referência podem estar obscurecidos pelo edema, podendo tornar impossível a localização da fóvea. A AF mostra hiperfluorescência difusa de fase média e tardia e demonstra EMC, se presente. Maculopatia isquêmica: Os sinais são variáveis e a mácula pode parecer relativamente normal apesar da acuidade visual reduzida. Em outros casos pode estar presente RDPP. A AF mostra não perfusão capilar na fóvea (e ZAF alargada) e frequentemente outras áreas de não perfusão capilar no polo posterior e periferia. Edema macular clinicamente significativo: Edema macular clinicamente significativo (EMCS) é detectado no exame clínico como definido no ETDRS. o Espessamento retiniano dentro de 500 μm do centro da mácula o Exsudatos dentro de 500 μm do centro da mácula, se associado ao espessamento retiniano; o espessamento em si pode ser fora dos 500 μm o Espessamento retiniano de uma área de disco (1.500 μm) ou maior, qualquer parte do qual está dentro de um diâmetro de disco do centro da mácula Manchas algodonosas: As manchas algodonosas são compostas por acumulações de detritos neuronais dentro da camada de fibras nervosas. Resultam da disrupção isquêmica dos axônios dos nervos, cujas extremidades edemaciadas são conhecidas como corpos citoides, vistas no microscópio de luz como estruturas globulares na camada de fibras nervosas. À medida que as manchas se curam, os detritos são removidos por autólise e fagocitose. o Lesões superficiais pequenas, esbranquiçadas e macias, que obscurecem os vasos sanguíneos subjacentes (Fig. 13.12B e C). São clinicamente evidentes apenas na retina pós- equatorial, onde a camada de fibras nervosas tem espessura suficiente para torná-las visíveis. o A AF mostra hipofluorescência focal devido à isquemia local e bloqueio da fluorescência coroidal de fundo. Alterações venosas: As anomalias venosas vistas na isquemia consistem em dilatação generalizada e tortuosidade, veias em alça (looping), em rosário (beading – estreitamento e dilatação focais) e segmentação em forma de “salsicha”. A extensão da área de retina com alterações venosas correlaciona-se à probabilidade de desenvolver doença proliferativa. Anomalias microvasculares intrarretinianas: Anomalias microvasculares intrarretinianas (AMIR) são shunts arteríola-vênula que vão dasarteríolas da retina para as vênulas, contornando, assim, o leito capilar, e são por isso frequentemente vistas adjacentes às áreas de hipoperfusão capilar acentuada. o Linhas intrarretinianas finas, irregulares e vermelhas, que vão das arteríolas para as vênulas sem atravessar os principais vasos sanguíneos o A AF mostra hiperfluorescência focal associada às áreas adjacentes de encerramento capilar (dropout), mas com vazamento. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595152175/epub/OEBPS/Text/B978853528167500013X.xhtml?favre=brett#f0065 Alterações arteriais: Dilatação arteriolar retiniana sutil pode ser um marcador inicial de disfunção isquêmica. Quando está presente isquemia significativa, os sinais incluem estreitamento periférico, aspecto de “fio de prata” e obliteração, similar à aparência tardia que se segue a uma oclusão de ramo da artéria retiniana. Retinopatia proliferativa Estimou-se que mais de um quarto da retina tem que estar não perfundido antes de se desenvolver RDP. Embora novos vasos pré-retinianos possam surgir em qualquer lugar na retina, são mais comumente vistos no polo posterior. De modo associado, desenvolve-se gradualmente tecido fibroso, inicialmente fino, à medida que os vasos aumentam de tamanho. Neovasos no disco (NVD): descreve a neovascularização sobre ou dentro de um diâmetro de disco da cabeça do nervo óptico. Neovasos em outro local (NVE): descreve a neovascularização mais longe do disco; pode estar associada à fibrose se for de longa duração. Neovasos na íris: também conhecidos como rubeosis iridis, têm uma grande probabilidade de progressão para glaucoma neovascular. A AF realça a neovascularização durante as fases iniciais do angiograma e mostra hiperfluorescência com expansão irregular durante as fases mais tardias devido a vazamento intenso de corante proveniente do tecido neovascular. A AF pode ser usada para confirmar a presença de novos vasos (NV), se o diagnóstico clínico for duvidoso e também delineia áreas de retina isquêmica que podem ser alvejadas seletivamente para tratamento com laser. Diagnóstico Avaliação deve sempre levar em conta dosagem de glicemia jejum e hemoglobina glicada. Base da avaliação é o exame oftalmológico completo, com detalhado exame de retina com a pupila dilatada. Crianças e adolescentes com DM1 devem iniciar a avaliação oftalmológica após a puberdade ou ao completarem 5 anos de doença. Adultos com DM1, tal procedimento deve ser iniciado após 5 anos de doença. Pacientes com DM2, a avaliação oftalmológica deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico, visto que a doença é muitas vezes diagnosticada com 5 a 10 anos de atraso. Intervalo entre os exames é anual, mas pode ser menor, dependendo do grau de retinopatia ou maculopatia encontrado Exames de imagem realizados: Angiografia de fluoresceína: os microaneurismas aparecem como lesões pontuais e hiperfluorescentes nas fases iniciais do angiograma e geralmente vazam nas fases posteriores do teste A angiografia fluoresceínica é um exame que permite detetar sinais precoces da doença na retina. Neste exame é injetado num vaso do braço um corante especial. As imagens retinianas são captadas sequencialmente, logo que o corante passe pelos vasos sanguíneos da retina. Este exame permite a visualização de: o Exsudação dos vasos sanguíneos; o Edema retiniano (edema macular); o Depósitos esbranquiçados na retina (exsudados duros) - sinal de incontinência dos vasos sanguíneos; o Exsudados moles, que correspondem a áreas da retina isquémicas (enfarte). Tomografia de coerência óptica: administrada para determinar aespessura da retina e a presença de edema na retina, bem como tração vitreomacular Ultrassonografia B-scan Microaneurismas Mais precoce sinal de RD e ocorrem secundariamente à perda de pericitos. Aspecto de herniações saculares nas paredes dos vasos capilares retinanos. Localização predominante na camada plexiforme interna, próximo às áreas de má perfusão capilar. Surgem como pontos avermelhados nas camdas superfificiais retinianas. Na angiofluoresceinografia, aparecem como pontos de hiperfluorescência com pouco aumento tardio. Quando o tamanho ultrapassa 100 μm, passam a ser denominados macroaneurismas. Sua ruptura provoca hemorragias intrarretinianas. Hemorragias retinianas Surgem quando há rupturas de Microaneurismas na retina. Quando acontecem nas camadas mais profundas da retina, como na nuclear interna ou na plexiforme externa, o aspecto é de microhemorragias puntiformes. A angiofluoresceinografia ajuda a distinguir as hemorragias puntiformes (hipofluorescentes) dos microaneurismas (hiperfluorescentes). Já as hemorragias em chama de vela são mais extensas e superficiais, tendo esse aspecto por serem localizadas na camada de fibras nervosas Tratamento A educação do paciente é essencial, incluindo a necessidade de cumprir os tempos de reavaliação e tratamento de modo a otimizar os resultados visuais. O controle do diabetes deve ser otimizado. Outros fatores de risco, em particular a hipertensão sistêmica (especialmente no diabetes tipo 2) e hiperlipidemia devem ser controlados em conjunto com o diabetologista do paciente. Foi demonstrado que o fenofibrato 200 mg por dia reduz a progressão de retinopatia diabética em diabéticos tipo 2 e a prescrição deve ser considerada; a decisão é independente do fato de o paciente já tomar uma estatina ou não. O tabagismo deve ser interrompido, embora não tenha sido demonstrado definitivamente que isto afete a retinopatia. Outros fatores modificáveis como a anemia e a insuficiência renal devem ser atendidos conforme necessário. Os principais tratamentos são: Controle da glicose Tratamento farmacológico Foto coagulação a laser Vitrectomia crioterapia Fotocoagulação a laser: Técnica indicada em casos de RD não proliferativa muito severa, RD proliferativa e maculopatia diabética. Efeitos colaterais: redução do campo visual e alteração na adaptação claro/escuro. A fotocoagulacao a laser, é uma cirurgia pequena feita em consultório onde um laser faz um processo de coagulação da de vasos e tecidos da retina formando um tecido de cicatrização. Farmacomodulação com antiangiogênico: Técnica padrão-ouro utilizada no tratamento do EMD e também é utilizada no tratamento da RD em algumas situações específicas. Principal efeito adverso é a ocorrência de infecção ocular, dentre outros menos frequentes Implante intravítreo de polímero farmacológico de liberação controlada: Esse implante conta com liberação controlada de corticosteroide (dexametasona) e é empregado no tratamento da RD quando há presença de edema. Principais efeitos adversos: aumento da pressão intraocular e formação de catarata. Laser de diodo de micropulsos sublimiar: Esta modalidade usa pulsos de laser de duração muito curta (da ordem dos microssegundos) com um intervalo maior (p. ex., 5% do ciclo) para permitir dissipação da energia, minimizando o dano colateral para a retina e coroide enquanto estimula o epitélio pigmentar retiniano (EPR). A investigação até esta data indica resultados semelhantes aos atingidos com o laser térmico convencional. Agentes anti-VEGF intravítreo: No seguimento de estudos clínicos substanciais, os inibidores de VEGF intravítreoforam adotados como um elemento crítico da abordagem da maculopatia diabética. A maioria dos estudos atuais avaliou o ranibizumabe ou o bevacizumabe. Triancinolona intravítreo: Em olhos pseudofácicos a injeção intravítrea de triancinolona seguida imediatamente de laser é comparável ao ranibizumabe, no que diz respeito à melhora da visão e redução do espessamento da retina. Porém, existe um risco significativo de elevação da pressão intraocular (PIO) e isto deve ser monitorado com cuidado. Não foi demonstrado benefício acima do laser em olhos fácicos, que têm risco substancialmente aumentado de catarata. Implantes intravítreos de esteroides de liberação prolongada também demonstraram resultados promissores. Vítrectomia via pars plana (PPV): Este procedimento pode ser usado em PDR em casos de hemorragia vítrea de longa data (onde a visualização do estado do pólo posterior é muito difícil), descolamento retiniano tracional e descolamento retiniano tracional e regmatogênico combinado. Pode estar indicada quando edema macular está associado à tração tangencial da hialoide espessada e esticada (ver Cap. 14 – síndrome de tração vitreomacular). Foi também sugerido que alguns olhos sem hialoide posterior esticada podem beneficiar da vitrectomia. Clinicamente, a hialoide posterior espessada e esticada caracteriza-se por um aumento do brilho da face vítrea pré-macular. A AF normalmente mostra vazamento difuso e EMC proeminente, mas o OCT é em geral o exame definitivo. Há várias outras indicações para PPV na abordagem da doença diabética do olho (ver adiante). Inibição do VEGF para a retinopatia proliferativa: A injeção intravítrea de anti-VEGF tem um papel adjuvante no tratamento da RDP. As indicações podem incluir tentativa de resolução de hemorragia persistente do vítreo (com ultrassonografia B-scan prévia para excluir descolamento da retina) com o objetivo de evitar vitrectomia, tratamento inicial da rubeosis iridis enquanto se aguarda resposta à FPR e, possivelmente, o rápido controle de RDP muito grave para minimizar o risco de hemorragia. Fotocoagulação retiniana direcionada (TRP): A angiografia com fluoresceína de amplo campo permite a delineação precisa da não perfusão capilar periférica. Foi relatado que o tratamento seletivo dessas áreas com laser de dispersão leva efetivamente à regressão dos NV enquanto minimiza potenciais complicações. Terapia farmacológica Triancinolona: administrada por via intravítrea; corticosteroide usado notratamento de edema macular diabético. Bevacizumab: administrado por via intravítrea; anticorpo monoclonal que pode ajudar a reduzir o edema macular diabético e a neovascularização do disco ou retina. Ranibizumab: administrado por via intravítrea; anticorpo monoclonal que pode ajudar a reduzir o edema macular diabético e a neovascularização do disco ou retina Doença ocular diabética avançada A doença ocular diabética avançada é uma complicação da RD, grave e ameaçadora da visão, que ocorre em pacientes nos quais o tratamento foi inadequado ou sem sucesso. Ocasionalmente, doença avançada é evidente na apresentação, ou é o motivo desta. Características clínicas Hemorragia: pode ser pré-retiniana (retro- hialoide), intragel ou ambas. Hemorragias intragel em geral demoram mais a desaparecer que as pré-retinianas, porque as primeiras são geralmente mais substanciais. Em alguns olhos, o sangue alterado torna-se compactado na face posterior do vítreo para formar uma “membrana ocre”. A ultrassonografia é usada em olhos com hemorragia densa do vítreo para detectar a possibilidade de descolamento da retina associado. Descolamento tracional da retina: é causado por contração progressiva das membranas fibrovasculares sobre áreas de aderência vitreorretiniana. O descolamento posterior do vítreo em olhos com RDP é, muitas vezes, incompleto devido às fortes aderências entre o vítreo cortical e áreas de proliferação fibrovascular; a hemorragia ocorre frequentemente nesses locais devido ao estresse exercido nos NV. Rubeosis iridis (neovasos na íris – NVI): pode ocorrer em olhos com RDP e, se grave, pode levar ao glaucoma neovascular (Cap. 10). A NVI é particularmente comum em olhos com isquemia retiniana grave ou descolamento da retina persistente após vitrectomia via pars plana sem sucesso. Indicações para vitrectomia via pars plana A vitrectomia na retinopatia diabética é normalmente combinada com FPR endolaser extensa. O resultado visual depende da indicação específica para cirurgia e da gravidade da doença preexistente. Hemorragia do vítreo grave e persistente que impede FPR adequada é a indicação mais comum. Na ausência de rubeosis iridis, a vitrectomia têm sido tradicionalmente considerada em três meses da hemorragia do vítreo inicial em diabéticos tipo 1 e na maioria dos casos de hemorragia bilateral. Porém, o resultado pode ser melhor com cirurgia mais precoce e a disponibilidade de terapia anti-VEGF intravítrea pode modificar adicionalmente a abordagem. Descolamento da retina tracional progressivo: ameaçando ou envolvendo a mácula deve ser tratada de pronto. No entanto, podem ser observados descolamentos tracionais extramaculares, porque permanecem frequentemente estacionários por períodos prolongados. Descolamento da retina tracional e regmatogênico combinado deve ser tratado com urgência. Hemorragia retro-hialoide pré-macular: se densa e persistente, deve ser considerada para vitrectomia precoce porque, se não tratada, a membrana limitadora interna ou a face hialoide posterior podem servir como suporte para proliferação fibrovascular subsequente e consequente descolamento macular tracional ou formação de membrana epirretiniana macular. A dispersão com laser YAG (hialoidotomia) tem frequentemente sucesso. Papilopatia diabética Especulou-se que a papilopatia diabética (papilite diabética) seja uma variante incomum da neuropatia óptica isquêmica anterior, embora seja mais comumente bilateral e tenda a exibir edema do disco mais difuso. A patogênese subjacente não é clara, mas pode ser o resultado de doença de pequenos vasos. Ocorre, sobretudo, em diabéticos mais novos e manifesta- se com déficit visual leve indolor, que é unilateral em mais de metade dos casos; o edema bilateral do disco obriga à exclusão de pressão intracraniana aumentada. Edema hiperêmico do disco é característico e telangiectasias do disco, ocasionalmente confundidas com neovascularização, estão presentes em muitos olhos afetados. Pode estar presente apinhamento do outro disco. A resolução ocorre em vários meses, deixando com frequência ligeira palidez do disco. A acuidade visual (AV) final é 0,5 ou melhor em 80% dos casos, sujeita ao efeito da retinopatia diabética coexistente. A distinção de papiloflebite tipo oclusão da veia retiniana (OVR) (ver adiante) baseia-se na presença de hemorragias retinianas mais extensas e congestão venosa na última, mas pode não ser possível. Agentes anti-VEGF intravítreos e esteroides por várias vias foram experimentados, com benefício indeterminado. Outras areas do olho afetadas pelo diabetes Palpebra: blefarite Movimentação extrínseca: isquemia afeta os músculos de movimentação, lesão parcial no nervo oculomotor que causa ptose, estrabismo divergente. Quando é uma lesão completa no nervo também causa midríase Córnea: Íris: é na íris que são vistos neovasos que carcacterizam glaucoma neovascular https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595152175/epub/OEBPS/Text/B9788535281675000104.xhtml#c0050 (retinopatia proliferativa podelevar a esse glaucoma) Cristalino: alteração de refração e catarata subcapsular posterior
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