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1 Beatriz Cavalcanti Regis Aula Maria Carolina INTRODUÇÃO • DRC: presença de dano renal ou redução da função renal, por 3 meses ou mais, com complicações na saúde (irreversibilidade). • A persistência por 3 meses é necessária para distinguir da lesão renal aguda. • Doença renal aguda, crônica e crônica agudizada. • Marcadores de dano renal: albuminúria, alterações de sedimento urinário, alterações eletrolíticas secundárias a desordens tubular, histologia alterada, anormalidades na imagem e história de transplante renal. • Estimando a taxa de filtração glomerular: CKD-EPI (estima melhor; consulta em aplicativo) ou Cockcroft- Gault (mais utilizada em provas). • TFG normal: 80-120 mL/min/1.73m². • Creatinina varia com massa muscular, gênero, idade, etnia e dieta. Logo, não há valor de referência. • Diálise: último estágio da DRC. • Em 20 anos, mais que triplicou a quantidade de pacientes em tratamento dialítico. Isso devido ao aumento da expectativa de vida, o aumento da prevalência de doenças que levam a perda da função renal (hipertensos e diabéticos) e melhora na medicina no quesito de ter ocorrido mais diagnósticos. • DRC é consequência de alguma coisa, mas nem sempre se identifica. DIAGNÓSTICO DE BASE DOS PACIENTE EM DIÁLISE • GNC: glomerulonefrite crônica. • No mundo, a DM é a principal causa de DRC. No Brasil, no momento, é a HAS, mas está caminhando para DM. • DRC também gera HAS (hipertensão secundária). ESTÁGIOS DA DRC • Categoria G5 não necessariamente precisa de diálise. Deve se basear muito mais nas manifestações clínicas. • Variáveis preditoras de risco de evolução para DRC: etiologia da DRC, estágio da TFG e estágio da albuminúria. • Não existe medicamento que evite o paciente entrar em diálise. • Controle da progressão da DRC: controle de HAS, glicemia, lipídios, ácido úrico, cessação do tabagismo, restringir proteína, controlar a perda de albumina, evitar infecções, surgimento de cálculo e drogas nefrotóxicas. • DRC pode gerar uma anemia e hiperparatireoidismo. AVALIAÇÃO DA DRC Avaliação da cronicidade: • Se TFG < 60ml/min/1.73m² (categorias G3a-G5) ou há dano renal, rever antecedentes e exames anteriores para determinar a duração da doença renal. • Se a duração é > 3 meses, DRC está confirmada. • Se a duração é < 3 meses ou incerta, DRC não está confirmada. Os pacientes podem ter DRC ou lesão renal aguda ou ambos. CONSEQUÊNCIAS DA DRC Perda de: • Equilíbrio hídrico. • Equilíbrio eletrolítico. • Equilíbrio ácido-básico. • Filtração glomerular: acúmulo de substâncias que deveriam ser excretadas → síndrome urêmica/uremia. • Função hormonal: eritropoetina e calcitriol ativado no rim. PERDA DO EQUILÍBRIO HÍDRICO • Hipervolemia: absorção de sódio e água. ✓ Congestão sistêmica com hipertensão; ✓ Congestão pulmonar; ✓ Edema em graus variados; ✓ Hiponatremia dilucional: retenção de sódio + retenção de água ainda maior (tratamento é remover a água). 2 Beatriz Cavalcanti Regis Aula Maria Carolina PERDA DO EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO • Retenção de sódio – ocorre em todos com TFG < 10ml/min. ✓ Hipertensão arterial. ✓ Retenção de água (congestão pulmonar e circulatória/edema). • Retenção de potássio – geralmente só no estágio 5. ✓ Sintomas musculares e arritmias malignas. ✓ Onda T apiculada. ✓ Tratamento: diálise ou formas clínicas (espoliar o potássio do corpo – diurético de alça: furosemida ou para dentro da célula – glicoinsulinaterapia ou estímulo beta-adrenérgico: formoterol ou salbutamol). ✓ Gluconato de cálcio serve para proteger o coração, ou seja, nos dar tempo para colocar o paciente em diálise ou tratar clinicamente. ✓ Mecanismos de adaptação: - Aumento da excreção de K+ por néfron – efeito direto da HiperK e da aldosterona (IECA e BRA – cuidado!). - Aumento da excreção de K+ pelo cólon – 10%→ 40% (pela hiperK e aldosterona). - Diabéticos – HiperK já com TFG – 60mL/min → hipoaldosteronismo hiporreninêmico. PERDA DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO • Ocorre tardiamente. • Acidose metabólica hiperclorêmica – ocorre com TFG < 20 mL/min. • Queda na produção de amônia, reduz eliminação urinária de H+. Retém H+. • Para compensar a queda do bicarbonato, há aumento do cloreto. • Quando TFG abaixo de 10-5mL/min, há retenção do ânion sulfato (ácido sulfídrico → H+ sulfato), estando o cloreto normal. Acidose metabólica com ânion gap alto. QUEDA DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR Síndrome urêmica: intoxicação por compostos nitrogenados que geram inflamação em vários sistemas. • Substâncias nitrogenadas supostamente implicadas na síndrome urêmica: ✓ Ureia – acima de 190 / mecanismos de adaptação; ✓ Compostos guanidínicos (principais); ✓ Compostos aromáticos; ✓ Aminas alifáticas; ✓ Poliaminas. • Outras substâncias supostamente implicadas na síndrome urêmica: PTH, fosfatos orgânicos e beta-2- microglobulina. MANIFESTAÇÕES GASTROINTESTINAIS • TGI – órgão mais afetado pela uremia e é onde ocorre os primeiros sintomas da síndrome urêmica. • Perda de apetite, boca amarga, anorexia, náuseas, plenitude e vômitos (gastrite/gastroparesia urêmicas), diarreia, íleo (distensão abdominal e cólicas) e hemorragia digestiva. MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS • SNC: dificuldade de concentração, alteração de comportamento, sonolência-insônia e encefalopatia urêmica aguda (desorientação, confusão mental, surto psicótico, mioclonia, convulsão e coma). • SNP: polineuropatia sensorimotora, simétrica de predomínio distal e de MMII (parestesias em botas e pernas inquietas). • SNA: hipotensão postural, FC fixa, anidrose e impotência. MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS E PERICÁRDICAS • Hipertrofia de VE e ICC; pericardite urêmica (urgência dialítica); tamponamento cardíaco. MANIFESTAÇÕES PULMONARES E PLEURAIS • EAP; pulmão urêmico (aumento da permeabilidade capilar pelas toxinas); derrame pleural. 3 Beatriz Cavalcanti Regis Aula Maria Carolina DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA • Disfunção plaquetária: inibe adesão e agregação (inibe fator de Von Willebrand). • A anemia contribui para o distúrbio, pois as hemácias facilitam interação das plaquetas com o endotélio. • TS aumentado; petéquias e equimoses; hemorragia gengival e epistaxe; hemorragias digestivas e cerebrais. OUTRAS MANIFESTAÇÕES • Intolerância à glicose e metabolismo da insulina. • Manifestações cutâneas: prurido, pele ressecada e unha danificada. • Manifestações osteoarticulares e musculares: artrite, miopatia, túnel do carpo. • Aterosclerose acelerada: causa mais comum de óbito. • Dislipidemia: hipertrigliceridemia isolada (80%) e queda no HDL. • Estado hipercatabólico: desnutrição protéico-calórica. • Distúrbio imunilógico: uremia deprime capacidade fagocíctica e bactericida dos neutrófilos; deficiência da imunidade humoral. DISTÚRBIOS HORMONAIS • Déficit de eritropoetina (EPO): ✓ Produzida pelas células do túbulo proximal em resposta á hipóxia tecidual. ✓ Déficit inicia normalmente na fase 4. ✓ Anemia normocítica-normocrômica. ✓ Multifatorial. ✓ Tratar carências (ferro, folato, vit. B12) → se continua anemiado → déficit de EPO. ✓ Administrar EPO recombinante SC conforme níveis de Hb. • Déficit de calcitriol: ✓ No intestino: aumentando absorção de cálcio. ✓ No osso: osteoblasto-osteoclasto, que proliferam e aumentam a reabsorção óssea. ✓ Na paratireoide: diminui a secreção de PTH. ✓ Calcitriol: 1,25(OH)² → vit. D ativa. CÁLCIO • A absorção intestinal de cálcio depende de sua quantidade na dieta ingerida e da ação local da vit.D. PTH • Efeito central: aumentar cálcio. • No osso: osteoblasto-osteoclasto, que proliferam e aumenta a reabsorção óssea. • No rim: aumenta a absorção de cálcio no túbulo distal. • Estimula a produção de vit. D (ativa alfa-1-hidroxilase), levando a aumentoindireto do cálcio, por aumentar sua absorção intestinal. DISTÚRBIO MINERAL ÓSSEO • Alterações sistêmicas do metabolismo mineral e ósseo em doentes com DRC. Manifesta-se por alterações na homeostase de Ca, P, PTH e vit. D. • Osteíte Fibrose, Doença Adinâmica e Osteomalácia. • Doença mista. • Estágios iniciais da DRC – TFG 50%. • Assintomático → quando se dá conta, tem incapacitante dor óssea, fraturas. • Manifestações sistêmicas com alta morbimortalidade. • Doença cardiovascular – calcificações difusas. • Óbito. Paciente perdendo massa renal → retenção de fósforo → inibe a alfa-1-hidroxilase → não consegue ativar a vit. D → hipocalcemia → aumento do PTH. Além disso, na hiperfosfatemia → quela o cálcio → complexo cálcio+fósforo (se agregam e se depositam nos tecidos, gerando consequências na microcirculação – pele, coronária e artérias cerebrais) → hipocalcemia → aumento do PTH (para aumentar o cálcio). No doente renal, o PTH só consegue agir no osso, retirando cálcio do osso → enfraquecimento dos ossos e não controlou o cálcio, pois não há somente a falta de cálcio, mas também aumento de fósforo e pouca vit. D. 4 Beatriz Cavalcanti Regis Aula Maria Carolina TRATAMENTO DA DMO-DRC • Controle do fósforo: dieta, quelantes e diálise. • Controle do PTH: calcitriol e calcimiméticos. • Cirurgia precoce se refratário: paratireoidectomia. MANIFESTAÇÕES QUE NÃO RESPONDEM A DIÁLISE • Anemia, distúrbio mineral ósseo (HPT), dislipidemia, estado hipercatabólico (desnutrição), distúrbio imunológico e aterosclerose acelerada. COMPLICAÇÕES COM O AVANÇAR DA DRC AGUDO OU CRÔNICO? • Pedir exame anterior. • Anemia normo-normo. • Hipocalcemia, hiperfosfatemia, PTH elevado. • Desproporção entre exames laboratoriais e sintomas. • USG renal: tamanho X dissociação corticomedular. • Exceções: DM, nefropatia obstrutiva crônica, rins policísticos, esclerodermia renal e amiloidose. TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL HEMODIÁLISE • Acesso vascular – fistula arteriovenosa confeccionada por um cirurgião vascular, ou seja, junta uma veia e uma artéria → desevolver uma veia calibrosa que permita a hemodiálise (dois pontos na veia, um próximo a anatomose que leva o sangue para a máquina e outro que devolve para o paciente). • Circuito continuo em movimento: 350mL/min de sangue. • Sangue sai do paciente – bomba (mantém fluxo contínuo) – filtro (capilar; tem centenas de cilindros capilares banhados pelo líquido da diálise – dialisato, para que ocorra a difusão/soluto e ultrafiltração/água) – volta pro paciente com uma redução de toxinas. • 3x na semana, por 4h (podendo variar dependendo do seguimento médico e clínico). • Causa muita instabilidade hemodinâmica. • Manter heparinização do sistema para o sangue não coagular. • Principal complicação: embolia aérea. • Benefícios: ✓ Correção rapida dos disturbios HE e remoção de líquidos. ✓ Contato frequente com a equipe de enfermagem e outros pacientes, dividindo a ansiedade. • Limitações: ✓ Comprometimento dos vasos dos MMSS dificultando o acesso venoso periferico. ✓ 2 punções a cada nova sessão. ✓ Horários fixos (médicos tentam flexibilizar). ✓ Perda mais rapida da função renal residual. ✓ Risco de infecção de ceteter central (temporário, ou seja, por enquanto que a fístula não está confeccionada). ✓ Dificuldade de locomoção para os pacientes com limitações físicas e os que residem longe dos centros de terapia. ✓ Maior instabilidade hemodinâmica (paciente tende a ser anúrico), maior oscilação de peso e PA. ✓ Maior controle da dieta e ingestão de água. DIÁLISE PERITONEAL • Feito todos os dias a noite, por 8 a 12h, em média 10h (alguns acordam e ainda estão em diálise). • Infunde líquido (dialisato) no peritônio (3cm abaixo da cicatriz umbilical) → por difusão e osmose, os solutos e solventes vão para o líquido infundido (menos concentrado) → líquido fica de 1 a 2h no peritônio até ser drenado. 5 Beatriz Cavalcanti Regis Aula Maria Carolina • Benefícios: ✓ Processo mais fisiológico: menos instabilidade cardíaca, menor variação da PA e do peso e melhor controle da anemia. ✓ Uma única visita por mês para coleta de exames e consulta médica. ✓ Preserva por mais tempo a função renal residual do paciente. ✓ Preservação dos vasos dos MMSS. • Limitações: ✓ Risco de infecção (peritonite) – risco de óbito. ✓ Necessidade de um cuidador. ✓ Necessidade de estocar o material de diálise. INDICAÇÕES DE DIÁLISE • TFG < 10mL/min (15 em diabéticos). • Acima disso, se situação clínica específica: síndrome urêmica, perda de peso com risco de desnutrição severa, hipercalemia refratária ao tratamento clínico, hipervolemia refratária. • Urgências: encefalopatia, pericardite, sangramento, EAP, hipercalemia significativa refrataria, acidose metabólica refrataria (pH < 7,1). ESCOLHA DO MÉTODO DIALÍTICO • Hemodiálise: pacientes musculosos, obesos, hipoalbuminemia (ascite), más condições socio- econômicas e problemas abdominais (hérnias, estomas, cirurgia recente ou múltiplas, aneurisma de aorta). • Diálise peritoneal: magros, baixa estatura, criança, doença coronariana ou ICC, doença vascular periférica severa, contraindicação à heparinização (retinopatia proliferativa). TRANSPLANTE RENAL • Não é cura, é tratamento. Continua sendo renal crônico. • É terapia de eleição, desde que não haja contraindicação (como pacientes oncológicos). • Requer imunossupressão contínua. • Sofre infecções e internações. • Há rejeição aguda e crônica. • Em média de 15 anos (varia muito), há perda de função renal novamente. • Alternâncias de terapias. OUTROS MÉTODOS DIALÍTICOS Indicações específicas: • Hemofiltração; • Hemodiafiltração; • Métodos contínuos/terapias lentas.
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