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O Pensamento Político de Stuart Mill e Karl Marx 
 
Stuart Mill procurou produzir uma síntese do pensamento individualista inglês 
concentrando-se no utilitarismo herdado de Jeremy Bentham (1748-1832) e nos trabalhos 
dos economistas Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823). 
 
Influenciado pelas teses científicas de Augusto Comte, de quem foi amigo e com o qual 
manteve longa correspondência, procurou dar ao liberalismo tanto a necessária base 
atualizada de então, quanto uma base argumentativa para enfrentar aqueles aspectos que 
considerava as grandes ameaças da democracia em tempos de grande população operária 
com direito a voto: o baixo nível de inteligência tanto do corpo representativo quanto da 
opinião pública e, acima de tudo, a ditadura da maioria. Por isso, pensou em fórmulas 
eleitorais que evitassem esses problemas, permitindo com elas a extensão máxima do 
direito de voto à população, incluindo as mulheres. 
 
O autor, concordando com a ideia da Antropologia de sua época, dizia que o comércio, no 
qual todos procuravam maximizar seus benefícios, era a forma pacífica de contato entre os 
povos com a qual a civilização eliminava as guerras dos tempos da barbárie. 
 
Ao falar de Marx, vem imediatamente a obrigação de falar da luta de classes, 
especialmente de como essa síntese de opostos aparece para ele no capitalismo, na 
relação burguesia X proletariado. 
 
Como indicamos em uma das aulas anteriores, a concepção materialista da história de 
Marx tem como relevantes: a luta de classes, o modo de ser das relações sociais de 
produção e as forças produtivas. Faltava falar de como as relações entre elas levam os 
homens a fazer a sua própria história e da importância da política, do uso da violência, 
nessa história. 
 
O fato da conjugação entre forças produtivas e relações sociais de produção ser realizada 
por partes, das quais uma é contraditória em si, posto que é luta de classes, fará com que 
a realidade dessa conjugação também seja contraditória. 
 
Em consequência, quanto mais se desenvolverem as forças produtivas (que são, em 
sentido amplo, os recursos humanos que podem ser usados para a produção das 
condições materiais de existência) menos haverá essa conjugação, menos os recursos 
humanos serão utilizados para essa produção, ou seja, serão mais os recursos humanos 
excluídos dessa produção. Sob luta de classes, nenhuma sociedade suportará o 
desenvolvimento de suas forças produtivas, toda sociedade estará condenada a 
desenvolver recursos humanos e não poder utilizá-los completamente, por isso terá que 
excluí-los. 
 
Para Marx, os homens pertencentes à classe que deverá ter o papel revolucionário, devem 
tomar consciência desse fato, rompendo assim a barreira ideológica que o esconde. Eles 
devem compreender que as classes são expressões das condições de propriedade e de 
não-propriedade dos meios de produção, com isso ter como objetivo mudar a forma de 
propriedade. 
 
Porém, os homens deverão compreender que, uma vez vencida a barreira ideológica, 
aparecerá a barreira da violência instituída, da violência governamental. Em seguida, 
deverão usar a violência revolucionária e, vencendo, usar essa violência para garantir as 
novas formas de propriedade de meios de produção, da qual virão novas classes, como as 
que vieram após a revolução burguesa contra o feudalismo, ou o fim das classes, se for o 
caso de extinção da propriedade privada e o início de uma sociedade comunista. 
 
 
O melhor exemplo de análise política feita por Marx está em O Dezoito Brumário, de Louis 
Bonaparte. Seu tema é um golpe de estado, um fato estritamente político aos nossos olhos 
e não só político aos olhos de Marx. Para dificultar, um fato do qual burguesia e 
proletariado não são sujeitos, como se lê no último parágrafo do primeiro capítulo. 
Portanto, um fato que não é decorrente da luta de classes. 
 
Mesmo assim, Marx conjuga o fato político às demais realidades da síntese, da totalidade 
social, sem fazer de qualquer dessas realidades a causa das demais. Ele fala de um fato 
político que é inseparável da representação ideológica e da base social, mas de uma 
representação ideológica farsante, porque não é expressão de nenhuma classe e sim das 
possibilidades aproveitadas por um político aventureiro apoiado pelo lumpenproletariado de 
Paris e pelos camponeses pequenos proprietários aos quais chamou de saco de batatas. 
 
Marx exerceu grande influência sobre a classe operária na segunda metade do século XIX 
e os anarquistas exerceram maior influência. Por isso a grande dispersão dos movimentos 
operários, apesar da Associação Internacional dos Trabalhadores, fundada em 1864, que 
durante muitos anos teve em Marx uma de suas principais lideranças. 
 
No entanto, não há na literatura anarquista nada indicativo da influência das ciências 
sociais, sequer do próprio ambiente científico daquele século. O ponto forte do anarquismo 
foi a sua capacidade de mobilização de massas, que levou alguns autores a pôr em dúvida 
a capacidade de controle social das instituições liberais. Parecia que os apelos, tal como 
os de Stuart Mill, por maior participação dos operários no processo político dos países 
capitalistas, como acontecia na Inglaterra, levaria um dia a uma ampla vitória operária nas 
urnas e a uma mudança completa do comando institucional do capitalismo, da qual 
decorreria o fim da propriedade privada.

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