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CLÍNICA MÉDICA E SUAS ESPECIALIDADES quinta-feira, 12 de agosto de 2021 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) · Grave problema de saúde pública - Terapia de substituição renal TSR (diálise + transplante renal), alta predisposição de doença cardiovascular (DCV) - Quando o rim deixa de realizar a maior parte das suas funções, o estado clínico é denominado doença renal em estágio terminal (DRET) e a diálise ou o transplante são necessários para a manutenção da vida · Principais causas de DRC HAS, DM e Glomerulopatias · Alta prevalência e incidência Comment by Karoline Barbosa da Silva: Número de pacientes diagnosticados · Alta mortalidade - DCV e infecções DEFINIÇÃO: De acordo com a escala KDIGO, DRC corresponde a redução da função renal (TGF < 60mL/min) e/ou presença de anormalidade na estrutura renal presentes por 3 meses ou mais, com implicação para saúde. Doença progressiva e irreversível. Comment by Karoline Barbosa da Silva: Medida pelo clerance de creatinina Marcadores de anormalidade estrutural · Albuminúria > 30mg/24h · Sedimento urinário alterado (leucocitúria e hematúria por mais de 3 meses, presença de cilindro e cristais) · Distúrbios eletrolíticos (alteração tubular) · Histologia alterada · Transplante renal · Alteração da imagem (rim único, rins poliísticos, rins em ferradura) Causas de DRC no Brasil Risco de piorar a função renal e riscos cardiovasculares precisam ser analisados e por isso, utiliza-se da escala KDIGO com intuito de classificar e estadiar as fases da DRC. Nesse estadiamento avalia-se a TFG por meio da análise de marcadores como a depuração de creatinina em 24hrs e ureia sérica medidas pela urina e essa análise também se dá por meio da albuminuria Estágios Duas avaliações de comprometimento da função renal são necessárias: a TFGe e o grau de albuminúria. A TFGe é calculada com base no nível sérico de creatinina ou no nível sérico do inibidor da protease cistatina C, juntamente com a idade, o peso corporal, o gênero e a raça. Fatores de risco Com a idade, HAS e Diabetes Melittus temos a perda de néfrons funcionantes. Doenças urológicas como litíase e Hiperplasia prostática benigna podem ter repercussões para o trato urinário superior e, a longo prazo, cursar com DRC. Doenças sistêmicas autoimunes como Lúpus e Esclerodermia tem maior chance de DRC por imunocomplexos. Outros fatores incluem: tabagismo, obesidade, síndorme metabólica e drogas nefrotóxicas, além de história familiar de DRC. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA · Doença Renal do Diabetes (hiper filtração devido a glicosuria que sobrecarrega o néfron, esse, por sua vez, sofre alterações como o espessamento de membrana basal) · Nefropatia Hipertensiva · Glomeruloescleroses · Doença policística · Insulto predispõe a perda irreversível dos néfrons néfrons remanescentes utilizam a sua reserva renal, utilizando todo o seu potencial de filtração que eles têm aumento de pressão e fluxo glomerular dos néfrons remanescentes proteinúria fibrose renal (estágio 5). Funções dos Rins · Filtro · Excreção dos metabólitos () · Equilíbrio hídrico · Equilíbrio eletrolítico · Equilíbrio acido-básico · Regulação da pressão arterial · Função endócrina - Eritropoetina responsável pela estimulação a medula óssea para produzir a série vermelha - Vitamina D ativa (calcitriol) importante para a relação entre o cálcio e o fósforo. Consequências da perda de função renal - Em uma condição crônica, como doenças metabólicas, o rim desenvolve e passa por adaptações com o intuito de se “acostumar e tentar prevenir danos maiores” PATOGÊNESE DAS NEFROPATIAS PROGRESSIVAS - Distúrbio hemodinâmico: distúrbios metabólicos como a DM que causam uma hiper filtração de proteínas; Progressão da doença renal crônica Mecanismos de adaptação do néfron à IRC · Filtração glomerular · Sódio · Água · Potássio · Equilíbrio ácido-base · Cálcio e fósforo Em condições normais o rim pode filtrar em média 170L/dia. Na DRC, os néfrons, em sua maioria já se encontram esclerosados, fazendo com que o rim filtre menos e dobre a atividade dos néfrons. - ao realizar uma vasoconstrição na arteríola eferente, aumenta a TFG; esse desequilíbrio aumenta a pressão intracapilar também originando o mecanismo de hiperfiltração, mas o tradeoff do aumento da TFG é a lesão dos capilares glomerulares. - ao ter uma vasoconstrição na arteríola aferente, diminui a TFG; Preço a pagar pela manutenção do balanço de sódio · Expansão de volume extracelular · Edema (overflow) · Hipertensão - A hipertensão, nesse caso, é resultado da retenção de Na+ devido a dificuldade renal de realizar o balanço do sal, gerando o edema (overflow) pela dificuldade de eliminação do excesso de líquido. O mecanismo faz com que haja esse acúmulo de sal nos rins, devido a uma necessidade de manter a concentração correta de sódio no sangue, uma vez que, na corrente sanguínea, não pode ter esse acúmulo de sal podendo causar um estado de hipernatremia e posterior evolução para óbito. DEFEITO DE CONCENTRAÇÃO Quando o rim tem algum defeito, a primeira coisa que é atingida e modificada é a concentração dos fluidos. Na DRC, a capacidade de diluir a urina é limitada pelo baixo ritmo de filtração glomerular (RFG) total, além disso a capacidade de concentrar a urina também fica limitada devido o alto RFG por néfron remanescente. Preço a pagar pela manutenção do balanço de água: · Inflexibilidade no processo renal de água: - Falta: Desidratação hipertônica - Excesso: Intoxicação hídrica hiponatremia (retenção de água e diluição de sódio no sangue) - A maior parte do potássio é metabolizado, em sua maioria, no túbulo contorcido proximal. Normalmente a fração de excreção de potássio gira e torno de 7%; - Na IRC, a fração de potássio passa para 70%. Cada néfron remanescente tem que trabalhar 10X mais. Preço a pagar pela manutenção do balanço de potássio na IRC · Inflexibilidade no processamento do potássio. · Agravamento da hipercalemia com: - Retentores de K - Inibidores da ECA - Bloqueadores do receptor da angiotensina II · Esses dois acima, inibem a liberação de aldosterona que é responsável pela retenção de Na+ e excreção de K+ - Em estágios avançados (fase 5) - Hiperpotassemia persistente - Os rins possuem 2 formas de aumentar o pH através da eliminação de ácido: excreção de ácidos tituláveis + excreção de NH4+. O que leva a acidemia em pacientes renais crônicos é devido a perda da capacidade de excreção de NH4+ - A vitamina D oriunda da alimentação e da luz solar é ativada pelos rins, passando a ser chamada de calcitriol, esse estimula os rins a absorver cálcio intestinal. Quando os rins estão comprometidos, a produção de calcitriol é diminuída e, consequentemente, ocorre uma diminuição da concentração de cálcio no sangue. Essa diminuição de cálcio estimula as paratireoides a produzirem PTH (paratormônio), esse PTH age nos ossos promovendo o aumento da reabsorção de cálcio e a liberação de fosfato de cálcio e nos rins promovendo a ativação de vitamina D, nos túbulos para aumento de reabsorção de cálcio e aumenta a excreção de fosfato devido a alta concentração sérica. - Contudo, chega a um ponto que a glândula funciona de forma automática e produz PTH de forma excessiva resultando o hiperpatireoidismo secundário. Nesse estágio, a paciente passa a ter hipercalcemia. Comment by Karoline Barbosa da Silva: Hipótese de Tradeoff é a adaptação que o estimula. Calcio baixo, PTH alto e fosfato de cálcio alto PATOLOGIA - A ultrassonografia renal auxilia no diagnostico dessa doença crônica, sendo que podemos ver o aumento da ecogenicidade e tamanho reduzido dos órgãos evidencia a DRC. Lesão renal: proteinúria importante. DIAGNÓSTICO DE DRC · Suspeita clínica · Determinação da função renal (utilizar o clerance de creatinina) · Marcadores laboratoriais - Sedimento urinário (células, cilindros e cristais) - Proteinúria de 24 horas (microalbuminúria) · Ultrassom renal · Biópsia??? normalmente não se faz biópsia. Creatinina vs RFG Dependendo da concentração da taxa de creatinina, sexo e idade,o clerance de creatinina modifica. Há uma diferença entre mulheres e homens devido a quantidade de massa muscular que o homem possui mais. Com esses marcadores define a RFG. Manifestações Clínicas Infelizmente, a perda progressiva da função renal não produz sinais nem sintomas clinicamente evidentes. Os achados que devem levantar a possibilidade de DRC incluem hipertensão, anormalidades urinárias, tais como hematúria ou infecções urinárias repetidas, e edema. · Gerais: - Náuseas, vômitos, anorexia, emagrecimento, astenia · Distúrbios hidroeletrolíticos - hiponatremia, hipercalemia. Acidose metabólica · Distúrbios Hematológicos - Anemia deficiência de eritropoetina - Sangramento - infecções · Distúrbios Gastrointestinais - Anorexia, náusea, vômito, hálito urêmico, esofagite, gastrite, úlcera péptica · Distúrbios Cardiovasculares - HAS/HVE, ICC, coronariopatia - edema agudo de pulmão - pericardite urêmica Todo paciente com DRC, tem alto risco para evoluir a problemas cardiovasculares e infecciosos Consequências da doença renal crônica MANIFESTAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS DA HIPERPOTASSEMIA (FASES AVANÇADAS DA IRC) Ondas T altas e pontiagudas Depressão do segmento ST Prolongamento do intervalo PR Alargamento do complexo QRS Fibrilação ventricular - As alterações na ECG acima se dão devido a hiperpotassemia · Distúrbios Neurológicos - alterações do sono, irritabilidade, convulsões, coma urêmico · Distúrbios Dermatológicos - Palidez, prurido Doença óssea na DRC - Osteodistrofia renal – termo somente para biópsia · Quadro Clínico e laboratorial - Dor óssea, fraturas, deformidades - Ca baixo, P alto, PTH alto, Fosfatase Alcalina elevada · Quadro Radiológico · Hiperparatiroidismo secundário: reabsorção óssea reabsorção subperiostal falanges médias mãos lesão em “sal e pimenta” crânio Calcificação metastática Típico de hiperparatireoidismo secundário. Mais típico na falange média; EXAMES LABORATORATÓRIO · Ureia / creatinina/ Na/K/ Ca/P Na baixo, K alto, Ca baixo, P alto · Hemograma completo · US rins · Clearance de creatinina EXAMES DE IMAGEM - Parte mais preta: córtex do rim. Part mais branca internamente: medula renal Transplante preemptivo: o paciente não passa pela diálise A avaliação inicial deve incluir o exame ecográfico dos rins e bexiga para garantir que não há obstrução do fluxo da urina ou evidência de doença renal policística. Os rins aumentados sugerem que a DRC se deve ao diabetes, à nefropatia associada ao HIV , a doenças infiltrativas (p. ex., amiloidose; ou à doença renal policística. Rins pequenos, especialmente com córtex renal reduzido, sugerem doença glomerular ou intersticial crônica. Se o tamanho dos dois rins diferir de modo substancial, a estenose da artéria renal do rim menor deve ser considerada, principalmente em pacientes hipertensos. TRATAMENTO CONSERVADOR É todo tratamento clínico antes mesmo do paciente entrar em fase de transplante Tratamento da HA e da proteinúria - IECA / BRA1: pressão intraglomerular e proteinúria Dieta - Restrição de proteína dieta hipoproteica (0,8 g/kg/dia): ↓ progressão e sintomas urêmicos - Restrição de Na+, K+ e P Outros - corrigir acidose metabólica - controle hiperglicemia - controle da dislipidemia - tratamento da hiperuricemia - evitar fatores nefrotóxicos Tratamento da anemia Reposição de ferro e eritropoietina DRC – Tratamento da osteodistrofia - Quelante de P: CaCo3, Sevelamer - Vitamina D - Paratireoidectomia INDICAÇÕES DIALÍTICAS ABSOLUTAS · Pericardite · edema agudo de pulmão · encefalopatia e/ou neuropatia urêmica avançada · sangramento clinicamente significante · hipertensão severa não responsiva ao tratamento · náusea e vômito persistentes · hipercalemia/acidose refratárias MÉTODOS DE TERAPIA SUBSTITUTIVA RENAL · Diálise - Hemodiálise - Diálise peritoneal · Transplante inter-vivos (doador vivo relacionado não relacionado), falecido Fístula Arterio-Venosa TRATAMENTO DA DRC
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