Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Aula 2 - 09/08 Nutrição, Crescimento e Metabolismo Bacteriano Os microrganismos necessitam para o seu crescimento: ❖ Nutrientes; ❖ Condições Ambientais favoráveis - parâmetros fisiológicos (temperatura, pH, concentração de íons); ❖ Vias para obtenção de energia; ❖ Meio de cultura: é um componente preparado em laboratório, onde dentro dele há vários componentes que vão permitir o crescimento das bactérias; ❖ Colônias Bacterianas: é um concentrado de células bacterianas que cresceram naquele meio; Nutrientes ❖ Macronutrientes: são elementos requeridos em grandes quantidades por causa da importância metabólica e nutricional para a viabilidade da célula bacteriana; ❖ Micronutrientes: não são requeridos em grande necessidade. Fazem parte desse grupo, principalmente, os metais, que são essenciais na funcionalidade de algumas enzimas; Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Fatores de Crescimento: ● São exigidos em pequenas quantidades como os micronutrientes; ● São substâncias orgânicas exigidas pelos microrganismos que não podem ser sintetizadas a partir de seus nutrientes; ● Se não soubermos quais fatores são favoráveis para determinada bactéria crescer, não iremos conseguir cultivá-la in vitro (no laboratório), pois sem o seu fator de crescimento ela não irá crescer e se multiplicar; ● Se algumas dessas categorias estiverem em falta, suas respectivas funções estarão prejudicadas e a bactéria não vai conseguir crescer; 2 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Utilização dos Nutrientes: ● Exigência nutricional dos microrganismos: é inversamente proporcional à capacidade sintetizante. As bactérias são capazes de sintetizar diferentes componentes, umas mais e outras menos. O potencial enzimático que uma bactéria apresenta está relacionado com as características do seu material cromossômico; ● Se a bactéria tem uma capacidade sintetizante diversificada, consegue produzir diferentes componentes/enzimas, ela tem uma exigência nutricional muito menor (depende muito menos do meio). Mas, se a bactéria tem informação genética mais limitada, produz menor quantidade/variedade de componentes importantes para as suas funções metabólicas, ela vai ter uma exigência nutricional do meio em que está inserida muito maior (vai suprir a falta que ela possui); ● Alguns são mais especializados, precisam de componentes muito específicos, o que faz com que não estejam presentes em qualquer ambiente. E outros utilizam diversas fontes, estão em diferentes ambientes; Aspectos/Parâmetros Fisiológicos ❖ Exigência Atmosférica: presença de O2 ● aeróbio estritos: cresce somente na presença de oxigênio, na superfície da coluna do líquido; ● anaeróbio estrito: cresce apenas em ambiente ausente de oxigênio, na base da coluna do líquido. Ex.: clostridium tetani; ● anaeróbio facultativo: é aeróbio, mas pode crescer também na região de menor concentração de oxigênio, ao longo da coluna desse líquido; ● microaerófilo: cresce melhor na área de menor concentração de oxigênio, mas ainda com o oxigênio; ● anaeróbio aerotolerantes: tolera o oxigênio, cresce em sua presença, mas cresce principalmente na ausência dele; ❖ Temperatura: ● Psicrófilo: temperatura média de 4ºC. As bactérias que vivem aqui apresentam a membrana diferenciada, rica em ácidos graxos insaturados que consegue manter a fluidez mesmo em baixas temperaturas; ● Mesófilo: temperatura média de 39ºC. Está relacionada, principalmente, com processos infecciosos em humanos; ● Termófilo: temperatura média de 60ºC; 3 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Hipertermófilo: se divide em 2 classes - uma em que a temperatura média é de 88ºC e a outra de 106ºC. As bactérias que vivem nesse ambiente possuem as suas proteínas protegidas contra essa ação do choque térmico; ● Alguns microrganismos são bem adaptados a baixas, médias e altas temperaturas, baseados nas suas características para suportar esses ambientes; ● Quando a temperatura está além da máxima ocorre a desnaturação das proteínas, podendo levar a célula à morte; ● As bactérias extremófilas estão localizadas nos grupos dos psicrófilos e hipertermófilos; ❖ pH: ● A maioria dos microrganismos crescem melhor em pH 7; ● Bactérias acidófilas: pH entre 0 a 5. Ex.: helicobacter pylori; ● Bactérias neutrófilas: pH entre 5,4 a 8,5; ● Bactérias alcalinófilas: pH entre 9 a 14; ❖ Pressão Osmótica: é a capacidade da célula bacteriana tolerar ambientes com elevadas concentrações de NaCl ou açúcares. O citoplasma da célula bacteriana tende a ser mais concentrado, então,se ela estiver em um ambiente hipertônico, vai perder água por osmose. E se ela estiver no ambiente hipotônico vai absorver água (turge). Algumas bactérias produzem solutos compatíveis, armazenam no interior do citoplasma componentes que seguram água, ou seja, ela pode estar em um ambiente hipertônico que for que não vai perder água; ❖ Atividade Hídrica: é a disponibilidade de água livre no ambiente que possa ser utilizada na célula bacteriana. Se não tem água livre/disponível há um prejuízo significativo nas reações metabólicas, como o transporte transmembrana; Metabolismo 4 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ É o conjunto de reações de quebra (catabolismo) e de síntese (anabolismo) que ocorrem dentro do organismo; ❖ Catabolismo: é a quebra do nutriente complexo em partes menores/simples/monômeros. Nessa etapa há produção de precursores moleculares e de energia - uma parte é dissipada em forma de calor e outra parte é estocada em forma de ATP; ❖ Esses nutrientes mais simples/monômeros serão utilizados na próxima etapa, que é o anabolismo; ❖ Anabolismo: é a síntese. Então a partir dos precursores moleculares e do ATP produzido há formação de novas macromoléculas. O destino delas será definido de acordo com a exigência nutricional da célula bacteriana. Ex.: produção de estruturas celulares, processos celulares (crescimento, divisão), estocado para outros momentos; ❖ No catabolismo há produção de energia e no anabolismo há gasto de energia; ❖ Se não tem nutriente disponível, não há quebra, nem produção de energia e não tem como manter a viabilidade da célula; ❖ Se a bactéria não tiver o perfil enzimático, ou seja, a enzima que degrada a substância, ela não vai conseguir se nutrir ingerindo essa substância. Ex.: celulase (enzima) que degrada celulose (açúcar); ❖ Quanto maior informação genética a bactéria tiver para produzir diferentes componentes, se o seu perfil enzimático for diverso ela vai ser mais adaptada, vai estar presente em mais ambientes pois vai poder usar diferentes nutrientes para a sua nutrição metabólica; ❖ Reações de oxidação (envolve perda de elétrons - doou) e redução (envolve ganho de elétrons); ❖ Papel da coenzima NAD (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo) - NAD+ (oxidado) e NADH + H+ (reduzido): ela participa nos diferentes processos tanto na sua forma oxidada quanto na reduzida. Ela compartilha e recebe elétrons nas reações de oxirredução que são vitais para as funções metabólicas de produção de energia; ❖ A NAD é uma das principais coenzimas relacionadas com o processo de transferência desses elétrons dentro das reações metabólicas. Ela é utilizada nas duas formas para garantir que esses elétrons sejam percorridos, os componentes reciclados e que a energia vai fluindo, sendo produzida e consumida; ❖ NAD está diretamente relacionado com a produção e consumo desse compostos de alta-energia (ATP, Acetil coA, acetil fosfato, fosfoenol piruvato); 5 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Processos de Obtenção de Energia: fermentação, respiração e fotossíntese; ❖ A primeira etapa tanto para a fermentação quanto para a respiração é glicólise; ❖ Glicólise: é um processo de catabolismo. Dentro dele há produção de energia no final, consumo de energia no início e a participação da coenzima NAD transferindo elétrons, sendo importante para a produção desses componentes energéticos. Saldo energético: 2 moléculas de ATP; ❖ Fermentação: ● Ácida láctica: o ácido pirúvico que foi formadona glicólise vai sofrer ação da coenzima na sua forma reduzida NADH + H+, ela sai oxidada NAD+ e forma o ácido láctico; ● Alcoólica: o ácido pirúvico é descarboxilado (perde CO2) e vira acetaldeído. A coenzima NADH + H+ é oxidada e forma o etanol; ● A maioria das bactérias patogênicas fazem vias mistas, modelo heterofermentativo (usam vias que no final há produção de ácido e álcool); 6 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Baseado na via que a bactéria usa conseguimos diferenciá-las no laboratório. Há duas provas para descobrirmos: ● Prova de Voges-Proskauer: é necessário fornecer glicose para produzir ácido pirúvico e a partir dele observar qual via ela vai usar, se é a do butilenoglicol ou a do ácido misto. Apenas na dia do VP que é produzido acetoína, para revelar se foi produzida ou não é só acrescentar catalisadores; 7 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Prova do Vermelho de Metila: é a via dos ácidos mistos. É preciso fornecer glicose para produzir ácido pirúvico para saber qual via ela vai usar. Se utilizar a dos ácidos mistos ela vai produzir vários ácidos - acético, fórmico, lático, que vão diminuir o pH. ❖ Escherichia coli: uma bactéria que fermenta intensamente os açúcares que estão presentes no meio. A placa de ágar eosina azul de metileno fica com um brilho verde metálico; ❖ Respiração: ● Há participação do centro metabólico que é a membrana citoplasmática das bactérias; ● Ciclo de Krebs: segunda etapa da respiração. O ácido pirúvico vai ser convertido em Acetil coA, ele que vai dar início ao ciclo, que ocorre no citoplasma da célula bacteriana. (Prestar atenção nas setas rosa da imagem). ● Cadeia de Fosforilação Oxidativa: terceira etapa da respiração, ocorre na membrana citoplasmática. Há participação direta dos NADH e FADH reduzidos que foram produzidos no ciclo 8 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 anterior. A porção do H+ é jogada para fora e os elétrons vão ficar passando pela cadeia de transporte de elétrons. O oxigênio entra por difusão nessa cadeia; ● Nas bactérias aeróbicas o aceptor final de elétrons é o oxigênio, ele que pega os elétrons que estão passando pela cadeia transportadora. Conforme o oxigênio vai recebendo o elétron ele muda de carga, vira um ânion superóxido que possui elevado potencial de oxidação (vira tóxico para a célula), então ele precisa ser neutralizado. O hidrogênio protonado que foi jogado para fora vai retornar e neutralizar o ânion superóxido. Nesse momento de retorno, ele vai passar pela ATP sintase, ou seja, vai ligar uma molécula de fosfato (Pi) no ADP, produzindo energia (ATP); ● O hidrogênio protonado neutraliza o ânion superóxido e forma o peróxido de hidrogênio, que ainda é tóxico para a célula. Então, para neutralizar completamente vai ter ação da enzima catalase, ela quebra o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio livre; ● As bactérias que possuem superóxido dismutase e catalase são aeróbicas; ● Se as bactérias não possuírem essas enzimas, elas não vão crescer na presença de oxigênio, por isso são anaeróbicas; ● As bactérias que possuem só superóxido dismutase são microaerófilas, ou seja, só crescem em concentrações pequenas de oxigênio; 9 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Nas bactérias anaeróbicas, o aceptor final de elétrons pode ser diferentes agentes químicos. Ex.: nitratos, sulfatos; 10
Compartilhar