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LOCAIS DE HEMATOPOESE 1as SEMANAS DE GESTAÇÃO: Saco vitelino → local transitório de hematopoese. Região AGM (aorta-gônadas-mesonefros) → De onde se deriva a população inicial de células- tronco da hematopoese definitiva. Essa população é precursora comum às células endoteliais e hematopoéticas (hemangioblastos) e agrupem no fígado, no baço e na medula óssea; 6 SEMANAS A 6/7 MESES DE VIDA FETAL: Fígado e o baço são os principais órgãos hematopoiéticos e continuam a produzir células sanguíneas até cerca de 2 semanas após o nascimento. A placenta contribui para a hematopoese fetal. A PARTIR DE 6 A 7 MESES DE VIDA FETAL: A medula óssea é o sítio hematopoético mais importante e, durante a infância e a vida adulta, é a única fonte de novas células sanguíneas. 2 PRIMEIROS ANOS: Em lactentes e crianças jovens, o tecido hematopoético estende-se pelos ossos longos dos membros superiores e inferiores. Nos dois primeiros anos, toda a medula óssea é hematopoética, porém, durante o resto da infância, há substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura. ADULTO: medula hematopoética é confinada ao esqueleto central e às extremidades proximais do fêmur e do úmero. O tecido hematopoético ocupa cerca de 50% do espaço medular na medula óssea normal do adulto. Mesmo nessas regiões hematopoéticas, cerca de 50% da medula é composta de gordura. A medula óssea gordurosa remanescente é capaz de reverter para hematopoética e, em muitas doenças, também pode haver expansão da hematopoese aos ossos longos. “Hematopoese extramedular” → Fígado e baço podem retomar seu papel hematopoético fetal. CÉLULAS-TRONCO E CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOÉTICAS A hematopoese inicia-se com uma célula-tronco pluripotente, que, por divisão assimétrica, tanto pode autorrenovar-se como também dar origem às distintas linhagens celulares. A diferenciação celular a partir da célula-tronco passa por uma etapa de progenitores hematopoéticos comprometidos, isto é, com potencial de desenvolvimento restrito. A medula óssea também é o local primário de origem de linfócitos que se diferenciam de um precursor linfocítico comum. O baço, os linfonodos e o timo são sítios secundários de produção de linfócitos. ESTROMA DA MEDULA ÓSSEA A medula óssea constitui-se em ambiente adequado para sobrevida, autorrenovação e formação de células progenitoras diferenciadas. Esse meio é composto por (1) células do estroma e por uma (2) rede microvascular (Figura 1.4). As células do estroma incluem: células-tronco mesenquimais, adipócitos, fibroblastos, osteoblastos, células endoteliais e macrófagos, e secretam moléculas extracelulares, como colágeno, glicoproteínas (fibronectina e trombospondina) e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitínicos) para formar uma matriz extracelular, além de secretarem vários fatores de crescimento necessários à sobrevivência da célula-tronco. Células-tronco mesenquimais são críticas na formação do estroma. Juntamente com os osteoblastos, elas formam nichos e fornecem os fatores de crescimento, moléculas de adesão e citoquinas que dão suporte às células-tronco. Como, por exemplo, a proteína indentada, que permeia as células estromais, liga-se a um receptor NOTCH1 nas células-tronco e, então, torna-se um fator de transcrição envolvido no ciclo celular. As células-tronco são capazes de circular no organismo e são encontradas em pequeno número no sangue periférico. Para deixar a medula óssea, elas devem atravessar o endotélio vascular, e esse processo de mobilização é aumentado pela administração de fatores de crescimento, como o fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF). Várias interações críticas suportam a viabilidade das células-tronco e a produção no estroma, incluindo o fator de células-tronco (SCF) e proteínas permeantes estromais e seus respectivos receptores KIT e NOTCH, expressos em células-tronco. REGULAÇÃO DA HEMATOPOESE A hematopoese começa com a divisão da célula- tronco em duas, das quais uma a substitui (autorrenovação), e a outra compromete-se em diferenciação. Essas células progenitoras precocemente comprometidas expressam baixos níveis de fatores de transcrição, que podem as comprometer com linhagens específicas. A seleção da linhagem de diferenciação pode variar tanto por alocação aleatória como por sinais externos recebidos pelas células progenitoras. FATORES DE CRESCIMENTO HEMATOPOÉTICOS Regulam a proliferação e a diferenciação das células progenitoras hematopoéticas e a função das células sanguíneas maduras. Eles podem agir no local em que são produzidos, por contato célula a célula, ou podem circular no plasma. Eles também podem ligar-se à matriz extracelular, formando nichos aos quais células-tronco e células progenitoras se aderem. Eles podem causar não só proliferação celular, mas também estimular diferenciação, maturação, prevenir apoptose e afetar as funções de células maduras. Células do estroma são as principais fontes de fatores de crescimento, com exceção da eritropoetina, 90% da qual é sintetizada no rim, e da trombopoetina, sintetizada principalmente no fígado. SCF e FLT-L (ligante de FLT) agem localmente nas células-tronco pluripotentes e nos progenitores primitivos mieloides e linfoides. A interleuquina-3 (IL-3) e GM-CSF são fatores de crescimento multipotentes com atividades parcialmente superpostas. O G-CSF e a trombopoetina aumentam os efeitos de SCF, FLT-L, IL-3 e GM-CSF na sobrevida e na diferenciação das células hematopoéticas primitivas. Esses fatores mantêm um pool de células-tronco e células progenitoras hematopoéticas sobre o qual agem os fatores de ação tardia, eritropoetina, G- CSF, M-CSF (fator estimulador de colônias de macrófagos), IL-5 e trombopoetina, para aumentar a produção de uma ou outra linhagem em resposta às necessidades do organismo. A formação de granulócitos e monócitos, por exemplo, pode ser estimulada por infecção ou inflamação por meio da liberação de IL-1 e fator de necrose tumoral (TNF), os quais, por sua vez, estimulam as células do estroma a produzirem fatores de crescimento em uma rede interativa. CÉLULAS SANGUÍNEAS Eritrócitos (glóbulos vermelhos): especializados no transporte de oxigênio dos pulmões aos tecidos e do dióxido de carbono no sentido inverso. Os eritrócitos têm uma sobrevida periférica de 4 meses, ao passo que as menores células do sangue, as plaquetas, envolvidas na hemostasia, circulam por apenas 10 dias. Leucócitos (glóbulos brancos): são compostos por 4 tipos de fagócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos), que protegem contra infecções bacterianas e fúngicas, e por linfócitos, que incluem as células B, envolvidas na produção de anticorpos, e células T (CD4 auxiliares e CD8 supressoras), relacionadas à resposta imune e à proteção contra vírus e células estranhos. A cada dia, são produzidos em torno de 10^12 novos eritrócitos por meio de um processo complexo e finamente regulado, a ERITROPOESE. A partir da célula-tronco, a eritropoese passa pelas células progenitoras, unidade formadora de colônias granulocíticas, eritroides, monocíticas e megacariocíticas (CFU-GEMM), unidade de formação explosiva eritroide (BFUE) e CFU eritroide (CFUE) (Figura 2.2), até o primeiro precursor eritroide com estrutura identificável na medula óssea, o proeritroblasto. Esse processo ocorre em um nicho eritroide, no qual cerca de 30células eritroides em vários estágios de desenvolvimento cercam um macrófago central. *** O proeritroblasto é uma célula grande, com citoplasma azul-escuro, núcleo central com nucléolo e cromatina um pouco conglomerada (Figura 2.2). Por meio de várias divisões celulares, origina uma série de eritroblastos (ou normoblastos*) progressivamente menores, mas com conteúdo hemoglobínico gradualmente maior no citoplasma (que se cora em cor-de-rosa); o citoplasma vai perdendo sua tonalidade azul- clara à medida que perde seu RNA e o aparelhamento de síntese proteica, ao passo que a cromatina nuclear se torna mais condensada. Por fim, o núcleo é expelido do eritroblasto maduro na medula óssea, dando origem ao reticulócito, que ainda contém algum RNA ribossômico e é capaz de sintetizar hemoglobina (Figura 2.4). Essa célula é um pouco maior que o eritrócito maduro e circula no sangue periférico durante 1 a 2 dias antes de amadurecer, quando o RNA é totalmente catabolizado. Surge, então, o eritrócito maduro, um disco bicôncavo sem núcleo, de coloração rósea. Em geral, de um único proeritroblasto originam-se 16 eritrócitos maduros. Os eritroblastos não estão presentes no sangue periférico normal. Eles aparecem no sangue se houver eritropoese fora da medula óssea (eritropoese extramedular) e também em algumas doenças da medula óssea. (Figura 2.2). Eritroblastos em vários estágios de desenvolvimento. As células iniciais são maiores, com citoplasma mais basofílico e padrão de cromatina nuclear mais aberto. O citoplasma das células mais tardias é mais eosinofílico devido à formação de hemoglobina. ERITROPOETINA A eritropoese é regulada pelo hormônio eritropoetina. O estímulo para produção de eritropoetina é a tensão de oxigênio (O2) nos tecidos do rim. BFUE e CFUE tardias, que já têm receptores de eritropoetina, são estimuladas a proliferar, diferenciar-se e produzir hemoglobina. A proporção de células eritroides na medula óssea aumenta e, em estados de estímulo eritropoetínico crônico, há expansão anatômica da eritropoese na medula gordurosa e, às vezes, em sítios extramedulares. Em contrapartida, o aumento de fornecimento de O2 aos tecidos (por aumento de massa eritroide ou porque a hemoglobina é capaz de liberar O2 mais prontamente que o normal) diminui o estímulo para a produção de eritropoetina. O nível plasmático de eritropoetina pode ter utilidade diagnóstica e está aumentado na anemia, a menos que esta se deva à insuficiência renal e se houver um tumor secretor de eritropoetina, e baixa em nefropatia grave e na policitemia vera. LEUCÓCITOS (GLÓBULOS BRANCOS) Podem ser divididos em dois grandes grupos: os fagócitos e os linfócitos. Os fagócitos incluem as células do sistema imune inato, que pode agir rapidamente após uma infecção, ao passo que os linfócitos mediam a resposta imune adaptativa, que pode desenvolver memória imunológica, por exemplo, após vacinação. Os fagócitos podem ser subdivididos em granulócitos (que incluem neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e monócitos. GRANULÓCITOS NEUTRÓFILOS Os neutrófilos têm núcleo denso, com 2 a 5 lobos, e citoplasma pálido com contorno irregular, contendo muitos grânulos finos rosa-azulados (azurofílicos) ou cinza-azulados. Ambos os tipos de grânulos são de origem lisossômica: os primários contêm mieloperoxidase e outras hidrolases ácidas, os secundários, lactoferrina, lisozima e outras enzimas. A sobrevida dos neutrófilos no sangue é de apenas 6 a 10 horas. PRECURSORES DOS NEUTRÓFILOS Em geral, eles não aparecem no sangue periférico normal, mas estão presentes na medula óssea. Mieloblasto: O primeiro precursor reconhecível, uma célula de tamanho variável, com núcleo grande, cromatina fina e que possui de 2 a 5 nucléolos. O citoplasma é basófilo e sem grânulos. A medula óssea normal contém até 5% de mieloblastos. Promielócitos: originados dos mieloblastos, são células um pouco maiores, com desenvolvimento de grânulos primários no citoplasma. Mielócitos: originados dos promielócitos, têm grânulos secundários ou específicos. A cromatina nuclear é agora mais condensada, e os nucléolos não são visíveis. Podem ser distinguidos os mielócitos das séries neutrófila, eosinófila e basófila. Metamielócitos: originados dos mielócitos, são células que não mais se dividem, com núcleo endentado ou em forma de ferradura e citoplasma cheio de grânulos primários e secundários. Neutrófilos bastonados, “bastonetes” ou “bastões”: As formas de neutrófilos entre metamielócito e neutrófilo completamente maduro. Eles estão presentes no sangue periférico e não contêm a separação filamentosa clara entre os lobos nucleares, observada nos neutrófilos maduros. MONÓCITOS Em geral, os monócitos são maiores do que os demais leucócitos do sangue periférico e possuem núcleo grande, central, oval ou endentado, com cromatina aglomerada. O citoplasma abundante cora-se em azul e contém vacúolos finos que lhe dão uma aparência de vidro moído. Grânulos citoplasmáticos também estão presentes. EOSINÓFILOS Os eosinófilos assemelham-se aos neutrófilos, exceto pelos grânulos citoplasmáticos, que são bem maiores, coram-se em vermelho-alaranjado intenso e, raramente, têm mais do que três lobos nucleares. O tempo de trânsito dos eosinófilos no sangue é maior do que o dos neutrófilos. Eles penetram em exsudatos inflamatórios e têm papel especial nas respostas alérgicas, na defesa contra parasitos e na remoção de fibrina formada durante a inflamação, de modo que desempenham um papel na imunidade local e na reparação tecidual. BASÓFILOS Basófilos são escassos no sangue periférico, sendo só ocasionalmente vistos. Eles têm numerosos grânulos citoplasmáticos escuros, que contêm heparina e histamina, encobrindo o núcleo. Nos tecidos, eles transformam-se em mastócitos. Os basófilos têm sítios de ligação de imunoglobulina E (IgE) e sua degranulação libera histamina. GRANULOPOESE Os granulócitos e os monócitos são formados na medula óssea a partir de uma célula precursora comum. Na série de células progenitoras granulopoéticas, mieloblastos, promielócitos e mielócitos constituem um conjunto proliferativo ou mitótico, ao passo que metamielócitos, bastonetes e granulócitos segmentados formam um compartimento pós-mitótico de maturação. Um grande número de bastonetes e neutrófilos segmentados (10-15 vezes o número total no sangue) é mantido na medula óssea como uma “reserva granulocítica medular”. A medula óssea geralmente contém mais células mieloides do que eritroides, na proporção de 2:1 a 12:1. Após a liberação da medula óssea, os granulócitos permanecem somente 6 a 10 horas na circulação antes de migrarem para os tecidos onde desempenham sua função fagocítica. Nos tecidos, eles permanecem 4 a 5 dias em média, até́ serem destruídos durante uma ação defensiva ou por senescência. CONTROLE DA GRANULOPOESE: FATORES DE CRESCIMENTO MIELOIDE Muitos fatores de crescimento estão envolvidos nesse processo de maturação, incluindo as interleuquinas IL-1, IL-3, IL-5 (para eosinófilos), IL-6, IL-11 e os fatores estimuladores de colônias granulocítico-macrofágicas (GM-CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas (M-CSF). Os fatores de crescimento estimulam proliferação e diferenciação, bem como afetam a função das células maduras sobre as quais agem (p. ex., fagocitose, geração de superóxido e citotoxicidade, no casodos neutrófilos), e, além disso, inibem a apoptose. O aumento na produção de granulócitos e de monócitos como resposta a infecções é induzido pelo aumento da produção de fatores de crescimento de células do estroma e linfócitos T, estimulados por endotoxina, e citoquinas, como IL-1 ou fator de necrose tumoral (TNF). APLICAÇÕES CLÍNICAS DE G-CSF A administração clínica de G-CSF por via IV ou subcutânea produz um aumento de neutrófilos circulantes (neutrofilia). As indicações são: • Após quimioterapia, radioterapia e transplante de células-tronco (TCT). Nessas situações, o G-CSF acelera a recuperação granulocítica e encurta o período de neutropenia. • Mielodisplasia e anemia aplástica. Como tentativa de melhorar a função da medula óssea e a contagem de neutrófilos. • Neutropenia benigna grave. Neutropenias, tanto congênitas como adquiridas, incluindo neutropenia cíclica e neutropenia induzida por fármacos, em geral, respondem bem ao G- CSF. • Coleta de células-tronco do sangue periférico. G-CSF é usado para aumentar o número de progenitores multipotentes circulantes, facilitando a coleta de número suficiente de células-tronco para transplante. MONÓCITOS Os monócitos permanecem pouco tempo na medula óssea e, depois de circularem por 20 a 40 horas, deixam o sangue para adentrar nos tecidos, nos quais amadurecem e desempenham suas principais funções. A sua sobrevida extravascular, depois da transformação em macrófagos (histiócitos), pode prolongar-se por vários meses ou anos. NEUTROFILIA (LEUCOCITOSE NEUTRÓFILA) Aumento do número de neutrófilos circulantes acima de 7,5 × 10^3/mL. A neutrofilia, algumas vezes, é acompanhada de febre, resultante da liberação de pirogênios dos leucócitos. Outros aspectos característicos da neutrofilia reacional podem incluir: (a) “desvio à esquerda” na fórmula leucocitária, isto é, aumento do número de neutrófilos bastonados e presença ocasional de células mais primitivas, como metamielócitos e mielócitos. REAÇÃO LEUCEMOIDE É uma leucocitose reacional excessiva, geralmente caracterizada pela presença de células imaturas (p. ex., mieloblastos, promielócitos e mielócitos) no sangue periférico. Condições associadas incluem infecções graves ou crônicas, hemólise intensa e câncer metastático. As reações leucemoides costumam ser muito intensas em crianças. REAÇÃO LEUCOERITROBLÁSTICA Caracteriza-se pela presença de eritroblastos e de precursores granulocíticos no sangue. É causada por infiltração metastática da medula óssea ou por certos distúrbios sanguíneos benignos ou neoplásicos. NEUTROPENIA O limite de referência inferior para a contagem de neutrófilos é de 1,8 × 10^3/mL, exceto em populações negras e do Oriente Médio, nas quais é aceito um limite inferior. Quando a contagem absoluta de neutrófilos cai a níveis inferiores a 0,5 × 10^3/mL, o paciente é sujeito a infecções recidivantes; quando cai abaixo de 0,2 × 10^3/mL, os riscos são muito graves, sobretudo se também houver defeito funcional. A neutropenia pode ser seletiva ou parte de pancitopenia global. MONOCITOSE É pouco comum o aumento da contagem de monócitos acima de 0,8 × 10^3/mL. EOSINOFILIA (LEUCOCITOSE EOSINÓFILA) Aumento no sangue acima de 0,4 × 10^3/mL. Algumas vezes não se encontra causa subjacente e, se a contagem se mantiver alta (> 1,5 × 10^3/mL) durante mais de seis meses e associar- se a dano tecidual, é diagnosticada síndrome hipereosinofílica. Em outros casos de eosinofilia crônica, geralmente com aspectos similares, está presente uma anormalidade clonal citogenética ou molecular; devem ser considerados como leucemia eosinofílica crônica. BASOFILIA (LEUCOCITOSE BASÓFILA) Aumento acima de 0,1 × 10^3/mL é incomum. A causa geralmente é uma neoplasia mieloproliferativa, como leucemia mieloide crônica (LCM) ou policitemia vera. Basofilia reacional, algumas vezes, é observada no mixedema, na varíola, na varicela e na colite ulcerativa. LINFÓCITOS Na vida, após o nascimento, a medula óssea e o timo são os órgãos linfoides primários nos quais os linfócitos se desenvolvem. Os órgãos linfoides secundários, nos quais são geradas as respostas imunes específicas, são os linfonodos, o baço e os tecidos linfoides dos tratos digestório e respiratório. LINFÓCITOS B E T A resposta imune depende de dois tipos de linfócitos, as células B e T, que derivam da célula- tronco hematopoética. As células B maturam na medula óssea e circulam no sangue periférico até adquirirem reconhecimento de antígeno. A célula B, então, matura para uma célula B de memória ou plasmócito. Os plasmócitos regressam e alojam-se na medula óssea e têm uma morfologia característica, apresentando núcleo redondo, excêntrico, com cromatina agregada com aspecto de mostrador de relógio e citoplasma intensamente basófilo. Os plasmócitos expressam imunoglobulina intracelular, não de superfície. As células T desenvolvem-se de células migradas para o timo, onde se diferenciam em células T maduras durante a passagem do córtex para a medula do timo. Durante o processo, as células T autorreativas são deletadas (seleção negativa), ao passo que as células T com alguma especificidade para moléculas de antígenos leucocitários humanos (HLA) são selecionadas (seleção positiva). As células auxiliares (linfócitos helper) maduras expressam CD4, e as citotóxicas, CD8. CIRCULAÇÃO DE LINFÓCITOS Os linfócitos no sangue periférico migram pelas vênulas pós-capilares para a substância dos linfonodos ou para o baço ou a medula óssea. As células T alojam-se nas zonas perifoliculares das regiões corticais dos linfonodos (regiões paracorticais) e nas bainhas periarteriolares que circundam as arteríolas centrais do baço. Células B acumulam-se seletivamente nos folículos dos linfonodos e do baço. Os linfócitos voltam para o sangue periférico via corrente linfática eferente e ducto torácico. LINFOCITOSE Linfocitose é comum em lactentes e em crianças jovens em resposta a infecções que produzem reação neutrófila nos adultos. LINFOPENIA Pode ocorrer linfopenia em insuficiência grave da medula óssea, com tratamento com corticosteroides ou outros imunodepressores, no linfoma de Hodgkin avançado e após irradiação sistêmica. Também ocorre durante tratamento com alentuzumabe (anti-CD52) e em várias síndromes de imunodeficiência, das quais a mais importante é a infecção por HIV. PLAQUETAS A resposta hemostática normal ao dano vascular depende da interação íntima entre a parede vascular, as plaquetas circulantes e os fatores de coagulação do sangue. Um mecanismo eficiente e rápido para estancar o sangramento em locais de lesão vascular é essencial à sobrevivência. No entanto, essa resposta precisa ser estritamente controlada para evitar o desenvolvimento de coágulos extensos e os desfazer após a reparação do dano. Desse modo, o sistema hemostático é um equilíbrio entre mecanismos pró-coagulantes e anticoagulantes, aliado a um processo de fibrinólise. Os cinco principais componentes envolvidos são plaquetas, fatores de coagulação, inibidores da coagulação, fatores fibrinolíticos e vasos sanguíneos. PRODUÇÃO DE PLAQUETAS As plaquetas são produzidas na medula óssea por fragmentação do citoplasma dos megacariócitos, uma das maiores células do organismo. O precursor do megacariócito – o megacarioblasto – surge por um processo de diferenciação da célula-tronco hematopoética. As plaquetassão libertadas através do endotélio dos nichos vasculares da medula onde os megacariócitos residem. O intervalo entre a diferenciação da célula-tronco humana e a produção de plaquetas é de 10 dias, em média. A trombopoetina (TPO) é o principal regulador da produção de plaquetas e 95% é produzida pelo fígado, aproximadamente 50% dela constitutivamente, de modo que o nível plasmático depende de sua remoção por ligação a receptores c-MPL nas plaquetas e nos magacariócitos. Assim, os níveis são altos na trombocitopenia resultante de aplasia da medula, mas baixos em pacientes com trombocitose. Os outros 50% são regulados em resposta à destruição plaquetária. O valor de referência para a contagem de plaquetas é de 250 × 10^3/mL (limites 150-400 × 103/mL) e a sobrevida plaquetária normal é de 9 a 10 dias. Até um terço das plaquetas liberadas da medula podem ser retidas em qualquer momento no baço normal, mas a retenção pode chegar a 90% em casos de grande esplenomegalia. ESTRUTURA DA PLAQUETA As plaquetas são muito pequenas e discoides. As glicoproteínas do revestimento da superfície são particularmente importantes nas reações de adesão e agregação de plaquetas, que são os eventos iniciais que levam à formação do tampão plaquetário durante a hemostasia. A adesão ao colágeno é facilitada pela glicoproteína Ia (GPIa). As glicoproteínas Ib e IIb/IIIa – também designadas αIIb e b3 (defeituosas na trombastenia de Glanzmann) – são importantes na ligação de plaquetas ao fator von Willebrand (VWF) e, em seguida, ao subendotélio vascular. O sítio de ligação de IIb/IIIa também é o receptor de fibrinogênio, importante na agregação plaqueta-plaqueta. A membrana plasmática invagina-se na plaqueta para formar um sistema de membrana aberto (canalicular) que constitui uma grande superfície reativa, na qual podem ser seletivamente absorvidas as proteínas plasmáticas da coagulação. Os fosfolipídios na membrana (antes conhecidos como fator plaquetário 3) têm importância particular na conversão do fator X da coagulação em Xa (X ativado) e da protrombina (fator II) em trombina (fator IIa). As plaquetas contêm 3 tipos de grânulos de armazenamento. Os grânulos específicos α, mais numerosos, contêm fatores de coagulação, VWF, fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), β-tromboglobulina, fibrinogênio e outras proteínas. Os grânulos densos, menos numerosos, contêm difosfato de adenosina (ADP), trifosfato de adenosina (ATP), serotonina e cálcio. Os lisossomos contêm enzimas hidrolíticas. As plaquetas também são ricas em proteínas sinalizadoras e proteínas do citoesqueleto, que suportam a rápida modificação de quiescentes para ativadas, que segue qualquer dano vascular. Durante a reação de liberação, o conteúdo dos grânulos é liberado para dentro do sistema canalicular aberto. ANTÍGENOS PLAQUETÁRIOS Várias proteínas da superfície das plaquetas são antígenos importantes na autoimunidade plaqueta-específica – costumam ser designados antígenos plaquetários humanos (HPA). Na maioria dos casos, há dois alelos diferentes, chamados a ou b (p. ex., HPA-1a). As plaquetas também expressam antígenos ABO e antígenos leucocitários humanos (HLA) classe I, não classe II. FUNÇÃO DAS PLAQUETAS Formação do tampão mecânico durante a resposta hemostática normal à lesão vascular. Na ausência de plaquetas, costuma ocorrer vazamento espontâneo de sangue de pequenos vasos. A função plaquetária pode dividir-se em reações de adesão, agregação, liberação e amplificação. A imobilização das plaquetas nos sítios de lesão vascular requer interações específicas plaqueta-parede vascular (adesão) e plaqueta-plaqueta (agregação), ambas parcialmente mediadas pelo VWF. ERITROGRAMA: 1) CONTAGEM DE HEMÁCIAS: Oligocitemia: valores inferiores aos VR. (anemias) Poliglobulia: valores superiores aos VR. (neoplasias mieloproliferativas; desidratação grave). 2) DOSAGEM DE HEMOGLOBINA (Hb): Diminuição → anemias. Elevação → grandes altitudes, baixa pressão de oxigênio, doença pulmonar ou cardíaca avançadas, neoplasias mieloproliferativas. 3) HEMATÓCRITO (Ht): Corresponde à concentração de eritrócitos numa certa quantidade de sangue total. Correlaciona-se melhor que a contagem de eritrócitos com a viscosidade sanguínea sendo, portanto, o parâmetro mais utilizado para avaliar alterações volêmicas. 4) VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO (VCM): Valor médio do volume dos eritrócitos. VCM = Ht / nº de eritrócitos nesse volume MACROCITOSE: acima do VR. MICROCITOSE: abaixo do VR. 5) HISTOGRAMA E RDW: São um subproduto do VCM individual e são indispensáveis na avaliação da heterogeneidade volumétrica dos eritrócitos. RDW (Red Blood Cell Distribution Width = amplitude de distribuição dos eritrócitos) → coeficiente de variação do histograma (as medidas individuais do VCM de cada eritrócito organizadas em forma de curva). O VCM pode ser obtido da média aritmética dos valores contidos nesta curva. Quando a curva se situa mais à esquerda ou à direita, na abscissa, denota micro ou macrocitose respectivamente. ANISOCITOSE: Valor de RDW alto → excessiva heterogeneidade volumétrica dos eritrócitos. 6) HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA (HCM): Quantidade média de hemoglobina que existe dentro de uma hemácia. É calculada pelo computador dividindo-se a dosagem de hemoglobina pelo número de eritrócitos presentes em um mesmo volume de sangue. 7) CONCENTRAÇÃO HEMOGLOBÍNICA CORPUSCULAR MÉDIA (CHCM): Concentração média de hemoglobina nos eritrócitos. É calculada pela média da quantidade de hemoglobina (HCM) dividida pelo volume médio dos eritrócitos (VCM). A medida do CHCM gera uma curva contendo a distribuição dos valores, ou seja, um histograma do CHCM, do qual podemos extrair o desvio- padrão denominado HDW (variação de coloração celular ou quantidade de hemoglobina por célula). HIPERCROMIA → HDW aumentado (Esferocitose, Coma hiperosmolar, Hemoglobinopatias) HIPOCROMIA → HDW diminuído (Anemia ferropriva). As causas mais frequentes de leucocitose são as infecções. De modo geral, as infecções bacterianas cursam com neutrofilia acentuada, com aumento tanto de segmentados quanto de bastonetes, assim como o desaparecimento de eosinófilos circulantes. Nesses casos podem ser encontradas células jovens na circulação, as quais estão
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