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Consultoria 4 – Anticoagulantes, antiplaquetários e fibrinolíticos Anticoagulantes São amplamente utilizados no tratamento de doenças tromboembolícas venosas. Há ampla variedade de fármacos ativos pelas vias oral e parenteral Ação direta ou indireta em um ponto específico ou em múltiplos pontos da cascata de coagulação. ANTICOAGULANTE PARENTERAIS INDIRETOS HEPARINA NÃO FRACIONADA • Mucopolissacarídeo não fracionado ácido • Inibidor da coagulação do sangue, pois potencializa a atividade da anti-trombina • Potencializa a formação de complexos entre anti-trombina e os fatores de coagulação serina-protease ativados, trombina (IIa) e fatores IXa, Xa e XIa • A formação de complexos inativa irreversivelmente esses fatores • Interfere na função plaquetária (maior chance de gerar HIT) • Não é absorvida pelo TGI → administrada por via injetável. • Osteoporose mais frequente • Profilática: 2-3x ao dia • Anticoagulação plena em TVA: intravenosa contínua HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR • Maior capacidade de inibir o fator Xa do que de inibir trombina (IIa). • Interagem menos com as plaquetas em comparação com a HNF, de modo que tem tendência menor de causar HIT e sangramento. • Biodisponibilidade maior e meia-vida mais longa no plasma → administração 1x por dia. OBS.: Em crianças só pode usar heparina de baixo peso molecular, pois a HNF aumenta o risco de sangramento do SNC. INDICAÇÕES DAS HEPARINAS HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR: • Tratamento de TVP, TEP, angina instável. • Profilaxia de TEV (tromboembolismo venoso) e é o fármaco de escolha em mulheres que necessitam de anticoagulação na gravidez, pois não atravessa a barreira placentária. • *O tratamento de TEP grava também envolve trombólise HEPARINA NÃO FRACIONADA: • Durante cirurgia com derivação cardiopulmonar, para manutenção de permeabilidade de linhas venosas (ECMO e hemodiálise) e em alguns casos de CIVD, se as manifestações forem predominantemente vasoclusivas. Administração e controle: HNF: Infusão intravenosa contínua permite controle mais fino do tratamento e é o tratamento de escolha sempre que possa haver necessidade de rápida reversão da anticoagulação com sulfatos de protamina – pacientes cirúrgicos e em gestação a termo (quadros graves). Tratamento é controlado pela manutenção do TTPA em 1,5 a 2,5 VR. É comum iniciar o tratamento com varfarina (demora 3 dias para efeito anticoagulante) dois dias depois do início de administração de heparina e suspender a heparina quando o INR já estiver acima de 2 em dois dias consecutivos. HBPM: Injeção subcutânea (alguns casos, EV) e tem meia-vida mais longa do que a HNF, podendo ser administrada uma vez por dia em profilaxia, ou uma ou duas vezes por dia para tratamento. Tem uma relação dose/resposta mais previsível que a HNF, dispensando monitorização laboratorial → A dosagem de anti-Xa 4 horas após a injeção permite melhor ajuste de doses pacientes selecionados. Anticoagulante de escolha para tratamento de TEV e de angina instável. Também o anticoagulante preferido no tratamento de TVP em câncer (pct utiliza muitas quimioterapias e antibióticos, é melhor para ser dosado e evitar complicações) e na gestação. Sangramento durante tratamento com heparina: • Pode haver sangramento por anticoagulação excessiva e prolongada ou por efeito funcional antiplaquetas da HNF. • A HNF venosa tem meia-vida < 1 hora → basta suspender a infusão para cessar o efeito. • A protamina é capaz de inativas a heparina imediatamente, e é realizada em sangramento grave, geralmente não precisa em casos leves. *A própria protamina age como anticoagulante quando administrada em excesso. Trombocitopenia induzida por heparina (HIT): HIT tipo 1 → Pequena baixa na contagem de plaquetas nas primeiras 24h do tratamento com heparina, como resultado de agregação de plaquetas → Não tem significado clínico. HIT tipo 2 → Ocorre em até 5% dos pacientes tratados com HNF e paradoxalmente é causa de trombose. Em geral, apresenta-se com queda de mais de 50% da contagem de plaquetas, cinco ou mais dias após o início do tratamento com heparina. O tratamento com heparina deve ser imediatamente suspenso e substituído por fondaparinux. O tratamento com varfarina deve ser adiado até a normalização da contagem de plaquetas. Osteoporose: • Ocorre em tratamento a longo prazo (mais de dois meses) com heparina, sobretudo na gravidez. • O fármaco forma complexos com minerais do osso, porém a patogênese exata é desconhecida. • É mais rara com a HBPM. ANTICOAGULANTES PARENTERAIS DE AÇÃO DIRETA FONDAPARINUX: • Análogo sintético da heparina, que se liga à anti-trombina, é um inibidor do fator Xa. • Administrado por via subcutânea. • Tem meia-vida plasmática de 17 horas e, como os inibidores orais do fator Xa, não requer monitoração laboratorial, exceto em obesos e pacientes com insuficiência renal e em crianças. BIVALIRUDINA Usada como alternativa à heparina em pacientes no transoperatório de intervenção coronárias percutânea (cateterismo). ARGATROBANA Pequena molécula inibidora direta da trombina, usada por infusão intravenosa contínua, é usada no tratamento de pacientes com HIT. ANTICOAGULANTES ORAIS VARFARINA • Cumarínicos são antagonistas da vitamina K, de modo que o tratamento resulta em diminuição da atividade biológica da atividade biológica dos fatores dependentes de vitamina K (II, VII, IX e X)*** • As proteínas presentes, não funcionais, são chamadas de PIVKA (os fatores). A conversão de fatores PIVKA em suas formas biologicamente ativas é um evento pós- translacional, envolvendo a carboxilação de resíduos de ácido glutâmico na região N- terminal. • O ácido glutâmico gama carboxilado liga íons cálcio, induzindo uma alteração reversível de forma nos N-terminais das proteínas dependentes de vitamina K. • Isso expõe resíduos hidrofóbicos que se ligam a fosfolipídeo. • No processo de carboxilação, a vitamina K é convertida em epóxido de vitamina K, o qual é reciclado à forma reduzida por uma redutase. • A varfarina interfere na ação da redutase do epóxido da vitamina K, levando à sua deficiência funcional. • Depois da administração de cumarínicos, os níveis de fator VII caem consideravelmente em 24 horas, mas a protrombina (fator II), que tem meia-vida plasmática mais longa, baixa somente até 50% do normal em 3 dias → o paciente estará totalmente anticoagulado somente após esse período.*** Princípios da anticoagulação com AVK: • Início com 5 mg nos dias 1, 2 e 3. Após, a dose dever ser ajustada conforme o TP e o INR. • INR: Relação entre o TP (tempo de protrombina) do paciente e um TP médio normal corrigido para a “sensibilidade” da tromboplastina em uso. Duração da anticoagulação: • Manter a varfarina por 3 a 6 meses em caso de TVP estabelecida e de enxertos valvulares cardíacos. • Tratamento perene é administrado em casos de tromboses venosas recidivantes, complicações embólicas de cardiopatia reumática, fibrilação atrial, próteses valvares e enxertos arteriais, trombofilias e em pacientes SAAF. Interações de fármacos: • 97% da varfarina circula ligada à albumina e uma pequena fração fica livre e pode entrar nas células parenquimatosas do fígado, que é a fração ativa (muito pouco). • Após degradação a metabólito inativo solúvel em água, é excretado na bile, sendo parcialmente reabsorvido para ser também excretado na urina. • Os fármacos que afetam a ligação com albumina ou a excreção de varfarina e os que diminuem a absorção de vitamina K interferem no controle do tratamento. Controle de superdosagem: A meia vida longa (40 horas) retarda o impacto total das mudanças dedose para 4 ou 5 dias (demora para ajustar INR). Ponte de anticoagulação: • Cirurgias menores, como extrações dentárias, a anticoagulação pode ser mantida e podem ser feitos bochechos com ácido tranexâmico. • Cirurgias maiores, que necessitem de hemostasia normal, para a varfarina por 5 dias (INR < 1,5) e reiniciar precocemente após a cirurgia, assim que a hemostasia estiver completa. *Como há demora de vários dias até que a anticoagulação seja restabelecida, deve-se fazer a profilaxia pós-operatório com HBPM em pacientes sob risco de trombose de origem hospitalar até que a anticoagulação com varfarina volte ao nível apropriado. ANTICOAGULANTES ORAIS DE AÇÃO DIRETA: Novos inibidores de proteínas de coagulação, ativos por via oral, oferecem qualidades superiores às dos AVKs: • Relações dose-resposta previsíveis • Monitorização rotineira desnecessária • Diminuição da necessidade de reajuste de dose • Ausência de interação com alimentos • Menos interação com outros fármacos. ** Dabigatrana • Inibidor oral da trombina (IIa) com meia-vida curta • Prevenção de embolismo em paciente com FA (fibrilação atrial) • Alimentos não interferem na absorção, AAS e AINES devem ser evitados • 10% dos pacientes sentem indigestão, que pode ser tratada com IBP (omeprazol) • Contraindicada em pacientes CrCl < 30 ml/min (clearance de creatina) Rivaroxabana e apixabana • Inibidores de fator Xa • Prevenção de embolismo em pacientes com FA e no tratamento de TEV • Não há interação com alimentos • Contra-indicados com CrCL < 15 a 30 ml/min SÍNDROME PÓS-TROMBÓTICA: • Trombos que persistem destroem as valvas venosas e prejudicam retorno venoso → hipertensão venosa responsável por acúmulo de líquido no espaço extravascular, com edema e, a longo prazo, atrofia da pele e pigmentação melânica. • Em casos graves, há ulceração cutânea • Há prurido e o paciente sente a perna pesada e dolorosa, principalmente quando em pé FIBRINOLÍTICOS • Dois agentes fibrinolíticos, estreptoquinase e ativador de plasminogênio tecidual recombinante (alteplase)* são os mais frequentemente usados para lidar trombos recentes. • Podem ser administrados por via EV sistêmica em pacientes com IAM, TEP grave com descompensação hemodinâmica e AVCi, ou com administração local em pacientes com oclusão periférica aguda. • A administração foi simplificada pela introdução de regimes padronizados de dosagem. • A terapia tem máxima eficácia se for iniciada nas primeiras 6 horas do início dos sintomas, mas mantém certa eficácia se iniciada em até 24 horas. • O uso de exames laboratoriais para monitorização e controle de tratamento trombolíticos a curto prazo é desnecessário. • O ativador de plasminogênio tecidual recombinante tem afinidade particularmente alta por fibrina, o que permite lise do trombo com menos ativação sistêmica de fibrinólise. ANTIPLAQUETÁRIOS AAS • Inibe irreversivelmente a cicloxigenase da plaqueta, diminuindo a produção de tromboxano A2. • A ação persiste por toda a sobrevida da plaqueta(7-10 dias). • O tratamento com baixa dose tem menor risco de causar sangramento gastrointestinal. Esta indicado em pacientes com histórico de DAC (doença arterial coronariana) e AVCi. • Utilizado combinado com clopidogrel após stent coronário ou angioplastia. • Utilizado como prevenção de TEV em pacientes com trombocitose e tem ação provável na diminuição desse risco em pacientes com plaquetas em número normal. • É contraindicado em pacientes com sangramento gastrointestinal ou urogenital, sangramento na retina, úlcera péptica, hemofilia e demais coagulopatias genéticas e hipertensão incontrolável. Clopidogrel • Antagonista do receptor plaquetário de ADP inibe a agregação plaquetária dependente de ADP • Ativado por citocromo P450 no fígado e, em algumas pessoas, essa ativação é reduzida, de modo a tornar o fármaco ineficaz • Dose oral de 75 mg/dia para prevenção de eventos isquemicos em pacientes com AVCi, infarto do miocárdio e doença vascular periférica • Utilizado após stent ou angioplastia em pacientes intolerantes ou alérgicos ao AAS *Prasugrel tem a mesma ação e é mais ativo, porém tem maior risco de sangramento Ticagrelor • Inibe a agregação plaquetária em um sítio diferente. • Não requer ativação hepática e é um inibidor alostérico reversível, o que é uma vantagem no caso de haver sangramento ou se houver necessidade de cirurgia urgente. • Como deve ser usado duas vezes ao dia, há diminuição da adesão ao tratamento. Dipiridamol (procedimentos cardiovasculares) • Inibidor da fosfodiesterase que supostamente aumenta os níveis de monofosfato cíclicos de adenosina nas plaquetas circulantes, diminuindo sua sensibilidade aos estímulos de ativação • Diminui complicações tromboembólicas em pacientes com próteses de válvulas cardíacas e melhora os resultados da cirurgia de derivação coronária *Rafael nunca viu Inibidores das glicoproteinas IIb/IIIa (cateterismo) • Abciximabe, eptifibatide, tirofabana. • São anticorpos monoclonais que inibem o receptor GPIIb/IIIa das plaquetas. • São utilizados com heparina, AAS e clopidogrel na prevenção de complicações isquêmicas em pacientes de alto risco, durante o ato cirúrgico de angioplastia coronária percutânea transluminal. • Por serem antigênicos, só podem ser usados uma vez. *Rafael nunca viu PCI: angioplastia
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