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MÓDULO PERDA DE SANGUE – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO E CONDUTA TERAPÊUTICA DA EPISTAXE A epistaxe é uma emergência. Assim, no paciente com história de sangramento nasal recente ou com sangramento ativo no momento, a primeira medida é a: → Avaliação da permeabilidade de vias aéreas; e da → Estabilidade hemodinâmica. Em seguida, o médico deve avaliar o local e a quantidade de sangramento. DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO HISTÓRIA CLÍNICA A história é essencial para o diagnóstico etiológico; Pacientes com epistaxes recorrentes unilaterais e obstrução nasal crônica ipsilateral são candidatos à realização da endoscopia nasal. Importante colher na história: → Quantidade; → Lateralidade; e → Tempo de sangramento. ANTECEDENTES PESSOAIS São importantes os antecedentes pessoais, incluindo histórias de HAS, uso de medicamentos e coagulopatias. → Os antecedentes familiares de epistaxes sugerem a presença de coagulopatias e podem determinar a avaliação hematológica. ABORDAGEM INICIAL As medidas terapêuticas iniciais, no momento da avaliação, dependem: → Do volume do sangramento; e → Das condições clínicas do paciente. As medidas iniciais incluem: → Estimativa da perda sanguínea; → Avaliação da volemia; → Pressão arterial; → Frequência cardíaca; e de → Comorbidades, se existentes. A!! Isto determina a velocidade do atendimento. A abordagem terapêutica do sangramento nasal depende da/dos: → Localização (anterior ou posterior); → Etiologia do sangramento; → Experiência do médico; → Recursos disponíveis. A!! O grau, local, estado clínico e etiologia do sangramento nasal ditam o tratamento inicial. → As medidas devem visar o imediato controle da hemorragia e correção da hipovolemia. AVALIAÇÃO CLÍNICA Inicialmente: → Avaliação da permeabilidade da via aérea; e do → Volume sanguíneo circulante. No exame físico, tenta-se identificar a área sangrante com: → Rinoscopia anterior (espéculo nasal); e → Oroscopia. EXAME FÍSICO O exame inicia-se pela inspeção e palpação da: → Pirâmide nasal, na busca de: Desvios de linha média; sinais inflamatórios externos; pontos dolorosos e tumorações; e MÓDULO PERDA DE SANGUE – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves → Narinas, tentando: determinar a permeabilidade e outras alterações (desvios, tumores, pólipos, corpos estranhos, etc.). RINOSCOPIA ANTERIOR Para proceder à rinoscopia anterior, é utilizado o espéculo nasal com o tamanho adequado a narina do paciente. Raramente são identificadas todas as estruturas nasais, mas, ainda assim, esse exame contribui na semiologia do nariz. Ele procura descrever: → Desvios da parte anterior do septo; → Cabeça dos cornetos inferiores; → Cor da mucosa nasal (rósea nos normais, vermelha com secreção nas rinites agudas, azulada nos alérgicos e presença de algum corpo estranho) O exame da parede lateral do nariz permite verificar se há saída de secreção purulenta dos meatos, o que auxilia no diagnóstico das rinossinusites. Legenda: Forma adequada de realizar rinoscopia anterior com espéculo nasal. ENDOSCOPIAS NASAIS Fazem parte somente do exame físico pelo especialista; As endoscopias podem ser acopladas ou não a dispositivo de captura de imagem para visualização e documentação (videoendoscopia); → São ferramentas muito importantes na complementação do exame pelo especialista. Esse exame pode ser realizado com fibras flexíveis e rígidas. As flexíveis produzem, em geral, uma imagem de menor qualidade que os endoscópios rígidos, porém são mais aceitas por adultos e crianças; As flexíveis servem para visualizar: → Cavidades nasais; → Rinofaringe; → Orofaringe; → Hipofaringe; e → Laringe. Legenda: Endoscópio flexível através da fossa nasal até a hipofaringe. TRATAMENTO / HEMOSTASIA A maioria dos sangramentos nasais são de pequena intensidade e cessam espontaneamente ou após medidas simples como: → Aplicação de pressão direta bidigital sobre a porção anterior do nariz; e → Uso de descongestionantes tópicos; e → Gelo na face. Medidas adjuvantes incluem: → Dieta fria; → Lavagens nasais com soro fisiológico; → Espirrar com a boca aberta; → Evitar mexer ou assoar o nariz; → Eliminar medicamentos (como a aspirina, anticoagulantes, vitamina E e ginko- biloba); → Repouso; e → Tranquilizar o paciente. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves MEDIDAS SIMPLES Em casos de sangramento ativo, a lavagem com soro fisiológico pode auxiliar na visualização do local de sangramento. Os sangramentos septais e anteriores podem ser controlados com o uso de gelo no dorso nasal e de algodões com vasoconstrictor (ex: oximetazolina, nafazolina) sobre o local sangrante, associado ao emprego da digitopressão. Os sangramentos mais intensos septais e anteriores podem ainda ser cauterizados, seja quimicamente (com nitrato de prata ou ácido tricloroacético) ou eletricamente. → Estes procedimentos são em geral realizados em serviços de urgência de Atenção Secundária ou Terciária. O sangramento pode persistir mesmo após estas medidas mais simples, em especial nos casos de epistaxe posterior. Se isso ocorrer, há a necessidade de tamponamento nasal (seja anterior apenas ou ântero-posterior) ou de intervenção cirúrgica, com ligadura das artérias nasais. → Estes procedimentos são realizados por especialistas, e geralmente demandam atendimento em uma instituição de Atenção Terciária. A!! A associação de coagulopatias, uso de medicamentos que interferem na função plaquetária, ou de outras doenças sistêmicas que interfiram no curso da epistaxe também demandam a internação para avaliação num Serviço de Atenção Terciária. CAUTERIZAÇÃO ELÉTRICA OU QUÍMICA AMBULATORIAL A cauterização está indicada quando o local de sangramento for identificado, podendo ser química ou elétrica. São realizadas sob anestesia tópica com algodão embebido em anestésico a 2% com adrenalina milesimal na fossa nasal sangrante por 10 minutos para produzir anestesia e vasoconstricção local. A!! Não se deve jamais cauterizar os dois lados do septo em pontos simétricos devido ao perigo de perfuração septal A!! A cauterização elétrica realizada com cautério bipolar na maioria das vezes está indicada quando não se consegue estancar o sangue com a cauterização química. → Ela é mais agressiva e profunda, havendo maior risco a causar exposição de cartilagem e/ ou perfuração septal. → Pelo fato de a transmissão de calor ser intensa há maior chance de lesão do pericôndrio da cartilagem quadrangular e subsequente perfuração septal. TAMPONAMENTO NASAL Indicado quando: → Medidas iniciais descritas não surtem efeito; ou → Em quadros sangramento posterior de grande volume; ou → Para interromper o sangramento até que uma abordagem cirúrgica seja efetuada. O tamponamento nasal promove uma compressão direta e difusa sobre toda a mucosa nasal com objetivo de comprimir os vasos subjacentes. O procedimento deve ser realizado em concomitância com medidas gerais como: → Repouso no leito; → Cabeceira elevada; → Controle da PA e de possíveis arritmias causadas pela hipovolemia; → Coleta de sangue para dosagem do hematócrito e hemoglobina de forma seriada; → Pesquisa de coagulopatias se suspeitadas. O procedimento é desconfortável e deve ser precedido por uma anestesia tópica adequada com solução de lidocaína 2% em spray. MÓDULO PERDA DE SANGUE – P2 | Luíza Moura e Vitória Neves EXAMES COMPLEMENTARES Os exames subsidiários incluem: → Hemograma; → Tipagem sanguínea; → Testes de coagulação; → Hepatograma. Realiza-se também a avaliação por imagem, com: → Radiografias simples; ou → Tomografia computadorizada; ou → Ressonânciamagnética dos seios paranasais. A!! A maioria dos pontos de sangramento pode ser localizada apenas com uso de: → Fotóforo; ou → Endoscópio + umequipamento de sucção adequado.
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