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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ALAN FERNANDES VIEIRA MONTEIRO ADALBERTO CASTRO AMARILIS TRINDADE SANTOS CLAUDIO BESSA DÉBORA CASSAMASSIMO DA SILVA GRAZIELA LUCIA DA SILVA Conselho de Classe Participativo: Como garantir a efetiva participação democrática da comunidade escolar em um conselho de classe? Link do video: https://youtu.be/W7rXlosIMJo Carapicuíba - SP 2021 https://youtu.be/W7rXlosIMJo UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Conselho de Classe Participativo: Como garantir a efetiva participação democrática da comunidade escolar em um conselho de classe? Relatório Técnico Científico apresentado na disciplina de Projeto Integrador para o curso de Pedagogia da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). Orientador: Pedro Berutti Marques Carapicuíba - SP 2021 MONTEIRO, Alan Fernandes Vieira; CASTRO, Adalberto; SANTOS, Amarilis Trindade; SILVA, Débora Cassamassimo, SILVA, Graziela Lucia; BESSA, Claudio; MARQUES, Pedro Berutti. Conselho de Classe Participativo: Como garantir a efetiva participação democrática da comunidade escolar em um conselho de classe? 00f. Relatório Técnico-Científico. Pedagogia – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Orientador: Pedro Berutti Marques. Polo Carapicuíba, 2021. RESUMO O presente relatório tem como pontos norteadores a premissa da Gestão Democrática prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB Lei nº 9394/1996) em seu artigo 12, inciso VI, no qual o mesmo preceitua uma nova perspectiva de Planejamento Participativo, concedendo uma autonomia das escolas em definir suas regras democráticas bem como a participação da Comunidade Escolar, comunidade esta que não se limita tão somente ao corpo docente, pedagógico e funcionários, mas também a uma maior participação efetiva e contínua dos alunos e dos pais dos alunos. Assim, consideramos prioritário aos Gestores Escolares, responsáveis por toda a dinâmica da ação educativa, repensar em uma nova dinâmica para o Conselho de Classe, inserindo-se dessa forma uma participação mais abrangente e democrática com a efetiva participação dos alunos, pais e responsáveis, possibilitando uma reflexão mais abrangente de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem no tocante à qualidade do trabalho desenvolvido, o efetivo aproveitamento dos alunos, a avaliação dos conteúdos dados, o desempenho e a metodologia utilizada pelos professores, assim como a estrutura física e a administração geral da escola na melhoria do ensino e da Instituição Escolar como um todo, propondo-se ações e práticas e intervenções para a melhoria da aprendizagem do aluno e da prática docente, a partir da efetiva participação de todos os envolvidos. PALAVRAS-CHAVE: Gestão democrática 1; Conselho de Classe Participativo 2; Avaliação da aprendizagem 3; Comunidade Escolar 4. MONTEIRO, Alan Fernandes Vieira; CASTRO, Adalberto; SANTOS, Amarilis Trindade; SILVA, Débora Cassamassimo, SILVA, Graziela Lucia; BESSA, Claudio; MARQUES, Pedro Berutti. Participatory Class Council: How to ensure the effective democratic participation of the school community in a class council? 00f. Technical-Scientific Report. Pedagogy - Virtual University of the State of São Paulo. Advisor: Pedro Berutti Marques. Polo Carapicuíba, 2021. ABSTRACT This report has as its guiding points the premise of Democratic Management provided for in the Law of Directives and Bases of National Education (LDB Law nº 9394/1996) in its article 12, item VI, in which it prescribes a new perspective of Participative Planning, granting schools autonomy to define their democratic rules as well as the participation of the School Community, a community that is not limited only to the teaching staff, pedagogical staff and employees, but also to a greater effective and continuous participation of students and students' parents . Thus, we consider it a priority for School Managers, responsible for all the dynamics of educational action, to rethink a new dynamic for the Class Council, thus inserting a more comprehensive and democratic participation with the effective participation of students, parents and guardians, enabling a more comprehensive reflection of all those involved in the teaching-learning process with regard to the quality of the work developed, the effective use of students, the evaluation of the contents given, the performance and the methodology used by the teachers, as well as the physical and the general school administration in improving teaching and the School Institution as a whole, proposing actions and practices and interventions to improve student learning and teaching practice, based on the effective participation of all those involved. KEYWORDS: Democratic management 1; Participatory Class Council 2; Learning assessment 3; School Community 4. LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Alunos que já ouviram falar sobre Patrimônio Histórico e Cultural 18 GRÁFICO 2 – Alunos que sabem o que é um Patrimônio Histórico e Cultural 19 GRÁFICO 3 – Alunos que sabem em qual disciplina se estuda sobre Patrimônio 20 GRÁFICO 4 – Alunos que sabem qual órgão cuida dos Patrimônios Históricos 21 GRÁFICO 5 – Alunos que sabem se há Patrimônio Histórico em Carapicuíba 23 GRÁFICO 6 – Alunos que já ouviram falar da Aldeia Indígena de Carapicuíba 24 GRÁFICO 7 – Alunos que já visitaram a Aldeia de Carapicuíba 25 GRÁFICO 8 – Alunos que foram a Aldeia de Carapicuíba 26 GRÁFICO 9 – Alunos que já ouviram falar da Aldeia Indígena de Carapicuíba 27 GRÁFICO 10 – Alunos que já visitaram a Aldeia de Carapicuíba 28 GRÁFICO 11 – Alunos que foram a Aldeia de Carapicuíba 29 https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit https://docs.google.com/document/d/10z91aYqD1Gp28jsF1_D_xnaeewg-L_Zk2qZ-PpNxWfU/edit SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 2. DESENVOLVIMENTO 4 2.1 PROBLEMA E OBJETIVOS 4 2.1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 4 2.1.2 OBJETIVO GERAL 4 2.1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 5 2.2. JUSTIFICATIVA 5 2. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 7 2.4. APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR 14 2.5. METODOLOGIA 15 2.5.1TÉCNICAS 16 3. ANÁLISE DOS RESULTADOS 16 3.1 – Participação do aluno em um Conselho de Classe 18 3.2 – Da finalidade do Conselho de Classe 19 3.3 – Comportamento dos alunos em um Conselho de Classe 20 3.4 – Efetiva participação dos alunos 21 3.5 – Participação da comunidade escolar. 23 3.6 – Opinião sobre a importância do Conselho de Classe 24 3.7 – Relevância do Conselho de Classe na visão da classe docente 25 3.8 – Participação da comunidade escolar no Conselho de Classe 26 3.9 – Importância do Conselho Participativo visto pelos professores 27 3.10 – Reflexões sobre a participação do Conselho na escola28 3.11 – Reflexões sobre a relevância do Conselho de Classe Participativo 29 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32 ANEXOS 35 APÊNDICES 37 1 1. INTRODUÇÃO A gestão democrática é um dos maiores desafios enfrentados pelos gestores de uma escola. No Brasil, a partir da segunda metade da década de 1980 com o processo de redemocratização do país essa ideia de uma escola democrática ganhou força, ainda que antes muito antes disso, no período do domínio miliar ainda servisse de acalanto na mente e no coração de muitos educadores e pensadores e idealistas da educação. Partindo desse ideário político-pedagógico, nasceu a lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB) dessa forma, a gestão democrática passou a ser preconizada no texto legal da LDB, uma vez que o ideal da soberania popular voltou a ser uma realidade no plano social mais amplo. O país sai do estado de exceção – período de 21 anos – com a tarefa de estabelecer a democracia e isso, evidentemente, passa a ser também uma responsabilidade da política educacional. (Neto, 2018). Considerando que esse processo trouxe novas e complexas exigências para a instituição escolar e seus profissionais, sobrevém a necessidade de se adotarem novas características pedagógicas e organizacionais diante da nova demanda (LEITE; DI GIORGI, 2007). Os autores reforçam que a escola pública precisa realizar uma inclusão social que realmente eduque as crianças e os adolescentes com qualidade tornando-os cidadãos. Todavia, para que isso aconteça é preciso “[...], a partir da análise e da valorização das práticas existentes, criar novas práticas no trabalho em sala de aula, na elaboração do currículo, na gestão e no relacionamento entre a equipe escolar, alunos, pais e comunidade.” (LEITE; DI GIORGI, 2007, p. 6). Os autores enfatizam o papel da gestão da escola na dinâmica de articular e valorizar a participação dos pais dos alunos na escola. A legislação vigente além da LDBEN, assegura a concepção de gestão democrática como um dos princípios da organização do trabalho nas escolas públicas, conforme preconizado pela Constituição Federal (BRASIL, 1988), e pela Lei nº 13.005 (BRASIL, 2014). No contexto da última legislação, o Plano Nacional de Educação (PNE), a meta 19 aponta que a efetivação da gestão democrática da educação está associada aos critérios de consulta pública à comunidade escolar no âmbito das escolas públicas 2 (BRASIL, 2014). Com isso, o diretor passa a ser visto como técnico que precisa atender aos critérios que serão avaliados. O Conselho de Classe e Série se caracteriza e se institui como um órgão colegiado de gestão que, dentro da organização do trabalho pedagógico, configura-se como espaço que possibilita a análise do desempenho do aluno e da própria escola de forma coletiva propondo ações e intervenções para a melhoria da aprendizagem do aluno e da prática docente, muito embora em muitas situações esse Conselho acaba se limitando a divulgação apenas de resultados alcançados, limitando-se a números, como rendimento escolar e o número de faltas dos alunos, ou até mesmo um espaço de discussão mais para reclamação da indisciplina dos alunos, críticas pessoais, lamentações, comparações do que a busca para a solução desses problemas, não se analisando por exemplo os avanços alcançados pelos alunos de forma individual ou coletiva. O Conselho de Classe e Série é, segundo Veiga (2007), um espaço interdisciplinar, uma vez que aglutina professores de diversos componentes curriculares, assumindo o caráter deliberativo quando se refere ao processo didático. Como momento avaliativo, permite descortinar dificuldades e contradições e desenvolver uma visão mais abrangente, articulada e objetiva da realidade, com tomada reflexiva de decisões (NADAL, 2012). Entretanto essa não tem sido uma prática observada na maioria das escolas que utilizam o Conselho De Classe e Série como instrumento de aprovação e reprovação dos alunos com baixo rendimento, transformando-o num colegiado que atua de modo burocrático e sem critérios pedagógicos claros (CAMACHO, 2010; DALBEN, 1992, 2010; GUERRA, 2006). Muito além de representar um momento de discussão sobre alunos específicos, levantando problemas e, em última instância, tomando decisões a respeito da sua aprovação ou reprovação no final do ano. O Conselho de Classe serve para debater uma ampla variedade de temas que concernem o desempenho de toda a escola, de modo a garantir a avaliação e a melhoria constante no aprendizado como um todo, das turmas, disciplinas e individualmente. Trata-se de uma oportunidade extremamente valiosa para entender os resultados da escola, reforçar a missão e os valores da instituição e alinhar a ação de todos os profissionais para cumprir com esses preceitos e 3 quando trabalhado de forma participativa com toda a comunidade escolar, serve ainda para ouvir a opinião dos alunos e responsáveis trilhando dessa forma a busca de um constante aprendizado, garantindo dessa forma uma melhoria constante no relacionamento entre professores, alunos e equipe pedagógica. Partindo dessas considerações, é necessária abordar-se uma nova dinâmica para o Conselho de Classe, possibilitando uma reflexão avaliativa dos conteúdos dados, a qualidade do trabalho desenvolvido, o aproveitamento dos alunos, o desempenho, a dinâmica, objetivos da gestão escolar e a metodologia utilizada pelos professores bem como a estrutura física e a administração geral da escola na melhoria do ensino e da Instituição Escolar como um todo. Sob esta ótica, o Conselho de Classe da escola acontece através de um trabalho colaborativo e coletivo entre os sujeitos que compõem o espaço escolar, dentro ou fora dele para que este se transforme em um espaço importante de avaliação constante por excelência, devendo não se limitar a um único, mas todos os segmentos da organização escolar com a efetiva atuação dos professores, equipe gestora, alunos, pais. Este trabalho investigativo prevê a participação dos pais, dos alunos e dos docentes na definição da avaliação, análise dos resultados, problemas levantados e metas de solução a serem seguidas. Todos precisam estar comprometidos com a qualidade educacional, solidarizando-se como responsáveis por resultados, fracassos e recursos de aprendizagem, fazendo com que o Conselho de Classe, torne-se um espaço de reflexão pedagógica em que os pais, alunos e professores, servindo para reorientar a ação pedagógica, a partir de fatos apresentados e metas traçadas no Projeto Político Pedagógico. Não está nas possibilidades da escola mudar as características de vida dos alunos ou de suas famílias, mas, a escola pode e deve mudar as formas e condições do serviço prestado, conforme as características dos alunos. (PENIN, 1992, p.90). Dentre as funções da escola, há a premissa das constantes inovações no sentido de desenvolver a aprendizagem de forma abrangente e efetiva, para tanto é preciso que 4 acompanhemos a modificação atual através de uma educação reflexiva e participativa, em que a observação, ação e reflexão, possam transformar a estruturação do Conselho de Classe hoje apresentado às escolas, que em muitas instituições aparecem de forma estanque, imutável, por uma resistência tanto da parte gestora, quanto da parte docente. Neste sentido, quanto maior a participação da comunidade escolar, para atender à função social da escola ao utilizar-se desta ferramenta de modalidade de Conselho de Classe Participativo, em que se constata de forma comum as dificuldades no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, no qual, através do diálogo, as pessoas se auxiliam para agir de forma coerente e inovadora, construindo coletivamente soluções, visando a alcançar maior sucesso educacional e consequentetransformação dos envolvidos no processo. Uma educação voltada para uma ação na ação e para a educação, destacando o Conselho de Classe Participativo, como estratégia para uma maior qualidade no processo educacional, abrindo-se espaços para que o diálogo em relação à aprendizagem aconteça entre pais, alunos e professores certamente a escola estará trilhando um caminho de transformações e melhorias no processo do ensino- aprendizagem. De acordo com Demo (1992 p.10): ...no mundo moderno a educação em sentido amplo de capacidade de aprender a aprender e de constantemente reciclar-se, tende a ser o patrimônio mais estratégico da pessoa e da sociedade, principalmente em termos de oportunidade de desenvolvimento. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Problema e objetivos 2.1.1 Problema de pesquisa Como garantir a efetiva participação democrática da comunidade escolar em um Conselho de Classe? 2.1.2 Objetivo geral 5 Propor um modelo de Conselho de Classe Participativo visando o desenvolvimento de ações articuladas de forma a garantir a efetiva participação de toda a comunidade escolar, ou seja, professores, gestão, pais e alunos. 2.1.3 Objetivos específicos - Analisar criticamente a prática pedagógica através de uma concepção participativa e transformadora. - Criar estratégias concretas para o desenvolvimento de um modelo de Conselho de Classe Participativo para a efetiva participação de todos os envolvidos. - Analisar o conhecimento prévio dos envolvidos a respeito do Conselho de Classe Participativo. - Analisar a vinculação entre o Conselho de Classe e a avaliação praticada na escola. - Analisar as contribuições do Conselho de Classe para a prática da avaliação formativa na escola - Identificar como o processo de participação promovido no espaço escolar pode preparar crianças, jovens e adultos à compreensão da importância da participação democrática no ambiente escolar. 2.2. Justificativa O processo de democratização do acesso ao ensino, que ocorreu no Brasil somente nas últimas décadas do século XX, proporcionou uma transformação na escola pública brasileira. A partir dessa transformação, a escola se abriu a um alunado oriundo das classes populares, fazendo com que esta perdesse seu caráter elitista, com isso, o ensino público brasileiro adquiriu qualidade ao ampliar seu universo de atendimento, tornando possível que a escola atendesse aos jovens de qualquer nível social, transformando-se numa escola comum, aberta a todos. A ampliação desse acesso à escola pública, reforçou a ideia de uma democratização real da sociedade. Além disso, a transformação do ensino público encaminha-nos a reexaminar a dicotomia estabelecida entre qualidade e quantidade, já que a expansão da educação significou uma indiscutível melhoria qualitativa do ensino. Ocorre que, esse processo trouxe novas e complexas exigências para a instituição escolar e seus profissionais, sobrevém a necessidade de se adotarem novas 6 características e estratégias pedagógicas e organizacionais diante da nova demanda, havendo a necessidade de se realizar uma inclusão social que realmente eduque as crianças e os adolescentes com qualidade tornando-os cidadãos. No entanto, para que isso aconteça é preciso, a partir da análise e da valorização das práticas existentes, criar novas práticas no trabalho, nas relações interpessoais, na elaboração do Projeto Político Pedagógico, na gestão e no relacionamento entre todos os membros da Comunidade Escolar. O conselho de classe tradicional, ou seja, aquele realizado somente entre o corpo docente e a equipe gestora, sempre foi um lugar de muita tensão, envolvendo alta carga emocional, seja pelo baixo rendimento escolar apresentado e constantemente cobrado do diretor de escola ou em outros momentos, há divergências entre os professores quanto à percepção do desempenho e assuntos relacionados a determinados estudantes. Em razão disso, a maioria dos professores, assim como a gestão escolar, temem que a presença de estudantes no conselho de classe possa gerar mal-estar ou até mesmo confronto entre alunos e professores, principalmente em momentos decisivos de aprovação ou reprovação. Sendo exatamente o temor da divergência ou do desentendimento é o que determina a exclusão de alunos e pais de um momento de avaliação formativa tão primordial como o conselho participativo. Ainda que o Conselho de Classe Participativo possa propiciar o engajamento dos alunos num ritmo de estudo mais adequado, algo que nunca foi uma tarefa muito fácil para os educadores, sobretudo quando se quer envolvê-los no próprio processo de avaliação, este formato de conselho não é muito conhecido ou mesmo experimentado nas escolas brasileiras, não muito aceito tanto pelo corpo docente, quanto pelo corpo discente e demais membros da comunidade escolar, haja visto que a maioria ignora o potencial pedagógico desse momento e, assim como há o temor do confronto com os estudantes, uma vez que, no momento em que se avalia, o diálogo é direto entre quem avalia e quem é avaliado, ou em alguns casos em que ocorre o Conselho Participativo, o aluno é um mero telespectador do que se está discutindo, resumindo-se esse momento em apontamentos de forma unilateral, sem direito à réplica, o que muitas vezes acaba por desestimular a presença do aluno em outras ocasiões como essa. Nesse sentido, aprender a explicitar os conflitos na escola é algo vital para a formação de sujeitos críticos, devendo ocorrer sempre o diálogo entre todos os envolvidos nesse processo, é o momento para enfim poder se fazer um verdadeiro diagnóstico das reais necessidades e desafios a serem traçados no ensino- aprendizagem dos alunos, pois é através 7 Assim, o Conselho de Classe e Série Participativo, constitui-se em um espaço de ação e reflexão pedagógica, onde todos os sujeitos do processo educacional, de forma coletiva, discutem alternativas e propõem ações educativas eficazes com a intenção de identificar causas e propor soluções aos problemas de aprendizagem diagnosticados no ambiente escolar, o que certamente se torna muito mais eficaz quando discutido de forma democrática com o envolvimento de todos os atores ligados a educação. Segundo Vargas (2008), para quem, o Conselho de Classe e Série é um momento em que o educador tem oportunidade de discutir, refletir e auto avaliar as práticas pedagógicas e avaliativas do processo ensino e aprendizagem de forma situada e integrada, tornando-o um espaço interdisciplinar de estudo e tomada de decisões do trabalho pedagógico da instituição como um todo. 2.3. Fundamentação teórica Com o intuito de alcançar os objetivos propostos neste estudo, com a finalidade de levantamento de dados, reflexão sobre a função da escola pública e suas complexidades organizacionais e administrativas e sobre a gestão democrática para compreender a importância participação de toda a Comunidade Escolar, de forma ampla e democrática no momento da constituição do Conselho Escolar, realizamos inicialmente um estudo bibliográfico. Para atingir esse objetivo, recorremos a um estudo bibliográfico que pode ser desenvolvido em materiais já elaborados, com o uso de livros e artigos científicos, pesquisas em sites educacionais, teses e dissertações sobre o assunto pretendido, de acordo com Gil (2002), o autor ressalta que essa metodologia funciona com três tipos de fonte: os livros, as publicações periódicas e impressos diversos. Dentre essas, usamos livros, dado que são fontes literárias por excelência, representando obras de divulgação que objetivam proporcionar conhecimentos científicos ou técnicos (GIL, 2002). Não menos importante e de grande valia, as publicações em periódicos representam a segunda fonte: [...] aquelas editadas em fascículos, em intervalos regularesou irregulares, com a colaboração de vários autores, tratando de assuntos diversos, embora relacionados a um objetivo mais ou menos definido. As principais publicações periódicas são os jornais e as revistas. Estas últimas representam nos tempos atuais uma das mais importantes fontes bibliográficas. Enquanto a matéria dos jornais se caracteriza principalmente pela rapidez, a das revistas tende a ser muito mais profunda e mais bem elaborada. (GIL, 2002, p. 45). 8 Algumas fontes de referência foram indicadas em primeiro lugar, no curso de Gestão Escolar oferecidos pela Univesp, disponibilizados semanalmente no decorrer do curso em Pedagogia, bem como publicações em períodos sobre teses e dissertações. Uma vantagem de um estudo bibliográfico, representa o fato de tratar-se de um procedimento indispensável nas pesquisas que envolvem “[...] estudos históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base em dados bibliográficos.” (GIL, 2002, p. 45). É dessa forma que justificamos a realização desse procedimento para a construção do presente projeto, visto que, inicialmente trata- se de acontecimentos históricos e no decorrer desses, mudanças teóricas e conceituais, necessitando das obras históricas de referência. No campo teórico, o conceito de uma gestão democrática é defendido por Souza (2009, p. 125- 126), mostrando que ela é compreendida: [...] como um processo político no qual as pessoas que atuam na/sobre a escola identifica problemas, discutem, deliberam e planejam, encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola na busca da solução daqueles problemas. Esse processo, sustentado no diálogo, na alteridade e no reconhecimento às especificidades técnicas das diversas funções presentes na escola, tem como base a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola. Considerando-se que a escola não deixa de ser uma organização educacional por excelência, há obviamente a necessidade de que todos os sujeitos nela envolvidos sejam a equipe gestora, corpo docente, corpo discente, pais e responsáveis, equipe pedagógica, funcionários em geral, estejam inter-relacionados e que a comunicação e o diálogo entre eles ocorram, de modo a viabilizar a organização e planejamento eficiente das atividades, haja visto que o diálogo é o meio que permite os questionamentos, críticas e sugestões, viabilizando dessa forma as tomadas de decisões e os rumos da escola. Essa participação também se deve ao fato de que, [...] ser usuário da escola pública é mais do que “fazer uso” de um serviço, mas, representa ser sujeito na concretização de um direito, uma vez que o ensino público é um bem social, produzido a partir da repartição da renda dos trabalhadores. [...] Participar da gestão da educação por meio dos 9 diferentes conselhos (conselhos de escola, conselhos municipais e estaduais de educação, conselhos de acompanhamento do Fundeb, entre outros) e da gestão escolar é, assim, exercício do controle democrático legítimo, direito de todo cidadão. (GARCIA; CORREA, 2009, p. 226-227) No âmbito escolar, os Conselhos de Classe são importantes e bastante produtivos quando efetivamente buscam desenvolver estratégias na busca de propostas para a superação dos problemas pedagógicos, comunitários e administrativos da escola, com a participação de todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem, construindo juntos propostas que permitam, a todos, agir em conjunto, primando por uma mudança educacional, não podendo o grupo de professores ou parte deles, se limitarem a lamentações de baixo rendimento escolar, responsabilizando tão somente os alunos, eximindo-se por completo de suas responsabilidades. Paulo Freire nos diz: “A prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo”. ( p.65). Dessa forma, conhecer e avaliar profundamente a prática da escola, a história de vida do aluno, principalmente no contexto social em que este vive, suas perspectivas, anseios, a ética, a boa prática pedagógica do professor, o comprometimento dos pais, a articulação da equipe gestora e pedagógica, a metodologia empregada e o currículo, para poder nela investir, torna-se uma exigência para o avanço do projeto de redemocratização de nossa sociedade. Para Barbier (1985:35) “Como o objetivo é aprender depressa, não devemos ter medo de enfrentar as próprias insuficiências”. Neste sentido, é importante tornar realidade o objetivo de usufruir do Conselho de Classe Participativo como um espaço de efetiva participação de todos os atores envolvidos, de construção e autonomia, de diálogo, considerando o contexto em que ele se insere. O conselho de classe é um dos momentos mais importantes no fomento dessa coesão entre os professores e a equipe pedagógica, pois é um momento de reflexão do próprio professor ao dialogar com toda a equipe docente, gestora e de coordenação se os objetivos traçados no momento da elaboração dos planos de ensino foram minimamente alcançados. No entanto, por falta de informação e organização, muitas escolas acabam não aproveitando tão bem essa oportunidade, limitando-se a discussões pouco produtivas, tão somente cantando notas ou mesmo gerando mais conflitos do que soluções. O diálogo constante, bem como o alinhamento entre professores, coordenadores pedagógicos e diretores são fundamentais para que a escola consiga atingir suas metas. 10 Além disso, levar adiante o desafio de melhorar o desempenho e engajamento de todos os alunos, elevando os resultados da instituição de ensino como um todo. Devemos ter em mente que o conselho não pode ter como objetivo penalizar quem tem tido dificuldade em alcançar seus objetivos, tendo em vista que ele deve visar a abertura de um espaço para que as causas de qualquer tipo de desafio sejam levantadas, analisadas da maneira mais imparcial possível e solucionadas com o apoio de todo a equipe pedagógica. Para tanto, buscando essa eficiência, é importante pensar na ideia de que o conselho é mais um grupo de apoio mútuo com o objetivo de fazer todos avançarem, dos funcionários aos alunos, passando pelos professores e coordenadores, buscando aprimorar os métodos de ensino, diagnosticar os avanços e dificuldades enfrentadas no dia a dia tanto pelo aluno quanto pelo professor. Num passado não muito distante, um pouco antes da década de 90, o Conselho de Classe era visto de forma autoritária, mas que aos poucos foram sofrendo transformações, através de reflexões e propostas de trabalho, tanto envolvendo os alunos quantos os professores. Assim, entre avanços e tropeços, que o Conselho de Classe foi deixando de ser um espaço burocrático de constatação dos insucessos dos alunos, para se tornar um colegiado, colegiado esse com a finalidade de criar um espaço democrático, coeso e compromissado na busca de soluções conjuntas na melhoria do processo ensino-aprendizagem. Um espaço no qual procuram privilegiar a participação de todos, mas especialmente, onde empenham grande esforço para fazer valer a voz do aluno. A valorização do Conselho de Classe organizado na escola em questão também é explicitada por Schulz (2007), ao afirmar que esse é um dos principais projetos responsável pelo reconhecimento da escola em suas políticas de inclusão. O Conselho de Classe Participativo construído pelos educadores dessa escola pode ser entendido como um marco da implementação do projeto político-pedagógico, assim como um dispositivo instaurador da participação do aluno como base no seu processo de aprendizagem (SCHULZ, 2007, p.68). Analisando a legislação referente aoConselho de Classe para as escolas estaduais de São Paulo foi possível observar que existem apenas decretos governamentais cuja finalidade foi estabelecer normas regimentais básicas para as Escolas Estaduais do Estado de São Paulo. O primeiro deles, o Decreto nº 10.623/1977 tratou de normatizar, a partir de 1978, o funcionamento das Escolas Estaduais de Primeiro Grau (SÃO PAULO, 1977). Esse https://www.somospar.com.br/como-engajar-a-equipe-no-planejamento-escolar/ 11 documento, ao abordar o Conselho de Classe enfatiza que as "decisões relativas à promoção/retenção dos alunos ou à sua admissão aos estudos finais de recuperação, tendo como parâmetro o seu 'aproveitamento', expresso nos conceitos bimestrais e no conceito final a eles atribuídos" (SOUSA, 1998, p.46). Ademais, o Decreto nº 11.625/78 também, não demonstrou avanços democráticos no âmbito das escolas públicas, uma vez que apenas, regulamentou o funcionamento das Escolas Estaduais de nível secundarista. Segundo Sousa (1998, p.46), ...no regimento das escolas de 2°- grau, além do "aproveitamento", é indicado que o conselho identifique os "alunos de ajustamento insatisfatório em situação de classe e na escola, propondo medidas que visem o melhor ajustamento do aluno. Dessa forma, verifica-se que, nenhum dos decretos previa a participação de alunos ou pais na composição no Conselho de Classe sendo formados por, apenas, professores da mesma classe ou série, o diretor da escola, o coordenador pedagógico e o orientador educacional. Outro aspecto identificado no documento e ratificado pela Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo (SEE) diz respeito às atribuições do Conselho de Classe no que pertine ao seu poder de decisão quanto à aprovação ou reprovação do aluno, com base nos conceitos obtidos. Segundo Sousa (1998), os documentos privilegiavam a função classificatória da avaliação. Com a aprovação da Lei Federal n.º 9394/96, (LDB) a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, fez uma revisão das normas que regiam suas escolas já que essa lei alterou profundamente o quadro referencial relativo aos regimentos escolares, na medida em que, em seu artigo 12, define as incumbências dos estabelecimentos de ensino iniciando-as pela elaboração e execução de sua proposta pedagógica, “respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino” (BRASIL, 1996). Dessa forma, a Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo (SEE) propôs ao Conselho Estadual de Educação a apreciação da versão final das “Normas Regimentais Básicas para as Escolas Estaduais”, a partir das quais, no decorrer do ano de 1998, cada unidade escolar deveria elaborar seu próprio regimento. Com a aprovação desse novo dispositivo legal, por meio do Parecer CEE nº 67/98, observou-se que houveram alguns avanços quanto às finalidades do Conselho de 12 Classe em comparação às normatizações anteriores, dentre elas o instituto do Conselho de Classe Participativo. Esse parecer, ainda em vigor, reconhece os Conselho de Classe como colegiados responsáveis pelo processo coletivo de acompanhamento e avaliação do ensino e da aprendizagem, assumindo a responsabilidade de acompanhar todo o processo avaliativo da escola, analisando e debatendo os componentes da aprendizagem. Assim, como instrumento democrático, o Conselho de Classe busca a garantia do aperfeiçoamento do processo de avaliação, tanto social como pedagogicamente. Por outro lado, O Conselho de Classe, como uma instância coletiva de avaliação do processo de ensino e aprendizagem, reflete as diferentes concepções de avaliação e de ensino incorporadas pelos docentes em suas práticas, assim como as limitações e contradições próprias a elas e presentes no posicionamento político pedagógico desses profissionais (DALBEN, 2010, p.4). O Conselho de Classe representa um elemento fundamental para a avaliação formativa do aluno, que auxilia o professor, em seu trabalho do dia a dia em sala de aula, orientando-o sempre que necessário em reorganizar sua ação pedagógica tornando a aprendizagem um compromisso de toda a escola a partir dos resultados obtidos nas avaliações. O professor no contexto do Conselho de Classe participativo deixa de ser o único responsável pela avaliação da aprendizagem do aluno e o desenvolvimento deste passa a ser uma função atribuída a todos da escola, sem, no entanto, eximir-se da sua parcela de responsabilidade no processo avaliativo. A escola formada pela equipe pedagógica, assim como a comunidade escolar externa passa a discutir e refletir sobre as práticas avaliativas utilizadas, buscando adequá-las aos objetivos do trabalho pedagógico, adequando ações na busca de soluções para eventual fracasso escolar. Associar o Conselho de Classe à avaliação da aprendizagem é desvelar o que a comunidade escolar trabalha em seu cotidiano, mas que ainda, provavelmente, não descobriu: a avaliação e o Conselho de Classe como aliados da aprendizagem de alunos e dos professores. Dessa forma, o Conselho de Classe surge como espaço de reflexão e redimensionamento do fazer pedagógico, estabelecendo outras formas de se relacionar com o outro e com o saber historicamente construído, reconstruindo o projeto Político- Pedagógico vigente na escola e tendo no diálogo a base do processo de formação. (DALBEN, 1992). 13 Não existe receita pronta de como devem ser as reuniões do Conselho de Classe, no entanto, estas reuniões devem estar priorizadas e definidas no Projeto Político- Pedagógico da Escola, visando uma participação ampla e coletiva de toda a comunidade escolar de forma a democratizar a participação de todos os atores envolvidos no processo de aprendizagem. Considerando que o Conselho de Classe é uma instância que pratica a avaliação e tem por base os objetivos pré-definidos, vale ressaltar o que nos diz Freitas (1995) à cerca da existência do par dialético objetivos/avaliação. Para este autor, os objetivos vão demarcar o momento final da objetivação/ apropriação. A avaliação, que se resume em um momento real, concreto, permite, com seus resultados, que o aluno se confronte com o momento final idealizado pelos objetivos. É a avaliação que incorpora esses objetivos e aponta uma direção. Dada a importância dos objetivos, o autor complementa, “os objetivos, sem alguma forma de avaliação, permaneceriam sem nenhum correlato prático que permitisse verificar o estado concreto da objetivação”. O mesmo autor entende que a avaliação tem sido praticada para analisar o alcance dos objetivos e para a definição de novos objetivos. Formar para a cidadania significa possibilitar a participação do sujeito de forma efetiva, criativa e autônoma na construção da cultura, da história e do contexto social do qual esse sujeito faz parte, por meio da socialização dos conhecimentos. Rios (2001) discorre que cidadania se constrói na escola, a partir do trabalho conjunto de professores e alunos, por meio da participação e do diálogo constante entre todos os atores envolvidos. No entanto, é notório que a escola costuma oferecer resistência quanto à participação da comunidade em seus espaços pedagógicos, seja numa reunião nos Conselhos de Classe, seja nos projetos desenvolvidos pelos alunos no decorrer do ano letivo, mas muito além disso, essa participação não se limita a esses eventos, mas de forma constante, conscientemente e constantemente participando das decisões, normas e ações dentro e fora do espaço escolar. Paro apresenta o paradoxo que a escola pública vive nesse processo de resistência. Não deixa de ser paradoxal que a escola pública, lugar supostamente privilegiado do diálogo e do desenvolvimento crítico das consciências, ainda resista tão fortemente a propiciar, no ensino fundamental, uma formação democrática que, ao proporcionarvalores e conhecimentos, 14 capacite e encoraje seus alunos a exercerem ativamente sua cidadania na construção de uma sociedade melhor (PARO, 2000, p. 25). O fato de haver a possibilidade de participação da comunidade na escola não quer dizer que esta esteja culturalmente construída. Participar dos espaços pedagógicos implica rever normas, valores, atitudes e estruturas de poder que definem as relações sociais dentro da escola, é extremamente necessário que a gestão escolar enxergue a comunidade escolar como um aliado na solução dos problemas que podem surgir de ordem formativa ou disciplinar, onde a busca pela solução desses problemas se dê de forma constante e com um diálogo aberto. É um processo de desconstrução e reconstrução que demanda tempo e não apenas leis que o determinem. A escola precisa construir a participação da comunidade em seus espaços pedagógicos e para isso necessita compreender o sentido de participar e quais as contribuições que a participação pode oferecer para a melhoria da qualidade da educação e, consequentemente, da escola. Daí a importância do Conselho de Classe Participativo uma vez que este estimula os processos comunicativos nos quais o diálogo assume papel de suma importância, desenvolve o senso crítico, auxilia na formação do ser político, na conquista da autonomia, além de ajudar toda a comunidade escolar a analisarem o processo pedagógico pela ótica do outro. O Conselho de Classe Participativo tem se mostrado uma experiência positiva nas escolas, uma vez que este aumenta o espaço de participação como construção conjunta, provoca mudanças na cultura docente da escola, auxilia na administração de tensões e conflitos como processos necessários ao crescimento do grupo como equipe de trabalho. Em síntese, o Conselho de Classe Participativo é um espaço que proporciona a construção da participação de todos os atores envolvidos no processo ensino aprendizagem, estimulando o diálogo e o debate sobre as ações pedagógicas de forma construtiva, contribuindo, assim, para modificar e reorganizar a ação pedagógica. 2.4. Aplicação das disciplinas estudadas no Projeto Integrador Os conteúdos que estão sendo abordados no presente projeto Integrador VI refere-se às disciplinas no tema Conselho de Classe Participativo: Como garantir a efetiva participação democrática da comunidade escolar em um conselho de classe? Ancorado nos conteúdos estudados nas disciplinas de Gestão Escolar, principalmente 15 relacionado aos conceitos de gestão democrática, o gestor escolar e a inclusão do aluno, formação do gestor, aplicando-se conhecimentos adquiridos na disciplina de Metodologias Ativas de Aprendizagem voltados para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares, sem perder de vista e não menos importante o desenvolvimento do projeto a partir dos conceitos e conteúdos abordados na disciplina Organização do trabalho pedagógico a partir da Reflexão, organização e gestão de possibilidades interdisciplinares no âmbito de ações docentes contextualizadas, a articulação do trabalho pedagógico no cotidiano escolar, o trabalho coletivo como princípio do processo educativo, buscando-se compreender a organização do trabalho pedagógico nos espaços escolares; reconhecer as concepções que fundamentam a organização do trabalho pedagógico; proporcionar situações de reflexão, análise e elaboração de um Conselho de Classe Participativo de forma garantir a participação de todos os membros da comunidade escolar. 2.5. Metodologia Para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizado o método descritivo referente ao tema proposto, onde para tanto foi feito um estudo por meio de coleta de dados referente aos conhecimentos prévios e opiniões dos alunos por meio de um questionário específico, bem como um questionário específico aos professores, também com questões específicas do tema abordado, a partir da aplicação de questionário virtual na plataforma Google Forms, fazendo uma análise detalhada e minuciosa no desenvolvimento da atividade, direcionando-se a aplicação do trabalho a partir da tabulação das respostas ofertadas pelos participantes, observando e registrando as ocorrências em cada uma das etapas do projeto. Foram utilizados recursos didáticos, gráficos para a tabulação dos resultados relacionados aos questionários específicos direcionados aos envolvidos no desenvolvimento do projeto e dados estatísticos. Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas fontes bibliográficas tais como os livros, periódicos, base de dados, teses e dissertações, sites especializados de caráter governamental ou particular, com o objetivo de compreender e retransmitir melhor o tema proposto de forma sistematizada de caráter didático. Como ponto de partida para e execução da pesquisa, foi apresentado o projeto a partir do tema proposto colocando em discussão pelo grupo quais seriam os assuntos abordados e objetivos a serem alcançados, a situação problema apontada, a justificativa 16 do tema proposto e por fim, um estudo do referencial teórico para uma melhor compreensão do tema e posteriormente a conclusão da pesquisa propriamente dita. Optou-se para o desenvolvimento do referido projeto, trabalhar com professores da rede estadual de educação e alunos do ensino fundamental anos finais e médio, por entendermos que esses alunos já possuem uma formação e um grau de conhecimento sobre o tema a ser abordado um pouco mais avançado em relação aos alunos da educação infantil, bem como a forma como se dá o Conselho de Classe nesses segmentos, de forma mais abrangente e com um colegiado de professores maior do que o que conhecem nos anos iniciais de suas vidas escolares, com novas metodologias e diferentes práticas pedagógicas. Foi realizada uma pesquisa com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do ensino médio, onde no total, 20 professores responderam ao questionário proposto aos mesmos e 72 alunos responderam ao questionário proposto aos mesmos, sendo todos os alunos advindos de escola pública, matriculados na E.E José Chaluppe em Itapevi - SP. A pesquisa em questão classifica-se como exploratória, quanto aos objetivos que, segundo Gil, (2008), tem como alvo “desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. Este tipo de pesquisa, segundo o mesmo autor busca “proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de um determinado fato” (GIL, 2008, p. 27). 2.5.1 Técnicas Os procedimentos metodológicos que foram para essa pesquisa são: a) Questionário para avaliar o conhecimento prévio e a opinião dos alunos, bem como questionário para avaliar a opinião dos professores. b) Tabulação de dados. c) Pesquisa bibliográfica. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O grupo em reunião prévia conforme objetivos definidos no projeto visaram explorar o conhecimento e opinião dos alunos, bem como o parecer e opinião dos 17 professores no que se refere as contribuições e a importância de um Conselho de Classe Participativo, onde todos os envolvidos puderam expressar suas opiniões a respeito do tema desenvolvido, onde podemos verificar que forma quase que unanime, a epígrafe desse item demonstra que os alunos reconhecem a importância do Conselho de Classe, muito embora essa participação nas reuniões não se demonstra tão participativa assim ou até mesmo de desconhecimento por parte dos alunos, porém quanto ao seguimento dos professores, os professores são unânimes em afirmar que o mesmo é de fundamental importância, como pode ser observado no questionário respondido. Para complementar o desenvolvimento do projeto, foi solicitado e autorizado a participação de um representante do grupo no Conselhode Classe dos alunos após o fechamento do primeiro bimestre, mas por conta da suspensão das aulas em razão da quarentena obrigatória decretada pelo governador de São Paulo, João Dória, publicada no Diário Oficial do Estado de 14 de março de 2020, o decreto 64.862/20, que dispõe sobre a adoção de medidas temporárias e emergências contra contágio pelo covid-19, para evitar a propagação do Coronavírus os Conselhos de Classe na unidade escolar observada, os Conselhos de Classe, assim como todas as atividades pedagógicas tem se dado de forma remota, divididos em dois dias, sendo um dia para o Ensino Fundamental e um dia para o Ensino médio, e pode se verificar neste dia que embora de caráter participativo, em algumas turmas, do total de 10, apenas em seis delas pode contar com a participação de um aluno representante da turma e não se verificou a participação de nenhum pai ou responsável, a dinâmica do Conselho se resumiu em analisar como estavam indo a realização das atividades dos alunos nas plataformas da educação, sistema Caed e CMSP, bem como as atividades propostas pelos professores no Google Classroom, falou-se um pouco sobre a necessidade da busca ativa dos alunos, exclusão de alunos nas listas por falta de realização de atividades, orientações sobre o preenchimento provisório dos conceitos adquiridos pelos alunos e preenchimento de ausências no diário de classe, o responsável da sala, também chamado de professor conselheiro é quem passava as informações sobre o rendimento geral dos alunos, busca ativa da turma, mas em momento algum foi proporcionado a palavra aos alunos presentes e até mesmo aos professores das disciplinas, uma vez que cabia ao professor conselheiro comentar sobre o desempenho da turma avaliada naquele momento. Assim verificamos neste primeiro momento que remotamente a participação da comunidade escolar ficou ainda mais prejudicado, tanto pelo https://www.migalhas.com.br/arquivos/2020/3/499B82A23AB13D_pg_0001.pdf 18 desinteresse dos atores envolvidos, quanto de possível dificuldade técnica para participar de uma reunião remota. O questionário foi enviado aos alunos contendo seis perguntas a fim de explorar o conhecimento prévio sobre o Conselho de Classe, bem como a opinião dos mesmos em relação à participação e importância do Conselho de Classe, no seguimento dos professores, foram feitas cinco perguntas de cunho exploratório e opinativo sobre o grau de importância e opinião sobre o Conselho de Classe Participativo. Seguem os números abaixo: 3.1 – Gráfico 1 - Participação do aluno em um Conselho de Classe. Dos 68 alunos entrevistados pela pesquisa a partir do relatório em uma questão de duas respostas possíveis, 38 alunos, ou 55,9% das respostas disseram que conheciam NÃO, nunca foram convidados a participar de um Conselho de Classe de sua escola e apenas 30 alunos responderam que sim, não foi dado a possibilidade de uma terceira resposta do tipo, “NÃO ME RECORDO” de forma intencional, exatamente para se buscar a maior objetividade na pergunta, a surpresa ficou por conta da maioria ter respondido não, onde concluímos pelo resultado obtido que a maioria dos alunos desconhecem esse importante momento de sua vida escolar, muito embora, tenham sido convidados e não tenham participado, mas não deixa de ser um dado preocupante ante as novas perspectivas de uma gestão democrática nos dias de hoje, onde baseado nesse resultado é de suma importância dar ampla publicidade na realização do Conselho, a partir de uma conversa com os alunos, pais e responsáveis de modo a garantir a efetiva participação coletiva dos alunos. O trabalho pedagógico embasado na solidariedade, na reciprocidade e na participação coletiva se contrapõe à “organização regida pelos princípios da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico” (VEIGA, 2005. p. 31), ou seja, contribui para uma nova organização do trabalho pedagógico. 19 A pratica do Conselho de Classe Participativo pela escola é uma porta aberta à prática da avaliação formativa, que visa a contribuir com a inserção social crítica, pois oportuniza a todos os participantes tornarem-se responsáveis pela formação e desenvolvimento da aprendizagem, mas para que isso ocorra de forma efetiva, é de suma importância a efetiva publicidade de tal ato, de modo a garantir a maior participação de todos os envolvidos, assim, dividir com a família a responsabilidade de educar e instruir, auxiliando a escola a formar para a cidadania e a autonomia. Para Santos, a participação da comunidade na escola precisa ser construída a partir da compreensão e o sentido dessa participação. “O fato de haver a possibilidade de participação da comunidade na escola não quer dizer que esta esteja culturalmente construída. Participar dos espaços pedagógicos implica rever normas, valores, atitudes e estruturas de poder que definem as relações sociais dentro da escola. É um processo de desconstrução e reconstrução que demanda tempo e não apenas leis que o determinem. A escola precisa construir a participação da comunidade em seus espaços pedagógicos e para isso necessita compreender o sentido de participar e quais as contribuições que a participação pode oferecer para a melhoria da qualidade da educação e, consequentemente, da escola.” (Santos, 2006). Dessa forma, o conceito de participação assume importância central para a compreensão. Vale destacar a sabedoria de Freire (2003, p. 73), afirmando a participação “[...] enquanto exercício de voz, de ter voz, de ingerir, de decidir em certos níveis de poder, enquanto direito de cidadania”, por ter percebido que é justamente isso o que se espera construir em meio à prática educativa dos Conselhos de Classe. 3.2 – Gráfico 2 – Da finalidade do Conselho de Classe. Quando questionados sobre a questão relacionada a finalidade do Conselho de Classe, verificamos que das quatro opções de respostas, há um consenso ao se somar as respostas mais anotadas temos um total de 55 alunos ou 76,4% dos alunos têm a consciência da finalidade e importância do Conselho de Classe, não se limitando tão 20 somente a divulgação dos resultados e o cumprimento de uma burocracia ao final do bimestre. O Conselho de Classe, é um espaço ou um momento de reflexão pedagógica por excelência em que toda a comunidade escolar precisam situam-se conscientemente no processo, servindo não apenas para divulgação de notas e assuntos de ordem comportamental, mas também para reorientar a ação pedagógica, a partir de fatos apresentados e metas traçadas no Projeto Político Pedagógico, buscando aprimorar não apenas o aprendizado, mas as relações interpessoais entre alunos, gestão, coordenação pedagógica e professores, buscando um bem comum a partir das observações e diálogos entre todos os envolvidos neste processo. Para Sant’Ana (1995: p.87-88): O Conselho de Classe é a atividade que reúne um grupo de professores da mesma série, visando em conjunto chegar a um conhecimento mais sistemático da turma, bem como acompanhar e avaliar o aluno individualmente, através de reuniões periódicas. Assim, não podemos pensar o Conselho de Classe apenas como um momento de reunião apenas para cumprir o calendário escolar, um cumprimento simplesmente burocrático, mas para fins de refletir e reordenar as ações necessárias para o aprimoramento das práticas pedagógicas, em busca de um objetivo comum: o aprendizado e a melhoria significativa nas relações interpessoais. 3.3 – Gráfico 3 – Comportamento dos alunos em um Conselho de Classe. Conforme pode-se notar nas respostas espontâneas dos alunos, quase 28% dos mesmos responderam que sim, ficam nervosos ou preocupados com o que os professores falam no Conselho de Classe, muito embora muitos deles também disseram que nunca participaram de um conselho de classe,ou seja essa segunda hipótese vem de encontro praticamente com o número de alunos que haviam 21 respondido anteriormente de nunca terem participado de um conselho de classe. Esse temor dos alunos, de fato se justifica tendo em vista que o conselho de classe sempre foi um lugar de muita tensão, envolvendo alta carga emocional, porque, em alguns momentos, há divergências entre os professores quanto à percepção do desempenho de determinados estudantes. Por conta disso, não só os alunos, mas alguns educadores também temem que a presença de estudantes no conselho de classe possa gerar mal- estar ou até mesmo confronto entre alunos e professores, principalmente em momentos decisivos de aprovação ou reprovação, assim, não podemos justificar que o Conselho de Classe sem a participação dos alunos evitaria esse tipo de conflito, pois o temor da divergência ou do desentendimento é o que determina a exclusão de alunos e pais de um momento de avaliação formativa tão primordial como o conselho participativo, a ausência do temor acaba se expressando em apenas uma pequena fração de alunos. Obviamente que organizando-se um conselho de forma bem orientada, é possível perceber que não só os professores, mas os pais e os alunos têm interesse em conversar abertamente sobre o processo de formação e desempenho escolar, haja visto que mais do que um mero encontro de pessoas com interesses comuns, porém tudo vai depender da forma como a equipe irá direcionar esse momento, desmistificando e encorajando os alunos a terem voz ativa, pois o conselho participativo é um momento de avaliação formativa em que o estudante se vê ao mesmo tempo como sujeito da sua própria aprendizagem, uma vez que ele pode refletir sobre as percepções que os professores, pais e as demais pessoas têm a respeito do seu jeito de ser estudante. Enfim essa reunião envolvendo todos os atores, deve ser um momento prazeroso, sem amarras, sem rancor, autoritarismo, pois é um momento de reflexão e não de sermão. É um momento para análise dos avanços dos alunos, do desempenho dos professores e da equipe escolar, devendo o Diretor como mediador desse processo conduzir a reunião de Conselho de forma democrática, usando sempre o bom senso para resolver situações de conflito, que possam surgir e não perdendo de vista o resgate da autoestima dos alunos. É necessário que todos os envolvidos sejam conscientes de que a escola deve ser um espaço de ensinar e aprender. 3.4 – Gráfico 4 – Efetiva participação dos alunos. 22 Esses números refletem totalmente ao contrário do que deve ser um Conselho de Classe Participativo, senão vejamos: Do total de 78 respostas, 38 alunos, ou seja 52% do total responderam que não foi dado essa oportunidade para que os mesmos pudessem se manifestar, neste caso estamos falando de alunos que estavam presentes na reunião e de certa forma se sentiram impedidos de se manifestarem, muito provavelmente que esses alunos até teriam interesse em expressar sua opinião, mas da forma em que ocorre essa mediação ou orientação, muito embora tendo direito a fala, esse momento não lhes foram oportunizado pela direção da escola, o que certamente em muito descaracteriza a finalidade do Conselho, pois é algo que deve ser evitado a todo custo, para tanto, certamente que havendo um roteiro direcionado aos alunos, os mesmos certamente estariam mais aptos a se manifestarem, dando a oportunidade para que manifestem suas opiniões e reivindiquem seus direitos quanto às condições de aprendizagem, que a escola oferece, devendo a equipe escolar preocupar-se com o resgate da autoestima do aluno, tornando-os conscientes, críticos, criativos e interessados. Ainda sem perder de vista, o nervosismo mais uma vez aparece como bloqueio na participação do aluno de forma efetiva nas reuniões do Conselho, o que deve ser evitado, estimulando-os a terem uma participação mais efetiva, afastando-se esse “fantasma” do medo em expressarem-se, e certo, esse medo muitas vezes se justifica pelo fato de alguns desses alunos vivem em constante conflito ou um certo desinteresse nos estudos, sendo motivo de constantes reclamações por parte dos professores e da forma hierarquizada que se dá a relação professor-aluno, nesse momento, muito embora o aluno pudesse fazer suas colocações, não o faz por temer que esse conflito possa até se agravar ao apontar alguma crítica ou reclamação a um determinado professor, que por certo irá tentar justificar ou rebater a fala deste aluno no sentido de arrumar apenas um culpado pelo seu fracasso ou baixo desempenho escolar. 23 3.5 Gráfico 5 – Participação da comunidade escolar. Ao analisarmos as respostas dos alunos que responderam ao questionário é visível que praticamente 80% dos pais ou responsáveis dos alunos quase não comparecem à escola, ou quando vão apenas ao final do ano letivo. Esses números refletem praticamente o que se observa ao longo dos últimos anos, a família está se distanciando cada vez mais da escola e vice-versa e esse distanciamento tem prejudicado bastante o desenvolvimento dos alunos e levado muitos ao desinteresse pela vida escolar. Sendo a família a base da sociedade, uma vez que esta é a primeira escola da criança, pois é no núcleo familiar que são ensinados os primeiros valores culturais, sociais e religiosos, e essa família precisa do apoio da escola assim como a escola necessitada do apoio da família para realizar seu papel no desenvolvimento do educando, preparando-o para a vida social e profissional, em que o mesmo possa se tornar cidadão crítico e participativo, cientes de seus direitos deveres. No entanto, para que isso ocorra, é de extrema importância o caminhar na mesma consonância dessas duas instituições, sendo ambas as principais responsáveis pela formação do indivíduo. Nas reuniões pedagógicas, nos encontros de educadores, a escola culpa a família pela imparcialidade em relação a aprendizagem dos alunos, e a família responsabiliza a escola pelo fracasso dos filhos, basta chegar ao final do ano, que esse embate fica mais evidente com os resultados finais, onde os ânimos se alteram, as cobranças aparecem, sempre tentando encontrar um culpado direto pelo fracasso escolar seja no individual ou no coletivo. Nessa situação o mais prejudicado é o aluno. De acordo com Chalita (2011, p.30) “a família é o alicerce da vida de uma pessoa. É o espaço privilegiado de formação de todo indivíduo, e quando esse alicerce é bem estruturado, não há risco de cair”. Assim, é possível compreender que a estrutura familiar é a base de toda a vida do ser humano, desde seu nascimento até que este se torne pessoa adulta, capaz de gerir sua própria vida, que a participação dos pais nessa construção desde seus primeiros 24 anos de vida é de fundamental importância, e mesmo que seja necessário fazer alguns reparos, não correrá o risco de desabar por estar bem edificada. Observa-se que em em qualquer comunidade escolar, existem vários tipos de pais. Há a figura do pai atento e preocupado, que frequenta sempre a escola, participando ativamente, aceita ir sempre as reuniões de pais e mestres, muitas vezes contribui nas atividades da escola; oferecendo sugestões e apoio. Mas, existem também aqueles que vão à escola se for convocado ou que deixa de ir à reunião porque trabalha e não encontram tempo por isso, acabam não participando de nenhuma atividade, são completamente omissos e alheios aos estudos dos filhos, porque pensam que esse momento é uma perda de tempo. Por outro lado, é notório que os alunos cujos pais encontram-se presente na vida escolar dos filhos, são os que conseguem se desenvolver mais na vida; escolar, familiar e social. Contudo, obtêm-se sucesso nos estudos além de cooperar de forma satisfatória para a transformação de suas realidades. Pelos números observados nas respostasdos alunos, nota-se, que a maioria dos pais esquece que a educação tanto formal como não formal, precisa da responsabilidade deles, faz-se pensar na importância de uma participação constante e efetiva, de forma ativa nas atividades desenvolvidas dentro da escola. 3.6 – Gráfico 6 – Opinião sobre a importância do Conselho de Classe. A questão 6 teve como foco principal analisar a opinião e o ponto de vista do aluno quanto ao grau de importância do Conselho de Classe, sendo ele participativo ou não, o que de certa forma superou-se a expectativa do número de respostas que entendem de forma positiva como sendo um momento muito importante para discutir sobre o desempenho dos alunos, mas sem perder de vista que esse desempenho não deve ser atribuído sobre a responsabilidade dos mesmos, mas também refletir sobre os ajustes necessários para a melhoria na aprendizagem. Mesmo com essa unanimidade 25 nas respostas, o que chamou atenção foram alguns alunos que apontaram como uma chatice, uma vez que serve apenas para os professores “cantarem” notas e chamar a atenção de forma negativa dos alunos, algo que precisa ser evitado, torando um momento acolhedor, dinâmico e de forma a garantir o amplo diálogo sem procurar um culpado pelo fracasso do aluno, mas sim, a busca constante para a solução dos problemas encontrados, afinal, quando se discute o Conselho de Classe, discutem-se também as concepções de avaliação escolar, os avanços e retrocessos no processo de ensino-aprendizagem presentes nas práticas dos professores e ainda a cultura escolar em geral e a cultura específica da escola que as vem produzindo. Dessa forma, a importância dos Conselhos de Classe e dos processos avaliativos da escola deriva de sua capacidade de alterar as relações pedagógicas presentes nos diversos espaços da instituição, o papel de articulador, o gestor da escola ao propor um Conselho de Classe precisa garantir a democratização dentro da escola diminuindo o isolamento entre as práticas docentes e todos os outros segmentos contribuindo efetivamente para a melhoria do aprendizado. 3.7 – Gráfico 7 – Relevância do Conselho de Classe na visão da classe docente. O presente gráfico representa a opinião da equipe pedagógica, neste caso formado pela classe docente, como podemos ver, embora na teoria praticamente uma unanimidade 95% dos entrevistados, ou seja do total de 20 respostas, 19 responderam que o Conselho de Classe é o momento para analisar os avanços e retrocessos de cada uma das turmas na qual leciona de forma coletiva. Por se tratar de uma resposta de uma única possibilidade, foi possível perceber que os professores tem consciência do resultado fim do Conselho de Classe, mas por certo que se fosse possível mais de uma resposta, certamente teriam anotado que seria discutir a questão do comportamento dos alunos no que se refere à indisciplina, falamos isso com convicção, pois mesmo que não seja essa a finalidade objetiva de um Conselho de Classe, é corriqueiramente em todos 26 os Conselhos de Classe, sendo ele participativo ou não, os professores reclamarem de um grupo de alunos ou de toda uma sala em relação à indisciplina, buscando justificar o baixo rendimento obtido nas avaliações e no aproveitamento dos estudos, atribuindo tão somente a esses a responsabilidade por esses rendimentos, mesmo sendo o Conselho de Classe, um momento de reflexão quanto ao desempenho de toda a comunidade escolar, o que menos se verifica é a reflexão do próprio professor quanto ao seu desempenho em sala de aula. Os professores não devem se aterem simplesmente ao que o aluno faz ou deixa de fazer. É de extrema importância falar daquilo que ele deveria aprender, do que aprendeu ou do que não foi aprendido. O respeito mútuo neste momento é a chave de sucesso desse processo, de modo que é preciso evitar expressar sentimentos de predileção ou rejeição de alguns alunos. Muito embora os professores nutrem ou admiram um ou alguns alunos daquela turma em razão de seus rendimentos ou capacidade intelectual isso não deve prevalecer nesse momento de pois o desempenho exemplar de alguns alunos não deve ser usado para denegrir a imagem daqueles que têm mais dificuldades. Pensar em um Conselho de Classe eficiente é pensar num procedimento em que a equipe escolar procure novos caminhos com base nos apontamentos e análises de rendimentos, relações interpessoais e estabeleça ações e reflexões, para que todos tenham oportunidade de aprender, garantindo o direito do aluno a um ensino de qualidade e o cumprimento da função social da escola, pois se não houver essa finalidade presente nos objetivos do Conselho de Classe, a resposta uníssona no referido gráfico fará todo o sentido sobrepondo-se aos demais professores, que se resume tão somente em cumprir um mero procedimento burocrático. 3.8 – Gráfico 8 – Opinião dos professores sobre a participação da comunidade escolar no Conselho de Classe. 27 Nas respostas espontâneas dos professores, podemos observar que a maioria entende que o Conselho de Classe é por excelência mais proveitoso com a participação de toda a comunidade escolar, ou seja com os pais e os alunos, mas diferentemente da questão anterior, podemos verificar que há uma certa resistência nessa modalidade de Conselho quando deparamos com quase 40% se levarmos em consideração a única opinião por entender como indiferente, como no grupo dos que responderam ser mais proveitoso sem a presença pais e alunos, é possível notar que existe uma grande resistência não só pelo corpo discente, comunidade externa, mas como dos próprios professores que não enxergam a importância ou necessidade de um Conselho de Classe de forma participativa, o que obviamente pode ser presumido por questões de ordem burocrática, ou finalidade na visão desses professores que basta a presença dos professores para que o resultado prático do conselho seja alcançado, o que é um equívoco muito grande, pois por se tratar de um momento de reflexão, esse momento sem a presença de toda a comunidade escolar se resume apenas em uma reflexão unilateral, fadado a continuidade de um método ineficiente, indo praticamente na contramão do que tanto se discute nos dias atuais de uma gestão democrática e participativa nos rumos de uma Instituição Escolar. É importante e necessários que nas Atpcs o coordenador pedagógico desenvolva um trabalho de conscientização com a finalidade de demonstrar que o Conselho participativo de um momento de suma importância e a maneira mais democrática de promover a avaliação formativa na escola. 3.9 – Gráfico 9 – Importância do Conselho Participativo na visão dos professores. 28 Assim, como no gráfico anterior, a maioria dos professores compreendem a importância da participação do aluno no momento do Conselho de Classe, mas é possível verificar também com base nas respostas que uma grande parcela entende como de pouca ou nenhuma importância a participação de pais e alunos nos Conselhos. Esses números não podem ser vistos sem um mínimo de preocupação, haja visto que a escola nos dias de hoje muito se reclama do distanciamento dos pais em relação à escola, reclamação essa engrossada principalmente pelo coro de professores em suas lamentações diárias e constantes no dia a dia de seu trabalho, cobrando inclusive quase que diariamente a presença dos pais dos alunos, principalmente relacionados a problemas comportamentais, assim, torna-se um paradoxo quando esse professores entendem como de pouca importância ou fiquem indiferentes quanto à ausência ou presença desses mesmos pais num momento tão importante que é a reunião do Conselho de Classe para a tomada de rumos e decisões referente à esses mesmos alunos frutos de lamúrias e reclamações vividas na sala de aula. Por certo, esse pensamento está diretamente relacionadoà equação do tempo disponibilizado para a análise dos resultados da sala, resumindo-se tão somente em divulgação de notas e desempenho das turmas, pois o calendário disponibilizado para essas reuniões geralmente são bastante apertados, com um curto espaço de tempo para essa discussão e certamente que quanto mais o diálogo ou enfrentamento puder ser evitado, mais rápido se conclui o Conselho de Classe cumprindo-se assim, um mero procedimento burocrático. Obvio que conforme as respostas espontâneas essa, oxalá não é a corrente dominante de pensamento, tendo em vista que a maioria dos professores entendem ser de suma importância a participação de pais e alunos no Conselho de Classe, para que em conjunto possa se construir uma gestão democrática e participativa nas tomadas de decisões e buscas de soluções. 3.10 – Gráfico 10 – Reflexões dos professores sobre a participação do Conselho na escola em que leciona. 29 Nessa questão direcionada aos professores, a maioria dos entrevistados ao serem questionados sob como acontece o Conselho de Classe na unidade escolar, a maioria ressalta que embora seja realizado de forma participativa, o mesmo não conta com um número expressivo de alunos ou responsáveis, dessa forma, denota-se que o mesmo perde sua essência uma vez que a característica principal de um Conselho de Classe Participativo é exatamente a participação maciça e efetiva de se não todos, mas da maioria dos envolvidos, ou seja pais, alunos, professores, gestão e coordenação escolar. Assim, ao pensar um Conselho de Classe Participativo, é primordial e de extrema importância que as ações sejam pensadas preliminarmente no sentido de conscientização de todos os envolvidos da importância e necessidade da participação de todos, de modo a garantir o sucesso desse importante encontro, assegurar a participação de todos é fundamental e avisar com a devida antecedência não de horas mas de dias, é uma estratégia importante, uma vez que a trajetória escolar é uma responsabilidade de todos, afinal de contas, promover um momento de discussão do desempenho escolar é a melhor forma de integrar todos os segmentos da escola, especialmente porque possibilita que os estudantes aprendam a avaliar a si próprios, amplia o diálogo, bem como os orienta e ajuda a perceber os processos de aprendizagem nos quais estão inseridos, dando-lhes um norte para o sucesso em sua vida profissional e social a partir da divisão de responsabilidades a partir do diálogo. 3.11 – Gráfico 11 – Reflexões dos professores sobre a relevância do Conselho de Classe Participativo. 30 No tocante às contribuições mais relevantes do Conselho de Classe participativo, observa-se que a maioria dos professores entrevistados apontam como a facilitação e por consequência a melhoria no processo ensino-aprendizagem através do diálogo, sem perder de vista os outros benefícios como o diálogo entre toda a comunidade escolar, o enriquecimento da organização do trabalho pedagógico entre professor e aluno e as contribuições para a desempenho dos alunos em sala de aula, conforme anotado nas respostas disponibilizadas, assim podemos perceber que há um consenso que o formato de um Conselho de Classe sem a participação efetiva dos alunos, pais, ou responsáveis, contando apenas professores, direção e coordenação escolar, certamente que não se atingirá de forma plena essa reflexão conforme colocada, uma vez que, sem a efetiva participação de todos os envolvidos, as decisões muitas vezes não serão tomadas de forma democrática e participativa. De certo que são inúmeras as contribuições e pontos positivos quando da realização de um Conselho de Classe Participativo, afinal de contas, promover um momento de avaliação formativa e de discussão do desempenho escolar é a melhor maneira de interagir com todos os segmentos da escola, especialmente porque possibilita que os estudantes aprendam a avaliar a si próprios, bem como ajuda a perceber os processos de aprendizagem nos quais estão inseridos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no projeto desenvolvido, a partir dos dados coletados no questionário formulado e pelos estudos teóricos realizados, com os resultados alcançados restou evidentemente demonstrado que o Conselho de Classe Participativo é um instrumento de grande riqueza a ser desenvolvido no âmbito escolar, mas o mesmo pelos números está longe pelo ao menos a um curto ou médio prazo de ser efetivado de forma plena a garantir o seu real propósito ou seja, promover um amplo diálogo entre todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, haja visto que existem amarras entre todos os envolvidos, seja na resistência dos professores, dos alunos, do desinteresse dos pais, mas que podem ser superados se houver uma equipe pedagógica que enxergue de forma objetiva a grande relevância desse formato de Conselho, aliado ao Projeto Político Pedagógico, construído de forma democrática com o primordial apoio da gestão escolar. Para tanto, é necessário que no início do ano letivo, nas reuniões de planejamento, no momento da construção do calendário escolar, o Conselho de Classe não seja apenas anotado como mais uma data para pausa nas aulas, mas sim como momento de reflexão em relação ao aproveitamento dos estudos, avaliando em conjunto 31 os avanços e retrocessos, mas para isso é importante que se desenvolvam ações no decorrer do ano letivo no sentido de esclarecer e orientar todos os envolvidos da importância desse momento. Além do trabalho interno de conscientização da importância do Conselho de Classe Participativo, a integração dos pais e responsáveis deve ser pensada de forma a garantir a efetiva participação para tanto, para garantir a presença dos pais na escola, a equipe gestora precisa dar ampla publicidade, publicando o calendário das reuniões nos murais, portões, avisos por meio de bilhete a ser entregue aos pais, mídia social (facebook, grupos de watsapp), com uma antecedência mínima de uma semana e constante alertas antes da data agendada, garantindo assim uma participação significativa nesse seguimento. Importante anotar que a escola é um instrumento fundamental para equilibrar as dificuldades, pois desenvolve a função de formadora do conhecimento para o crescimento humano, e fortalece as bases da sociedade através do envolvimento escola-família-sociedade. A escola por ser a mais interessada nessa questão, e por ter uma gama de conhecimentos em seu currículo, que a maioria dos pais não possuem, deve dar o primeiro passo e criar estratégias com o objetivo de aproximar esses pais tanto da escola como da vida escolar dos seus filhos e essa aproximação não pode se limitar apenas às reuniões de pais que acontecem bimestralmente, mas de forma contínua e sempre que possível, como nos encontros do Conselho de Classe. Se a instituição escolar prioriza essa interação de toda a comunidade escolar desde o primeiro contato da criança com a escola, todos se beneficiam. Podemos concluir ainda que o Conselho de Classe Participativo, representa um avanço na gestão democrática seja na escola particular ou na escola pública, na medida em que, com ele, torna-se possível a avaliação coletiva, a partir da qual, os alunos são estimulados ao autoconhecimento, exercitando o reconhecimento de suas habilidades e dificuldades, percebendo-se enquanto sujeitos responsáveis por seu processo de aprendizagem, mas para isso é importante lhes garantir o direito a voz, afastando o estigma do medo, eliminando essa temeridade em se expressar, encorajando-o ao enfrentamento ao diálogo de forma a enriquecer o debate entre todos os envolvidos. Assim, entende-se que o Conselho de Classe Participativo, [...] ganhará sentido se vier a se configurar como espaço não só possibilitador da análise do desempenho do aluno e, mais, do desempenho da própria
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