Buscar

1 - exigencias e desafios do ensino superior

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DELEGAÇÃO DE NIASSA 
Av. Samora Machel, Tel.: 27128928, Fax: 27121520, Caixa Postal n.
o
4; - Lichinga 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA 
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO De BIOLOGIA E AGRO-PECUARIA 
 
MEIC- Métodos de Estudo e Investigação Cientifica 
 Docente: Msc. Ezequiel Alfino 
 
O DESAFIO DO ENSINO SUPERIOR 
De: Davi Roballo 
 
Na atualidade em que vivemos, os processos a que somos submetidos exigem um constante 
aperfeiçoamento, caso contrário, se não acompanharmos e nos adaptarmos a uma nova demanda de 
conhecimentos, corremos o risco de acordar no dia seguinte em desvantagem diante dos que buscam 
constantemente aperfeiçoar-se. Todo esse processo e exigências oriundas dos dados gerados pelas 
avaliações dos sistemas do Ministério da Educação e Cultura, da própria sociedade que no advento do 
século 21 está imersa nas novas tecnológicas e novos processos culturais, apontam para uma nova 
postura na formação académica e a docência do Ensino Superior tem a grave responsabilidade de 
adaptar-se a essa nova realidade. 
 
Para Lima (2009, p. 25), a Universidade contemporânea adquiriu mais uma responsabilidade na 
formação, não mais somente do profissional, mas do homem, do cidadão, ou seja, a função social. 
 
A Universidade contemporânea tem um novo papel, inserida nessa nova sociedade do conhecimento, 
que é a sua função social. A graduação deixa de se limitar a perspectiva de uma profissionalização 
especializada, para oferecer aos alunos um conhecimento mais abrangente e humanista, que 
contemple o domínio das conquistas tecnológicas, mas também, as questões da ética que dizem 
respeito às reações intersociais, à inclusão dos marginalizados a uma vida digna, o combate às 
diversidades regionais. 
 
Segundo Castanho (2000, citado por Orrú: 01), a Universidade, desde seu surgimento até os dias de 
hoje, assumiu diferentes modelos, dentre os quais destacam-se, no período moderno, o napoleônico, 
cuja base é o ensino profissional; o idealista alemão, fundado na pesquisa; o elitista inglês, voltado 
para a formação de elites e o utilitarista norte-americano que tem como objetivo preparar para a ação. 
(... a educação, em todos os níveis, precisa de uma nova postura. O ensino tradicional paulatinamente 
vem dando lugar a práticas alternativas que devem levar ao desenvolvimento global dos educandos e 
 
 
acender o entusiasmo para lutar por uma sociedade diferente, reestruturada” (CASTANHO, 2000, p. 
76) 
 
Fica claro que a Universidade necessita constantemente adequar-se aos processos de desenvolvimento 
que giram ao seu redor, principalmente o económico e o social. Como vimos, elas foram no passado 
destinadas a formar uma elite aristocrática, ligadas ao utilitarismos, ao idealismo e posteriormente 
complementadas por uma elite de mérito, e actualmente buscam acompanhar o processo social e 
tecnológico da contemporaneidade. 
 
No entanto, o avanço exponencial em tecnologias, novas médias e ferramentas de trabalho não estão 
sendo acompanhadas por sistemas educacionais que realmente preparem os educandos para o mercado 
de trabalho com mão-de-obra qualificada ao mesmo tempo em que obtenham uma formação ético-
social, evitando assim, a consequente exclusão social, ambos reflexos de um despreparo diante de 
novas oportunidades e desafios do mundo moderno. 
 
Não há como negar que o sistema universitário desde há muito vem sofrendo mudanças e adequações 
diante os novos acontecimentos, novas descobertas e novas tecnologias. Esse processo é contínuo e 
exige dos protagonistas, no caso os docentes, a formação continua e actualizada. Deve-se buscar novas 
formas de inteiração, deixando de lado as velhas formas engessadas e maçantes de ensinar e aprender, 
mas tornar a sala de aula um local de interacção e acima de tudo de integração, onde os atores sociais 
confundam-se no protagonismo, na interpretação e construção do saber, como deixa claro Lima ao 
discorrer sobre a segunda dimensão de sustentação do projeto pedagógico: 
 
O trabalho de professores e alunos é um espaço prático de produção, de transformação e de 
mobilização de saberes e, portanto, de teorias, de conhecimentos e de saber-fazer específicos da 
actividade docente. Urge pensar uma nova forma de ensinar, aprender e pesquisar, que inclua a 
ousadia de buscar o salto qualitativo do conhecimento científico ao senso comum visando à sua 
reconfiguração. É importante salientar que a aula não é apenas uma expressão do pensar a ação e do 
agir. A construção do novo senso comum que surge da própria ação e que transforma essa aula em 
um ato de solidariedade, de participação e de prazer. (2009, p. 25) 
 
Segundo Nietzsche, um exercício crítico “nunca foi ensinado nas universidades: mas sempre a crítica 
de palavras com palavras” (1974, p. 89). 
 
O professor, universitário tem papel importante a desempenhar, não prendendo-se somente nas 
questões burocráticas e formais. Mas criando mecanismos que desperte nos educandos o espírito 
crítico, para que raciocinem com lógica e sem influência, isto é, a formação de cidadãos autónomos 
moral e intelectualmente, permitindo que o aluno se posicione, indague e participe do processo de 
aprendizagem. 
 
O professor, mediador indispensável no processo ensino-aprendizagem, precisa estar consciente de seu 
 
 
papel na formação de seu aluno. Tal consciência não é suficiente se somente se prender aos aspectos 
formais desse processo. É preciso atentar para detalhes que podem de fato fazer a diferença para a 
elevação do espírito crítico, pois a prática do educador observada por seu aluno é o espelho para sua 
formação. (ORRU, p. 03) 
 
O docente nesse caso tem a responsabilidade de ser um inovador, um agente capaz de transformar 
velhos conteúdos e velhas fórmulas em temáticas interessantes e atualizadas. No entanto, isso exige 
dele a criatividade e a motivação para transformar velhos conceitos em novos desafios, 
 
O momento atual revela evidências da necessidade de transformações ocorrerem nos âmbitos sociais, 
políticos e educacionais. É o homem desejando mais do que aquilo que é considerado como básico e 
suficiente para se viver ... (Idem, Ibidem). 
 
Segundo Castanho “É preciso que não ensinamos apenas as pegadas de caminhos conhecidos, mas 
que tenhamos a coragem de saltar sobre o desconhecido, de buscar a construção de novos caminhos, 
criando novas pegadas” (2000, p. 77). Portanto, o docente do Ensino Superior deve buscar ser 
marcante na vida dos discentes. Tem de ser aquele que encontra sempre uma forma de despertar o 
interesse pelo conhecimento e a vontade de ir mais além, ir em busca de encontra-se consigo mesmo e 
com seus potenciais intrínsecos e vivenciá-los. 
 
Segundo Castanho (2000), não se pode desenvolver um bom trabalho em sala de aula sem ter em 
mente um ideal ou modelo de sociedade, um direcção a ser alcançada. A autora refere-se a se ter uma 
meta a ser alcançada, uma utopia na visão Alves (2006), algo inalcançável, no entanto aponta e orienta 
a que direção seguir e /ou atingir: 
 
Para onde?” Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter idéia do “para onde”. Em 
relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é 
usada como “sonho impossível de ser realizado”. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que 
indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso de sabor pitanga: “Se as coisas 
são inatingíveis.., ora! / Não é motivo para não querê-las... / Que tristes os caminhos, se não fora / A 
mágica presença das estrelas!. (2006, p. 75-76). 
 
Isso denota, de acordo com Castanho (2000), que o professor não deve ensinar apenas o que é 
conhecido, mas despertar a curiosidade e a vontade de desvendar o desconhecido, criando assim novos 
conhecimentos para servirem de embasamento para construção de outros a serem construídos e 
descobertos. Ainda de acordo com a autora, há poucacriatividade nos bancos universitários, no entanto 
a criatividade não parece ser tão fácil, quanto se pensa, pois 
 
...podemos afirmar que nossas faculdades são, no geral, pouco ou nada criativas. Desenvolver a 
criatividade parece ser um objetivo tão simples – consta até mesmo da maior parte dos planos e 
planejamentos – e é uma das características mais raras de se encontrar na maioria de nossos jovens, 
 
 
educados para a atitude conformista e homogênea que os sistemas escolares os condenam. 
(CASTANHO, 2000, p. 77) 
 
 
Conseqüentemente, o trabalho a ser realizado pelo professor universitário sofre também alterações. 
Torna-se necessário ao professor pensar numa nova forma de ensinar e aprender que inclua a ousadia 
de 
 
 
... inovar as práticas de sala de aula, de trilhar caminhos inseguros, expondo-se e correndo riscos, 
não se apegando ao poder docente, com medo de dividi-lo com os alunos e também de desvencilhar-se 
da racionalidade única”, pondo em ação outras habilidades que não apenas as cognitivas. Torna-se 
necessário, ainda, que os professores passem a pensar-se como “participantes do desvelamento do 
mundo e da construção de regras para viver com mais sabedoria e mais prazer. (CASTANHO, 2000, 
p. 87). 
 
O professor universitário deve de ter em mente uma constante busca pelo aperfeiçoamento, deve 
almejar conteúdos interessantes e atualizados. No entanto para isso se torna imprescindível, 
criatividade e motivação para romper barreiras entre o velho e o novo. 
 
Para Castanho, a questão da criatividade exige “sensibilidade diante do mundo, fluência e mobilidade 
do pensamento, originalidade pessoal, atitude para transformar as coisas, espírito de análise e síntese e 
capacidade de organização coerente são as qualidades da pessoa criadora” (2000, p. 85). 
 
Segundo Lima, a procura nos dias atuais pelos bancos acadêmicos dá-se pela necessidade e exigência 
do mercado de trabalho de mão de obra qualificada e conquista de espaço na sociedade. 
 
Sabemos que hoje as pessoas procuram na Universidade o conhecimento, ou seja, a base para uma 
educação. Mas, por que o procuram? Para seu crescimento pessoal, sua felicidade e deleite interior? 
Acredita-se que é por isso também, mas principalmente para a conquista de um espaço neste mundo, 
na sociedade no mercado de trabalho. (2009, p. 26). 
 
Daí a importância do projeto pedagógico direcionado a não só formar o profissional, mas o homem 
enquanto cidadão e agente social crítico e atento aos acontecimentos do mundo a sua volta. O sujeito 
capaz de produzir um repertório de leitura e interpretação de mundo. Para isso, o projeto pedagógico 
deve optar por ações perenes. Ações que realmente possam colaborar na transformação da sociedade, 
principalmente em relação aos direitos civis, políticos e sociais dos indivíduos e suas comunidades. 
Para atingir esta meta deve ser muito bem elaborado e estar em consonância com a realidade e o 
contexto onde será desenvolvido, e o mais importante, tem de ser vivenciado, não pode ser algo apenas 
exibido. 
 
 
 
Não vamos perder nosso tempo na elaboração de um "guia turístico", mas de um mapa de orientação. 
De nada adianta construir um belíssimo plano apenas com a finalidade de apresentá-lo quando for 
solicitado, para atender às exigências de organismos ' burocráticos, ou um bonito folheto para atrair 
consumidores de "nosso produto". O projeto não é algo que é feito e em seguida "mostrado". Ele é 
vivenciado desde o primeiro momento como parte da dinâmica da prática dos educadores. Nele, sem 
dúvida, entra a provisoriedade, porque não temos apenas certezas, e porque devemos contar com 
eventuais interferências de alguns elementos do próprio contexto. Mas nele entra também a 
esperança, que conta mesmo com a incerteza (quando tenho certeza "absoluta", não preciso ter 
esperança), mas que a ela alia a ação, o empenho para a construção do trabalho. Por esta razão, 
quando nos estamos referindo à esperança, não pensamos numa atitude de espera, de imobilismo 
como vemos em algumas situações. Não se trata de esperar por uma Escola melhor, mas de, utilizando 
os recursos de que dispomos e que vamos construindo, planejar e encaminhar desde já o esforço na 
busca de uma direção competente de nossas escolas. (RIOS, 1992, p. 75) 
 
Isso implica ações educativas estendendo-se à formação cidadã. Ações que devem estar em 
conformidade com a atividade-fim das universidades, formando profissionais-cidadãos, sem descuidar 
das questões científicas e tecnológicas e que sejam coerentes com o contexto social. 
 
Nossos alunos precisarão aprender à iniciação a pesquisa e aos trabalhos científicos, a fazer 
investigação de caráter básico, a socializar esses conhecimentos, a desenvolver competências e 
atitudes que lhes permitam analisar e discutir criticamente a ciência e suas soluções para os 
problemas da humanidade como hoje se apresentam, e a tomar decisões com responsabilidade de 
profissionais competentes cidadãos. (MASETTO, 2002, citado por LIMA, 2009, p. 29). 
 
Segundo Lima, a qualidade dos cursos de graduação estará ligada a capacidade dos professores e 
alunos em assumir o desenvolvimento de aprendizagem exigido profissionalmente na atualidade. Para 
isso, a sala de aula deve transformar-se num canteiro de duvidas, perquirições, discussões, cultura e 
investigações 
 
A sala de aula universitária para realizar suas tarefas básicas de pesquisa, de ensino e de extensão, 
precisa da leitura e da escrita como instrumentos fundamentais de atuação. Lugar de tempo e espaço 
de aprendizagem dos sujeitos do processo de aprendizagem: professor e alunos - juntos, realizam uma 
série de interações: Discutir e debater; Consultar e pesquisar; Solucionar dúvidas; Orientar trabalhos 
de investigação e pesquisa; Oficinas e trabalhos de campo; Projetos; Elaboração científica dos 
resultados dos projetos; Interferência no meio social, provocando mudanças (2009, p. 29). 
 
Percebemos que na Universidade, quando se trata de ciência, o ensino deve perpassar pelo debate 
científico, pela realidade brasileira e diferenças regionais, compreendendo assim as realidades sociais. 
Nisso, podemos observar o quanto o currículo e o projeto pedagógico dos cursos devem estar 
relacionados ao perfil do aluno que a Universidade pretende formar. 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 
Percebemos também que o maior desafio do docente no Ensino Superior é despertar no aluno o 
interesse e participação efetiva nas discussões. Percebe-se ainda, que a dificuldade estende-se 
principalmente pela seara metodológica, principalmente a falta de dinâmica em como repassar 
conhecimentos. Diante disso, a docência do Ensino Superior no contexto geral necessita de novas 
posturas e comprometimentos na formação educacional do aluno. 
 
 
2. A ILUSÃO DO ENSINO SUPERIOR 
Foi-se o tempo em que as universidades formavam o homem. Na virada do século XIX para o século 
XX, a nascente perspectiva futurista influenciada pela revolução industrial lançou os ocidentais a uma 
busca de estabilização profissional, isto é, começava a se ter nos bancos escolares uma maior 
preocupação em formar o profissional, o especialista em detrimento da formação moral, cívica e 
verdadeiramente intelectual do homem. O mais importante então, passou a ser o preenchimento das 
lacunas especializadas exigidas pela cadeia produtiva, isto é, o homem foi transformado em máquina. 
 
A universidade há muito deixou de ser estritamente palco de discussões sérias a respeito do viver, da 
existência, da localização do próprio ser na vida. Hoje, mais imbeciliza e cria ilusão de superioridade 
intelectual do que prepara o homem para a sua própria existência. Preparar para o mercado de trabalho 
é prioridade, nem que para isso aja um déficit intelectual, pois o mais importante agora é quantidade e 
não mais a qualidade, ou seja, a cadeia produtiva dominou também a educação. A universidade está 
montandoe condicionando homens máquinas que estão deixando de viver o presente por estarem de 
olhos fixados e perdidos no futuro, que por si só é incerto, inalcançável, pois, sempre vai exigir mais. 
 
Jovens quando resolvem entrar na universidade iludem-se com a perspectiva de tornarem-se facilmente 
intelectuais. No entanto, para isso, é preciso basear-se em teorias e hipóteses e ultrapassá-las, 
reescrevendo-as, afinal, segundo a concepção nietzschiana “não existe verdade absoluta”, mas recortes 
de realidade e fragmentos de verdade, que, com o tempo e as descobertas podem se agrupar como as 
peças de um grande quebra cabeça. Ideias que nascem condenadas a serem superadas mais adiante. 
 
A universidade limita as possibilidades de o aluno superar-se, pois, o ensino superior está engessado de 
uma forma tão sistemática, que é normal os académicos discutirem as teorias e hipóteses, muitas vezes, 
confundindo os sentidos propostos. Somente as discutem. Não tentam ultrapassá-las e modificá-las, 
pois para isso é preciso ter um método dizem os mestres, “tens que provar que se trata de ciência, 
deves especificar qual teórico e qual método vais usar...” para não dizer: “qual teórico e qual método 
vais usar para bloquear-te a vertente de teus pensares”. A universidade raramente forma “criadores”, 
pois é mais comum construir “copiadores”. Além do mais, se tem ainda, a deficiência advinda dos 
 
 
ensinos fundamental e médio, como a dificuldade em abstrair e principalmente a de interpretar um 
texto, isto é, mesmo na universidade existe o analfabeto funcional. 
 
A defasagem intelectual acarreta a ilusão de que um diploma resolve tudo, que é a panaceia para todos 
os problemas. Formandos em sua grande maioria passam a conhecer o mínimo do mínimo de uma 
determinada área e se convencem de ter chegado ao ápice do conhecimento, isto é, adquirem um grão 
de areia e ostentam seus títulos de bacharéis, licenciados, tecnólogos etc., na ilusão e prepotência de se 
ter o deserto do Saara no bolso. Quando na verdade, se precisaria de uma eternidade para encher o 
cavado da mão com grãos de areia como é uma formação académica em relação à sabedoria. 
 
Poucos são os que ultrapassam das barreiras construídas para reter os processos de criação e 
dessalinação e mais poucos ainda, são os que rompem com os diques de inchação intelectual. São 
aqueles alunos que se dedicam a ir além do proposto, os que têm sede de conhecimento, como também 
os professores que se esforçam paulatinamente para serem marcantes na vida de seus alunos como os 
professores: Keating (Sociedade dos Poetas Mortos), William Hundert (Clube do Imperador). A 
universidade não deve formar apenas o profissional, mas também criar mecanismos que desperte nos 
alunos o espírito crítico, para que raciocinem com lógica e sem influência, isto é, a formação de 
cidadãos autônomos moral e intelectualmente. Assim, creio, estaríamos a caminho da formação do 
homem, tanto como profissional quanto como cidadão. 
 
Referencias Bibliográficas 
 
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. São Paulo; Loyola, 2006. 
 
CASTANHO, Maria Eugênia. A criatividade na sala de aula universitária. In: VEIGA, Ilma Passos, 
CASTANHO, Maria Eugênia. (org.) Pedagogia Universitária: a aula em foco. Campinas, SP: Papirus, 
2000. 
 
LIMA. Terezinha Bazé de. Metodologia do Ensino Superior: Teoria e Prática do Fazer Docente.Projeto 
Pedagógico de curso e suas articulações com a sala de aula universitária. Nota de Aula 03. Unigran, 
2009. 
 
NIETZSCHE, F. Obras Incompletas.Tradução: Rubens RodriguesTorres Filho. Coleção Os 
Pensadores, 1ª ed. São Paulo:Abril Cultural. 1974 
 
NIETZSCHE, Friedrich. Schopenhauer como educador In: Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril 
Cultural, 1983. 
 
 
 
2º PARTE 
 
 
DESAFIOS E PERSPECTIVAS 
De um lado, buscando criticar o modelo vigente e superar seus problemas, alguns tendem a 
transformar a Universidade numa instituição que só privilegiaria a pesquisa, que priorizaria 
excessivamente a pesquisa, desprestigiando seu papel educativo frente à juventude considerando 
menor a tarefa do ensino de graduação, passando a investir pesado no ensino de pós-graduação, 
identificado fundamentalmente com a realização sistemática da pesquisa. Se é verdade que esta 
tendência, que se manifesta mais nas universidades públicas, é uma força importante na história do 
ensino superior no Brasil, representando assim uma intenção positiva, já que a dimensão da pesquisa 
era quase que inexistente na nossa tradição universitária, não se pode desconsiderar o risco de 
elitização que ela traz em seu bojo, o risco de uma postura altaneira e arrogante que acabará impedindo 
a Universidade de dar à sociedade o retorno que ela espera e merece, com toda legitimidade. Processo 
que, independentemente de sua qualidade intrínseca, desvirtua a própria razão de ser da Universidade. 
 
De outro lado, outros vêem a superação dos problemas entendendo como único papel da Universidade 
a preparação de técnicos a serviço do mercado de trabalho, numa postura meramente 
profissionalizante, desconhecendo a necessidade não só da formação científica mas também de uma 
densa e consistente formação política. São forças centrípetas que tendem a fazer com que o ensino 
superior se feche sobre si mesmo, como um redemoinho. Nunca é demais insistir: cabe à universidade 
como instituição como lugar específico do ensino superior dedicar-se à formação do cidadão autêntico, 
pois seu papel mais substantivo vai muito além da formação do profissional, do técnico e do 
especialista. Por mais que os resultados históricos não tenham correspondido a essa expectativa, isso 
não compromete sua finalidade intrínseca, formadora que precisa ser da consciência social que é a 
única sustentação de um projeto político minimamente equitativo, justo e emancipador. 
 
Mas a universidade brasileira está acossada também por forças externas, forças do contexto que 
questionam sua autonomia, pressionando-a a se desviar de seus compromissos mais substantivos. Vive 
uma dura orfandade, sitiada por todos os lados. 
 
É pressionada de fora pelas injunções de uma dinâmica social escrava do mercado, onde só conta o 
valor de troca, onde tudo se transforma em mercadoria para um consumo desvairado. Essa dinâmica 
mercantil induz, por sua vez, uma política atrelada a interesses menores, descompromissados com a 
construção do bem comum. A humanidade parece caminhar, cada dia mais para uma condição na qual 
o econômico prevalece sobre o político e sobre o cultural. E um econômico que tende a reduzir-se ao 
financeiro. É que o bem se desenha, ao vivo e a cores, a atual crise mundial. Na verdade, uma crise 
anunciada, preparada e manipulada. Um terremoto análogo àquele provocado pelo ajuste das placas 
tectônicas que constituem a crosta terrestre: trata-se de um ajustar-se das partes. O que está em jogo 
aqui é um ajuste das próprias condições do mundo humano para que se solidifique uma nova 
configuração do social, subalternizando-o, de vez, ao mercado. Uma crise para acabar com resistências 
que ainda impediam essa reconfiguração. Não deixa de ser sintomático que esta seja uma crise 
provocada, alimentada e sustentada pelo mercado financeiro, fina flor do capitalismo vigente na 
atualidade. O econômico prevalecendo sobre o político e se delineando como mero jogo financeiro do 
 
 
capital. A partir desta crise, o Estado, outrora representante legitimado do poder político, passa a ser 
mero agente executivo do econômico financeirizado. 
 
Esta nova configuração do mundo, que se apresenta como se fosse uma ordem nova, vai impondo a 
lógica do mercado a todas as dimensões da vida humana. A educação, em geral, e a educação 
universitária, em particular, não passam incólumes sob os efeitos de sua intervenção. Mas as 
conseqüências são drásticas. Vendendo seus encantos como as sereias vendiam suas melodiosasmúsicas, promessas que não podem ser cumpridas, o novo poder hipnotiza a juventude, constrange os 
educadores e chantageia os gestores. Seus intelectuais orgânicos desmontam todas as críticas, 
desqualificam todos aqueles que ousam se opor a suas propostas. 
 
A lógica do mercado que impõe uma funcionalidade econômica, utilitarista. Induz à competitividade 
desenfreada. Propõe a aquisição de competências não para saber fazer, mas para competir, 
conhecimento utilitarista, instrumental, performance competitiva. Acaba ocorrendo uma colonização 
da política educacional pelos imperativos da economia. 
 
Centrada no desempenho dos indivíduos, visto como um agregado de competidores pelos postos do 
mercado de trabalho e não parceiros na condução de um projeto. Cada um deve construir seu port-folio 
de competências individuais. 
Aqui o impacto não só aquele decorrente da mercantilização dos serviços educacionais, mas pior 
ainda, a defesa, a impregnação de uma ideologia individualista, consumista e idealista. Os jovens não 
saem formados do ensino superior, mas deformados, com uma visão medíocre e egoísta da vida social 
e de sua participação nela. 
 
Mas, além disso, internamente, a vida acadêmica é marcada por muitas contradições que, por assim 
dizer, comprometem a própria razão de ser da UNIversidade, a mesquinhez, a miopia, o 
corporativismo, o mandonismo, o autoritarismo, o dogmatismo prevalecem e contaminam todo o 
organismo universitário. 
 
É neste contexto de um modelo societário marcado pela lógica do mercado, com suas pesadas 
conseqüências para a educação universitária que se pode fazer uma leitura do chamado Processo de 
Bolonha, iniciativa política da União Européia para uma significativa reorganização de seu sistema 
universitária. Trata-se a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior. Na verdade, é a adoção do 
modelo inglês para formar uma educação européia. A Europa continuaria querendo construir um 
império integrado, hoje usando o conhecimento como a nova arma. 
 
Estaria ocorrendo uma transição do paradigma do ensino para a aprendizagem. O indivíduo, como 
aprendiz, é que é responsável pela sua formação, não é o processo em si do ensino. Também não mais 
se pensam por políticas públicas, mas por estratégias governamentais. Está em processo a desregulação 
da educação pública, o Estado passa a ser apenas um avaliador, um supervisor, uma agência de 
controle e avaliação. Tudo passa por uma estratégia econômica de gestão. 
 
 
 
Trago à baila a referência ao processo de Bolonha pela reconhecida importância que a experiência 
européia tem para nós. Sem dúvida, exercerá uma grande influência, nem sempre recebida e 
incorporada com o devido distanciamento crítico. Estamos aqui e agora diante de um novo emblema. 
A universidade ocidental nasceu em Bolonha e corre o risco de lá também perecer. 
 
Por tudo isso, muitos desafios permanecem e algumas possibilidades se apresentam. Sem dúvida, é 
equívoca a tendência de privilegiar a pesquisa, a reduzir o papel da universidade àquele de fazer 
pesquisa, como se fosse a única atividade a ser prestigiada. Desconsiderar a necessidade da 
pesquisa como postura investigativa é condenar o ensino superior à mediocridade, comprometendo sua 
competência e responsabilidade em lidar com o conhecimento novo, obstruindo sua criatividade para 
inovar e sua criticidade para avaliar a história. Transforma-se numa instituição puramente 
certificadora. Quanto à prática da pesquisa nos processos de ensino e aprendizagem na Universidade, 
defendo a posição de que, na Universidade, esses processos só serão significativos se forem 
sustentados por uma permanente atividade de construção do conhecimento. O professor universitário 
precisa da prática da pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa dela para aprender eficaz e 
significativamente; a comunidade precisa da pesquisa para poder dispor de produtos do conhecimento; 
e a Universidade precisa da pesquisa para ser mediadora da educação. O aluno só consegue aprender 
significativamente se sua aprendizagem se der como construção do conhecimento. Mas estamos aqui 
falando de mediações, a postura investigativa é um meio, uma mediação, em vista de uma finalidade, 
no caso, um bom ensino, uma boa extensão. Por isso mesmo, ao mesmo tempo que se trata de valorizar 
a perspectiva daquela formação que tradicionalmente encarnamos no bacharelado, não se pode perder 
de vista que não estamos querendo formar cientistas no sentido estrito e restrito da expressão. 
 
Na Universidade, ensino, pesquisa e extensão efetivamente se articulam, mas a partir da pesquisa, ou 
seja, só se aprende, só se ensina, pesquisando, construindo conhecimento; só se presta serviços à 
comunidade, se tais serviços nascerem e se nutrirem da pesquisa. Impõe-se partir de uma equação de 
acordo com a qual educar (ensinar e aprender) significa conhecer; e conhecer, por sua vez, significa 
construir o objeto; mas construir o objeto significa pesquisar. Por isso mesmo, também na 
Universidade, a aprendizagem, a docência, a ensinagem, só serão significativas se forem sustentadas 
por uma permanente atividade de construção do conhecimento. Ambos, professor e aluno, precisam da 
pesquisa para bem conduzir um ensino eficaz e para ter um aprendizado significativo. 
 
Por outro lado, e agora me referindo à perspectiva da Licenciatura, não se pode desconsiderar quando 
está em pauta a natureza e a finalidade do ensino superior a questão do ensino e da formação do 
educador. Primeiramente em decorrência do envolvimento intrínseco do ensino superior com a 
educação em geral. 
 
O compromisso da Universidade com o ensino básico não é só aquele decorrente de sua atribuição 
institucional, daquela tarefa técnica de formar os professores, como profissionais do ensino. Ele é 
muito mais profundo e radical. Trata-se de um compromisso ético-político com a educação, mola 
 
 
propulsora do processo civilizatório. Não se trata de uma opção da Universidade se vai se preocupar 
com isso ou não. Deixar de assumir responsabilidades diretas e incisivas em relação a essa 
problemática é uma traição a seu próprio destino. Ela precisa ser lugar prioritário de se pensar modelos 
e caminhos da educação básica do país. Como não se abalar com os dados trazidos pelo Censo de 2007 
ao revelarem a grave crise pela qual está passando a formação de professores? Como conviver com a 
precariedade de nossos cursos de Licenciatura e Pedagogia, como se nada tivessem a ver conosco? 
Todos sabemos muito bem que o fator predominante dessa crise vem da ausência de uma política 
pública mais consistente por parte do Estado mas quem vive dentro dos muros da Universidades bem 
sabe o quanto a Licenciatura é desprestigiada, conforme depoimento recente do próprio Ministro da 
Educação, ao justificar a criação da Bolsa de Iniciação à Docência.(TAKAHASHI; PINHO, 2009, p. 
C8) 
 
 
A universidade, cuja atribuição, ao preparar os profissionais nos diversos campos da cultura, não é 
repassar uma instrução técnica, mas assegurar a formação integral dos estudantes, cabe uma 
responsabilidade social da qual decorrem exigências específicas: 
 
Uma lida rigorosa com o conhecimento, donde a necessidade do investimento na prática da pesquisa, 
no domínio de metodologias especializadas de investigação, na consolidação da pós-graduação como 
escola de construção do saber, no compromisso com a competência técnica. 
 
Um compromisso ético-político: o profissional a ser formado é antes de tudo um ser humano, que 
precisa tornar-se sensível à dignidade humana bem como um cidadão que precisa se comprometer com 
a democratização das relações sociais, dotando-se de uma nova consciência social. E pouco importa 
qual seja sua área de profissionalização. 
 
Reencontramos aqui a dimensão igualmente imprescindível da extensão no processo integral da 
formação universitária. Com efeito, é graças àextensão que o pedagógico ganha sua dimensão 
política, porque a formação do universitário pressupõe também uma inserção no social, despertando-o 
para o entendimento do papel de todo saber na instauração do social. E isso não se dá apenas pela 
mediação do conceito, em que pese a imprescindibilidade do saber teórico sobre a dinâmica do 
processo e das relações políticas. É que se espera do ensino superior não apenas o conhecimento 
técnico-científico, mas também uma nova consciência social por parte dos profissionais formados pela 
Universidade. A formação universitária, com efeito, é o locus mais apropriado, especificamente 
destinado para esta tomada de consciência, só a pedagogia universitária, em razão de suas 
características especiais, pode interpelar o jovem quanto ao necessário compromisso político. Esta 
interpelação se dá pelo saber, eis que cabe agora ao saber equacionar o poder 
 
Deste modo, a extensão tem grande alcance pedagógico, levando o jovem estudante a vivenciar sua 
realidade social. É por meio dela que o sujeito/aprendiz irá formando sua nova consciência social. A 
extensão cria então um espaço de formação pedagógica, numa dimensão própria e insubstituível. 
 
Quando a formação universitária se limita ao ensino como mero repasse de informações ou 
conhecimentos está colocando o saber a serviço apenas do fazer. Eis aí a idéia implícita quando se vê 
seu objetivo apenas como profissionalização. Por melhor que seja o domínio que se repassará ao 
universitário dos conhecimentos científicos e das habilidades técnicas, qualificando-o para ser um 
competente profissional, isto não é suficiente. Ele nunca sairá da Universidade apenas como um 
profissional, como um puro agente técnico. 
 
ORRÚ. Silvia Éster. O Compromisso Institucional daUniversidade com a formação de professores. 
Disponível em http://www.campus-oei.org/revista/deloslectores/872Orru.PDF Acesso em 18 de 
setembro de 2009.

Outros materiais