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1 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto CONCEITO Doença Renal Crônica é quando se tem uma diminuição da taxa de filtração glomerular: TFG < 60ml/min/1,73m2 por pelo menos 3 meses TFG ≥ 60ml/min/1,73m2 com evidência de dano renal parenquimatoso ou alteração no exame de imagem Os danos renais são: Albuminúria > 30mg/24h ou relação albumina/creatinina urinária > 30mg/g Hematúria de origem glomerular Distúrbios eletrolíticos e ácido-base de origem tubular Anormalidades histopatológicas Anormalidades em exames de imagem: o Hidronefrose o Rins policísticos o Cicatrizes corticais o Perda da diferenciação cortico-medular Transplantados renais Doença renal crônica x Insuficiência renal crônica x Lesão renal aguda Insuficiência renal crônica é quando o paciente já tem uma perda da função renal (praticamente pré-dialítico ou dialítico) Doença renal crônica Ex: um paciente com uma TFG=52 e se encontra bem, compensado. Porém, na DRC não há recuperação da função renal de base (paciente perde o seu parênquima renal e não há como recuperar). Ocorre, por exemplo, em pacientes hipertensos, diabéticos ou com glomerulopatias Lesão renal aguda pode-se ter a piora da função renal e ter, posteriormente, a recuperação dessa função renal basal Não há regeneração do parênquima renal, onde a perda de néfrons é irreversível A depender da doença, o paciente pode evoluir para uma Doença Renal Crônica Terminal (DRCT) em cerca de 3 a 20 anos Pacientes com glomerulopatias podem evoluir mais rapidamente Pacientes com HAS ou DM bem controlado talvez nunca evolua Quando há a perda dos glomérulos terá a fibrose glomerular e intersticial, havendo uma degeneração e atrofia tubular Síndrome Urêmica quando o paciente tem uma síndrome urêmica deve-se fazer logo a terapia renal substitutiva (TRS) – Diálise EPIDEMIOLOGIA Trata-se de um problema de saúde pública mundial De acordo com os dados do NHANES (2013) 13% da população dos EUA apresenta algum grau de perda de função renal É subestimado no Brasil muitas vezes não se faz a investigação para saber se o paciente é doente renal crônico Prevalência de pacientes em hemodiálise no Brasil quase suplicou na última década Ao passar dos anos a prevalência, a incidência e a letalidade vão aumentando Estimativa do problema é crescente. Quanto mais tempo o paciente fica vivo com alguma doença crônica (HAS, DM, Glomerulopatia, Doença urológica), mais fácil será para ele evoluir para uma doença renal crônica Faixa etária: É mais frequente em pacientes mais idosos do que em jovens e crianças Por região: No Sudeste é onde tem mais casos isso se deve tanto a essa área ter uma população maior, quanto a essas pessoas terem mais acesso aos sistemas de saúde Principais causas de DRC: Diabetes há 10 milhões de diabéticos no Brasil Hipertensão há 30 milhões de hipertensos no Brasil Doenças Cardiovasculares (IC, DAC, AVC) Custo das sessões de Diálise Peritoneal 45 - 55 mil reais/ano/paciente Por Etiologia no Brasil (do mais frequente para o menos frequente): 1. HAS 2. DM 3. Glomerulopatias 4. Rins policísticos Principais etiologias no EUA e restante do mundo: 1. DM (tipo 1 e tipo 2) 2. HAS 3. Glomerulopatias PACIENTES EM RISCO DE DESENVOLVER DRC Screening para DRC universal para saber se o paciente terá doença renal crônica Faz-se perguntas e exames Como se tem uma baixa incidência em adultos jovens e pacientes sem comorbidades geralmente não se investiga, pois os custos são elevados Os pacientes que tem risco são: Diabéticos Hipertensos Doenças autoimunes ITU de repetição LRA por qualquer motivo Nefrolitíase Obstruções do trato urinário História familiar de DRC existem doenças que tem genética familiar Idosos Obesos Raça negra Tabagista Etilista 2 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto Pacientes que fazem uso de AINES cronicamente DIAGNÓSTICO DA DRC TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR (TFG): Calcula-se para todos os pacientes que estão sob risco de desenvolver DRC Deve-se evitar o uso da depuração de creatinina medida através da coleta de urina de 24h TFG estimada faz-se pela MDRD simplificada ou pelo CKD- EPI (é mais novo) Cockcroft-Gault não é recomendado, pois é necessária a correção da superfície corpórea e há vieses na correlação com a TFG Dados que se utilizam para o cálculo: Idade Creatinina Sexo Depois que se calcula a TFG, deve-se pesquisar: PROTEINÚRIA: Sumário de urina se há cruzes de proteína, realizar: Proteinúria de 24h Relação Albumina/Creatinina urinária amostra isolada Microalbuminúria de 24h ou amostra isolada HEMATÚRIA GLOMERULAR: Sumário de urina se há hemácias no campo, para saber se é de origem tubular ou glomerular: Pesquisar dismorfismo eritrocitário ou cilindros hemáticos DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS OU HIDROELETROLÍTICOS: Gasometria Eletrólitos sanguíneos ALTERAÇÃO METABÓLICA URINÁRIA (Glicosúria, cistinúria): Bioquímica urinária e sanguínea Por exemplo, quando se quer saber: Síndrome de Fanconi Síndrome de Gitelman AVALIAÇÃO DE EXAME DE IMAGEM: Tomografia de abdômen total (litíase) ou neoplasia renal Ultrassom de rins e vias urinárias CLASSIFICAÇÃO Conforme a TFG (NICE-UK/KDOQI-US): DOENÇA RENAL CRÔNICA DEFINIÇÃO TFG (ml/min/1,73m2) 1 TFG normal ≥ 90 2 Leve diminuição da TFG 60 – 89 3A Diminuição leve a moderada da TFG 45 – 59 3B Diminuição moderada a grave da TFG 30 – 44 4 Severa diminuição da TFG 15 – 29 5 Doença renal em estágio final < 15 Classificação KDIGO: Além de saber o estágio (do 1 ao 5), deve-se saber se o paciente perde proteína na urina, pois quanto maior o grau de proteinúria pior será a evolução do paciente Quanto maior a proteinúria e quanto mais avançado o estágio, piora para o paciente. Ou seja, quanto menor a TFG e quanto maior a albuminúria MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Dependentes do estágio da DRC e da causa de base (e também se o paciente se cuida ou não) Estágios mais precoces (1 ao 3A) geralmente assintomático ou com sintomas relacionados à doença de base Estágios 3B, 4 e 5 início dos sintomas relacionados ao acúmulo de metabólitos nitrogenados, anemia, hiperfosfatemia, acidemia Só coloca o paciente em diálise se ele tiver algum sinal ou sintoma de uremia (a não de acordo com a TFG)! UREMIA: Acidose metabólica com Ânion Gap (AG) elevado Sistema Nervoso Central: Neuropatia periférica Encefalopatia: Flapping Torpor Convulsões tônico-clônicas Cardiovascular: Calcificações vasculares Hipertrofia do Ventrículo esquerdo todo paciente em diálise tem hipertrofia de VE Pericardite Trato gastrointestinal: Vômitos Soluços incoercíveis Náuseas Anorexia Hálito urêmico Íleo metabólico 3 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto Articulações: Amiloidose β2 microglobulina Artropatia por cristais Década de 1960: Não existia diálise e o transplante renal estava em seu início Os pacientes evoluíam para óbito (encefalopatia, tamponamento cardíaco, sangramento, Edema agudo de pulmão, hipercalemia refratária) Hoje em dia a sobrevida média em 5 anos é de 35% Podem viver por 20 – 30 anos em Terapia substitutiva renal (Hemodiálise, Diálise Peritoneal, Transplante) HÁ 2 TIPOS DE PERDAS NA DRC PERDA DA FUNÇÃO DE FILTRO: Vai-se diminuindo a TFG e aumentado o estágio da doença Quando há a perda dessa função começa-se a acumular substâncias endógenas tóxicas, que são excretadas na urina: Ureia (presente em todas as partes do corpo) 80% nitrogênio eliminado na urina A ureia só terá um efeito tóxico quandofor > 380 A uremia não se deve à ureia, deve-se aos compostos guanidínicos, aromático e aminas alifáticas. Usa-se a Ureia porque quando ela se eleva esses compostos também aumentam. E são esses compostos os responsáveis pelos sinais e sintomas da uremia Às vezes, pacientes com uma ureia de 100 são submetidos a diálise e outros com ureia de 220 não são, por exemplo. Isso é de caso para caso Compostos guanidínicos (Síndrome Urêmica) inibe a atividade plaquetária e causam alterações mentais (torpor, convulsão, coma) Compostos aromáticos (tem carga negativa) causam acidose metabólica com ânion gap aumentado P-cresol pior prognóstico Aminas alifáticas (hálito urêmico) penetram dentro das células Coloca-se o paciente em diálise quando há esses sinais e sintomas de uremia e quando vê-se que o tratamento conservador não está obtendo resultado PERDA DA FUNÇÃO ENDÓCRINA: PTH elevado (encefalopatia, anemia, prurido...) HPTS Osteodismorfia renal Eritropoetina diminuída anemia Calcitrol diminuído: Osteodistrofia renal distúrbio mineral ósseo miopatia urêmica Deficiência na produção de NH3 acidose metabólica Déficit na produção de óxido nítrico hipertensão arterial MANIFESTAÇÕES QUE RESPONDEM A DIÁLISE DESEQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO: Aumento da fração de excreção de sódio aumenta o peptídeo natriurético atrial e começa a inibir o SRAA, ocasionando um estado hipervolêmico Aumento da fração de excreção de potássio estimulada pela hipercalemia do paciente e pela aldosterona Aumento da excreção de K pelo cólon (10 – 40%) Perda da atividade enzimática da Na-K-ATPase DESEQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO: Catabolismo proteico acelerado produção de ácido sulfúrico, fosfórico, úrico, láctico e cetoácidos (por isso que se tem o hálito urêmico) Acidose metabólica hiperclorêmica para compensar a perda de bicarbonato (HCO3) Acidose metabólica com ânion gap aumentado retenção de SO4- Reposição de NaHCO3 se for < 20mEq/L Quando se faz a diálise, esses desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-básico são corrigidos MANIFESTAÇÕES GASTROINTESTINAIS: Anorexia é o primeiro sintoma a aparecer Náuseas Plenitude abdominal Vômitos Gastrite urêmica e gastroparesia urêmica Diarreia urêmica e íleo urêmico Hemorragia digestiva devido a angiodisplasia gastrointestinal MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS: Declínio cognitivo leve a moderado Parestesia nos pés Hiporreflexia do Aquileu Síndrome de disautonomia arritmias e hipotensões Encefalopatia urêmica aguda: Desorientação Letargia Confusão mental Surto psicótico Nistagmo Disartria Mioclonia espontânea Babinski bilateral Pode evoluir para convulsões e coma com óbito HIPERTENSÃO ARTERIA SISTÊMICA: Pode ser uma causa ou uma consequência da DRC, pois o paciente renal crônico será hipervolêmico Natriurese pressórica e SRAA Clearance de Creatinina < 10ml/min 80 – 90% hipertensão da síndrome urêmica Pacientes em diálise 80% são volume-dependentes, ou seja, não urinam mais e começam a acumular líquidos (retenção de sódio e água). Quando se faz a diálise, a hipertensão começa a baixar Porém, 20% dos pacientes são hipertensos por angiotensina II (vasoconstrição sistêmica) 4 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto Complicações cardiovasculares (são as principais causas de óbito): Hipertrofia de VE Cardiomiopatia dilatada Doença Coronariana A pressão arterial a ser alcançada com a diálise é: PA < 130 x 80mmHg Uso de anti-hipertensivos é dependente do estágio: 2 e 3 IECA ou BRA 4 diuréticos de alça (Furosemida) 5 diálise FISIOPATOLOGIA Paciente, por algum tipo de doença, começa a perder néfrons. Assim, os néfrons remanescentes irão suportar toda a carga, havendo o aumento do fluxo sanguíneo dentro do rim e um aumento da pressão hidrostática dentro dos capilares, levando a uma Hipertensão glomerular. Essa hipertensão dentro do glomérulo causa lesão endotelial, mesangial e de podócitos, levando à liberação de mediadores inflamatórios, e o paciente também terá proteinúria, pois ele perde essa função de barreira do glomérulo. Dessa forma, essa lesão somada à proteinúria leva à inflamação e os mediadores inflamatórios irão atacar os demais néfrons, causando a proliferação de fibroblastos, havendo o depósito de matriz extracelular e ocasionando fibrose que leva à maior perda de néfrons, continuando esse ciclo GRUPOS DE RISCO PARA DRC Diabéticos (tipo 1 ou 2) Hipertensos Idosos Portadores de obesidade (IMC > 30Kg/m2) Histórico de doença do aparelho circulatório: Doença coronariana Acidente vascular cerebral Doença vascular periférica Insuficiência cardíaca Histórico de DRC na família Tabagismo Uso de drogas nefrotóxicas (principalmente AINES) TRATAR E CONTROLAR OS FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS Glicemia Pressão arterial Perda de peso Dislipidemia Doença cardiovascular Evitar drogas nefrotóxicas Cessação do tabagismo TRATAMENTO Depende do estágio em que o paciente está Restrição de proteínas: 0,8g/Kg/dia para paciente com TFG < 30ml/min Controle da ingesta de sal: 2g de sódio por dia (= 5g de NaCl – sal de cozinha) Controle da Hipertensão arterial: Alvo pressórico < 130x80mmHg É recomendado o uso de IECA ou BRA (são nefroprotetores) tanto para reduzir os níveis pressóricos, quanto para diminuir o grau de proteinúria Controle da glicemia: Hemoglobina glicada < 7% COMPLICAÇÕES DA DRC Fatores modificáveis: HAS Edema DHE hipercalemia e hiponatremia Acidose metabólica Desnutrição Uremia Inflamação sistêmica Não modificáveis: Anemia multifatorial Doença mineral óssea ANEMIA DA DRC GENERALIDADES Hipoproliferativa Normocítica e normocrômica Multifatorial: Deficiência de eritropoietina principal causador Deficiência de ferro (Carencial ou devido a sangramento) segundo maior causador Anemia da Doença Crônica paciente tem inflamação sistêmica e pode ter resistência a Eritropoietina Hiperparatireoidismo secundário (Fibrose de Medula óssea) Diminuição da sobrevida da hemácia: Fatores intracelulares: Resistência osmótica e oxidativa diminuídas Fatores extracelulares: Toxinas no soro urêmico ou da diálise Hemólise devido a água da diálise ou pelo Formaldeído Deficiência de folato TRATAMENTO Alvo Hb de 11g/dL REPOSIÇÃO DE FERRO: ALVOS A SEREM ATINGIDOS DE ACORDO COM A FORMA DE TRATAMENTO CONSERVADOR DIALÍTICO Ferritina > 100 e < 500 Ferritina > 200 e < 500 Saturação de transferrina > 20% e ≤ 50% Saturação de transferrina > 20% e ≤ 50% 5 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto Trata-se dando ERITROPOETINA RECOMBINANTE HUMANA (ERHu) para o paciente: Eficaz em 95% dos pacientes Diminui a necessidade de hemotransfusão Resistência (5%): Deficiência de ferro Estados inflamatórios Infecções agudas Perdas sanguíneas Hiperparatireoidismo Intoxicação por alumínio Efeitos adversos: Diminuição da vasodilatação periférica Maior viscosidade sanguínea Efeitos cardiovasculares diretos DOENÇA MINERAL ÓSSEA (DMO) GENERALIDADES DEFINIÇÃO alterações sistêmicas do metabolismo mineral e ósseo em pacientes com DRC Quadro clínico vai de assintomáticos até pacientes graves Incapacitante dor óssea Fraturas recorrentes Falência de crescimento Ex: Criança que faz diálise e nunca cresceu É uma das principais causas de baixa estatura na criança com DRC Manifestações sistêmicas com alta morbimortalidade Manifesta-se por uma ou mais complicações: Alterações na homeostase do cálcio, fosforo, PTH ou metabolismo da vitamina D desempenham papelimportante na fisiopatologia da DMO-DRC Alterações na remodelação, mineralização, volume, crescimento e resistência ósseos Calcificações vasculares e de outros tecidos Manejo: Avaliar o cálcio, o fósforo e o PTH e o metabolismo da Vitamina D FISIOPATOLOGIA DA DMO VITAMINA D: Estimula a absorção intestinal de cálcio Fator inibitório da síntese e secreção de PTH inibe RNAm do pré-pró-PTH CÁLCIO: Fator inibitório da síntese e secreção de PTH FÓSFORO: Estimula a produção de PTH diretamente Mecanismo pós-transcripcional Estimula a produção de PTH indiretamente Inibindo a produção renal de vitamina D Interação fisicoquímica com o cálcio PTH: Principal função manter a calcemia (o cálcio em níveis normais) Reabsorção óssea Ativação de 1-alfa-hidroxilase enzima que faz com que a vitamina D inativa se transforme em vitamina D ativa no próprio rim Reabsorção renal de cálcio Vitamina D e cálcio inibem a síntese e a secreção do PTH, agindo na glândula paratireoide através de seus receptores específicos. Porém, a vitamina D ajuda a estimular a absorção intestinal de cálcio. Já o fósforo, estimula direta e indiretamente a produção de PTH. O PTH é fosfatúrico, joga o fósforo para fora. Assim, quando o paciente vai evoluindo na doença renal crônica, ele começa a ter um aumento do fósforo no sangue (hiperfosfatemia), mas o PTH começa a aumentar e a jogar esse fósforo para fora do organismo. É devido a isso que nos primeiros estágios de doença renal crônica não se consegue ver o fosforo aumentado, pois o PTH o joga para fora O que acontece na DMO-DRC: O paciente começa a avançar nos estágios da DRC, tendo redução da massa renal, que faz com que o paciente perca vitamina D (diminuição da produção na 1-alfa-hidroxilase), fazendo com que se diminua a absorção intestinal de cálcio e se aumente o PTH A diminuição da função renal diminui a excreção renal de fósforo, causando retenção de fósforo, que inibe a 1-alfa- hidroxilase e causa deficiência de vitamina D A interação fisicoquímica do cálcio (Hipocalcemia) e fósforo (hiperfosfatemia) diminui a expressão de receptor de vitamina D nas paratireoides, fazendo com que o paciente tenha hiperplasia de paratireoide (alteração na função), causando um Hiperparatireoidismo secundário 6 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto A hipocalcemia e hiperfosfatemia crônicas começam a estimular a hiperplasia das paratireoides, levando a diminuição da expressão de receptores de cálcio e vitamina D, ficando menos responsivos a cálcio e vitamina D, piorando o Hiperparatireoidismo secundário e o paciente terá: Osteodistrofia Fraturas Calcificação Doença cardiovascular Todos esses fatores aumenta a morbimortalidade do paciente CLASSIFICAÇÃO DA DMO Osso tecido altamente dinâmico (sofre constante formação e reabsorção ósseas) remodelação Taxa de formação óssea (existem 4 tipos de doença mineral óssea): Doença óssea de alta remodelação (níveis elevados de PTH): Doenças que ficam com alto turnover, havendo muita deposição de matriz, calcificação e reabsorção óssea 1. Hiperparatireoidismo Secundário (Osteíte fibrosa) 2. Doença mista (intermediária) está entre a alta remodelação e a baixa remodelação Doença óssea de baixa remodelação (níveis normais ou baixos de PTH): Doenças com baixo turnover 3. Osteomalácia 4. Doença óssea adinâmica QUADRO CLÍNICO Dor óssea Fraturas patológicas podem quebrar os ossos muito facilmente Deformidades ósseas ACHADOS RADIOLÓGICOS: Depósitos teciduais e vasculares de cálcio Reabsorção superiosteal das falanges da mão Crânio em sal e pimenta Esclerose do corpo vertebral (coluna em camisa de Rugger- Jersey) Tumor marrom (alto PTH e alta morbimortalidade) intensa reabsorção óssea em algumas regiões do organismo do paciente CRÂNIO SAL E PIMENTA CALCIFICAÇÃO DA AORTA TUMOR MARROM REABSORÇÃO SUPERIOSTEAL TRATAMENTO DRC G1 a G4 Manter níveis séricos de cálcio e fósforo normais para a idade na Na DRC G5: Manter o Cálcio total entre 8,8 a 9,7mg/dl Manter o fosfato entre 3,3 a 5,5mg/dl (adolescentes e adultos) e 4 a 6mg/dl (1 a 12 anos) Produto CaxP < 55 está em DESUSO!!! Tratar Hiperfosfatemia: Restrição de fósforo na dieta (<800mg/dia) Diálise retira o fósforo do organismo Quelantes remédios que se ligam ao fósforo, eliminando- o nas fezes 7 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto Pois tratando-se o fósforo, trata-se também o cálcio de forma indireta HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO: Doença de alto turnover (PTH alto) TRATAMENTO: Calcitriol (Vitamina D ativa) VO ou EV Calcimiméticos mimetizam os receptores de cálcio nas paratireoides Paratireoidectomia subtotal faz-se a retirada das paratireoides do paciente, pegando-se ¼ de uma e implantando-a no braço do paciente para que ele ainda tenha uma pequena quantidade de PTH Indicações da paratireoidectomia: o Dor óssea intratável o Fraturas patológicas recorrentes o Prurido intratável o Calcificações extraósseas (tecidos moles) ou arteriolopatia urêmica calcificante (calcifilaxia) o Hiperparatireoidismo terciário quando a paratireoide, independente da quantidade de cálcio e fósforo, começa a ser hiperfuncionante, aumentando muito o PTH DOENÇA ÓSSEA ADINÂMICA: Doença de baixo turnover Geralmente pacientes com Idade avançada, Diabetes e os que fazem o tratamento do hiperparatireoidismo podem evoluir para uma doença óssea adinâmica Há a perda da densidade óssea TRATAMENTO: Induz-se hipocalcemia no paciente para se elevar PTH OSTEOMALÁCIA: Doença de baixo turnover Pode ser induzida por intoxicação por alumínio (Ex: pacientes antigos que faziam diálise um dos quelantes do fósforo tinha muito alumínio e o paciente poderia evoluir com osteomalácia) Aumento de volume do osteóide não mineralizado a matriz osteóide não é mineralizada, fazendo com que o osso seja muito “borrachudo” Geralmente, pacientes com osteomalácia tem anemia microcítica por resistência à Eritropoietina MODALIDADES DE TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA MÉTODOS DIALÍTICOS HEMODIÁLISE: Melhor acesso para hemodiálise FÍSTULA ARTERIOVENOSA (quando se pega uma artéria e uma veia, geralmente no antebraço, e se arterializa a veia) Não se pode simplesmente pegar uma agulha e introduzir na artéria, pois ela vai estenosar/inflamar, e se fizer apenas na veia ela irá colabar. Assim, tem-se que melhorar a parede da veia, fazendo uma fístula arteriovenosa, pois essa pressão da artéria vai engrossar a parede da veia, podendo-se fazer uso dessa veia A fístula demora cerca de 45 dias para maturar, assim deve-se fazer quando se está programando a diálise do paciente Essa fístula faz-se quando se está programando a diálise do paciente Ex: quando se vê que paciente está evoluindo cada vez mais nos estágios da DRC, piorando a função renal. Assim, o médico conversa com o paciente sobre a possibilidade de iniciar a diálise e o paciente escolhe se quer hemodiálise ou diálise peritoneal Em casos de emergência (paciente chega com síndrome urêmica) Acesso jugular ou femoral (subclávia deixa por último) O melhor acesso é a jugular direita, pois ela desemboca diretamente no átrio Ordem (se não puder uma, pula para outra) jugular direita – jugular esquerda – femorais – subclávia Dialisato mistura de água ultrapura que se mistura com um banho ácido e um banho básico, com bicarbonato, cálcio, fósforo, ureia... (tem que haver essas substâncias para que não tenha uma síndrome do desequilíbrio) DIÁLISE PERITONEAL (DP): A membrana de troca é o peritônio Esquemas de tratamento: Diálise peritoneal intermitente (DPI) Diálise peritoneal ambulatorialcontínua (CAPD) Diálise peritoneal automática (DPA) o paciente leva a maquina cicladora e faz o tratamento em casa Diálise peritoneal e hemodiálise são semelhantes em tudo que diz respeito à melhora da sobrevida do paciente, uma não é melhor que a outra TRANSPLANTE RENAL É a melhor terapia substitutiva, pois aumenta sobrevida, dá uma melhor qualidade de via e melhores desfechos. Além disso, tem menos complicações e é mais barato DOADORES: Vivos: Aparentados 8 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Gizelle Felinto Cônjuges Não aparentados Falecidos (morte cerebral): Hoje em dia não é mais por inscrição em fila de transplante (política no Brasil) Atualmente é por classificação por HLA por compatibilidade genética IMUNOLOGIA: Pesquisa de anticorpos pré-formados: Contra a população geral (reatividade contra painel) quanto maior o painel, maiores as chances de ter uma rejeição Doador específico (cross-match) pega-se o sangue do doente e o sangue de quem vai doar, cruza e vê se ele pode ou não ser doador Determinação dos HLAs: Fazer a linha A, B e DR Maior identidade e melhor prognóstico pacientes com maior compatibilidade HLA tem melhor prognóstico IMUNOSSUPRESSÃO: Indução: Faz-se antes do transplante, em doses altas Corticoide Anticorpos monoclonais Anticorpos policlonais Manutenção: Manutenção da imunossupressão Sempre terá o corticoide e o inibidor da calcineurina, escolhendo-se a partir de como o paciente se encontra Esquema sempre será tríplice (Multitarget): Corticoide Antiproliferativo ou Inibidor da mTor (escolhe 1 dos dois): o Antiproliferativos: Azatiopina MMF o Inibidores da mTor: Sirolimus Everolimus Inibidores de Calcineurina: Ciclosporina Tacrolimus PROGNÓSTICO: Nefropatia crônica do enxerto é a principal causa de perda do enxerto O prognóstico é melhor em pacientes com rim de doador vivo do que de doador falecido: De doadores vivos 80% dos rins funcionantes em 5 anos De doadores mortos 65% dos rins funcionantes em 5 anos RESUMINDO AS TERAPIAS RENAIS SUBSTITUTIVAS (TRS) As modalidades de TRS não são mutuamente exclusivas pode- se fazer qualquer uma das três, depende da escolha do paciente e da disponibilidade Pode-se começar por Diálise peritoneal, Hemodiálise ou Transplante O Transplante oferece a melhor qualidade de vida e uma menor mortalidade! A escassez de doadores não permite pensar no Transplante como solução única
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