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1 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 Retinopatia diabética DIABETES: enfermidade metabólica complexa ocasionada por transtorno na formação da insulina (tipo I, juvenil ou insulinodependente) ou por defeito na captação celular da glicose (tipo II, do adulto ou não insulinodependente). Assim, o paciente encontra-se em estado de hiperglicemia crônica de gravidade variável. Tipo I → Destruição das células ß do pâncreas, causando total deficiência de insulina. Tipo II → Aumento da resistência à insulina, com ou sem deficiência da própria insulina DIAGNÓSTICO Glicemia ≥ 200 mg∕dl, duas horas após refeição, ou ao acaso, em sintomáticos Glicemia em jejum de 8 horas de ≥ 126 mg∕dl em dois dias alternados E; Hemoglobina glicada > 6,5% EPIDEMIOLOGIA Principal causa de perda visual em pacientes de 25 a 74 anos, especialmente em países desenvolvidos - crescimento populacional, envelhecimento, dietas inadequadas, obesidade e sedentarismo. NÚMERO DE PESSOAS (20-79 ANOS) COM DIABETES NO MUNDO E REGIÕES DA IDF PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS TIPO 1, IDF 2019 PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS EM ADULTOS (≥18 ANOS) DE ACORDO COM IDADE E ESCOLARIDADE NAS CAPITAIS DOS ESTADOS BRASILEIROS E NO DISTRITO FEDERAL VIGITEL, 2018 As alterações oculares que podem conduzir à cegueira no DM são: RETINOPATIA DIABÉTICA (70%), CATARATA, GLAUCOMA e NEUROFTALMOPATIA. A RD constitui a principal complicação do DM e parece se desenvolver como afecção de causa multifatorial, a exemplo de outras complicações tardias diabéticas, como a arteriopatia, a neuropatia e a nefropatia. TODO DIABÉTICO PRECISA DE UM ACOMPANHAMENTO OFTALMOLÓGICO POR CAUSA DA RETINOPATIA DIABÉTICA, A PRINCIPAL COMPLICAÇÃO DA DOENÇA RETINOPATIA DIABÉTICA É uma COMPLICAÇÃO OCULAR RETINIANA DA DM CRÔNICA. O tempo tem total relação com a gravidade. EPIDEMIOLOGIA 2 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 A retinopatia diabética ocorre em quase todos os pacientes com DM tipo 1 e em mais de 60% dos pacientes com DM tipo 2 No Brasil, é a PRINCIPAL CAUSA de CEGUEIRA IRREVERSÍVEL dos 20 aos 74 anos Prevalência após 20 anos: − 90 a 100 % Tipo I − 60% Tipo II 50% Retinopatia Diabética durante a vida. FATORES DE RISCO TEMPO DE DM → Fator mais importante − Para DM diagnosticada antes do 30 anos – Incidência de 50% de RD após 10 anos; e de 90% após 30 anos − RD raramente se desenvolve antes de 5 anos de início da doença ou antes da puberdade − 5% dos DM tipo 2 têm o diagnóstico de RD no momento do diagnóstico da DM tipo 2 (diagnóstico tardio) HIPERGLICEMIA → Controle metabólico ineficiente. GRAVIDEZ → Ocasionalmente relacionada a aceleração da progressão da RD − Fatores predisponentes: controle precário da DM durante a gravidez, controle muito rigoroso no início da gravidez, desenvolvimento de pré-eclâmpsia e desequilíbrio hídrico HAS → Quando mal controlada, está associada à PIORA DA RD e desenvolvimento de RETINOPATIA DIABÉTICA PROLIFERATIVA (RDP) NEFROPATIA DIABÉTICA → Também está associada à PIORA DA RD. Se proteinúria associada, maior gravidade. DISLIPIDEMIA, OBESIDADE TABAGISMO → Nicotina e outras substâncias se acumulam e causam alterações anatômicas nos microvasos, tanto da retina quanto de outros órgãos DM tipo 1 → Pacientes mais jovens; o controle glicêmico é mais difícil porque não seguem a dieta recomendada. ATENÇÃO! Nefropatia também está associada à PIORA DA RD, junto com a HAS descompensada. Outros fatores de risco são tabagismo e obesidade. A RETINA ANATOMIA Faz parte do SISTEMA FOTORRECEPTOR Localizada na CAMADA INTERNA do GLOBO OCULAR GLOBO OCULAR: apresenta basicamente uma câmara escura, uma camada de células receptoras sensoriais, um sistema de lentes para focalizar a imagem e um sistema de células para iniciar o processamento dos estímulos e transmiti-los ao córtex cerebral. O olho é formado por três túnicas: 1. Camada externa → ESCLERA + CÓRNEA 2. Camada média ou vascular → COROIDE + CORPO CILIAR + ÍRIS 3. Camada interna → RETINA, que se comunica com o cérebro a partir do nervo óptico 4. Cristalino → Lente; inserção sobre o corpo ciliar a partir do ligamento ciliar 5. Íris → Expansão pigmentada e opaca da camada média 6. Espaço vítreo → Atrás do cristalino e CIRCUNDADO PELA RETINA 7. Humor aquoso → Substância viscosa e gelatinosa rica em proteínas que preenche o corpo vítreo TÚNICA INTERNA OU CAMADA INTERNA É a RETINA Origina de uma EVAGINAÇÃO DO DIENCÉFALO, se aprofunda no centro para formar o cálice óptico, que possui parede dupla A parede mais externa dá origem a uma camada rica em células pigmentadas (epitélio pigmentar da retina) e a parede interna origina os fotorreceptores Células pigmentares 3 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 − Contém grande concentração de retículo endoplasmático liso no seu citoplasma, característica aparentemente relacionada com a esterificação da vitamina A usada pelos fotorreceptores − Sintetizam melanina – se acumula sob a forma de grânulos e absorvem a luz que estimulou os fotorreceptores Portanto, pode-se inferir que a retina é formada por duas partes funcionais: uma parte óptica e uma parte cega, sendo a parte óptica sensível aos raios luminosos e composta por dois estratos, um nervoso e outro pigmentoso. O estrato nervoso é sensível à luz e o estrato pigmentoso é formado por uma única camada de células, que reforça a propriedade de absorção da luz pela coroide para reduzir a dispersão da luz no bulbo do olho. A parte cega é uma continuação anterior do estrato pigmentoso associada a células de sustentação. A parte da retina localizada na região posterior do globo ocular apresenta, de fora para dentro: a (1) camada das células fotossensitivas – CONES e BASTONETES; (2) camada dos neurônios bipolares – ligam os cones e bastonetes às células ganglionares; e (3) camada das células ganglionares – contínua com as fibras nervosas, que convergem e formam o nervo óptico. Figura 1 Estrutura do olho direito. Na parte inferior foi desenhada a fóvea em maior aumento: 1) axônios, 2) células bipolares, 3) bastonetes e 4) cones Cones e bastonetes → Células bipolares, cujo um dendrito é fotossensível e o outro faz sinapse com outras células bipolares. Ambas são finas e alongadas. BASTONETES: células Segmento externo formado por microvesículas achatadas, que formam discos empilhados → Cada segmento é separado do resto da célula por uma constrição → Logo abaixo da constrição, há o corpúsculo basal, da qual se origina um cílio → Segmento interno é rico em glicogênio e mitocôndrias → Produção de proteínas no segmento interno, que migram para o segmento externo para compor a membrana dos discos → São MUITO SENSÍVEIS À LUZ → Principais receptores para baixos níveis de luz e têm VISÃO MENOS PRECISA = Responsáveis pela VISÃO NOTURNA → Presentes em quantidade muito maior em relação aos cones (120 milhões de bastonetes e 6 milhões de cones em cada olho) CONES: → Derivados de INVAGINAÇÕES DA MEMBRANA CELULAR → PERCEBEM A LUZ EM INTENSIDADE NORMAL e possibilitam GRANDE ACUIDADE VISUAL 4 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 A parte interna da parte posterior do bulbo do olho, onde a luz que entra é focalizada, é chamada de FUNDO DE OLHO. A retina do fundo possui uma área circular chamada de DISCO DO NERVO ÓPTICO (PAPILA ÓPTICA), onde as fibras sensitivas e os vasos conduzidos pelo nervo óptico entram no bulbo do olho. Este disco não possui fotorreceptores, e por isso é insensível à luz, e por isso essa região é chamada de ponto cego. Atrás do disco do nervo óptico está a MÁCULA LÚTEA, de cor amarela – que só pode ser visto quandoa retina é examinada sem luz vermelha. Nessa região existem cones especiais, o que faz desta área uma região ESPECIALIZADA PARA ACUIDADE VISUAL. Por isso, alterações da mácula (como toxoplasmose congênita) prejudicam muito a acuidade visual. No centro da mácula, encontra-se a FÓVEA CENTRAL, área em que a visão é mais aguda; e no seu está a FOVÉOLA, que não possui rede capilar visível em outra parte profundamente à retina. ATENÇÃO! A MÁCULA NÃO PODE SER OBSERVADA COM O OFTALMOSCÓPIO. A parte óptica funcional da retina termina anteriormente ao longo da borda serrada, que é a margem posterior irregular do corpo ciliar. HISTOLOGIA VASCULARIZAÇÃO Com exceção dos cones e bastonetes, a RETINA é suprida pela ARTÉRIA CENTRAL DA RETINA, um RAMO DA ARTÉRIA OFTÁLMICA. Os CONES e BASTONETES são supridos pela LÂMINA CAPILAR DA COROIDE. 5 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 FISIOPATOLOGIA Via metabólica final desconhecida. As teorias conhecidas não são mutuamente exclusivas. Hiperglicemia → Elevação do sorbitol → Lesão aos pericitos → Alteração vascular (destruindo o endotélio dos microvasos) → Extravasamento de sangue/hemorragias → Microaneurismas → Oclusão vascular → Estreitamento capilar e microtromboses → Hipoxia → Isquemia → Liberação de fatores vasoproliferativos (VEGF) pelo epitélio da retina e do pigmento retiniano → Formação de neovasos Os vasos da retina foram feitos para transportar o sangue sem permitir extravasamento de líquido Por causa da alteração vascular induzida pelo estado hiperglicêmico mantido, acontece extravasamento de sangue, causando edema nesses tecidos Na retina, esse edema causará problemas na visão, podendo levar o paciente à cegueira Também por causa do edema, o fluxo sanguíneo é prejudicado e, para tentar compensar a deficiência de oxigenação, há indução para o processo de neovascularização – entretanto, todo vaso novo é mais frágil, logo, mais sangue vai extravasar para os tecidos adjacentes, configurando a hemorragia ATENÇÃO! PERICITO → Célula tipo mesenquimal aderida às paredes de vasos sanguíneos pequenos, relativamente indiferenciadas. Serve como suporte para os vasos. A perda progressiva torna os vasos desprotegidos e mais frágeis. SINAIS FUNDOSCÓPICOS 6 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 ATENÇÃO! A concentração de VEGF no humor aquoso e no vítreo se correlaciona diretamente com a gravidade da retinopatia. O VEGF é um potente fator de vasoproliferação e é responsável pelo edema macular diabético (EMD). RESUMO DA FISIOPATOLOGIA Alterações capilares como espessamento de membrana basal e perda de pericitos, causando oclusões capilares e hipóxia do tecido retiniano Vazamento sérico causando edema Neovascularização final devido a liberação de fator de crescimento endotelial vascular EVOLUÇÃO DA RD Caracteristicamente, a primeira manifestação clínica da RDNP são os MICROANEURISMAS, que surgem como pequenos pontos vermelhos e arredondados. Seu número e tamanho aumentam progressivamente com a evolução da doença, aparecendo primeiro no POLO POSTERIOR e, depois, na MÉDIA PERIFERIA. Na angiografia de fluoresceína, aparecem como pontos hiperfluorescentes nas fases venosas precoces. A segunda alteração é a DILATAÇÃO VENOSA. No início, seu diagnóstico é difícil, mas evolui para evidente ingurgitamento venoso e tortuosidade vascular. Também pode-se encontrar as HEMORRAGIAS INTRARRETINIANAS PROFUNDAS, que não evidenciadas como hemorragias puntiformes ou em borrões. As hemorragias pequenas parecem com Microaneurismas, mas suas bordas são mais irregulares. Na angiografia de fluoresceína, essas hemorragias aparecem como hipofluorescências por bloqueio que se mantêm durante todo o exame. Outro achado possível são os EXSUTATOS DUROS OU ALGODONOSOS. Os EXSUDATOS DUROS ocorrem como depósitos isolados, agrupados em forma de anel, placas ou estrela macular e são causados pelo extravasamento plasmático dos Microaneurismas. Já as manchas ALGODONOSAS são mais encontradas ao redor do nervo óptico e são consequência do sofrimento isquêmico retiniano em zinas de não perfusão – evidenciadas na angiografia de fluoresceína como hipofluorescências. As alterações arteriolares – ALTERAÇÕES MICROVASCULARES INTRARRETINIANAS (IRMA) – são considerados sinal de agravamento da doença. O espessamento (edema) intrarretiniano é causado por disfunções da barreira hematorretiniana interna. As células endoteliais de microaneurismas, capilares e arteríolas tornam- -se permeáveis, promovendo extravasamento plasmático depositado no espaço intersticial – o EDEMA MACULAR DIABÉTIDO (EMD) é a PRINCIPAL COMPLICAÇÃO desse extravasamento. Os neovasos apresentam-se como capilares dilatados, retorcidos, aglomerados em tufos. A proliferação fibroneovascular se estende ao longo da superfície da retina em três estágios de desenvolvimento: 1) fase inicial, com neovasos finos sem tecido fibroso; 2) aumento dos neovasos, em extensão e calibre, com formação do componente fibroso; 3) progressão dos neovasos ao longo da hialoide posterior, com proliferação fibrovascular (PFV) intensa. Quando ocorre descolamento parcial do vítreo posterior, a tração dos neovasos através da PFV pode resultar em hemorragia vítrea ou pré-retiniana. A PFV progressiva leva a outras complicações tracionais, como descolamento de retina tracional e heterotropia macular. Também podem ocorrer rasgos tracionais na retina, com consequente descolamento regmatogênico. A contínua 7 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 progressão dos neovasos pode alcançar a câmara anterior, com neovascularização da íris e invasão do trabeculado, levando ao quadro de glaucoma neovascular. CLASSIFICAÇÃO Baseada em achados fundoscópicos. ESTÁGIOS CRESCENTES EM GRAVIDADE, conforme risco de PROGRESSÃO para as FORMAS PROLIFERATIVAS. (1) RETINOPATIA DIABÉTICA NÃO PROLIFERATIVA LEVE → Poucos microaneurismas (2) RETINOPATIA DIABÉTICA NÃO PROLIFERATIVA MODERADA → Microaneurismas, hemorragias intrarretinianas ou veias em rosário (“beading”) (3) RETINOPATIA DIABÉTICA NÃO PROLIFERATIVA GRAVE → Microaneurismas e/ou hemorragias intrarretinianas graves em 4 quadrantes ou ingurgitamento venoso em 2 ou mais quadrantes ou presença de IRMA moderada em 1 ou mais quadrantes (4) RETINOPATIA DIABÉTICA NÃO PROLIFERATIVA MUITO GRAVE → 2 ou mais características de RDNP grave (5) RETINOPATIA DIABÉTICA PROLIFERATIVA − Neovascularização de disco, retina, íris ou ângulo − Hemorragia vítrea − Descolamento de retina tradicional ATENÇÃO! A forma não proliferativa usualmente causa déficit de visão discreta a moderada por causa do edema macular. Anormalidades do fundo do olho são limitadas à retina. EDEMA MACULAR EXAME CLÍNICO Em diabéticos tipo 2, a avaliação oftalmológica deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico. Já naqueles com diabetes tipo 1, recomenda-se começar as avaliações 8 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 após 3 a 5 anos do início do diabetes ou depois do início da puberdade. Gestantes com diabetes devem realizar exame oftalmológico desde o início da gravidez. Os principais sintomas são VISÃO EMBAÇADA, PERDA DA VISÃO e DISTORÇÃO DAS IMAGENS. Mas, alguns pacientes podem ser assintomáticos. Exame com MAPEAMENTO DA RETINA sob MIDRÍASE MEDICAMENTOSA por OFTALMOSCOPIA BINOCULAR INDIRETA + BIOMICROSCOPIA EM LÂMPADA DE FENDA + TONOMETRIA. TESTE DE ACUIDADE VISUAL → Diagrama para medir o quão bem o paciente enxerga à distância DILATAÇÃO DA PUPILA → Permite melhor visualização da retina em busca dos sinais de fundo de olho da RD FUNDOSCOPIA → MELHOR MÉTODO DIAGNÓSTICO − Oftalmoscopia direta − Biomicroscopia de LF MAPEAMENTODA RETINA − Oftalmoscopia binocular indireta EXAMES DIAGNÓSTICOS RETINOGRAFIA COLORIDA ou SIMPLES → Solicitado para diagnóstico e tratamento de doenças da retina e nervo óptico. Importante para o acompanhamento. TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA (OCT) → Similar à USG. Produz imagens transversais da retina que podem ser usadas para MEDIR A ESPESSURA DA RETINA e visualização das camadas, permitindo a identificação de um possível EDEMA MACULAR DIABÉTICO. ULTRASSONOGRAFIA → Mesmo objetivo da OCT. ANGIOGRAFIA COM FLUORESCEÍNA (FFA) → Circulação do corante fluoresceína para mostrar coloração, vazamento ou não-perfusão da vasculatura da retina e coroide. Utilizado como guia para tratamento e acompanhamento da evolução. ANGIO-OCT → Mesmo princípio da OCR, mas mais específico para análise da NEOVASCULARIZAÇÃO que pode ou não estar presente. Permite identificar alterações iniciais. ATENÇÃO! A periodicidade recomendada para o acompanhamento oftalmológico do paciente diabético depende das alterações encontradas na fundoscopia. No caso de ausência de RD, ausência de edema macular ou RDNP leve, o acompanhamento deve ser anual. Se houver RDNP moderada ou edema macular não clinicamente significativo, o acompanhamento passa a ser semestral. No caso de RDNP severa, edema macular clinicamente significativo ou RDP, o acompanhamento deve ser mensal/trimestral. 9 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 CLASSIFICAÇÃO DO EDEMA MACULAR DIABÉTICO EMD APARENTEMENTE AUSENTE → Sem espessamento retiniano aparente ou exsudatos duros no polo posterior. EMD APARENTEMENTE PRESENTE → Algum espessamento retiniano aparente ou exsudatos duros no polo posterior − EMD LEVE – Algum espessamento retiniano ou exsudatos duros no polo posterior, mas distantes do centro macular − EMD MODERADO – Espessamento retiniano ou exsudatos duros aproximando-se do centro macular, mas sem envolver o centro) − EMD SEVERO – Espessamento retiniano ou exsudatos duros envolvendo o centro da mácula) TRATAMENTO Os tratamentos podem ser aplicados quantas vezes forem necessários ao longo do acompanhamento do paciente, até que se atinja o controle da RD. O controle da doença é avaliado pela ACUIDADE VISUAL, CLASSIFICAÇÃO DA RD e ANÁLISE DOS EXAMES COMPLEMENTARES (retinografia simples, retinografia fluorescente e tomografia de coerência óptica da retina). O tratamento SEMPRE deve ser iniciado com o CONTROLE GLICÊMICO E DOS FATORES DE RISCO. DIABETIC RETINOPATHY STUDY (DRS – 1981) LASER PANFOTO NA RDP → Redução de 60% do risco de perda visual severa PANFOTOCOAGULAÇÃO TRATAMENTO PARA A RETINOPATIA DIABÉTICA Ablação de áreas isquêmicas Objetivo de eliminar o estímulo à produção do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) EARLY TREATMENT DIABETIC RETINOPHATY STUDY (ETDRS – 1985): Laser reduz o risco de perda visual moderada em 50% nos pacientes com edema macular (EMCS) MEDICAMENTOSO Injeções intravítreas de ANTI-FATOR DE CRESCIMENTO ENDOTELIAL VASCULAR (anti-VEGF) TRATAMENTO DO EDEMA MACULAR INJEÇÕES COM ANTIANGIOGÊNICOS − PADRÃO OURO para o tratamento do EDEMA MACULAR DIABÉTICO − Objetivo de regredir o estágio da retinopatia diabética − Tratamento adjuvante no pré operatório cirúrgico − OZURDEX 10 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 CORTICOIDE INTRAVÍTREO → 2ª ESCOLHA TRATAMENTO FUTURO: COLÍRIO. COMPLICAÇÕES DA RETINOPATIA DIABÉTICA CATARATA MACULOPATIA → EDEMA MACULAR HEMORRAGIA VÍTREA DESCOLAMENTO DE RETINA TRACIONAL GLAUCOMA NEOVASCULAR DESCOLAMENTO DE RETINA TRACIONAL DIABÉTICO Mais comum na RETINOPATIA DIABÉTICA PROLIFERATIVA. Descolamento da retina é o desprendimento da retina do interior do globo ocular. Com a separação da retina, não haverá o fornecimento necessário de nutrientes e rapidamente evolui para uma degeneração celular e perda da visão. Por isso, o DESLOCAMENTO DE RETINA é uma URGÊNCIA MÉDICA. Sintomas comuns do descolamento de retina: → Flashes luminosos → Visão embaçada → Moscas volantes etc. Tração em ponte Existem dois tipos de descolamento da retina: (1) REGMATOGÊNICO – ruptura ou rasto na retina; ou POR TRAÇÃO – exercida na região da retina por alterações no humor vítreo que, com o avançar da idade, torna-se mais fluido. O descolamento tracional da retina é comumente encontrado em fases avançadas de RD por causa do extravasamento vascular e edema macular diabético. Em comparação com o descolamento de retina regmatogênico, o descolamento tracional de retina tem uma superfície mais côncava e apresenta maior probabilidade de ser mais localizado, geralmente não se estendendo para a ora serrata. As forças tracionais puxam ativamente a retina sensorial para longe do epitélio pigmentar subjacente em direção à base vítrea. A tração é causada pela formação de membranas vítreas, epirretinianas ou sub-retinianas – formados por fibroblastos e células gliais do EPR. Inicialmente, o descolamento pode ser localizado ao longo das arcadas vasculares, mas sua evolução pode disseminar- se e envolver a retina periférica média e a mácula. A tração focal causada pelas membranas celulares pode produzir uma laceração retiniana e levar a descolamento de retina combinado por tração-regmatogênico. VITRECTOMIA VIA PARS PLANA: possibilita a remoção dos elementos tracionais e da membrana fibrótica. Assim, pode- se obter alívio da tração vitreorretiniana, drenagem interna de líquidos subretiniano (se necessário – injeção de perfluocarbonatos ou líquidos pesados), além da injeção de ar ou gás para manter a retina no lugar, ou ainda injeção de óleo, se necessidade de tamponamento da retina a longo prazo. Pode ser necessário posicionamento postural pós- operatório (*ficar com a cabeça baixa ao longo do dia e evitar movimentos bruscos). A recuperação da visão depende do estado pré-cirúrgico da mácula. Se a mácula tiver sido descolada, a recuperação da visão central geralmente é incompleta – então, não é uma cirurgia de 11 Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2022.1 urgência porque um atraso de até 1 semana não vai influenciar no resultado visual. Entretanto, a cirurgia deve ser feita com urgência se a mácula ainda estiver colada. Deve-se pensar sempre em PREVENÇÃO, pois quando se indica o tratamento, já estamos diante de complicações oculares do DM. CONDUTAS Acompanhamento rigoroso Tratar o EDEMA MACULAR DIABÉTICO com: 1) INJEÇÃO INTRAVÍTREA → 1ª LINHA 2) CORTICOIDES → 2ª LINHA Tratar a RDP com PANFOTOCOAGULAÇÃO Pode-se considerar CIRURGIA (VITRECTOMIA) PRECOCE em RDP ATIVA AVANÇADA ALERTAS Principal problema → CONTROLE INADEQUADO Alta prevalência de diabéticos não diagnosticados. A retinopatia diabética INICIAL é ASSINTOMÁTICA Controle oftalmológico em todos os diabéticos juvenis e adultos é fundamental
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