Prévia do material em texto
UNIDADE 4. Conduzindo e construindo equipes de alto desempenho OBJETIVOS DA UNIDADE Desenvolver conhecimentos a respeito da diferença entre grupos e equipes, bem como as condições de formação das equipes de trabalho; Desenvolver os conhecimentos a respeito da formação das equipes de trabalho e os diferenciais internos e de tarefas que podem promover nas organizações; Capacitar os alunos à aplicação de diferentes tipos de grupos na prática, dentro das diversas organizações (sociais, hospitalares, indústria, serviços, religiosas etc.). TÓPICOS DE ESTUDO O papel do líder no século XXI – // Construindo equipes de alto desempenho // Tipos de grupos e equipes O líder coach – // O desenvolvimento das equipes de trabalho // A prática do líder coach (a agenda do coach) O papel do líder no século XXI A liderança é um fenômeno humano de grande valia para as organizações. Por meio dela, a gestão de grupos e equipes é potencializada e os resultados positivos podem ser ampliados. A tarefa principal do líder é conjugar as necessidades socioemocionais e as demandas de tarefas do seu agrupamento de pessoas. Seja em organizações públicas ou privadas, a liderança, enquanto papel que os gestores podem assumir e desenvolver, traz resultados diferenciados em relação aos objetivos do negócio. Os vários estilos de liderança (autocrático, democrático e permissivo) auxiliam a identificação de diferentes momentos em que a equipe se encontra e que demandam do líder determinados papéis. Assim, manter um time performando de maneira adequada, concentrado na produtividade e no atingimento das metas de tarefas específicas (por exemplo, quantidade de vendas, de atendimentos na ala hospitalar, de produção de insumos, sejam eles cosméticos ou da indústria automobilística, ou então em uma organização social, com o atendimento adequado ao público-alvo e o auxílio nas demandas pessoais e familiares etc.), é a tarefa de condução que a liderança deve executar. O líder que é apaixonado pelo desenvolvimento de seus liderados sai na frente. Ele demonstra, de forma prática, que o engajamento individual e coletivo passa pelo respeito e pela compreensão das demandas individuais, sem perder o foco do que a organização produtiva precisa, ou seja, quais são as expectativas de desempenho tanto do colaborador quanto do coletivo, potencializado pelas equipes de trabalho. Ao líder que tem seu poder promulgado pela organização dentro da estrutura hierárquica é exigida a capacidade de coordenar, planejar, dirigir e controlar. Enquanto isso, àquele que tem papel importante de influência nas demandas de condutas produtivas, são exigidos sensibilidade e conhecimento técnico para saber interpretar e agir sob demandas complexas, que envolvem exigências organizacionais, pessoais, de mercado, do departamento e aquelas que não estão sob seu controle, por exemplo, os efeitos da política econômica do país em que está situada a organização. Desta forma, habilidades pessoais, interpessoais e intrapessoais devem ser elevadas. Sua experiência comportamental deve mostrar aos liderados uma posição suficientemente adequada para lhes garantir credibilidade. Seu papel de condutor de pessoas, de trazer à superfície o melhor de cada um, exige autonomia para se antecipar quanto aos membros da equipe. Este papel exige do líder uma sensibilidade extremamente alta, garantida por meio de experiências bem-sucedidas, ou seja, decorrente de um rico repertório comportamental. É importante ressaltar que cada perfil de competências estará mais ou menos adequado a depender da equipe formada, da cultura da organização e das demandas do cargo. Assim, é indispensável que as habilidades técnicas e comportamentais estejam bem desenvolvidas para resultar em uma excelente performance. Um verdadeiro líder sabe escutar seus liderados, tanto individual quanto grupalmente. As demandas de ambos os níveis, do sujeito e do coletivo, sempre existirão. As decisões que o líder deve tomar precisam considerar as demandas psicossociais e de tarefas. De uma forma prática, um grupo que está com as demandas psicossociais atendidas pode lidar com demandas cada vez maiores. A cada ponto de equilíbrio e proficiência, ou seja, a cada novo “estado de conforto”, o líder tem em mãos oportunidades para seguir desafiando seu time. A leitura deste processo deve ser objetiva, mas os fenômenos grupais e individuais encontram-se no campo subjetivo. É diante disto que o processo de coaching se faz importante. Sua agenda está em estreita ligação com as demandas do “mundo do trabalho”, portanto, ligada ao comportamento motivacional produtivo. Por outro lado, compreende também as nuances e singularidades da experiência humana, considerando que cada indivíduo experimenta situações (profissionais e pessoais) diversas e únicas, e que, sim, as dificuldades laborais podem ser superadas e potencializadas. Aqui, o ditado popular “nós aprendemos mais com os erros do que com os acertos” é de grande valia. Encontra-se justamente neste fato o repertório comportamental ampliado de líderes eficazes e de pessoas mais adaptadas e em busca de autorrealizações. Figura 1. Síntese da organização do trabalho quando há liderança. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/06/2019. (Adaptado). A profissão de coaching advém de uma demanda objetiva por profissionais mais adequados às demandas das organizações. Espera-se deste profissional o auxílio a pessoas para encontrar seu melhor potencial, visando à melhoria e ao desenvolvimento, bem como lidar com aquelas que já estão muito bem desenvolvidas, mas podem reforçar suas habilidades. O coach, portanto, é um grande parceiro das pessoas e organizações que buscam melhores resultados. O coach é um profissional em ascensão. Sua atividade segue crescentemente requisitada tanto por pessoas quanto por empresas. Além disso, está enquadrada em um campo que permite seu exercício por profissionais com curso superior de diferentes áreas, sempre respondendo a critérios científicos e éticos. Desenvolver as habilidades de um coach depende do leque de possibilidades no qual eles podem atuar (coaching de carreira, coaching de desenvolvimento de liderança, coaching de mudança de fase e orientação profissional/vocacional), passando por todos os níveis de uma hierarquia organizacional e podendo também focar no desenvolvimento daqueles que demonstram potencial de liderança. Há de se considerar importantes limites para esta atividade, visto que está baseada em métodos científicos, que visam a trazer respostas práticas e eficazes aos problemas e dificuldades das sociedades. O foco do coach recai diretamente sobre demandas profissionais, dificuldades e soluções encontradas no âmbito do trabalho. É um papel, portanto, que diversos profissionais podem desenvolver. Formar-se em coaching significa possuir o desejo de auxiliar pessoas e organizações a obterem melhores resultados. Dentro do método científico, é uma profissão que abrange diversos conhecimentos e conecta diferentes ciências e não deve ser objeto de descrença, tampouco de crença exagerada, assim como todos os outros profissionais igualmente importantes. O trabalho do coach é desenvolver pessoas dentro e fora das organizações, trazendo à tona e despertando o melhor de cada um. A liderança situacional, por sua vez, também é objeto de trabalho desses profissionais. O coaching de grupos se mostra muito frutífero, pois age não só sobre o âmbito individual, mas potencializando também grupos de trabalho. Entretanto, quando o nível de trabalho do coach, seja com indivíduos ou com grupos, passa para o pessoal, algo que pode ocorrer devido à demanda de profundidade e difícil delimitação, cabe ao gerente com formação em Psicologia prosseguir com o processo. Afinal, um profissional sem a formação adequada, ao operar nesse nívelde intimidade e subjetividade, corre risco de produzir resultados desastrosos para a pessoa, para a organização e para si próprio. Na execução do papel de liderança, seja ele voltado ao desenvolvimento desta importante figura nos diversos ambientes em que se insere ou na execução da liderança formal, outorgada pela hierarquia organizacional, é comum vermos os limites de um cargo com funções de chefia serem extrapolados. Ao coach, seja ele líder ou profissional liberal, ou nas tarefas relativas ao corpo de Recursos Humanos das organizações, cabe a leitura ética das demandas que lhe são trazidas e o trabalho com elas de forma multidisciplinar. Há pessoas que precisam de processos psicoterapêuticos, ou até mesmo psiquiátricos, para melhorar seu desempenho e se adequarem a tais demandas. Isso expande a atuação do coach, somando a ela sua verdadeira ética de auxiliar genuinamente. A necessidade de melhores produtos, serviços e respostas aos problemas, buscando o desenvolvimento da sociedade e das pessoas, contribui para o aumento da competitividade e para constantes inovações. A criativa adaptação humana às exigências internas e externas, derivadas, por exemplo, da evolução de processos como a automação industrial ou da crescente tecnologia, transforma as profissões e conduz os seres humanos à reinvenção de suas rotas. O líder coach é importante neste contexto, pois dele é esperado o compartilhamento de ensinamentos que tornem seus liderados pessoas e profissionais melhores. É uma troca humana de desempenho de tarefas e habilidades interpessoais. O líder, desta forma, pode utilizar diversas estratégias para a potencialização de sua equipe: dramatizações, dinâmicas de grupos e simulações, sempre enriquecendo o repertório dos comportamentos organizacionais. São atividades que visam agregar valor ao desempenho do funcionário e que devem ser somadas ao escopo de funções, papéis e habilidades dos gestores. Conduzir e construir equipes de alto desempenho, portanto, exige muitas das habilidades de liderança situacional e de coaching. Comumente tratados como sinônimos, os conceitos de grupos e equipes são distintos pela literatura especializada. Equipes designam um conjunto de pessoas que atendem a critérios de entrega de resultados e relacionamento diferenciados, não deixando, apesar desta especificidade, de ser grupos de trabalho. A liderança adequada ao contexto, ou seja, adaptada situacionalmente, e utilizando o coaching, facilita a tradução dos grupos em autênticas equipes. DICA As dinâmicas de grupo podem ser de extrema relevância no desenvolvimento de líder de equipes. Entretanto, sua utilização deve seguir algumas regras: é necessário que o conjunto de pessoas encontre um sentimento de compartilhar, para que atinjam resultados saudáveis e eficazes em suas produções diárias. As dinâmicas visam o estabelecimento de um clima particular entre as pessoas, que possa permitir que elas reflitam sobre comportamentos e atitudes que já possuem. Elas podem ser utilizadas em distintos momentos e visam o controle das emoções grupais. Os conflitos inerentes aos grupos, como o respeito às normas e à individualidade, comunicação verdadeira e apoio, permitem que haja um estado de confiança, combatendo os sentimentos conflituosos. CONSTRUINDO EQUIPES DE ALTO DESEMPENHO Para o dia a dia do trabalho, conhecer as peculiaridades de equipes e grupos de trabalho auxilia no tratamento das demandas individuais e das expectativas de desempenho e retorno das organizações. De maneira geral, podemos considerar que toda equipe tem aspectos da dinâmica e estruturas com suas próprias leis de funcionamento. Por sua vez, as equipes de trabalho são grupos com qualidades especiais. A diferença encontra-se no fato de que as equipes são grupos de pessoas com qualidades diferenciadas, seja em relação a desempenho, criatividade, resolução de problemas, criação de produtos ou soluções novas. Por isso, exige dos participantes alta integração, comunicação facilitada, entre outras características. A liderança tem um papel especial sobre as equipes de trabalho. As novas exigências em desempenho e competitividade de mercados extremamente dinâmicos exigem que as pessoas, em grupos, somem seus esforços de maneira conjunta (TONETTO; REIS; BECKER JR., 2010, p. 42-43). O todo, neste caso, é maior do que a simples soma das partes: o conjunto é capaz de produzir melhores resultados. O responsável por esta condução e direção é o líder. De forma tradicional, líderes são vistos como aqueles que dirigem e que vão à frente dos seus seguidores, o que constitui uma visão individualista do trabalho do gestor. Entretanto, no contexto de alta competição e especialização de diversos segmentos, a atuação do líder tem passado do individual para o coletivo, voltado mais à promoção das autonomias e à facilitação da participação coletiva. Desta forma, as habilidades interpessoais são cada vez mais importantes. Ainda, as rápidas mudanças tecnológicas, somadas às verdadeiras revoluções na gestão de pessoas, estão fazendo com que o ato de liderar venha a passar por uma série de adaptações às novas realidades (TONETTO; REIS; BECKER JR., 2010). Podemos considerar, por exemplo, os empreendimentos de tecnologia da informação, como as startups: organizações pequenas que demandam alta criatividade na produção de soluções, enxutas em seus níveis hierárquicos e, muitas vezes, compartilhando responsabilidades e poderes de decisão. Exige-se um trabalho muito mais caracterizado pela equipe do que grupal, sobretudo se os propósitos forem voltados à inovação, à resolução de problemas, à criação de produtos e mudanças de serviços. Se olharmos atentamente para as organizações, perceberemos que existem muito mais grupos do que equipes. Equipes ainda são raras, embora muitas se concedam essa denominação. A diferença entre grupos e equipes encontra-se na gradação de atributos ou em características diversificadas. Um grupo pode chegar a ser uma equipe de forma natural, ou ainda precisará de recursos específicos para provocar essa transformação. O que faz do grupo uma equipe é o seu funcionamento qualificado. Conforme Bergamini, pode-se entender a equipe como um grupo que compreende seus objetivos e se engaja em alcançá-los de forma compartilhada. A comunicação entre os membros é verdadeira; opiniões divergentes são estimuladas; a confiança é grande e riscos são assumidos. Além disso, as habilidades complementares dos membros possibilitam o alcance de resultados e os objetivos compartilhados determinam seu propósito e direção. Respeito, mente aberta e cooperação estão em graus elevados. O próprio grupo investe em seu próprio crescimento. Com isso, podemos perceber que as equipes são grupos de pessoas com alta maturidade para encarar tanto as suas atribuições individuais, ou seja, aquilo que cada um deve realizar, quanto a qualidade das suas relações interpessoais no nível socioemocional. Aspectos como a comunicação são extremamente importantes, uma vez que atitudes interpessoais como respeito, mente aberta e cooperação são indispensáveis para que todos se sintam importantes, tanto nos seus aspectos pessoais como profissionais. Para Bergamini, três aspectos subjetivos grupais importantes para passagem do estado de grupo para o de equipe são: Respeito; Mente aberta; Cooperação. Desta forma, o grupo é capaz de investir no seu próprio crescimento. Ele passa a prestar atenção em sua própria forma de operar e procura resolver tudo que afeta seu funcionamento. Esse processo contínuo de autoexame e avaliação, que se dá em ciclos recorrentes de percepção dos fatos, diagnose, planejamento de ação, prática/implementação, resolução de problemas e avaliação, é recorrentemente praticado e reforçado pela equipe. A equipe de trabalho partilha um modo de funcionamento qualificado,que faz com que os problemas sejam tratados de forma mais natural possível. Suas habilidades de diagnosticar os problemas e de se autoexaminar continuamente, incorporados à sua dinâmica de funcionamento, permitem uma superação de dificuldades mais espontânea, exigindo menos desgaste e tempo. Este modo de funcionamento, amadurecido coletivamente, torna-se tão natural que deixa de ser uma ferramenta disponível para utilização somente em circunstâncias específicas. Trata-se de uma característica que passa a prevalecer em todas as equipes como uma habilidade proficiente. Com isto, os níveis socioemocionais e de tarefas tendem a uma harmonização de procedimentos. Entretanto, ocorrem conflitos nos agrupamentos de pessoas, inclusive nas equipes de trabalho. Tais conflitos devem ser encarados como inerentes à vida em grupo. A escassez de recursos ou oportunidades para tamponar todas as demandas pessoais e grupais, sobretudo àquelas que dizem respeito às necessidades e desejos de poder e afetividade, gera conflitos intermináveis entre os membros. A grande sacada é que as mudanças no grupo, seu crescimento e desenvolvimento resultam do modo como os conflitos são enfrentados. Cada resolução, seja ela satisfatória ou não, caracteriza uma nova etapa na história do grupo. Constantemente denota-se um valor negativo aos conflitos, encarando-os como patológicos e danosos. Relaciona-se a eles o combate, as brigas, a violência, a guerra e a destruição. As concepções modernas dos conflitos, no entanto, os entendem como oportunidades para alterar as percepções erroneamente construídas. As mudanças significativas de um grupo resultam justamente de como ele cresce e se desenvolve, ou seja, de como encara os conflitos. A dinâmica das equipes de trabalho demonstra que sempre que a equipe se encontra em um estágio de equilíbrio, de estagnação do sistema, com alta concordância de todos, os resultados não são ultrapassados, não há resolução de problemas e nem inovação. O desequilíbrio causado pela controvérsia, no entanto, faz a equipe se movimentar, gerando crises que possibilitam mudanças significativas para o desenvolvimento pessoal e social. Portanto, desta forma, é por meio do conflito que surgem novas possibilidades de atuação e novas fórmulas para antigas demandas. Os conflitos, portanto, podem ser encarados de diversas maneiras, que vão da simples negação até a busca pela resolução adequada. O primeiro passo consiste em admitir que existe um conflito, com o qual é necessário lidar. Segundo Moscovici, o reconhecimento da existência de conflitos predispõe as pessoas a agir em vez de insistir na estratégia de negação. Para o autor, há duas maneiras de enfrentar os conflitos: com táticas de luta/fuga e de diálogo (MOSCOVICI, 2013). Táticas de luta/fuga Pressupõem que há competição, repressão e evasão. Quando existe competição dentro de equipes de trabalho, é importante reconhecer o conflito e tentar enfrentá-lo por meio de lutas abertas com o adversário. Esse tipo de tática é muito positivo no mundo dos esportes e na área de negócios. Em ambos os enquadres, a competição gera motivação para que cada um faça o seu melhor e, consequentemente, entregue melhores resultados. Torna-se, assim, um mecanismo de melhoria contínua, crescimento e desenvolvimento das empresas e do país. A competição intergrupal, neste mesmo sentido, é estimulada. Cada grupo deve apresentar melhores performances, obedecendo à disposição prévia do outro, se superando a cada novo desafio. Competição A competição, no entanto, é negativa nos pequenos grupos e equipes de trabalho. Isso porque ela visa à obtenção de sucessos individuais e à resolução de conflitos por meio do embate entre os pares. Esta tática, quando utilizada, pode trazer consequências extremamente negativas para os adversários, deixando, muitas vezes, sequelas incontornáveis entre as pessoas envolvidas e dificilmente sanáveis no seu desempenho profissional. Tática de repressão Admite a negação do conflito e procura aniquilá-lo negando sua existência. Consegue, no entanto, eliminar sintomas e as dificuldades, mas não o conflito em si. O líder, muitas vezes, nesses casos, incentiva que os participantes cessem a disputa, proibindo manifestações a respeito, aplicando até punições, se necessário. As partes envolvidas, então, reprimem os sentimentos e emoções mal trabalhadas, dando a parecer que houve a extinção do conflito. Ele não desaparece, mas permanece em estado latente. Manter o conflito reprimido drena muita energia da equipe, que poderia usá-la de formas muito mais proveitosas. Evasão No outro oposto, a tática da evasão abranda as emoções, sem, contudo, enfrentar o conflito. Aqui, um dos participantes é incentivado a sair de cena, afastar-se para não alimentar a discórdia já instalada. Contudo, da mesma forma, o conflito permanece latente. No âmbito dos pequenos grupos e equipes, as táticas de luta/fuga são muito usadas, mas não promovem melhorias de relacionamento nem resultados satisfatórios na resolução de conflitos, ocasionando comportamentos de oposição e contraposição de posições, de opiniões, de valores e de ideias. O preço que se paga por fugir ou encarar os conflitos de maneira beligerante quando não se consegue usar mecanismos de defesa adaptáveis às situações é a possibilidade de se sucumbir às pressões dali decorrentes, prolongando o estado de estresse, que pode até mesmo chegar a um estado de somatizações, neuroses ou psicoses mais graves. As maneiras produtivas de lidar com o conflito pressupõem o uso das táticas de diálogo. Os grupos que se desenvolvem em equipes são capazes de utilizar essa modalidade na administração de desordens. Estas incluem apaziguamento, negociação, confrontação e resolução de problemas. Tática de apaziguamento Trata-se do auxílio hábil de uma outra pessoa, que ajuda na abertura do espaço para o diálogo, mediando os ânimos e dando oportunidade de desabafo a cada um dos contendores. O apaziguamento e a mediação dos conflitos com o auxílio de um terceiro propiciam o encaminhamento da situação de conflito para uma negociação entre as partes envolvidas. Tática de negociação Ocorre quando o estado de emoções fortes já foi superado. Neste momento, existem margens para que o diálogo auxilie na superação dos obstáculos, criando alternativas para a solução do conflito. A comunicação na negociação deve ser aberta e autêntica, não devendo as partes utilizarem subterfúgios, palavras ambíguas ou mensagens duplas, sob pena da negociação ficar prejudicada e não se completar. Para que se complete a fase de negociação, é preciso uma exploração ampla das ideias e sentimentos ligados ao conflito, distinguindo-se elementos de percepção, preconceitos e lacunas/omissões quanto aos “fatos” presenciados e vividos por ambos. Tática de confrontação Exige maior habilidade interpessoal de negociação entre as partes. A figura do mediador também pode ser importante. É um processo cansativo e moroso, que exige sincronização dos esforços de escuta, acompanhamento das necessidades, auto exposição e meios apropriados de comunicação e equilíbrio do nível de tensão. Tática de resolução dos problemas Começa com o diálogo, que é realizado em duas etapas: diferenciação e integração. Na fase de diferenciação, procura-se compreender e explorar detidamente as percepções e sentimentos de ambas as partes. Exerce função catártica e de alívio de tensão acumulada e de aquecimento para a comunicação genuína. É a etapa mais demorada e decisiva na administração do conflito. Quando realizada adequadamente, a tensão e a ansiedade tornam-se diminuídas, podendo-se distinguir ideias de sentimentos, verificar e corrigir distorções da avaliação preconcebida em função da seletividade perceptiva individual. Com isto, afase de integração torna-se facilitada, levando à reformulação dos problemas existentes como tarefa participativa ao estabelecer prioridades e elaborar alternativas para sua resolução. O líder precisa ter uma participação facilitadora dos fenômenos grupais, principalmente aqueles que elevam os grupos ao estatuto de equipes, que conseguem atingir e apresentar resultados diferenciados. Ele deve estimular e facilitar o desempenho das pessoas, viabilizando melhor trabalho em equipe. Nesse papel, caberá ao líder evidenciar comportamentos e procedimentos que contribuem para que sua equipe se desenvolva mais prontamente e encontre maiores facilidades na execução das atividades (TONETTO; REIS; BECKER JR., 2010). DICA Existe um ditado comum no meio gerencial e corporativo: “há um bocado de diferença entre pessoas trabalhando juntas em um projeto e todas elas apenas trabalhando ao mesmo tempo”. Nesse sentido, a essência da equipe está em colocar todos os esforços em uma mesma direção: o grupo desempenha de forma conjunta. TIPOS DE GRUPOS E EQUIPES Existem diversos tipos de grupos e equipes de trabalho. Cada um tem características próprias a depender da demanda que precisam resolver, tanto com relação às tarefas quanto aos perfis de profissionais necessários. Katzenbach e Smith propõem uma curva de desempenho de equipes. Por meio dela, é possível classificar os grupos de acordo com seu modo de funcionamento em uma das cinco posições (KATZENBACH; SMITH apud MOSCOVICI, 2013), conforme mostra Tabela 1. Tabela 1. Fases da equipe. Fonte: MOSCOVICI, 2013. (Adaptado). Ainda, a curva de desempenho sugere uma sequência evolutiva de funcionamento dos grupos na organização. Esse desenvolvimento, todavia, não acontece de imediato. É importante realizar intervenções técnicas com o objetivo de provocar mudanças no mindset dos grupos. Além disso, grupos de trabalho podem funcionar indefinidamente sem se tornarem equipe potencial ou real. Nos organogramas e na estrutura organizacional, pode haver simplesmente uma mudança de nomenclatura, de título ou rótulo, sem as consequências concretas na forma de agir, assim como nos planos, esforços e resultados de modernização da empresa. Existem diversos tipos de grupos e equipes de trabalho, que variam conforme seus objetivos. Figura 2. Curva de desempenho. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/06/2019. (Adaptado). Grupo de brainstorming (BS) O grupo de brainstorming é conhecido como um grupo de promoção de ideias, no qual ocorrem interações que incentivam a livre promoção de pensamentos, sem restrições ou julgamentos antecipados quanto à exequibilidade delas. Um grupo se reúne para tomada de decisões em formato de brainstorming quando tem por finalidade encontrar ideias ou soluções novas assim que se torna necessário utilizar a imaginação, ou seja, a abstração livre de ideias e conceitos. O escopo do grupo tem como efeito produzir o maior número possível de ideias sobre um problema particular. A análise de um problema é realizada. Os dados são reunidos em grupo e a situação problemática ou de difícil resolução é bem definida. Exposição de abertura Na qual ocorre a apresentação do problema, realizada pelo animador. Tem duração de 10 a 20 minutos. Ao término de sua apresentação, o animador resume o problema em uma só questão, perfeitamente clara. Exposição de ideias Fase produtiva do brainstorming. Duração de uma hora a uma hora e meia. Fase de escrutínio Seleção das ideias emitidas ou escolha das ideias obtidas. Duração variável de duas a três horas. Para tanto, existem três fases do grupo de brainstorming: Exposição de abertura Na qual ocorre a apresentação do problema, realizada pelo animador. Tem duração de 10 a 20 minutos. Ao término de sua apresentação, o animador resume o problema em uma só questão, perfeitamente clara. Exposição de ideias Fase produtiva do brainstorming. Duração de uma hora a uma hora e meia. Fase de escrutínio Seleção das ideias emitidas ou escolha das ideias obtidas. Duração variável de duas a três horas. Family groups Significa, literalmente, grupos de família. Em um sentido mais amplo, traduz grupos naturais, constituídos por pessoas que pertencem ao mesmo serviço ou departamento. É uma das formas derivadas dos estudos de Carl Rogers. A essa categoria somam-se diversos tipos de grupos conduzidos por meio da técnica de aconselhamento, ou counselling, de maneira não diretiva, buscando a mudança de atitudes, a compreensão, o comportamento individual e o sentimento de pertencer ao grupo. São exemplos de family groups os fóruns para decisão, os grupos de apresentação, de cochicho (zunzun) e de desenvolvimento do pensamento operatório (usado no desenvolvimento de pré-adolescentes). Group-work (GW) Trata-se de uma forma de grupos humanos que se encarrega do trabalho social, metodicamente orientados em forma de assistência ou de ajuda psicológica. Tem por objetivo o esclarecimento de necessidades do grupo, bem como a maneira de trabalhar suas aspirações e expectativas. Fica na fronteira da socioterapia e das terapias de grupo e busca trabalhar grupos parecidos de pessoas e suas necessidades de cunho psicossocial. Estudo dirigido em grupo Voltado para a discussão e a aprendizagem em grupo, é um grupo de aprendizagem, ou, ainda, uma técnica de estudo dirigido. Constitui-se por um estudo silencioso prévio de algum texto, determinado pelo professor, e a elaboração de uma síntese, com anotações do material estudado. Pela lógica, não se pode discutir sem preparação, pois a ignorância do tema facilita o desenvolvimento de discussões “acaloradas”, mas sem conteúdo. A técnica exige o treinamento dos instrutores ou dos líderes antes do início do trabalho. O desenvolvimento sistemático da aprendizagem visa eliminar as falsas percepções de aprendizagem. Grupo de novela coletiva É uma técnica utilizada como trabalho para realizar a união intergrupos. Por meio de uma discussão de histórias, crônicas ou acontecimentos recentes, estimula-se a formação de pequenos grupos dentro de uma equipe já montada, visando à multiplicação de sua interação. Grupo de painel Neste grupo, reúnem-se várias pessoas dispostas a expor ideias sobre determinado assunto diante de um auditório. A conversação é basicamente informal: os membros não atuam como oradores e não expõem os conteúdos: o diretor planeja a reunião. Para tanto, deve realizar previamente encontros com os indivíduos que participarão do painel, a fim de estabelecer normas de ação. Compete-lhe abrir a reunião e apresentar o moderador, bem como os painelistas. Após o término dos debates, processará o encerramento; já os painelistas devem preparar o material necessário sobre o assunto a ser discutido, procurando orientar a discussão por meio de um raciocínio metódico e de alcance do público. Devem ter capacidade de ouvir com atenção o que têm a dizer os outros participantes, e interrompê-los quando oportuno. A modalidade de painel com interrogadores varia do convencional, pois neste existe a troca e discussão entre uma ou duas pessoas versadas em um assunto dado e quatro a seis interrogadores sob a orientação de um moderador. Um perito, especialista no assunto, pode auxiliar na fase de interrogatório também. Grupo Phillips 66 ou discussão 66 Também é um método que consiste em fracionar a equipe em pequenos subgrupos. É chamado de “66” porque seis pessoas discutem um assunto durante seis minutos. Pode ter variantes, por exemplo “88”, oito pessoas discutindo um assunto em oito minutos, ou ainda G4-10, um grupo de quatro pessoas discutindo um assunto em dez minutos. A utilização do grupo Phillips 66 vai depender da criatividade e das demandas necessárias e adaptadas, que podem se enquadrar nas variantes do método. Role-playing– desempenho de papéis – mimodrama Trata-se de um grupo no qual duas ou mais pessoas representam uma situação da vida real, assumindo papéis de um caso, com o objetivo de que tornar a situação (ou a personagem) mais bem compreendida pelo grupo. Em vez de verbalizar uma situação conflitiva, a pessoa (ou qualquer um que possa se colocar no lugar) poderá representar, teatralizando. Isso facilita não só a compreensão pessoal como também de todo o grupo em relação a determinados aspectos da situação. Esse tipo de atividade motiva o grupo, leva à participação espontânea e facilita a discussão do problema, visto de forma mais viva. É importante ressaltar que neste método não se realizam ensaios e os papéis são desempenhados espontaneamente. A técnica da dramatização exige certa maturidade do grupo, para que os membros estejam suficientemente preparados para a utilização da técnica, sem que as dramatizações possam provocar intimidação, vergonha, ou riso dos participantes. Neste tipo grupal, voltado ao desenvolvimento de competências comportamentais, existem alguns papéis principais: diretor, membros, atores e observadores. Ao diretor cabe coordenar a ação e estimular o grupo. Ele prepara de antemão o problema ou a situação, se for o caso, ou orientará o role-playing se surgir oportunidade espontânea durante uma reunião. Ele fará a escolha dos personagens, atribuindo os papéis aos atores. Os membros do grupo escolhem os atores que irão desempenhar os papéis. Cada um recebe um nome fictício, ou o nome da pessoa que está representando, o que, de certa forma, ajuda no desempenho. Os atores atuam sem ensaio prévio, de acordo com a própria técnica; os observadores, também escolhidos pelo grupo, observam a atuação de cada membro e fazem uma conclusão da representação, se atentando a contradições, com fidelidade à situação interpretada, propondo explicações psicológicas que possam fundamentar o comportamento, entre outros. Sabatinas As sabatinas visam a aumentar o interesse em assuntos que, de outra forma, seriam enfadonhos e cansativos. Não pode ser usado no fim dos treinamentos ou de reuniões, pois opera por meio da formulação de perguntas ou proposição de problemas relacionados com assuntos de interesse. Também chamada de Labor Information Please (“responda, por favor”, em tradução literal), pode assumir diversas formas, dentre as quais um técnico dispõe diversos recortes de papéis com questões, ou tópicos norteadores, que servirão de iniciativa para a formulação das questões. Simpósio É um grupo de discussões informais diversas e exposições verbais apresentadas por vários indivíduos sobre um tema comum. Também pode ser utilizado para a apresentação formal de assuntos, de forma coletiva, permitindo a apresentação sistemática e, até certo ponto, completa de um assunto. O coordenador do simpósio pode dividir vários temas a fim de expor os conteúdos de forma lógica. Ele também pode controlar o tempo, os temas, a forma de exposição e sua duração. O interesse pelo simpósio depende muito do assunto de motivação do auditório, dos pontos de vista competitivos e, sem dúvida, do assunto em exposição. Task-model (modelo de tarefa) Os grupos de modelo de tarefa, ou task-model, são atividades de grupo decorrentes dos chamados testes situacionais de personalidade e comportamentos. Representam amostras do comportamento social e de tarefas específicas. Testes como o de capacidade e aptidão podem verificar o que o indivíduo é capaz de realizar; já o teste situacional verifica o que ele realmente faz em situações da vida ou do trabalho. São muito utilizados em grupos de seleção desde a Segunda Guerra Mundial, quando ainda eram utilizados para selecionar pessoas para missões secretas. Os grupos situacionais também são utilizados em grupos que visam o treinamento de laboratório ou de sensibilidade, desenvolvendo habilidades comportamentais e afetivas que envolvam tarefas complexas e estimulam discussões acerca de fatores críticos de liderança, comunicação e problemas de organização ou supervisão. É uma técnica que utiliza recursos de procedimentos do role-playing em jogos de empresas, por exemplo. Este grupo é muito utilizado no desenvolvimento gerencial e de supervisão, no desenvolvimento de executivos, treinamento para administradores, diretores, professores, assistentes sociais, psicólogos, coaches etc. Workshop São pequenos grupos de pessoas que trabalham em vários tipos de projetos, que incluem aprendizagem e prática de certa matéria ou ofício. Também chamado de oficina, poderá necessitar que os participantes colham fatos ou informações fora da classe, constituindo experiências que complementam o trabalho teórico. Pode ser utilizado todo tipo de recursos audiovisuais para a sua elaboração. As oficinas ainda podem incluir várias sessões recreativas, como canto, dramatização, colagem, pinturas, criação com a utilização de computadores e celulares etc. É um bom momento para a descontração dos grupos, sendo utilizado ao anoitecer ou no final dos cursos e seminários. Equipes virtuais As equipes virtuais são muito utilizadas frente ao desenvolvimento da tecnologia da informação, a fim de reunir seus membros fisicamente dispersos e atingir um resultado comum. A equipe virtual permite que os membros interajam e colaborem on-line, usando os links de redes sociais, videoconferência, intranet ou e-mail, onde quer que estejam, seja na sala ao lado ou em outro continente. Tais equipes estão tão difundidas e a tecnologia tem avançado tanto que é praticamente um termo impróprio chamá-las de virtuais, mas muito mais designadas à distância. Uma das dificuldades é a ausência de trocas presenciais, de discussões face a face, fazendo com que seus membros apresentem menor satisfação socioemocional do que as presenciais. A Fim de que as equipes virtuais possam ser eficazes, os gestores devem permitir que: a) Haja confiança entre os membros; b) O progresso da equipe seja monitorado de perto, de modo que ela não perca de vista seus objetivos e que nenhum membro fique oculto; c) Os esforços e produtos da equipe virtual sejam divulgados para a organização, de modo que a equipe não fique invisível. O líder coach Podemos perceber que a formação das equipes de trabalho, pensando na gradação que conduzem os grupos de trabalho da inércia total até o excelente desempenho com a conjugação de todos os membros, passa estritamente pelo papel da liderança. Enquanto gestor, em suas diversas responsabilidades, e pensando na cultura da organização, o papel de liderança facilita o sucesso frente às expectativas da equipe de trabalho. O papel de auxiliar a aprendizagem e, consequentemente, aplicar no dia a dia os conteúdos aprendidos, é fundamental. Seja você o líder da equipe de vendas ou a líder de unidades de produção industrial, é importante saber que os métodos de coaching potencializam o desempenho em direção aos objetivos da empresa. O DESENVOLVIMENTO DAS EQUIPES DE TRABALHO O contexto globalizado, somado à ampliação e à competição dos mercados, tem exigido que os grupos desempenhem e performem melhor no trabalho, que sejam flexíveis em suas ações, além de rápidos e altamente competentes naquilo que fazem. A qualidade passa a não ser mais uma característica dos serviços que prestam, mas um estado interno que vivenciam e praticam de forma permanente. As equipes têm se apresentado de forma muito positiva neste cenário, pois tendem a ser mais eficazes no alcance das metas e objetivos de trabalho. Para tanto, os grupos devem abrir mão de um trabalho individualizado para operarem de forma mais ampla, aprendendo a realmente lidar com as nuances do trabalho em equipe. O trabalho segmentado, individualizado, realizado por pessoas de forma particularizada, já não se mostra mais eficiente, portanto, perde a valorizaçãoa cada dia em detrimento do trabalho em equipe. fim de manter um diferencial competitivo, a rcias do novo contexto. Nenhuma equipe de trabalho nasce pronta: ela aprende e se Em grupo, a realização das tarefas depende unicamente dos indivíduos que, mesmo em conjunto, continuam responsáveis por suas tarefas e responsabilidades particulares. Já em equipe, há a distribuição das tarefas e cada indivíduo deve ser responsável por uma parcela do todo. A responsabilidade pelos resultados e pelo atingimento das metas é de todos os componentes. Quando alguém encontra uma dificuldade, fraqueja ou não cumpre uma tarefa por qualquer motivo ou impedimento, outro é capaz de assumir o seu lugar. Desta forma, uma diferença entre grupos e equipes é a interdependência entre os membros da equipe. Outro aspecto que os diferencia é o nível de comprometimento organizacional, entendido de maneira geral como o desejo pela adesão aos objetivos da organização, pessoais e a percepção associada aos custos de sua saída (PUENTE-PALACIOS; PEIXOTO, 2010). Os grupos de trabalho apresentam menor comprometimento organizacional, enquanto as equipes dispõem de níveis maiores e se responsabilizam pelo seu próprio comprometimento com as estruturas de tarefas e socioemocionais. A interação entre poder e a liderança está diretamente relacionada ao entendimento do comportamento dentro das organizações. Entender como é obtido caracteriza-se como um exercício que pode produzir muitos frutos na carreira profissional, direta ou indiretamente ligada às corporações produtivas. De maneira geral, a verdadeira equipe apresenta características que exigem esforço e persistência para serem conquistadas e desenvolvidas (HACKMAN apud TONETTO; REIS; BECKER JR., 2010). Pode ser comparada a uma corrente, na qual a força e o valor da equipe são iguais aos de seus elos. Assim, nas equipes, todos precisam se empenhar em fortalecer tanto a si próprios quanto aos demais. Para que isso ocorra, entretanto, é necessária a presença de algumas condições básicas, que podem ser desenvolvidas por processos de desenvolvimento e treinamento, utilizando-se métodos de coaching de grupos, laboratório de desenvolvimento interpessoal e treinamento de lideranças, utilizando-se diversos recursos adaptáveis a cada realidade. De forma geral, no desenvolvimento das equipes, é necessário o desenvolvimento dos aspectos sintetizados na Tabela 2. A PRÁTICA DO LÍDER COACH A liderança está imersa em diversos desafios. Pensar no amanhã, no futuro das equipes de trabalho e da performance das organizações são necessidades dos líderes no contexto pós-moderno. Quando falamos em estratégia organizacional, na verdade, estamos falando de estratégias necessárias para garantir o sucesso da organização. Da mesma forma é pensado o coaching estratégico: como as pessoas, equipes e líderes se encontram hoje e como eles estarão amanhã diante dos desafios? A base do coaching estratégico, ou seja, o foco nas organizações e o desenvolvimento dos Recursos Humanos ou das pessoas no contexto do trabalho, é dividido em três, conforme Goldsmith, Lyons e Freas: aconselhamento de carreiras, desenvolvimento de equipes e transformação organizacional. Os autores afirmam que, nesta proposta de mudança, deve-se balizar o trabalho no tripé organização x equipe x indivíduo, sempre fornecendo feedback e aprendizado (GOLDSMITH; LYONS; FREAS, 2003). O foco da estratégia, portanto, é garantir a mudança adaptada e de sucesso dos negócios. Para tanto, lançam mão de estratégias como mentoring, tutoria, counselling, desenvolvimento interpessoal, desenvolvimento de habilidades de inteligência emocional e trabalho multidisciplinar. Sempre que o aconselhamento ultrapassar as agendas de trabalho, cujas pautas são difíceis de serem nomeadas e mais profundas, devem ser tratadas pelo gerente coach que possua formação especializada. Desde o desenvolvimento de CEOs às lideranças altas e médias, os processos de desenvolvimento organizacional e coaching estratégico mostram-se altamente eficazes. Quando o líder tem o papel de coach de forma genuína e verdadeira, a confiança e o respeito interpessoais adquirem importância substancial. Somos solicitados a aprender novos conhecimentos e aptidões, correr riscos, experimentar comportamentos inusitados e, como todo ser humano, falhar algumas vezes. O exercício da liderança e seu sucesso dependem de sua capacidade de construir um relacionamento duradouro, no qual a pessoa de talento veja o coach como um parceiro e um modelo de papel. É, na realidade, auxiliá-la a apresentar sua melhor performance, melhorar aquilo que fazem com base no cargo que desejam ou que se encontram. A ponte para tal objetivo deve ser afetiva, devendo-se ter um interesse autêntico pelo outro ser humano e realizando o auxílio no desenvolvimento com o “coração”. DICA Conforme Goldsmith, Lyons e Freas, os seres humanos não colocam o coração naquilo em que não acreditam. Ele não assume um compromisso com energia e intensidade com algo que não lhe cai bem pessoalmente. É como se fosse usar uma calça apertada demais; torna-se desconfortável, fazendo sentir pouco à vontade, sem graça, além de não ser possível se movimentar com facilidade (GOLDSMITH; LYONS; FREAS, 2003). Para os autores citados, o estabelecimento de um relacionamento de coaching de sucesso está baseado em três pontos: Estabelecer normas claras; Manter a melhor expectativa; Dar o exemplo. Quando há uma congruência entre os desejos e valores pessoais compartilhados com o cargo e a organização em que se encontram, o líder-coach consegue se certificar de que o trabalho não seja um simples vai e vem de tarefas, mas que de fato se estabeleçam propósitos reais na execução das tarefas. Desta forma, o comprometimento organizacional estará potencializado. O próprio aprendiz se engajará na busca de motivação para o trabalho. Estabelecer normas claras é traduzir as expectativas de comportamento e desempenho, fornecendo um modelo de exemplo e abrindo espaço para pensar em atuações condizentes com novas demandas. Da mesma forma, manter e estimar melhores expectativas de desempenho fazem do líder-coach um exemplo de congruência, de equilíbrio entre as necessidades organizacionais e as entregas em performance pessoais. a é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO Na presente unidade, vimos algumas das condições fundamentais para o desenvolvimento das equipes e sua diferença em relação aos diferentes tipos de grupos de trabalho. A liderança é um fenômeno extremamente importante para empresas e organizações, pois pode implementar técnicas e mecanismos com potencial para aprimorar os resultados, ampliando seus efeitos. Um bom líder atenta- se para as necessidades socioemocionais do grupo de pessoas lideradas e seu papel, dentre os que ele pode assumir, traz resultados diferenciados aos objetivos do negócio. O líder que preza pelo desenvolvimento dos funcionários é o que melhor percebe, posteriormente, que os engajamentos individual e coletivo decorrem do atendimento às necessidades particulares. Tudo isso deve estar, logicamente, articulado ainda às necessidades organizacionais, dando origem a um todo harmônico, onde demandas em todos os níveis são igualmente atendidas. A compreensão de que o grupo é uma unidade viva, que sempre vai avançar e retroceder, demanda do líder pulso e ação para controlar as necessidades do seu time, sem o qual a empresa não consegue atingir os resultados almejados. A condução do grupo, portanto, é tarefa que se mostra mais efetiva quando se consegue ter jogo de cintura e flexibilidade frente a diversas situações que podem ocorrer. A liderança situacional precisa se adaptar às demandas do grupo. Equipes encorpadas tendem a apresentar melhor desempenho,o que exige que o líder entenda sua dinâmica para, assim, lançar mão de ações que facilitem o trabalho de todos. No grupo, a realização das tarefas e as responsabilidades são executadas a nível individual, dando origem a um conjunto fragmentado, ao passo que, na equipe, todos direcionam seus trabalhos para a constituição do todo que os engloba. Enxergando desta forma, o esforço por atingir os resultados esperados e as metas se faz mais presente e parte de todos. Além disso, os funcionários estão em posições intercambiáveis, podendo terminar as tarefas começadas por outro e vice-versa. Para fechar esta unidade, vale retomar outro aspecto indispensável: a consonância entre desejos e valores pessoais com os objetivos organizacionais, afinal, aquilo que está sendo feito dentro de uma empresa deve necessariamente estar articulado com o que o funcionário traz consigo em sua individualidade, de forma que a realização de tarefas não seja realizada de forma automática e despersonalizada, e é por isso que chamamos a atenção para o propósito que deve mover o funcionário. Esses são os pontos básicos para se compreender os métodos realmente significativos para o desenvolvimento de líderes e liderados. O coaching e a psicoterapia, cada vez mais requisitados nas empresas, despontam como indispensáveis para a constituição de grupos de alta performance e para que desafios sejam superados em todos os níveis, levando ao sucesso de cada um e da equipe. Ao final deste processo, todo mundo sai ganhando. UNIDADE 4. Conduzindo e construindo equipes de alto desempenho OBJETIVOS DA UNIDADE TÓPICOS DE ESTUDO O papel do líder no século XXI CONSTRUINDO EQUIPES DE ALTO DESEMPENHO TIPOS DE GRUPOS E EQUIPES Grupo de brainstorming (BS) Family groups Group-work (GW) Estudo dirigido em grupo Grupo de painel Role-playing – desempenho de papéis – mimodrama Simpósio Task-model (modelo de tarefa) Workshop Equipes virtuais O DESENVOLVIMENTO DAS EQUIPES DE TRABALHO A PRÁTICA DO LÍDER COACH SINTETIZANDO