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O AVANÇO TECNOLÓGICO Elaine Oliveira (2008) Quem voltando a fazer o caminho velho aprende o novo, pode considerar-se um mestre. Confúcio Segundo Pretto e Pinto (2008), o atual momento histórico é de grande importância pelo fato das significativas transformações nos âmbitos social e cultural. Para Gadotti (2008), o presente Século - XXI assinala a Sociedade da Informação, fruto da Revolução Tecnológica e de seu constante avanço. Para ele as duas últimas décadas do último Século foram marcadas pelas mudanças ocorridas nos campos socioeconômicos, político, cultural, científico e tecnológico. TECNOLOGIA – LENTA ACOLHIDA NO CAMPO EDUCACIONAL Possidonio (2007) também confirma que o uso da tecnologia promove radicais transformações nas variadas instâncias da sociedade; a saber: social, cultural, econômica e política. No campo cultural, o autor destaca que a escola precisa considerar o fato dos recursos tecnológicos “como agentes contribuidores do processo educacional” (p. 12). Pois eles são parte integrante do dia-a-dia dos educandos. E dá ênfase em seu argumento citando Missae que diz: “[...] a busca de novas metodologias de ensino passou a ser um desafio constante devido ao volume crescente de informações provocadas pela tecnologia emergente” (Id.). Possidonio (2007) chama a atenção para o fato de as mudanças tecnológicas, econômicas e políticas terem um rápido desenvolvimento, enquanto que às mudanças sociais ocorrem de forma contrária, ou seja, lenta. Por isso, enfatiza a necessidade de uma didática diferente, que dê aos professores a oportunidade de aquisição de novas competências. E, com muita propriedade, o autor discorre a respeito do grau de abrangência que permite o uso do recurso tecnológico. Ele diz: Dominar o mundo tecnológico implica uma das formas de poder, manutenção e transformação das relações sociais, políticas e econômicas. Na incapacidade de produção de tecnologia, importa-se, o que corrobora para uma situação de dependência, inclusão ou exclusão na atualidade, 2 portanto o avanço tecnológico é um dos agentes contribuidores para o desenvolvimento de qualquer país. Este avanço reflete-se substancialmente no mercado de trabalho, na qualificação profissional a partir do uso de meios tecnológicos, além de proporcionar novas ocupações para este mercado: técnicos de informática, digitadores, operadores de terminais (POSSIDONIO, 2007, p. 22, grifo nosso). Desta forma pode-se entender a importância da escola/universidade direcionar seu foco para esta questão, entendendo que dela dependerá o desenvolvimento qualitativo da sociedade, visto que a Era da Informação já está instaurada e não há mais como regredir. Portanto, o único caminho é adequar-se a esta nova realidade. Inicialmente para alcançar o rumo em que já caminha a sociedade e, posteriormente, para fazer cumprir seu principal papel que é a formação cultural dos indivíduos, em seus diversos âmbitos e, em especial, na informática. DESAFIOS DOS NOVOS PARADIGMAS Segundo Gadotti (2008) este momento histórico é um tempo de expectativas, de perplexidade e de crise de concepção de paradigmas. Entretanto, para o autor, a perplexidade e a crise de paradigmas não podem se constituir num álibi para o imobilismo do setor educacional. Assim, o primeiro grande desafio da educação é o avançar, e avançar no sentido de romper com os velhos paradigmas, sobretudo, os tecnológicos e inserir-se de forma mais ousada na sociedade da informação. Vale lembrar que no final do Século XX, com o fenômeno da globalização, houve um grande impulso para uma educação homogênea, ou seja, igual para todos e, desta vez, apenas como parâmetro curricular comum e não como princípio de justiça social. Para Gadotti (2008) as conseqüências da evolução das novas tecnologias (especialmente as voltadas para a comunicação de massa), ainda não foram sentidas em sua totalidade no ensino. Entretanto, a aprendizagem à distância (sobretudo a baseada na internet) é a grande novidade educacional neste novo milênio. Assim constitui-se o segundo grande desafio da escola: o ensinar a pensar criticamente e, para isso é necessário dominar novas metodologias e linguagens, especialmente a linguagem eletrônica. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação a distância com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura 3 adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital (GADOTTI - WEB, Acesso em: 21 Jul. 2008). De acordo com Gadotti a educação vive o dilema da dupla encruzilhada neste início de Milênio: de um lado, o sistema educacional não dando conta da universalização da educação básica e de qualidade, e, do outro, a dificuldade que as novas matrizes teóricas apresentam para indicar caminhos seguros num momento de profundas e rápidas transformações. E o autor fecha esta temática dizendo que: Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural. Por isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, como uma pedagogia transformadora, em suas várias manifestações, pode oferecer um referencial geral mais seguro do que as pedagogias centradas na transmissão cultural, neste momento de perplexidade. (Id.). Inovar, papel da educação! O termo Inovar é definido por Houaiss (2001, p.1622), da seguinte forma: “introduzir novidade; fazer algo como não era feito antes”. Levando esta idéia para o campo educacional, observa-se a necessidade de uma educação revolucionária, aquela que incite mudança no comportamento do indivíduo, da instituição e, consequentemente, da sociedade. Magalhães (2008) utiliza uma citação de Maria Cândida Moraes, para comprovar o quanto é difícil efetuar uma atitude revolucionária. Segundo a autora, mediante uma nova atitude espera-se que o indivíduo absorva [...] a incorporação do novo em suas próprias visões e concepções, o que é difícil para a maioria das pessoas, pois estamos acostumados (e fomos educados para agir assim) a não inovar, não discordar, a manter o status quo, repetindo o velho e o conhecido, para, se possível, não transformar, não incomodar. Aquele que inova incomoda. Aquele que incomoda tende a ser eliminado do contexto. (s/ p.). Magalhães afirma que o educador Paulo Freire compreendia bem a dificuldade de se mudarem comportamentos arraigados nos indivíduos. Ele observou esta questão no discurso 4 sobre a Educação Libertária dos Oprimidos. Para Freire ”tanto o opressor quanto o oprimido têm medo da liberdade” (s/ p.) Talvez seja esta uma explicação plausível para a imobilidade educacional a que vivemos. Medo de inovar, medo de mudar, medo de incomodar, medo de ser excluído. Freire, de acordo com Magalhães (2008), parecia perceber isso quando fez uma observação relacionada a postura resistente dos educandos. Desnudar-se de seus mitos e renunciar a eles, no momento, é uma ‘violência’ contra si mesmos, praticada por eles próprios. Afirmá-los é revelar-se. A única saída, como mecanismo de defesa também, é transferir ao coordenador o que é a sua prática normal: conduzir, conquistar, invadir, como manifestações de sua antidialogicidade. (Id., s/ p.) Grillo (apud MOROSINI, 2000) afirma sua crença na autonomia intelectual docente, sendo este responsável pela construção do conhecimento prático, que permite o pensar e a promoção de mudança. A autora aposta na valoriazação do profissional racional que diante de um contexto incerto faz julgamentos e toma decisões acertadase, as executa com emoção e paixão, sentimentos que sustentam a sensibilidade que faz identificar outras novas situações. Para Leite (apud MOROSINI, 2000) aos experts cabe, intencionalmente, introduzir as mudanças ou inovações nos sistemas. Para ela, em se tratando das universidades, a inovação contribuiria para responder ao avanço, ao progresso. Leite apresenta uma definição clássica (MEC/Crie/Cred, 1997), para caracterizar o significado de inovação neste âmbito. Experiências educacionais inovadoras são as que introduzem algum tipo de mudança numa determinada cultura e/ou prática escolar através de uma intervenção intencional ou proposital. Tal mudança deve ser conduzida numa seqüência lógica de passos e responder a um propósito previamente delimitado. Nem toda inovação é, necessariamente, uma experiência inédita, e nem todo ineditismo pode ser caracterizado como uma inovação. (...) A inovação se caracteriza por um processo de mudança que tem como pressupostos: a intencionalidade (ação planejada), a historicidade (ação concreta ou prática quotidiana), a sedimentação (temporalidade, extensão e profundidade da internalização) e a abrangência (complexidade ou multiplicidade de aspectos e maior alcance). (p. 54). Cunha (apud MASETTO, 2008), diz que o contorno trazido pela nova LDB nos princípios de regulação para o Ensino Superior e tão bem delineado ainda não foi percebido em sua essência, nem pela sociedade e nem mesmo pela própria universidade na íntegra. Pois a esta última falta reflexão e vem sendo atropelada por legislações que negam os princípios básicos de sua natureza, ou seja, a autonomia e o espírito crítico. 5 Neste contexto a autora ratifica: Essa fragilidade teórica tem inviabilizado novos referenciais para discutir a prática curricular universitária, tornando-a repetitiva na denúncia das inadequações, mas, também, incompetente e medrosa quando se trata de construir alternativas inovadoras, que façam rupturas paradigmáticas mais profundas. (CUNHA apud MASETTO, 2008, p. 36, grifo nosso). Cunha (apud MASETTO, 2008) encerra esta questão chamando a atenção para a não reação da universidade em absorver as questões teóricas que ajudariam a compreender a prática que vem exercendo. Isso acarretará numa contínua sujeição tanto pela deslegitimação - por se tornarem obsoletas suas propostas curriculares, quanto pela possibilidade de perder seu histórico papel intelectual em substituição de sua capacidade crítica. Para Gadotti (2008) a escola/universidade precisa ser um centro de inovação. Ela não deve continuar a reboque das inovações tecnológicas. E assim reconhece o desafio da educação: O conhecimento é o grande capital da humanidade. Não é apenas o capital da transnacional que precisa dele para a inovação tecnológica. Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função de instituições que se dedicam ao conhecimento apoiado em avanços tecnológicos. Espera-se que a educação do futuro seja mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo tempo nossa causa e nosso desafio (GADOTTI - WEB, Acesso em: 21 Jul. 2008). Buarque (2000) é um grande defensor da ideia de que a inovação deve partir da universidade e vê este desafio como uma aventura. Para ele a universidade hoje, mais que acomodada, está reagindo contra este ideal. Sobre isso ele diz: “A comunidade universitária esquece que sua grande aventura está em inventar-se outra vez para ser um instrumento de ruptura, de invenção de um pensamento para conviver com o presente e construir o futuro” (p. 18). Para o autor a universidade deve abraçar esta luta e aceitar com prazer esta aventura e ainda viver esta grande paixão que, nas palavras do autor, significa “enfrentar as dificuldades e os desafios, que são a razão de ser de uma instituição voltada para fazer avançar o pensamento” (p. 19). 6 REFERÊNCIAS BUARQUE, Cristovam. A aventura da universidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Disponível em: <URL: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010288392000000200002 &ln...> Acesso em: 21 Jul. 2008 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da globalização. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em foco. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/prof04.htm. Acesso em: 17 Abr. 2008. MASETTO, Marcos T. (Org.). Docência na universidade. 9. ed. Campinas, SP: Papirus, 2008. MOROSINI, Marília Costa (Org.). Professor do Ensino Superior: identidade, docência e formação. Brasília: Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, 2000. 80 p.: il. tab.. POSSIDONIO, Laudiméia da Silva. Didática e tecnologia: amigas ou inimigas? (Didática no Ensino Superior – Módulo V), Cursos de Pós-Graduação Latu Sensu. Rio de Janeiro: UCAM - Instituto a Vez do Mestre, 2007. PRETTO, N. D.; PINTO, C. C. Tecnologias e novas educações. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 31, jan./abr. 2006 (19-30) Disponível em: Acesso em: 05 mai. 2016.
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