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PROPEDÊUTICA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO - Nome - Idade: doenças pulmonares que se relacionam com idade - Malformações congênitas (cistos pulmonares, agenesia lobar, fístulas) - Asma/membrana hialina/fibrose cística (início em crianças) - Doenças ocupacionais e pneumoconioses (idade adulta) - DPOC (bronquite crônica/enfisema pulmonar) e o carcinoma brônquico incide entre os 40~60 anos (pico) - Sexo: - Homens: DPOC/Carcinoma brônquico tabagismo - Mulheres: complicações pulmonares das colagenoses/adenoma brônquico. - Raça: - Sarcoidose/tuberculose (negros) - Colagenose (brancos) - Estado civil: - Exposto às DSTs/AIDS - Situações estáveis são menos susceptíveis às infecções respiratórias - Profissão x procedência x ambiente: - Lembrar: aposentado não é profissão! - Doenças inalatórias (grau e duração da exposição, tempo entre a exposição e o início dos sintomas) - Pessoas que criam pássaros: criptococose e alveolites alérgicas - Regiões industriais ou fabris: asbestose, silicose dos jateadores de areia - Regiões rurais: aspergilose, bagaçose, “pulmão do fazendeiro” SINTOMATOLOGIA PULMONAR (HDA) - Dor, tosse, expectoração, dispneia, cianose, hemoptise, chiados, etc ANTECEDENTES E HÁBITOS - Agressões pulmonares prévias: sarampo/coqueluche/TB bronquiectasias - Passado alérgico (rinite/asma) - Uso de drogas imunosupressoras/corticóide (infecções por agentes oportunistas) - Cirurgias e traumatismos - Crises convulsivas abscesso pulmonar - Hemotransfusão HIV - Neoplasias - Pneumonias recorrentes do mesmo lado do tórax: bronquiectasias ou CA de pulmão - História familiar asma, tuberculose, rinite alérgica, fibrose cística/mucoviscidose e deficiência de alfa-1-antitripsina. - Hábitos sociais: - Tabagismo Carga tabágica (número de maços fumados ao dia x número de anos) - Álcool pneumonia por Klebsiella e abscesso pulmonar - Uso de drogas venosas hepatite/endocardite/HIV - Visita a minas, cavernas, grutas com morcegos histoplasmose - Limpeza de fossas, pós-enchente leptospirose TOSSE - Sintoma respiratório mais comum - Mecanismo de defesa do organismo, juntamente com o aparelho mucociliar remove as partículas e secreções das vias aéreas - Deve-se tratar a causa e não só o sintoma - Tosse aguda tem resolução após o tratamento da causa - Diagnóstico etiológico da tosse crônica é possível em 95% dos casos CLASSIFICAÇÃO - Quanto à expectoração: - Seca - Produtiva - Influência do tabagismo. - Quanto à duração: - Aguda <03 semanas - Geralmente é autolimitada. As causas mais comuns são infecções de VAs superiores (sinusite) associada a quadros gripais. - Queixa mais comum na consulta pneumológica. - Subaguda 03 a 08 semanas - Causas infecciosas e não infecciosas (Doença do Refluxo Gastroesofágico - DRGE; Sd. da Tosse Crônica de VAs superiores – STCVAS). - Crônica >08 semanas - Causas mais comuns são STCVAS, asma e a DRGE. - Maior causa de morbidade. - Mais frequente em mulheres devido a maior sensibilidade do reflexo da tosse em comparação com homens. HISTÓRIA CLÍNICA - Determinar na anamnese os fatores da tosse. - Localização o acesso de tosse começa com sensação de coceira na garganta ou no peito. - Prurido na garganta sugere doença de VA superior. - Qualidade tosse seca ou produtiva. - Tosse produtiva sugere bronquite crônica, bronquiectasia, pneumonia, abscesso de pulmão. - Intensidade tosse explosiva ou violenta e a quantidade de escarro produzido em 24h. - Tosse decorrente de uso de IECA é intensa e incomodativa. - Tosse por aspiração de CE também é intensa. - Ritmo e duração quando começou, por quanto tempo duram os acessos, frequência dos acessos - Circunstâncias em que o paciente tosse fatores ambientais e atividades pessoais. - Tosse que aparece ao deitar sugere sinusite, gotejamento nasal posterior, asma, RGE. - Fatores atenuantes ou agravantes se melhora à noite, com remédios. Se piora ao deitar ou com exercícios, etc. - Tosse que melhora à noite é menos grave. - Tosse que se agrava com esforço indica asma. - Manifestações associadas dispneia, desmaio, dor torácica, febre, perda ponderal. - Febre, sudorese, perda ponderal acompanhados de tosse crônica sugerem tuberculose. - Sintomas alérgicos estão associados à gotejamento nasal posterior. - Sintomas dispépticos são encontrados na tosse por RGE. TOSSE AGUDA - Investigação das causas as mais comuns são os quadros gripais, coqueluche, sinusite, tuberculose, pneumonia e engasgo. - Resfriado comum causa mais frequente. Sintomas são espirros, obstrução nasal, rinorreia, gotejamento pós-nasal com pouca ou nenhuma febre, lacrimejamento, irritação da garganta e exame clínico do tórax normal. - Coqueluche acessos de tosse são incoercíveis, geralmente levando a episódios de vômitos. - Sinusite pcte queixa-se de dor nas regiões dos seios da face acometidos associado à secreção nasal purulenta de odor fétido. TOSSE CRÔNICA - Etiologias mais comuns são a tríade da tosse crônica: - Sd da tosse das VAs superiores (devido ao gotejamento pós-nasal) - Asma brônquica - RGE - Fora a tríade, as causas mais comuns são a bronquite crônica e as bronquiectasias. - Os fumantes são um grupo importante, mas não a maioria. - Síndrome da tosse das VAs superiores (sd. do gotejamento nasal posterior): - Causa mais comum de tosse crônica. É a sensação de gotejamento de secreções mucóides ou mucopurulentas na naso ou orofaringe. - Estimulação dos receptores da tosse na mucosa laríngea. - Causas: sinusite crônica, rinite alérgica ou não, polipose nasal. - Sintomas alérgicos como coriza são frequentes. - A resposta a terapia que garante o diagnóstico de gotejamento pós-nasal. - Exame clínico dificuldade para aspirar por uma ou ambas as narinas; secreções na faringe. - Espessamento da mucosa na radiografia é um achado inespecífico, sendo essa não indicada, a não ser que o tratamento da rinite crônica tenha falhado. - Asma brônquica: - Segunda causa principal de tosse persistente em adultos e a mais comum em crianças. - Tosse acompanha sibilância episódica e dispneia. - Tosse pode ser a única manifestação da asma tosse-variante, a qual pode progredir e incluir sibilos e dispneia. - Diagnóstico quando o pct é atópico ou tem HF de asma. - Tosse pode ser sazonal, ocorrer após ITR superior ou piorar com exposição ao ar frio e seco, mofo, esforço, etc. - Pct atópico tem tosse noturna, especialmente crianças. - Tosse com sibilos ou dispneia, ou que ocorre após uso de betabloqueadores, sugere asma. - Diagnóstico é feito com espirometria, onde é possível ver obstrução reversível do fluxo aéreo ou pela presença de hiperreatividade brônquica. - Refluxo gastroesofágico: - Quadro clínico com sintomas dispépticos ou apenas tosse. - Pirose, amargor na boca, eructações, empachamento pós-prandial. - A tosse em 40% dos pcts é devido ao refluxo. - Pode atingir a laringe e ocasionar disfonia e dor de garganta. - Pode contribuir com sintomas da asma. - Brônquite crônica: - Presença de tosse produtiva por pelo menos 03 meses por mais de 02 anos consecutivos em pct sem explicação. - Maioria dos pcts são fumantes ou expostos a gases/pós. - Predomínio dos sintomas pela manhã, ao acordar. O escarro é mucóide e aumenta o risco de infecções bacterianas. - Descartar neoplasia como diagnóstico diferencial. - Bronquiectasia: - Inflamação grave, repetida ou persistente das VAs. - Destruição das camadas elásticas e muscular dos brônquios, que ficam dilatados e císticos, causando má eliminação do muco, acúmulo de secreção e infecção crônica do TR inferior. - Tosse acompanha expectoração mucóide ou mucopurulenta matinal. - Exame pulmonar pode apresentar roncos, estertores ou sibilos focais ou bilaterais. - Rx pode ser normal. - TC é o que garante diagnóstico. - Bronquite eosinofílica não asmática: - Comum em pcts sem fatores de risco. - Pcts com tendências atópicas, com eosinófilos no escarro elevado e inflamação/hiperresponsividade das VAs.- Tosse responsiva a corticoides em não fumantes e sem alterações na função pulmonar que sugiram asma ou bronquite. - Tosse pós-infecciosa: - Causada pela destruição do epitélio e por um processo inflamatório difuso nas VAs superiores ou inferiores. - Tosse por mais de 03 semanas após quadro de infecção e não ultrapassa 08 semanas. - História clínica e EF são essenciais para diagnóstico. - Rx normal. - Tosse induzida por IECA: - Ocorre em até 15% dos pcts usando IECA. Causada pelo acúmulo de bradicinina. - Uma tosse seca, irritativa, associada à pigarro na garganta. - Não é dose dependente e pode aparecer horas ou meses após uso da medicação. - Cessa após 04 semanas após retirada. LEMBRAR! - Lembrar sempre: - Tabagismo. - Medicamentos (IECA). - Infecções respiratórias. - História de dispneia ou “chiado” no peito. - História de epigastralgia e refluxo. EXAME FÍSICO - Verificar qualidade e cor do escarro. - Verificar baqueteamento digital (sugestivo de doenças crônicas). - Inspecionar a faringe e procurar fio de muco que sugira gotejamento nasal posterior. - Palpar seios da face. - Fazer otoscopia a procura de infecções. - Podem haver massas no pescoço que comprimam a traqueia. - Fazer semiotécnica do tórax. - Atentar para: - Volume e aspecto da expectoração. - Baqueteamento digital. - Obstrução nasal. - Exame da faringe (secreção). - Ausculta respiratória (sibilos, crepitações). DIAGNÓSTICO LABORATORIAL MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO - Rx de tórax é mandatória. - Prova de função pulmonar. - Teste de broncoprovocação. - pHmetria 24h e manometria. - Broncoscopia (<5% dos casos). EXPECTORAÇÃO - Material biológico que se espalha e cobre as VAs. São produzidos +/- 100mL a cada 24h. - Depuração mucociliar ocorre por uma esteira rolante. - Escarro mistura de secreções eliminadas pela boca com material do trato respiratório, boca e nasofaringe. - Tabaco suprime os movimentos ciliares, o que provoca acúmulo de secreção pelo dia, atingindo volume maior pela noite. Ao acordar, há tosse com expectoração (tosse produtiva ou cheia). - Avaliar o volume, a cor, o aspecto e o cheiro: - No asmático, é mucóide (clara de ovo). - Na bronquite, é mucosa, ou até mucopurulenta com infecção bacteriana. - Na tuberculose, vem acompanhada de hemoptise. - A expectoração pode ter moldes brônquicos (aspergilose broncopulmonar alérgica/bronquite crônica/asma). - Pode ainda ser ferruginosa (pneumococo). - Cheiro fétido indica infecção por anaeróbios, abscessos, pneumonia necrosante, bronquiectasias. - Vômica: - É a eliminação inesperada de muito pus ou líquido mucóide/seroso. Ocorre quando uma cavidade é drenada bruscamente para um brônquio. - Causas: - Abscesso pulmonar. - Empiema. - Mediastinites supuradas. - Abscesso subfrênico. HEMOPTISE - É o sangramento proveniete do TR inferior (abaixo da glote). - Tosse, borbulhamento ou ronqueira no peito precedendo o sangramento sugerem etiologia pulmonar. - Lembrar que os pulmões possuem um regime de baixa pressão (que faz as trocas gasosas) e um regime de alta pressão (que nutre o pulmão). - Lembrar que existem anastomoses dos dois regimes (circulação pulmonar x brônquica): - Aa. Broncopulmonares nos alvéolos. - Microvasculatura nos capilares. - Vasos pré-capilares - Hemoptises maciças decorrem da ruptura da circulação brônquica ou da circulação pulmonar exposta a altas pressões. - Algumas doenças pulmonares proliferam os vasos brônquicos, o que expõe a circulação pulmonar às altas pressões por aumentar as anastomoses. Ex: tuberculose. - Bronquiectasias secundárias à tuberculose, infecções e fibrose cística também levam à hemoptise. A inflamação rompe os alvéolos e a vasculatura brônquica. - Processos inflamatórios do pulmão proliferam a vasculatura, que passa a formar tromboses e pseudo-aneurismas que podem romper. - Câncer pulmonar causa hemoptise quando há invasão de grandes vasos. - Hemoptises maciças geralmente ocorrem após lesões cavitárias centrais após tumores epidermóides. - No abscesso pulmonar ocorre destruição dos vasos normais do parênquima pela inflamação, não havendo proliferação. - Na estenose mitral, a hemoptise ocorre pelo aumento dos shunts broncopulmonares, com reversão do fluxo para as veias brônquicas pelo aumento da pressão no AE. - Origem do sangramento: - Vasos da parede brônquica: - Vasos normais bronquite crônica e CA. - Vasos tortuosos e dilatados bronquiectasias, TB. - Parênquima pulmonar pneumonias, infartos pulmonares, EMi, hemorragias alveolares. - Mecanismos de sangramento: - Distúrbio da integridade do vaso inflamação, necrose, invasão neoplásica, aumento da P hidrostática. - Distúrbio da coagulação discrasias sanguíneas, anticoagulantes. QUADRO CLÍNICO - Identificar se é hemoptise verdadeira: - Nariz (epistaxe). - Nasofaringe (sangue é eliminado após manobra de aspiração). - Orofaringe (parece). - HDA sangue ácido, precedido por náuseas e vômitos e com restos alimentares. - Na pneumonia tosse com expectoração, febre e mal-estar de instalação rápida. - Na TB tosse com expectoração há mais de 15d com perda ponderal e febre vespertina. Hemoptise de grande volume, especialmente nas lesões residuais de sequela. - Idosos com antecedente de tabagismo sugerem bronquite crônica ou tumor. O carcinoma broncogênico pode gerar escarro hemoptóico por lesão da mucosa ou hemoptise volumosa por tumor endobrônquico. - Adenomas brônquicos atelectasia com tosse e febre. - Tumores metástaticos do pulmão crescem no parênquima e raramente são causa de hemoptise. - Pct acamado com dor torácica súbite e sensação de dispneia sugere TEP. Hemoptise ocorre em 30% dos casos de TEP com infarto pulmonar. - Jovem hígido com tosse e expectoração com raios de sangue sugerem infecção de VAS. - Congestão pulmonar em ICC pode causar hemoptise, especialmente se houver história de infarto e edema. - Grande quantidade de escarro em pct alcoólatra sugere abscesso pulmonar. - Micetoma intracavitário colonização por Aspergillus fumigatus pode levar à hemoptise recorrente. - Na bronquite crônica, é a principal causa de hemoptise no fumante, onde há rajas de sangue. - Na bronquiectasia, é a principal causa de hemoptise e escarros hemoptóicos em nosso meio. Pode ser associada a infecções bacterianas. ROTEIRO DE AVALIAÇÃO - Tempo de duração súbita ou insidiosa. - Quantidade de sangue expelido, se há material associado (raios ou volumes). Pct com 25~50mL de sangue vivo em 24h devem ser internados para investigação. Hemoptise maciça é quadro de emergência. - Fatores associados febre, perda ponderal, queda do estado geral, dispneia súbita. - Hábitos álcool, tabagismo. - Contato com pessoas doentes recentemente (TB). - Uso de anticoagulantes e anticoncepcionais. - Avaliar outros sinais de pneumopatia baqueteamento digital, cianose, desconforto torácico. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMOPTISES - <30mL pequena (Rx de tórax normal). - 30~200mL moderada. - >200mL grave. - >500mL maciça (asfixia). INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA - Iniciar com Rx de tórax em PA. - Broncoscopia apenas em sangramentos maciços. - Cintilografia pulmonar. - Arteriografia pulmonar se houver suspeita de TEP. HEMOPTISE COM Rx DE TÓRAX NORMAL - Bronquite aguda ou crônica. - Bronquiectasia. - CA de pulmão. - HAS. - HAP. - EMi. - Embolia pulmonar. HEMOPTISE COM Rx DE TÓRAX ALTERADO - Tuberculose cavitária. - Lesões residuais de TB. - Abscesso pulmonar. - Pneumonias. - CA de pulmão. - Embolia pulmonar. - Bronquiectasias.
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