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1 @mobilefisio Apostila de Neuroanatomia 2 @mobilefisio Índice 1) Vesículas Embrionárias ....................................................................................... 3 2) Células mais importantes do SN ......................................................................... 5 3) Desenvolvimento Embrionário ........................................................................... 6 4) Funções Gerais ................................................................................................... 8 5) Divisões do Sistema Nervoso ............................................................................. 9 6) Meninges .......................................................................................................... 11 7) Liquor ................................................................................................................ 12 8) Nervos Cranianos .............................................................................................. 13 9) Tronco Encefálico ............................................................................................. 20 10) Principais conceitos relacionado ao SN .............................................................. 23 11) Cerebelo .............................................................................................................. 24 12) Cérebro................................................................................................................ 26 13) Sulcos Principais ................................................................................................31 14) Classificação Funcional do Córtex Cerebral......................................................38 15) Referências Bibliográficas..................................................................................46 3 @mobilefisio Vesículas Embrionárias Para melhor entender a formação do sistema nervoso foi preciso entrar um pouco em embriologia. Os primeiros estudos tiveram que ser realizados em ratos, devido aos limites éticos e sociais da época, pois havia uma similaridade com o desenvolvimento neuro anatômico humano. A partir de um corte sagital no encéfalo, percebeu – se três partes: 1. Prosencéfalo parte anterior, forma o Telencéfalo (hemisférios cerebrais) e Diencéfalo (Tálamo e Hipotálamo) 2. Romboncéfalo parte posterior, forma Ponte, Bulbo, Medula 3. Mesencéfalo liga Diencéfalo e Ponte Nomes são dados de acordo com as regiões Grego 4 @mobilefisio As estruturas se desenvolvem conforme o embrião cresce, ocorrendo uma mudança em seus nomes (se tratando de humanos): 5 @mobilefisio Evolução (A) filogenética (B) e embriológica e fetal do SNC do ser humano Células mais importantes do Tecido Nervoso Neurônio: Processa e enviar informações. São células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com células efetuadoras (células musculares e secretoras), usando basicamente uma linguagem elétrica, ou seja, modificação do potencial da membrana. Portanto, os neurônios são células de condução do estímulo nervoso e é caracterizado pelas seguintes estruturas: Corpo: núcleo e citoplasma (centro metabólico); Dendritos: prolongamentos pequenos e numerosos (transportam impulsos em direção ao corpo celular); 6 @mobilefisio Axônio: prolongamento único, longo ou curto, que transporta impulsos para longe do corpo celular. O axônio pode ou não ser envolvido pela bainha de mielina. Neuroglia: Células que ocupam os espaços entre os neurônios, com função de sustentação, revestimento ou isolamento e defesa. Após a diferenciação, os neurônios dos vertebrados não se dividem, ou seja, após o nascimento geralmente não são produzidos novos neurônios. Já a neuroglia conserva a capacidade de mitose após completa diferenciação. Endotélio Vascular: É a célula que providencia o fortalecimento de sangue para o tecido cerebra 7 @mobilefisio Desenvolvimento Embrionário Fecundação: Espermatozoide se une ao óvulo e forma o zigoto. Clivagem: Desenvolvimento de um organismo multicelular através de uma série de divisões mitóticas. Blastocele: Cavidade de segmentação, é a região central da blástula, resultado de várias divisões mitóticas denominadas segmentação ou clivagem. Gastrulação: O disco embrionário bilaminar é convertido em disco embrionário trilaminar (inicio da morfogênese). Durante a gastrulação ocorrem alguns eventos importantes como a formação da linha primitiva, camadas germinativas, placa precordal e notocordal. 8 @mobilefisio Neurolação: A neurulação faz parte da organogênese nos embriões vertebrados e é o processo de formação do tubo neural, rudimento do Sistema Nervoso Central Período Embrionário Período Fetal Nascimento No recém-nascido, a medula espinal ocupa toda a extensão do canal vertebral. No adulto, detém-se em L2. Essa diferença e ocorre devido à desigualdade entre o seu crescimento e o da coluna vertebral. Por isso há um grande desnível entre os segmentos medulares e as raízes que dela se originam. A raiz que emerge por um forame intervertebral tem origem mais acima, na medula. Funções gerais Tálamo –Estrutura chave para a transmissão de informações aos hemisférios cerebrais. Hipotálamo – Funções do Sistema Autônomo (SNA) e controle da liberação de hormônios da Hipófise. Mesencéfalo/Ponte/Bulbo – Controle de movimento da cabeça e olhos; regula atenção; regulação de pressão sanguínea e respiração. Formam o Tronco Encefálico. Cerebelo – Regula movimentos dos olhos, membros, manutenção da postura e equilíbrio. 9 @mobilefisio Medula – Controle do movimento corporal, funções vesicais e processamento de informações sensoriais, conduzindo o fluxo de informações aferentes e eferentes ao Encéfalo. Sistema Nervoso Divisão Anatômica: Sistema Nervoso Central (Protegido por um estojo ósseo) Encéfalo, protegido pelo crânio e tem subdivisões Medula espinal, protegida pela coluna vertebral Sistema Nervoso Periférico (está na periferia) Glânglios (conjunto de corpos de neurônio fora do SNC) 10 @mobilefisio Sistema parassimpático controla os processos do corpo durante situações comuns. Sistema simpático prepara o organismo para situações de estresse ou de emergência: lutar, fugir e se apaixonar. Função do SN Neurofisiologia: Regulação do meio interno Adaptação ao meio externo Sede das funções intelectuais, inclusive sentimentos 11 @mobilefisio Nervo periférico Permite que parte do axônio chegue até o SNP Meninges Lâminas de tecido conjuntivo que envolvem e protegem o encéfalo e a medula espinal, também servem de estruturas de sustentação para artérias, veias e seios venosos. 3 tipos de meninges: A. Dura – máter É um cilindro oco formado por uma parede fibrosa e espessa, sólida e pouco extensível. Vai do forame magno até S2 ou S3. Superfície externa: relaciona-se com as paredes ósseas e ligamentos da coluna vertebral; Superfície interna: é lisa e polida e relaciona-se com a aracnóide-máter. B. Aracnóide – máter É uma membrana vascular, celular, situada sobre a superfície da medula 12 @mobilefisio espinal. Superfície interna: adere á medula espinal penetrando na fissura mediana anterior e em seus sulcos e prolonga-se em suas raízes; Superfície externa: corresponde ao espaço subaracnóideo. C. Pia – máter É um tecido situado entre a dura-máter e a pia-máter. É formada por uma lâmina externa homogênea, a aracnóide-máter propriamente dita, e uma camada interna, areolar, degrandes malhas, que constitui o espaço subaracnóideo, onde circula o líquido cerebrospinal (líquor). Caracterização dos espaços entre as meninges Espaço extradural (epidural ou peridural): entre o osso, tecido adiposo e a dura- máter; Espaço subdural: entre a dura-máter e aracnóide-máter; Espaço subaracnóideo: entre a aracnóide-máter e pia-máter (espaço em que circula uma quantidade maior de líquido cerebrospinal). Liquor É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo e as cavidades ventriculares. A são função primordial é proteção mecânica do sistema nervoso central. Formação, Absorção e Circulação do Liquor: 13 @mobilefisio O liquor é produzido nos plexos corioides dos ventrículos e uma pequena porção é produzida no epêndima das paredes ventriculares e dos vasos da leptomeninge. Existem plexos corioides nos ventrículos Os ventrículos laterais contribuem com maior contingente liquórico, que passa pelo terceiro ventrículo através dos forames interventriculares e daí para o quarto ventrículo através do aqueduto cerebral. Através das aberturas medianas e laterais do quarto ventrículo, o liquor passa para o espaço subaracnoideo, é reabsorvido pelas granulações aracnoideas que se projetam para o interior da dura-máter. Como essas granulações predominam no eixo sagital superior, a circulação do liquor se faz de baixo para cima, devendo atravessar o espaço entre a incisura da tenda e o mesencéfalo. No espaço subaracnoideo da medula, o liquor desce em direção caudal, mas apenas uma parte volta, pois reabsorção liquórica ocorre nas pequenas granulações aracnoideas existentes nos prolongamentos da dura- máter que acompanham as raízes dos nervos espinhais. A circulação do liquor é extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida, a produção do liquor em uma extremidade e a sua absorção em outra já são o suficiente para causar sua movimentação. Um outro fator é a pulsação das artérias intracranianas, que, cada sístole, aumenta a pressão liquórica, possivelmente contribuindo para empurrar o liquor através das granulações..aracnoidea. MENINGES E LIQUOR O tecido do SNC é muito delicado e é por esse motivo, que ele possui um sistema de proteção formado por quatro estruturas: crânio, meninges, líquido cerebrospinal (liquor) e barreira hematoencefálica. 14 @mobilefisio Nervos Nervos são cordões esbranquiçados constituídos por feixes de fibras nervosas reforçadas por tecido conjuntivo, que unem o sistema nervoso central aos órgãos periféricos. Podem ser espinais ou cranianos, conforme esta união se faça com a medula espinal ou com o encéfalo. A função dos nervos é conduzir, através de suas fibras, impulsos nervosos do sistema nervoso central para a periferia (impulsos eferentes) e da periferia para o sistema nervoso central (impulsos aferentes). São três as bainhas conjuntivas que entram na constituição de um nervo: Epineuro: envolve todo o nervo; Perineuro: envolve os feixes de fibras nervosas; Endoneuro: envolve cada fibra nervosa. As bainhas conjuntivas conferem grande resistência aos nervos e geralmente são mais espessas nos nervos superficiais, pois estes, mais do que os profundos, estão expostos aos traumatismos. Originam-se na medula espinal e os cranianos no encéfalo. Costuma-se distinguir em um nervo uma origem real e uma origem aparente. Origem real: local onde estão localizados os corpos dos neurônios que constituem os nervos, como, por exemplo, a coluna anterior da medula e os núcleos dos nervos cranianos; Origem aparente: corresponde ao ponto de emergência ou entrada do nervo na superfície do Sistema Nervoso Central. No caso dos nervos espinais, esta origem se encontra nos sulcos ântero-lateral e póstero-lateral da medula espinal. Alguns consideram ainda como origem aparente os forames intervertebrais na coluna vertebral. 15 @mobilefisio Nervos Espinais Fazem conexão com a medula espinal e são responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e parte da cabeça. São 31 pares que correspondem aos 31 segmentos medulares existentes: 08 pares de nervos cervicais; 12 pares de nervos torácicos; 05 pares de nervos lombares; 05 pares de nervos sacrais; 01 par de nervos coccígeos (3 ossos presentes naquela região). Cada nervo espinal é formado pela união das raízes posterior e anterior, as quais se ligam, respectivamente, aos sulcos póstero-lateral e ântero-lateral da medula espinal através de suas respectivas radículas. Na raiz posterior localiza-se o gânglio espinal, onde estão os corpos dos neurônios sensitivos. A raiz anterior é formada por axônios que se originam em neurônios situados nas colunas anterior e lateral da medula. Da união da raiz posterior (sensitiva), com a raiz anterior (motora), forma- se o tronco do nervo espinal, que funcionalmente é misto. O tronco do nervo espinal se divide em ramo anterior e posterior. Apenas os ramos anteriores dos nervos espinais formarão os plexos cervical, braquial, lombossacral e coccígeo. Classificação Funcional dos Nervos Espinais 16 @mobilefisio Nervos Cranianos Estabelecem conexão direta entre o encéfalo e estruturas periféricas. Existem 12 pares de nervos cranianos, que saem do encéfalo e que, depois de passar pelos forames e fissuras do crânio, distribuem-se para a cabeça (principalmente), pescoço e outras partes do corpo. A maioria deles (do III – XII) liga-se ao tronco encefálico, excetuando-se apenas os nervos olfatórios (I par) e ópticos (II par), que se ligam, respectivamente, ao telencéfalo e ao diencéfalo. Abaixo, tem-se uma relação dos 12 pares cranianos e algumas de suas principais funções: I. Nervo Olfatório: é um nervo totalmente sensitivo que se origina no teto da cavidade nasal e leva estímulos olfatórios para o bulbo e trato olfatório, os quais são enviados até áreas específicas do telencéfalo. II. Nervo Óptico: nervo puramente sensorial que se origina na parte posterior do globo ocular (a partir de prolongamentos de células que, indiretamente, estabelecem conexões com os cones e bastonetes) e leva impulsos luminosos relacionados com a visão até o corpo geniculado 17 @mobilefisio lateral e, daí, até o córtex cerebral relacionado com a visão. III. Nervo Oculomotor: nervo puramente motor que inerva a maior parte dos músculos extrínsecos do olho (Mm. Oblíquo inferior, reto medial, reto superior, reto inferior e levantador da pálpebra) e intrínsecos do olho (M. ciliar e esfíncter da pupila). Indivíduos com paralisia no III par apresentam dificuldade em levantar a pálpebra (que cai sobre o olho), além de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho, como estrabismo divergente (olho voltado lateralmente). IV. Nervo Troclear: nervo motor responsável pela inervação do músculo oblíquo superior. Suas fibras, ao se originarem no seu núcleo (localizado ao nível do colículo inferior do mesencéfalo), cruzam o plano mediano (ainda no mesencéfalo) e partem para inervar o músculo oblíquo superior do olho localizado no lado oposto com relação à sua origem. Além disso, é o único par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal do tronco encefálico (caudalmente aos colículos inferiores). V. Nervo Trigêmeo: apresenta função sensitiva (parte oftálmica, maxilar e mandibular da face) e motora (o nervo mandibular é responsável pela motricidade dos músculos da mastigação: Mm. temporal, masseter e os pterigoideos). Além da sensibilidade somática de praticamente toda a face, o componente sensorial do trigêmeo é responsável ainda pela inervação exteroceptiva da língua (térmica e dolorosa). VI. Nervo Abducente: nervo motor responsável pela motricidade do músculo reto lateral do olho, capaz de abduzir o globo ocular (e, assim,realizar o olhar para o lado), como o próprio nome do nervo sugere. 18 @mobilefisio Por essa razão, lesões do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente). VII. Nervo Facial: é um nervo misto e que pode ser dividido em dois componentes: N. facial propriamente dito (raiz motora) e o N. intermédio (raiz sensitiva e visceral). Praticamente toda a inervação dos músculos da mímica da face é responsabilidade do nervo facial; por esta razão, lesões que acometam esse nervo trarão paralisia dos músculos da face do mesmo lado (inclusive, incapacidade de fechar o olho). O nervo intermédio, componente do próprio nervo facial, é responsável, por exemplo, pela inervação das glândulas submandibular, sublingual e lacrimal, além de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua. VIII. Nervo Vestíbulo-coclear: é um nervo formado por dois componentes distintos (o N. coclear e o N. vestibular); embora ambos sejam puramente sensitivos, assim como o nervo olfatório e o óptico. Sua porção coclear traz impulsos gerados na cóclea (relacionados com a audição) e sua porção vestibular traz impulsos gerados nos canais semi- circulares (relacionados com o equilíbrio). IX. Nervo Glossofaríngeo: responsável por inervar a glândula parótida, além de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 posterior da língua. É responsável, também, pela motricidade dos músculos da deglutição. X. Nervo Vago: considerado o maior nervo craniano, ele se origina no bulbo e se estende até o abdome, sendo o principal representante do sistema nervoso autônomo parassimpático. Com isso, está relacionado com a inervação parassimpática de quase todos os órgãos torácicos e abdominais. Traz ainda fibras aferentes somáticas do pavilhão e do 19 @mobilefisio canal auditivo externo. XI. Nervo Acessório: inerva os Mm. esternocleidomastoideo e trapézio, sendo importante também devido as suas conexões com núcleos dos nervos oculomotor e vestíbulo-coclear, por meio do fascículo longitudinal medial, o que garante um equilíbrio do movimento dos olhos com relação à cabeça. Na verdade, a parte do nervo acessório que inerva esses músculos é apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). O componente bulbar do acessório pega apenas uma “carona” para se unir com o vago, formando, em seguida, o nervo laríngeo recorrente. XII. Nervo Hipoglosso: inerva a musculatura da língua. 20 @mobilefisio Tronco Encefálico O tronco encefálico interpõe-se entre a medula espinal e o diencéfalo, situado anteriormente ao cerebelo. Divide-se em: Bulbo (Medula Oblonga), situado inferiormente; Mesencéfalo, situado superiormente; e Ponte, situada entre ambos. Bulbo Tem a forma de um tronco de cone, cuja extremidade menor continua inferiormente com a medula espinal. Seu limite com a medula é considerado como sendo no mesmo nível do forame magno do osso occipital. A fissura mediana anterior termina superiormente em uma depressão denominada forame cego. De cada lado da fissura mediana anterior existe uma eminência alongada, a pirâmide, formada por um feixe compacto de fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula, conhecida também como trato corticospinal ou trato piramidal (motricidade voluntária). Na parte inferior do bulbo, fibras desse trato cruzam obliquamente o plano mediano que acabam por obliterar a fissura mediana anterior e constituem a decussação das pirâmides. Entre os sulcos ântero-lateral e póstero-lateral, encontra-se uma grande massa de substância cinzenta: a oliva. Na região posterior do bulbo encontra-se o sulco mediano posterior, que termina a meia altura em virtude do afastamento de seus lábios, que contribuem para a formação dos limites laterais do quarto ventrículo. O fascículo grácil e o fascículo cuneiforme, bem como seus respectivos núcleos também estão presentes na área posterior do bulbo, responsáveis pela propricepção consciente (sentido de posição e movimentos) do corpo. 21 @mobilefisio Possui centros associados ao equilíbrio e audição (área vestibular), deglutição, tosse, vômito, salivação, movimentos linguais, respiração e circulação (parte inferior do IVº ventrículo, trígonos do vago e do hipoglosso). Ponte Ponte representa a parte do tronco encefálico interposta entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada anteriormente ao cerebelo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela turca do osso esfenóide. Sua base, situada anteriormente, apresenta estriação transversal em virtude da presença de numerosos feixes de fibras transversais que a percorrem. Estas fibras convergem de cada lado para formar um volumoso feixe, o pedúnculo cerebelar médio (“braço da ponte”), que penetra no hemisfério cerebelar correspondente. Percorrendo longitudinalmente a superfície anterior da ponte existe um sulco, o sulco basilar, que geralmente aloja a artéria basilar. A parte anterior da ponte é separada do bulbo pelo sulco bulbopontino, porém na sua superfície posterior não apresenta linha de demarcação entre ambos, constituindo a exemplo da parte posterior do bulbo, a fossa rombóide. Possui centros associados à mastigação, aos movimentos oculares, á expressão facial, piscar dos olhos, salivação, equilíbrio e audição (parte superior do IVº ventrículo; área vestibular, eminencia medial coliculo facial e formação reticular). 22 @mobilefisio Mesencéfalo O mesencéfalo interpõe-se entre a ponte e o cérebro. É atravessado por um estreito canal, o aqueduto do mesencéfalo, que une o terceiro ao quarto ventrículo. A parte do mesencéfalo situada posteriormente ao aqueduto é o teto do mesencéfalo; anteriormente encontra-se os dois pedúnculos cerebrais Teto do mesencéfalo: apresenta quatro eminências arredondadas, os colículos superiores, relacionados com os órgãos da visão, e colículos inferiores, relacionados com os órgãos da audição. No conjunto, os colículos superiores e inferiores são denominados “corpos quadrigêmeos”. Acima e medialmente aos colículos superiores está a glândula pineal, que, entretanto será estudada como uma formação pertencente ao epitálamo, no diencéfalo. Tegmento do mesencéfalo: é uma continuação do tegmento da ponte. Apresenta, além da formação reticular, substância cinzenta homóloga (onde estão presentes o núcleo do nervo troclear e o núcleo do nervo oculomotor), e substância cinzenta própria do mesencéfalo (onde estão presentes o núcleo rubro e a substância negra (formação de dopamina) que são os principais núcleos responsáveis pela motricidade automática). A substância branca do mesencéfalo é representada pelas fibras longitudinais e transversais. Pedúnculo cerebral: delimitam uma profunda depressão triangular, a fossa interpeduncular, limitada anteriormente por duas eminências pertencentes ao diencéfalo, os corpos mamilares. 23 @mobilefisio CONCEITOS DOS TERMOS RELACIONADOS COM A ESTRUTURA DO S.N.C. Substância cinzenta: tecido nervoso constituído de neuróglia, corpos de neurônios e fibras predominantemente amielínicas; Substância Branca: tecido nervoso formado de neuróglia e fibras predominantemente mielínicas; Núcleo: massa de substância cinzenta dentro de substância branca, ou grupo delimitado de neurônios com aproximadamente a mesma estrutura e função; Córtex: substância cinzenta que se dispõe em uma camada fina na superfície do cérebro e do cerebelo; Trato: feixe de fibras nervosas com aproximadamente a mesma origem, mesma função e mesmo destino. As fibras podem ser mielínicas ou amielínicas. Seu nome indica a origem e a terminação das fibras que o compõe; Fascículo: usualmente o termo se refere a um trato mais compacto; Lemnisco: o termo significa fita. É empregadopara alguns feixes de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao tálamo; Funículo: o termo significa cordão e é usado para a substância branca da medula espinal. Um funículo contém vários tratos ou fascículos; Decussação: formação anatômica constituída de fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e que tem aproximadamente a mesma direção. O 24 @mobilefisio exemplo mais conhecido é a decussação das pirâmides; Comissura: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam perpendicularmente o plano mediano. O exemplo mais conhecido é o corpo caloso; Fibras de projeção: fibras de projeção de uma determinada área ou órgão do sistema nervoso central, são fibras que saem fora dos limites desta área ou deste órgão; Fibras de associação: fibras de associação de uma determinada área ou órgão do sistema nervoso central, são fibras que associam pontos mais, ou menos distantes desta área ou deste órgão sem, entretanto, abandoná-lo. Cerebelo Está situado posteriormente ao tronco encefálico (ponte e bulbo), ao qual está unido pelos pedúnculos cerebelares. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do lobo occipital por uma prega da dura-máter denominada tentório do cerebelo. Trata-se de uma massa nervosa volumosa na qual se identifica uma porção ímpar e mediana, o verme do cerebelo, ligado a duas massas laterais, os hemisférios cerebelares. A superfície do cerebelo apresenta sulcos de direção predominantemente transversal, que delimitam lâminas finas denominadas folhas do cerebelo. As fissuras do cerebelo delimitam os lóbulos, cada um deles podendo conter várias folhas. O cerebelo é constituído de um centro de substância branca, o corpo medular do cerebelo, de onde irradiam as lâminas brancas do cerebelo, revestidas externamente por uma fina camada de substância cinzenta, o córtex cerebelar. O corpo medular do cerebelo com as lâminas brancas que dele irradiam, quando 25 @mobilefisio vistas em cortes sagitais, recebem o nome de “árvore da vida”. No interior do corpo medular existem quatro pares de núcleos de substância cinzenta, que são os núcleos centrais do cerebelo: Denteado; Emboliforme; Globoso; Do Fastígio. Dos núcleos centrais do cerebelo saem as fibras eferentes do cerebelo e neles chegam os axônios originados em partes específicas da superfície cerebelar. Do ponto de vista funcional o cerebelo difere do cérebro porque funciona sempre de forma involuntária e inconsciente, sendo sua função exclusivamente motora. Chegam ao cerebelo do homem alguns milhões de fibras nervosas trazendo informações dos mais diversos setores do sistema nervoso, as quais são processadas pelo órgão, cuja resposta, veiculada através de um complexo sistema de vias eferentes, vai influenciar os neurônios motores. As lesões do cerebelo podem ser classificadas da seguinte forma: lesões que comprometem o verme: provocam perda do equilíbrio com conseqüente alargamento da base de sustentação e alterações da marcha; lesões que comprometem o hemisfério cerebelar: têm como principal sintomatologia a falta de coordenação dos movimentos voluntários nos membros do lado lesado. 26 @mobilefisio Cérebro ou Prosencéfalo O cérebro representa a parte mais volumosa do encéfalo. As dimensões do cérebro variam segundo o indivíduo e sua forma obedece a do crânio. No cérebro distinguem-se dois hemisférios separados por uma profunda fissura inter-hemisférica (fissura longitudinal do cérebro), que, contudo estão ligadas por formações que se estendem de um hemisfério a outro (formações inter- hemisféricas). Em cada um deles há uma camada de substância cinzenta cortical, ou manto do cérebro, onde se situam as áreas motoras, sensitivas e sensoriais. Em seu interior encontram-se os núcleos da base, que se estendem entre ambos os hemisférios e são interligados por um conjunto de comissuras nervosas: as comissuras inter- hemisféricas. No interior dos hemisférios e nas comissuras inter-hemisféricas, observam-se cavidades: são os ventrículos cerebrais, que por sua posição distinguem-se em ventrículos laterais (um em cada hemisfério) e um ventrículo mediano, o terceiro ventrículo. Como o restante do sistema nervoso, o cérebro é envolvido pelas meninges. Apresenta uma coloração branca rosada, levemente acinzentada em sua superfície que é irregular e percorrida por numerosos sulcos e fissuras e pregueada por numerosos giros. 1. DIENCÉFALO O diencéfalo contém vários centros funcionais para a integração de toda a informação que passa do tronco encefálico e da medula espinal para os hemisférios cerebrais, bem como para a integração das atividades motoras e 27 @mobilefisio viscerais. É subdividido em cinco partes e nessa região do cérebro podemos encontrar um espaço (terceiro ventrículo – cavidade preenchida por líquido cerebrospinal). 1.1. TÁLAMO O tálamo está situado no diencéfalo, acima do sulco hipotalâmico. É constituído de duas grandes massas ovóides de tecido nervoso, com uma extremidade anterior “pontuda”, o tubérculo anterior do tálamo, e outra, bastante proeminente, o pulvinar do tálamo. Os dois ovóides talâmicos estão unidos pela aderência intertalâmica. Ambos os tálamos, direito e esquerdo, estão separados medialmente pelo terceiro ventrículo, lateralmente, com a cápsula interna, superiormente com a fissura cerebral transversa e com os ventrículos laterais e inferiormente com o hipotálamo e subtálamo. É constituído essencialmente de substância cinzenta, na qual se distinguem vários núcleos. As funções mais conhecidas do tálamo relacionam-se: Com a sensibilidade: todos os impulsos sensitivos, antes de chegar ao córtex cerebral, passam em um núcleo talâmico (com exceção dos impulsos olfatórios). Acredita-se que o tálamo integra e modifica os impulsos sensitivos ao córtex cerebral; Com o comportamento emocional; Com a motricidade. Sendo a porção anterior (límbica); intermediária (sensorial); posterior (motora). 28 @mobilefisio 1.2. METATÁLAMO Formado pelos corpos geniculados laterais e mediais. Os corpos geniculados laterais possuem relação funcional com a via reflexa da visão, enquanto oscorpos geniculados mediais estão relacionados com a via auditiva. 1.3. HIPOTÁLAMO É uma área relativamente pequena do diencéfalo, situada abaixo do tálamo (sulco hipotalâmico). Suas funções são relacionadas principalmente com o controle da atividade visceral, ou seja, com a manutenção do meio interno (homeostase), dentro dos limites compatíveis com o funcionamento adequado dos diversos órgãos. Para isso o hipotálamo tem o papel regulador sobre o sistema nervoso autônomo e o sistema endócrino, além de controlar vários processos motivacionais importantes para a sobrevivência do indivíduo e da espécie, como a fome, a sede e o sexo. Portanto as principais funções do hipotálamo são: Controle do sistema nervoso autônomo; Regulação da temperatura corporal; Regulação do comportamento emocional; Regulação do sono e da vigília; Regulação da ingestão de alimentos; Regulação da ingestão de água; Regulação da diurese; Regulação do sistema endócrino. Núcleos mamilares: pertencem ao hipotálamo e situam-se nos corpos mamilares. Relação funcional com o sistema límbico. 29 @mobilefisio 1.4. SUBTÁLAMO É uma pequena área situada na parte posterior do diencéfalo na transição com o mesencéfalo, limitando-se superiormente com o tálamo, lateralmente com a cápsula interna e medialmente com o hipotálamo. As formações subtalâmicas só podem ser observadas em secções do diencéfalo, uma vez que não se relacionam com a superfície externa ou com as paredes do terceiro ventrículo. No subtálamo são encontradas algumas formações cinzentase brancas que lhes são próprias, sendo o mais importante o núcleo subtalâmico (importante na motricidade somática) 1.5. EPITÁLAMO Tem essa designação o conjunto formado pelo trígono habenular, a comissura habenular, comissura epitalâmica e a glândula pineal. Está localizado na parte superior e posterior do diencéfalo e contém formações endócrinas e não endócrinas. A formação endócrina mais importante é a glândula pineal. Glândula Pineal A glândula pineal não é uma formação inter-hemisférica. Está unida ao cérebro através de seus pedúnculos. Essa glândula ocupa a região situada abaixo do esplênio do corpo caloso, anteriormente ao tentório do cerebelo da qual está separada pela cisterna ambiens. Sintetiza a melatonina. Esta substância tem sido usada para diminuir o mal-estar e a insônia observados após vôos prolongados. Controla o ritmo circadiano. Sua ausência provoca dessincronização desse ritmo. 30 @mobilefisio Circadiano: do latin CIRCA (cerca) e DIES (dia), ou seja, de aproximadamente um dia. 2. TELENCÉFALO O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, e uma pequena parte mediana situada na porção anterior do III ventrículo. Os dois hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela fissura longitudinal do cérebro, cujo soalho é formado por uma larga faixa de fibras comissurais, o corpo caloso, principal união entre os dois hemisférios. Os hemisférios cerebrais possuem cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo, que se comunicam com o III ventrículo pelos forames interventriculares. 2.1. Configuração externa do Cérebro Sua forma geral é ovóide, com eixo maior ântero-posterior. Fissura longitudinal do cérebro: separa incompletamente os dois hemisférios cerebrais. 2.2. Faces do Cérebro o Súpero-lateral: moldada sobre a face côncava da abóbada craniana; o Medial: que constitui uma das faces da fissura longitudinal do cérebro; o Inferior: repousa sobre as fossas cranianas anterior e média e sobre o tentório do cerebelo (base do cérebro). 2.3. Lobos do Cérebro 31 @mobilefisio Frontal – Parietal – Temporal – Occipital - Insular O cérebro é liso até o 3º mês de vida, após o que adquire pregas devido ao considerável crescimento do córtex (manto ou pálio), que no adulto, apresenta sulcos que limitam os giros. Certos sulcos ou depressões são mais profundos (fissuras), que permitem isolar lobos na superfície dos hemisférios. Nos lobos observam-se sulcos menos profundos que delimitam os giros (saliências). Sulcos Principais Sulco Central Sulco Lateral A - Sulcos e Giros do Lobo Frontal Situado na frente do sulco central e acima do sulco lateral. Sulco Frontal Superior Sulco Frontal Inferior Sulco Pré-Central Delimitam os seguintes giros: Giro Frontal Superior: localizado entre a fissura longitudinal do cérebro e o sulco frontal superior; Giro Frontal Médio: localizado entre o sulco frontal superior e o sulco frontal inferior; Giro Frontal Inferior: partes opercular e triangular estão separadas pelo ramo 32 @mobilefisio ascendente do sulco lateral. A parte orbital está separada pelo ramo anterior do sulco lateral; Giro Pré-Central: localizado entre o sulco pré-central e o sulco central. B - Sulcos e Giros do Lobo Parietal Situado atrás do sulco central e acima do sulco lateral. Sulco Intraparietal Sulco Pós-Central Delimitam os seguintes giros: Giro Pós-Central: localizado entre o sulco central e o sulco pós-central; Giro Supramarginal: localizado entre o sulco intraparietal e o sulco lateral; Giro Angular: localizado abaixo do sulco intraparietal, posteriormente ao giro supramarginal; Lóbulo Parietal Superior: localizado superiormente ao sulco intrapariertal; Lóbulo Parietal Inferior: localizado inferiormente ao sulco intraparietal. C - Sulcos e Giros do Lobo Temporal Este lobo situa-se abaixo do sulco lateral. Sua extremidade anterior recebe o nome de pólo temporal. Sua parte posterior tem limites poucos nítidos com o lobo occipital, havendo continuidade entre os giros de ambos. Conseqüentemente, esse lobo situa-se na face lateral e inferior do hemisfério cerebral. 33 @mobilefisio Sulco Temporal Superior: paralelo ao sulco lateral; Sulco Temporal Inferior: pouco profundo e irregular. Delimitam os seguintes giros: o Giro Temporal Superior: localizado entre o sulco lateral e o sulco temporal superior; o Giro Temporal Médio: localizado entre o sulco temporal superior e o sulco temporal inferior; o Giro Temporal Inferior: localizado abaixo do sulco temporal inferior. D - Lobo Insular É um lobo profundo, situado profundamente ao sulco lateral. Tem forma triangular com o vértice ínfero-anterior. Localizado entre o lobo frontal e o lobo temporal. E - Sulcos e Giros do Lobo Occipital Esse lobo não se distingue nitidamente dos lobos parietal e temporal, aos quais está unido por várias pregas de passagem. O lobo occipital forma a parte posterior do hemisfério, o pólo occipital, o que permite distingui-lo. Incisura pré-occipital F - Sulcos e Giros da Face Medial dos Hemisférios Cerebrais A face medial do hemisfério é plana em sentido sagital e dispõe-se em torno 34 @mobilefisio do corpo caloso (que se estende entre ambos os hemisférios). Sulcos Principais: o Sulco do Cíngulo: começa abaixo do joelho do corpo caloso dirige-se para a margem superior do hemisfério; o Sulco do Corpo Caloso: contorna superiormente o corpo caloso; o Sulco Paracentral: paralelo e anteriormente ao ramo marginal do sulco do cíngulo; o Sulco Parietoccipital: pode unir-se ao sulco calcarino, desenhando como um “Y” deitado; o Sulco Calcarino: é horizontal e vai do pólo occipital à extremidade posterior do giro do cíngulo para unir-se ao sulco parietoccipital. Delimitam os seguintes giros: Giro do Cíngulo: compreendido entre o sulco do corpo caloso e o sulco do cíngulo, segue exatamente o contorno do corpo caloso. Origina-se abaixo do joelho do corpo caloso; Giro Frontal medial: localizado acima e anteriormente ao sulco do cíngulo e anteriormente ao sulco para-central; Lóbulo Paracentral: localizado acima do sulco do cíngulo, anteriormente ao ramo marginal do sulco do cíngulo, posteriormente ao sulco paracentral e abaixo da margem superior do hemisfério; Pré-Cúneo: Está situado na frente do sulco parietoccipital, atrás do ramo marginal do sulco do cíngulo e entre o sulco intraparietal e a margem superior do hemisfério; Cúneo: tem a forma triangular. Localizado acima do sulco calcarino, abaixo do 35 @mobilefisio sulco parietoccipital, à frente da margem posterior do hemisfério cerebral. G - Sulcos e Giros da Face Inferior A face inferior ou base do hemisfério cerebral pode ser dividida em duas partes: uma pertencente ao lobo frontal e repousa sobre a fossa anterior do crânio; a outra, bem maior, pertence quase toda ao lobo temporal e repousa sobre a fossa média do crânio e a tenda do cerebelo. H - Sulcos e Giros do Lobo Temporal A face inferior do lobo temporal apresenta três sulcos principais: Sulco Occipitotemporal: limita-se com o giro temporal inferior, que quase sempre forma a margem lateral do hemisfério. Sulco Colateral: estende-se do pólo temporal ao pólo occipital. Curva-se formando o únco; Sulco Hipocampal: origina-se na região do esplênio do corpo caloso, onde continua com o sulco do corpo caloso e se dirige para o pólo temporal. Continua separando o únco do giro parahipocampal. Delimitam os seguintes giros: Giro Occipitotemporal Medial: superiormente ao sulco colateral; Giro Occipitotemporal Lateral: inferiormente ao sulco colateral; Giro Parahipocampal: inferiormente ao sulco hipocampal.36 @mobilefisio Lobo Límbico: Formado pelo únco, giro parahipocampal, istmo do giro do cíngulo e giro do cíngulo. Caracterizado por circundar as estruturas inter-hemisféricas e que muitos consideram como lobo independente. Parte importante do sistema límbico, relacionado com o comportamento emocional e o controle do Sistema Nervoso Autônomo. Hipocampo Centro da memória primária (recente); Centro inibidor da raiva; Principal estrutura do sistema límbico. I - Sulcos e Giros do Lobo Frontal A face inferior do lobo frontal apresenta um único e importante sulco: Sulco Olfatório: profundo e de direção ântero-posterior. Medialmente ao sulco olfatório, situa-se o giro reto. O resto da face inferior do lobo frontal é ocupado por sulcos e giros bastante irregulares: os sulcos e giros orbitários. Rinencéfalo Rhinos = nariz Área localizada na face inferior do lobo frontal, relacionada com o olfato. Algumas formações localizadas nesta área são: o bulbo olfatório que se caracteriza 37 @mobilefisio por apresentar uma dilatação ovóide e achatada de substância cinzenta que continua posteriormente com o trato olfatório, ambos alojados no sulco olfatório. O bulbo olfatório recebe os filamentos que constituem o primeiro par craniano (nervo olfatório). Estes atravessam pequenos orifícios que existem na lâmina cribriforme do osso etmóide. Configuração Interna do Cérebro Um corte que atinja a totalidade dos hemisférios cerebrais permite identificar a disposição da substância cinzenta, da substância branca e a existência de uma cavidade ventricular. A - SUBSTÂNCIA CINZENTA DO CÓRTEX A superfície externa dos hemisférios cerebrais é coberta por uma camada contínua de substância cinzenta: o córtex cerebral que reveste os giros, os lobos e penetra na profundidade de seus ramos. Reveste a substância branca do cérebro. Trata-se de uma das áreas mais importantes do sistema nervoso. No córtex cerebral chegam impulsos provenientes de todas as vias da sensibilidade que aí se tornam conscientes e são interpretadas. Do córtex saem impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários e com ele estão relacionados os fenômenos psíquicos. Nele também, se realizam as funções mais complexas do cérebro, as funções intelectuais. No córtex cerebral existem neurônios, células neurogliais e fibras. As células da neuróglia não têm nenhuma característica especial. Os neurônios e as fibras distribuem-se de vários modos, e em várias camadas, sendo a estrutura do córtex muito complexa e heterogênea. 38 @mobilefisio As fibras que saem ou que entram no córtex cerebral passam, necessariamente, pelo centro branco medular (fibras de projeção e associação). CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL DO CÓRTEX CEREBRAL Diversas áreas corticais podem ser classificadas. A divisão mais aceita é a de Brodmann, que identificou 52 áreas designadas por números. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO CÓRTEX CEREBRAL Este tipo de classificação costuma dividir o córtex cerebral em duas áreas: Áreas de Projeção: possuem conexão com os centros subcorticais. Recebem ou dão origem a fibras relacionadas diretamente com a sensibilidade e a motricidade. Assim, lesões nas áreas de projeção podem causar paralisias e alterações na sensibilidade; Áreas de associação: possuem conexão apenas com outras áreas corticais. Estão relacionadas com as funções psíquicas complexas. Lesões nas áreas de associação podem causar alterações psíquicas. ÁREAS DE PROJEÇÃO (ÁREAS PRIMÁRIAS) ÁREAS SENSITIVAS 1. ÁREA SOMESTÉSICA A área de sensibilidade somática geral está localizada no giro pós-central, que corresponde às áreas 3, 2, e 1 do mapa de Brodmann. Chegam a esta área impulsos nervosos relacionados à temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade oposta do corpo. 39 @mobilefisio Lesões na área somestesia podem ocorrer, por exemplo, como consequência de acidentes vasculares encefálicos que comprometem as artérias cerebrais média e anterior. Há então perda da sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. O indivíduo perde a capacidade de discriminar dois pontos ou reconhecer a diferença de intensidade de estímulo. 2. ÁREA VISUAL Localiza-se nos “lábios” do sulco calcarino e corresponde à área 17 de Brodmann. Aí chegam as fibras do trato genículo-calcarino, originadas no corpo geniculado lateral. A ablação bilateral da área 17 causa cegueira completa na espécie humana 3. ÁREA AUDITIVA A área auditiva está situada no giro temporal transverso anterior (giro de Heschl) - ao lado do lobo insular - e corresponde às áreas 41 e 42 do mapa de Brodmann. Nela chegam fibras da radiação auditiva, que se originam no corpo geniculado medial. Lesões bilaterais do giro temporal transverso causam surdez completa. 4. ÁREA VESTIBULAR Localiza-se no lobo parietal, em uma pequena região próxima ao território da área somestésica. Lesões nesta área causam comprometimento da orientação no espaço (equilíbrio). 40 @mobilefisio 5. ÁREA OLFATÓRIA A área olfatória ocupa no homem apenas uma pequena área situada na parte posterior do únco e giro parahipocampal. 6. ÁREA GUSTATIVA Corresponde à área 43 do mapa de Brodmann e se localiza na porção inferior do giro pós-central, próxima a insula, em uma região adjacente à área somestésica correspondente à língua. Lesões dessa área provocam uma diminuição da gustação na metade oposta da língua. 7. ÁREA DA LINGUAGEM Área de Broca: localizada no giro frontal inferior (porção opercular e triangular). Corresponde à área 44 no mapa de Brodmann. Hemisfério esquerdo em indivíduos destros e hemisfério direito em 30% dos sinistros. Área de Werneck: localizada no giro temporal superior e parte do lobo parietal. Corresponde à área 22 do mapa de Brodmann. Situada normalmente nos dois hemisférios. 8. ÁREA MOTORA Ocupa a parte posterior do giro pré-central, correspondente à área 4 do mapa de Brodmann. No homem a área 4 dá origem à maior parte das fibras dos tratos córtico-espinais e córtico-nuclear, principais responsáveis pela motricidade 41 @mobilefisio voluntária. B - NÚCLEOS DA BASE São formações cinzentas volumosas, situadas entre a base do cérebro e os pedúnculos cerebrais, por um lado, e o córtex cerebral do outro. Também conhecidos como gânglios da base. NÚCLEO CAUDADO: é uma massa alongada e bastante volumosa de substância cinzenta, relacionada em toda sua extensão com os ventrículos laterais. Dividido em cabeça, corpo e cauda. Regulador da motricidade automática. NÚCLEO LENTIFORME: tem a forma e o tamanho aproximado de uma castanha-do-pará. Situado profundamente no interior do hemisfério. O núcleo lentiforme é dividido em putame, globo pálido lateral e globo pálido medial. Regulador da motricidade automática. CLAUSTRO: é uma delgada calota de substância cinzenta, localizada entre o córtex da ínsula e o núcleo lentiforme. Sua função está relacionada com o sistema límbico. CORPO AMIGDALÓIDE: é uma massa esferóide de substância cinzenta de cerca de 2 cm de diâmetro situada no pólo temporal do hemisfério cerebral, em relação com a cauda do núcleo caudado. Também relacionado com o sistema límbico. C - SUBSTÂNCIA BRANCA DO CÉREBRO Este centro é constituído de fibras mielínicas, que podem ser classificadas em dois grupos: 42 @mobilefisio FIBRAS DE PROJEÇÃO: ligam o córtex cerebral a centros subcorticais. Estas fibras agrupam-se para formar o fórnice do hipotálamo e a cápsula interna: o fórnice do hipotálamo liga o hipocampo aos núcleos mamilares do hipotálamo, integrando o circuito de Papez, parte do sistema límbico; a cápsula interna é um grande feixe de fibras que separa o tálamo do núcleo lentiforme. Trata-se de uma formação muitoimportante porque por ela passa a maioria das fibras que saem ou que entram no córtex cerebral. Entre as fibras originadas no córtex e, por conseguinte, descendentes, temos: Trato córtico-espinal Trato córtico-nuclear Trato córtico-pontino Fibras córtico-reticulares Fibras córtico-rubras Fibras córtico-estriatais Lesões na cápsula interna, decorrentes de hemorragias ou obstruções de seus vasos ocorrem com bastante freqüência, constituindo os chamados Acidentes Vasculares Cerebrais (“derrames”), que geralmente causam hemiplegia e diminuição da sensibilidade na metade oposta do corpo. FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO: ligam áreas corticais situadas em pontos diferentes do cérebro. As fibras de associação podem ser divididas em: A - Fibras de Associação Intra-Hemisféricas: estas fibras podem ser curtas ou longas: Fibras curtas ou fibras arqueadas ou fibras em “U”: associam as áreas vizinhas do córtex cerebral. Ex: a união de dois giros. 43 @mobilefisio Fibras longas: unem-se em fascículos, sendo os mais importantes os seguintes: Fascículo do cíngulo: une o lobo frontal ao lobo temporal; Fascículo longitudinal superior ou fascículo arqueado: liga o lobo frontal, parietal e occipital pela parte súpero-lateral de cada hemisfério; Fascículo longitudinal inferior: une o lobo occipital ao lobo temporal; Fascículo unciforme: liga o lobo frontal ao lobo temporal; O significado funcional desses fascículos é pouco conhecido, porém, sabe-se que o fascículo longitudinal superior ou fascículo arqueado tem um papel importante na linguagem, pois estabelece conexão entre os outros centros anterior e posterior da linguagem. Portanto, lesões nesses fascículos causam graves perturbações na linguagem. B - Fibras de Associação Inter-Hemisféricas: são também conhecidas como fibras comissurais, pois fazem a união entre áreas simétricas dos dois hemisférios. Estas fibras se agrupam para formar as três comissuras do telencéfalo: Comissura do fórnice: estabelecem a conexão entre os dois hipocampos; Comissura anterior: liga os bulbos e tratos olfatórios, além de estabelecer a união entre os lobos temporais; Corpo caloso: a maior das comissuras telencefálicas e também o maior feixe de fibras do sistema nervoso. Estabelece a conexão entre as áreas corticais simétricas dos dois hemisférios 44 @mobilefisio VENTRÍCULOS DO CÉREBRO Os ventrículos do cérebro são cavidades que representam os restos das vesículas cerebrais primitivas. Alojam os plexos corióideos que constituem a fonte do líquido cerebrospinal nos ventrículos cerebrais. Existem três ventrículos no cérebro: dois laterais, um em cada hemisfério, e o terceiro ventrículo, que é mediano (entre os tálamos). Cada ventrículo lateral comunica-se com o terceiro ventrículo pelo forame interventricular. O terceiro ventrículo comunica-se, inferior e posteriormente com o quarto ventrículo, através do aqueduto do mesencéfalo (cerebral). Cada ventrículo lateral é dividido em: Corno Frontal Parte Central Corno Temporal Corno Occipital COMISSURAS INTER-HEMISFÉRICAS Os dois hemisférios cerebrais, claramente separados em suas partes superior, anterior e posterior pela fissura longitudinal do cérebro, estão unidos nas partes medial e inferior pelas comissuras inter-hemisféricas. A - CORPO CALOSO É uma estrutura de substância branca consideravelmente espessa, situada na profundidade da fissura longitudinal do cérebro; estende-se de um hemisfério a outro. Une a áreas simétricas do córtex cerebral de cada hemisfério. Constitui uma 45 @mobilefisio ponte entre a análise, própria do hemisfério esquerdo, e a criatividade, localizada no hemisfério direito. Tem a forma de arco com concavidade inferior: Tronco do corpo caloso: lâmina arqueada dorsal; Esplênio do corpo caloso: arredondado, largo e espesso; dilatação posterior; Joelho do corpo caloso: curvatura anterior; Rostro: porção afilada adiante e abaixo do joelho do corpo caloso. Obs: do córtex cerebral partem tratos comissurais que passam pelo corpo caloso, indo para o lado oposto (como já foi visto nas fibras de associação inter-hemisféricas). Esses tratos são assim classificados: Tratos Anteriores: região frontal (joelho do corpo caloso); Tratos Mediais: região temporal e occipital; Tratos Posteriores: região occipital e parte da região temporal (esplênio do corpo caloso). B - FÓRNICE Lâmina de substância branca localizada sob o corpo caloso. corpo colunas pernas corpo mamilar (parte final das colunas) 46 @mobilefisio REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2.ed., São Paulo: Atheneu, 1998. YOUNG, P. A.;YOUNG, P. H. Bases de neuroanatomia clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. LATARJET M.; LIARD A. R. Anatomia humana. 2. ed., São Paulo: Panamericana, 1996. MOORE, K. Fundamentos de Anatomia Clínica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. LUNDY-EKMAN, L. Neurociência: Fundamentos para Reabilitação, Rio de Janeiro, Elsevier, 2008. RUBIN, M. Neuroanatomia essencial, 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. VAN DE GRAAFF, KM. Anatomia Humana, 6 ed. São Paulo: Manole
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