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FISIOLOGIA II F I S I O L O G I A D A L A C T A Ç Ã O - A U L A 1 0 - 1 6 / 0 8 EDUARDA CAROLINE GOSTINSKI PRODUÇÃO MUNDIAL DE LEITE A base da produção de leite comercial em várias partes do mundo é proveniente das vacas, búfalas, ovelhas, cabras, éguas e camelas. A produção varia entre as espécies, em quantidades significativamente diferentes. Já a composição do leite pode variar na mesma espécie, dependendo da domesticação, qualidade genética, raça, condições ambientais, condições fisiológicas e tipo de manejo. ANATOMIA/FISIOLOGIA O desenvolvimento da glândula mamária na gestação permite o início da síntese e secreção do leite em correspondência com o parto, e isso é considerado uma maravilha biológica. A secreção mamária inicial produzida após o parto é chamada de Colostro, que contém nutrientes e anticorpos necessários para uma boa saúde e desenvolvimento precoce. O leite vai fornecer ao recém-nascido proteínas, carboidratos e gorduras. A glândula mamária evoluiu em todas as espécies de mamíferos. Em animais leiteiros como a vaca, ocorreu uma seleção genética e avanços na tecnologia de ordenha, já que a cava produz muito mais leite do que um bezerro pode consumir e quantidade maiores do COMPONENTES DO TECIDO SECRETOR DA GLÂNDULA que o órgão original era capaz de acomodar. GLÂNDULA MAMÁRIA É uma glândula exócrina, sudorípara modificada, cutânea. É de composição tubero-alveolar, com dois tipos de tecido: o Estroma, formado por tecido conjuntivo e adiposo, que tem função de fornecer a estrutura de suporte, de suprimento sanguíneo, linfático e nervoso; e o Parênquima, formado por células epiteliais secretoras de leite. A glândula mamária possui variações entre as espécies, em relação ao aspecto da glândula, como a aparência, a localização, número de glândulas, tetos e abertura do orifício do teto e quantidade relativas dos componente secretados. Cisterna da glândula, cisterna do teto, alvéolo, lóbulo, lobo e células mioepiteliais. O desenvolvimento do parênquima mamário ocorre mediante a proliferação das células epiteliais provenientes do cordão mamário primário. Assim as células formam estruturas ocas circulares denominadas Alvéolos, que são as unidades secretoras de leite da glândula mamária, formados por uma única camada de células. Vaca: 4 glândulas inguinais, tendo 1 canal por teto; Égua/C: 2 glândulas inguinais, tendo 2 canais por teto; Ovelha e Cabra: 2 glândulas inguinais, tendo 1 canal por teto; Suína: 12 glândulas, sendo 4 torácicas, 6 abdominais e 2 inguinais, tendo 2 a 3 canais por teto; Gatas: 8 glândulas, sendo 2 torácicas craniais, 2 torácicas caudais, 2 abdominais e 2 inguinais, tendo 5 a 6 canais por teto; Cadelas: 10 glândulas, sendo 2 torácicas craniais, 2 torácicas caudais, 2 abdominais craniais, 2 abdominais caudais e 2 inguinais, tendo 5 a 6 canais por teto; Em paralelo, surge uma grande área de epitélio na superfície que são as Tetas, que possui uma passagem que permite a liberação do leite da cisterna da teta para o exterior, que é o Ducto Papilar (canal do teto), que é formado por um sistema de ductos que se convergem até formar um ducto final por glândula. O leite é drenado dos ductos principais para a cisterna da glândula e segue para a cisterna da teta, e a comunicação entre essas duas cisternas é feita pela Crista Circular. Cisternas são áreas especializadas em armazenar o leite, localizadas na parte ventral da glândula mamária. Os alvéolos são agrupados em Lóbulos, que são agrupados em unidade maiores denominadas Lobos. Os alvéolos são revestidos por células mioepiteliais, de natureza contrátil, cuja função é a ejeção do leite. A glândula mamária se desenvolve em pares, nos animais se apresenta: Primatas e Elefantes: 2 glândulas torácica, tendo 8 a 10 canais por teto. GLÂNDULA MAMÁRIA DA VACA Quando está vazia pesa entre 14 e 32kg, mas quando está cheia, em vacas de alta produção, pesa de 50 a 60kg, devido a sua estrutura e sustentação resistente e complexa. Os quartos mamários posteriores produzem mais leite, cerca de 60% do total, enquanto os anteriores produzem 40% do total. SUPORTE DA GLÂNDULA A glândula mamária não possui pelos. Possui um tecido conectivo fino abaixo da pele, entre a parte cranial dos quarto e a parede abdominal. O suporte da glândula é feito pelos ligamentos Suspensórios Lateral (LSL) e ligamento Suspensório Médio (LSM). Fonte: https://www.vetprofissional.com.br/artigos/anatomia- dos-tetos-mamarios-de-vacas-leiteiras chega até a parte caudal em ambos os lados da glândula mamária. Após o parto, ocorre rapidamente um desvio do fluxo sanguíneo do útero para as glândulas mamárias. A drenagem sanguínea do úbere é feita pelas veias pudendas externas direita e esquerda, que recebem o sangue dos quartos mamários e drenam para a veia epigástrica superficial caudal. Caudalmente a drenagem é feita pela veia perineal. Um intenso fluxo sanguíneo é condição para uma alta produção secretória das glândulas mamárias. 500 litros de sangue são necessários para produzir 1 litro de leite. CIRCULAÇÃO LINFÁTICA DA GLÂNDULA MAMÁRIA O sistema linfático da glândula segrega os produtos nocivos da glândula. Os linfonodos filtram substâncias estranhas e fornecem linfócitos para combater infecções intramamárias. Primíparas (fêmea que pariu ou vai parir pela primeira vez). Nelas ocorre um aumento de edema, que aumenta o fluxo sanguíneo que chega e reduz o fluxo sanguíneo que sai da mama. É um edema por aumento de PH maior que o aumento da permeabilidade. CRESCIMENTO MAMÁRIO, DIFERENCIAÇÃO E LACTAÇÃO Envolvem o processo de mamogênese, lactogênese e galactopoese. LSL: É inserido nos ossos púbicos e tendões da parede abdominal; Lança feixes de sustentação por todos os lados do úbere; É formado por 2 camadas; É mais fibroso, inelástico; Está unido aos tendões pré-púbicos e sub-púbicos. LSM: Fixa a glândula mamária à parede abdominal e a pelve, absorvendo os impactos mecânicos durante a movimentação; É a principal estrutura de sustentação; É relativamente elástico, formado por 2 camadas; A sua ruptura causa o úbere pêndulo. A seleção de animais com LSM mais resistente pode ser uma ferramenta importante para minimizar a incidência de mastite. CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA DA GLÂNDULA MAMÁRIA DAS VACAS Recebe parte do suprimento sanguíneo das artérias pudenda externa direita e esquerda. Elas passam pelo canal inguinal e dividem- se em ramo cranial e caudal. O ramo cranial supre de sangue do quarto mamário anterior e o ramo caudal supre o quarto mamário posterior. Outra parte do suprimento é garantido pela artéria perineal ventral (ramo da pudenda interna) que passa logo abaixo da vulva e Do nascimento até a puberdade, sofre pouco desenvolvimento; A velocidade do crescimento mamário é de acordo com o crescimento corporal; O aumento de tamanho da mama se deve ao aumento do tecido conjuntivo e gordura; Quando o feto atinge os seis meses, o úbere já está com as quatro glândulas, o ligamento mediano, os tetos e a cisterna glandular formados. Antes do primeiro ciclo estral o parênquima mamário começa a crescer mais rápido do que o corpo; Durante cada ciclo estral a glândula mamária é estimulada por hormônios (Estrogênio e Progesterona) e ocorre o crescimento; Alongamento e ramificação dos ductos mamários e desenvolvimento do sistema lóbulo alveolar. Na primeira gestação ocorre a maturação da glândula mamária, que atinge completa capacidade funcional; As células epiteliais mamárias MAMOGÊNESE É o processo de crescimento e desenvolvimento da glândula mamária. Ocorre na fase fetal. Aos 35 dias de idade, forma-se uma linha mamária do estrato germinativo. Aos 60 dias de idade o botão mamário se aprofunda na derme e a teta começa a se formar. Aos 100 dias começa a formação de canais na extremidade do botão e prossegue produzindo eventualmente uma abertura para o exterior. Fase Pré Púbere: Na Puberdade: Após a Concepção: O crescimento acelerado durante a gestação é devido a secreção aumentada e sincrônica de estrogênio e progesterona; Após 3 ou4 meses de gestação os ductos mamários alongam-se, os alvéolos se formam e começam a substituir o estroma; No sexto mês observa-se um extenso desenvolvimento lóbulo alveolar; A secreção de leite normalmente começa durante a última parte da gestação e resulta na formação do colostro; Até o final da gestação a glândula mamária terá se transformado em uma estrutura cheia de células alveolares que sintetizam e secretam leite. A lactação não se inicia antes que a gestação termine, devido os efeitos inibitórios da progesterona e do estrogênio, fatores que são removidos antes do parto. completarão a sua diferenciação; LACTOGÊNESE É o processo pelo qual a glândula mamária adquire a capacidade de secretar leite, no qual ocorre a diferenciação e multiplicação das células alveolares . Primeiro Estágio: diferenciação parcial enzimática e citológica das células alveolares. Pouca secreção de leite. Segundo Estágio: começa com a secreção de todos os componentes do leite na proximidade do parto. Os estrógenos estimulam a produção de Prolactina, que vai estimular a liberação de ocitocina, estimulando assim a descida do leite. Fatores que afetam a lactogênese: nutrição; idade do animal; atividade e Prolactina: sua ação está envolvida no crescimento mamário, início e manutenção da lactação; Hormônio do crescimento (GH)/Somatrotopina: o GH direciona os nutrientes para a síntese do leite e aumenta a produção. Possui manipulação comercial 'Boostin', 'Lactotropin', desenvolvidos para suplementar os níveis plasmáticos de Somatrotopina; Glicocorticóides (ACTH): suas ações estão envolvidas no início e manutenção da lactação ao exercer seu efeito sobre o número de células mamárias e sobre a atividade metabólica; T3 e T4: estimulam o consumo de oxigênio e a síntese de proteínas aumentando a síntese do leite; Paratormônio (PTH): ação envolvida no metabolismo do cálcio e fósforo; Insulina: ação envolvida no metabolismo da glicose; Ocitocina: ação envolvida na ejeção do leite; Estradiol: ação envolvida no crescimento dos ductos mamários; Progesterona: ação envolvida no trabalho (intervalo entre as ordenhas); irrigação sanguínea; Função do sistema nervoso; acúmulo de fetos em espécies multíparas. GALACTOPOESE É a manutenção da secreção de leite. Requer a conservação do número de células alveolares, intensa atividade de síntese celular e a eficácia do reflexo de ejeção do leite. Diversos hormônios estão envolvidos no processo de síntese e secreção do leite: Lactogênio Placentário: ação envolvida no crescimento mamário. crescimento lóbulo-alveolar mamário e inibição da lactogênese; REFLEXOS DE EJEÇÃO DO LEITE Estímulos naturais como a sucção do leite pelo bezerro. Estímulos táteis como o estímulo manual do teto, a lavagem do teto e os ruídos da ordenhadeira. MECANISMO DE EJEÇÃO DO LEITE A ejeção do leite começa com os receptores nervosos existentes na pele da teta que são sensíveis a pressão são ativados, enviando um impulso nervoso, que chega ao hipotálamo onde a ocitocina é produzida e fica armazenada na neurohipófise, esse estímulo faz com que a neurohipófise libere a ocitocina no sangue, que ao chegar no úbere estimula as células mioepiteliais a contrair, essa contração libera o leite dos ductos para os tetos. INIBIÇÃO DA EJEÇÃO DO LEITE O mecanismo de ejeção do leite é inibido por vários estímulos estressantes, como dor e barulhos. O estresse aumenta a descarga de adrenalina e noradrenalina, que levam a contração dos músculos lisos, que obstruem os ductos mamários e os vasos sanguíneos, evitando que a ocitocina chegue nas células mioepiteliais. A adrenalina também pode bloquear a ligação da ocitocina nas células mioepiteliais. INVOLUÇÃO MAMÁRIA Quando a lactação cessa, a vaca vai diminuindo a produção e é instituído um Dispersão de Proteínas do soro e solução coloidal de micelas de caseína ligadas a cálcio e fósforo; Emulsão de Gordura e vitaminas lipossolúveis em água; Solução aquosa de Lactose, sais minerais e vitaminas hidrossolúveis. período de repouso 60 dias antes do parto, que é o período seco da vaca. O leite residual na glândula é reabsorvido, ocorre a redução no tamanho dos alvéolos. Os espaços previamente ocupados pelos alvéolos em degeneração são substituídos por células adiposas. Nesse tempo, ocorre a regeneração do sistema túbulo-alveolar. O LEITE A função biológica do leite é: fornecer nutrientes (energia, aminoácidos, minerais e vitaminas); fornecer proteção imunológica (anticorpos e fatores antibacterianos como a lisozima e a lactoferrina); fornecer fatores de crescimento e enzimas digestivas (proteases e lipases). O leite contém todos os nutrientes essenciais e necessários para a sobrevivência e o crescimento inicial do recém-nascido. É um alimento completo. O leite é caracterizado por uma mistura complexa e nutritiva, composta por água, açúcares, gordura, proteínas, lactose, minerais e vitaminas. A variação da composição básica do leite ocorre entre as espécies selvagens e domésticas, na mesma espécie ocorre devido a genética, natureza da dieta e a fase da lactação. A composição do leite é uma combinação de três grupos de componentes em equilíbrio: Adequada disponibilidade de nutrientes precursores absorvidos a partir do sangue (glicose, AA, ácidos graxos, sais minerais e vitaminas); Capacidade de captação dos precursores e conversão em componentes do leite; Remoção do leite da glândula mamária. LACTOSE SÍNTESE DO LEITE Depende de três fatores básicos: Alguns componentes são sintetizados na mama, mas alguns são sintetizados em outros tecidos e transportados do sangue para o leite. A secreção do leite é feita pelas células epiteliais que revestem os alvéolos mamários, que sintetizam e secretam as proteínas e a gordura do leite. O processamento dos componentes do leite inicia-se pela boca, com a mastigação e as enzimas digestivas. O material mastigado passa para o rúmen, onde ocorre a fermentação. Os produtos resultantes do metabolismo fermentativo, como os aminoácidos, carboidratos e gorduras, são absorvidos no trato gastrointestinal. Após serem absorvidos, esses nutrientes são transportados pela corrente sanguínea até a glândula mamária, onde vão servir de base para a síntese do leite. É um dissacarídeo, que no leite tem como objetivo fornecer energia ao neonato, conferindo o sabor adocicado ao leite. No intestino ela é hidrolisada pela enzima lactase em glicose e galactose. Na vaca em lactação, a disponibilidade de glicose é um fator limitante para a síntese de lactose. Assim, na vaca, 85% do total da glicose plasmática circulante é absorvida PROTEÍNAS GORDURA COMPONENTES INORGÂNICOS E VITAMINAS na glândula mamária para síntese de lactose. Na vaca, a absorção da glicose a partir do intestino é limitada. A demanda de glicose do metabolismo é suprida pela gliconeogênese que ocorre no fígado. A etapa final de produção é nas células epiteliais da glândula mamária, nas membranas do complexo de golgi. Após a síntese, a lactose é transportada por vesículas para o lúmen do alvéolo. Nas células epiteliais mamárias, a síntese de proteínas ocorre no retículo endoplasmático rugoso, a partir de aminoácidos do sangue, que após a síntese são transportados para o complexo de golgi e posteriormente secretadas em forma de vesículas para o lúmen. É o componente de maior variação no leite, variando de acordo com fatores genéticos, nutricionais e fisiológicos. Sua função é fornecer energia para o neonato. Sua síntese ocorre nas células epiteliais, a partir dos ácidos graxos. Metade da gordura é derivada do sangue e a outra metade é produzida na glândula mamária. Dentro da célula epitelial, os triacilglicerois são sintetizados na superfície externa do retículo endoplasmático liso, formando gotículas de gordura que após formada migram para o lúmen dos alvéolos. Estão associados com o balanço iônico, osmótico e a estabilidade do leite. São os principais minerais para o desenvolvimento do esqueleto. Se encontram na forma solúvel e ligados a micelas de caseína. Todas as vitaminashidrossolúveis e lipossolúveis estão presentes no leite. Não são sintetizados na glândula mamária, e sim obtidos através da dieta. COLOSTRO É o primeiro leite secretado após o parto, começa a ser produzido aproximadamente três semanas antes do parto. É viscoso e amarelado. É uma rica fonte de nutrientes, especialmente de vitamina A, lipídios e proteínas (exceto lactose). As imunoglobulinas estão altamente concentradas no colostro, permitindo aos neonatos o recebimento de imunidade passiva. A ingestão do colostro pelos neonatos possui tempo limitado, entre 24 e 36 horas. Por isso deve-se garantir a ingestão do colostro pelo recém-nascido. Nos animais ungulados e marsupiais o colostro é a única forma de oferecimento de imunoglobulinas para a cria.
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