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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) FACULDADE DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA DISCIPLINA: Filosofia da Cultura DISCENTE: David Rocha Vasconcelos NIETZSCHE E A CULTURA O objetivo desta dissertação é mostrar como se dá o desenrolar do problema da cultura no pensamento nietzscheano, dessa vez em sua fase intermediária. Pretendemos mostrar o rompimento de Nietzsche com o seu pensamento de juventude e consequentemente com o seu projeto que tinha como finalidade promover uma cultura superior. Agora o nosso autor, desencantado com a arte wagneriana, irá adotar em sua análise uma metodologia mais próxima das ciências naturais, relacionando as bases da questão da cultura com aspectos da fisiologia humana. Nosso principal objetivo é demonstrar como essa relação é construída e quais são as suas consequências. Nessa nova fase de seu pensamento Nietzsche desiste de projeto de juventude de promover uma cultura superior e desilude-se, de certa forma, com alguns ideais trabalhados nesse período, como por exemplo a arte de Wagner como propulsora no desenvolvimento de uma nova cultura. Nesta nova fase nosso autor faz mudanças no seu método, agora ele adere e faz um alinhamento dos problemas de cunho histórico-filosófico-cultural com uma perspectiva bio-fisiológica, atrelando assim algumas das manifestações culturais e morais de um povo a aspectos hereditários. Nesse período Nietzsche aproxima-se muito da perspectiva darwinista, principalmente quando aborda questões referentes aos nossos impulsos e vontades. Em sua nova empreitada, nosso autor busca, através de uma análise crítica de algumas culturas, achar a origem dos valores morais desenvolvidos por estas e saber quais os critérios por trás do desenvolvimento destes valores. Em sua análise ele descobre que há uma relação hereditária entre os valores vigentes em cada cultura e a sua moralidade, mas como se dá essa relação entre aspectos bio-fisiológicos e aspectos sócio-histórico-culturais? Segundo Nietzsche, os sistemas culturais consistem em uma comunidade fechada de indivíduos que voltam-se para si mesmos com a finalidade de preservar e cultivar o seus valores em comum, com isso, surgem práticas de preservação dos indivíduos, como por exemplo o desenvolvimento de relações destes indivíduos apenas com membros desta mesma comunidade. Com o desenvolvimento e o cultivo de tais relações, segundo nosso autor, além dos traços físicos, valores morais são passados de forma hereditária no decorrer das gerações. A consequência necessária dessa forma de relacionar-se socialmente é o embotamento destes indivíduos e desta sociedade, ou seja, o enfraquecimento não só físico e biológico, mas também cultural dos membros desse grupo. Dado o enfraquecimento da cultura e dos indivíduos a partir do processo dito acima, para Nietzsche é natural, no sentido biológico darwinista, a superação desta cultura que agora encontra-se debilitada e enfraquecida. Mas quem é responsável por esse processo de superação e como ele se dá? Existem indivíduos divergentes das sociedades fechadas citadas acima, pessoas que não se adequaram aos valores morais e costumes desses grupos e, segundo nosso autor, são estes os que têm a possibilidade de experienciar uma nova perspectiva de vida, conhecer novos valores que podem vir a fornecer elementos para uma nova cultura, estes indivíduos estranhos ao grupo são os responsáveis pela inoculação desses novos valores, necessários para se criar as condições necessárias para o desenvolvimento de uma nova cultura.
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