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Plano de Aula: 1 - História do Direito Brasileiro
O aluno deverá ser capaz, após o encontro da Semana 1, de:
 
Compreender o Plano de Ensino da Disciplina História do Direito Brasileiro, que lhe será ministrada durante o semestre letivo;
 
Entender como funciona a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos, empregada no curso de Direito e, por via de consequência, também na disciplina História do Direito no Brasil;
 
Conhecer as Atividades Estruturadas que integram a disciplina e elaborar o planejamento de execução das mesmas.
 
Compreender o conceito de História, relacionando-o ao de  História do Direito;
 
Entender as bases dos grandes sistemas do direito (civil law - ou sistema germânico-romano - e common law),  situando o direito brasileiro como seguidor da tradição românico-germânica. 
Plano de Aula: 2 - A Origem do Brasil Português e o Direito na Colônia
 “Descoberta" do Brasil no âmbito das Grandes Navegações e da expansão marítima portuguesa. Este ponto tem por propósito avaliar o simbólico ato de posse, em 1500, pelos portugueses, do que viria a ser, futuramente, chamado de Brasil, quando aportam na Bahia, em uma terra que, desde a formalização do Tratado de Tordesilhas, já era portuguesa. Neste contexto, vale a pena relembrar ao aluno o que representaram as Grandes Navegações e, em particular, o fenômeno da expansão marítima portuguesa, para a história do mundo ocidental.  
 
Relação entre os fatos mais significativos ocorridos  no Brasil no período anterior à crise do sistema colonial em meados do Século XVIII  e as características sociopolítica, econômica e mental  do período. O interesse deste ponto é situar, ainda que de forma sintética, o contexto sociopolítico, mental e econômico, a partir do descobrimento, até as últimas décadas do Século XVIII - quando se inicia a crise do sistema colonial -, a fim de que possa o educando compreender as bases nas quais se construirá  o arcabouço jurídico que vigerá na Colônia durante o período, enfatizando o papel do Brasil em relação a Portugal, no âmbito do chamado Pacto Colonial.
 
Análise dos aspectos mais relevantes do direito e da estrutura judicial, aplicados no Brasil Colônia, apontando sua influência na formação do pensamento e instituições jurídicas do Brasil como Estado independente, com enfoque nas Ordenações Portuguesas, Forais, Alvarás e Cartas Régias. Trata-se de abordar, sinteticamente, a estrutura do aparato judicial montado pela metrópole, enfatizando a importância desta  na distribuição de poder. Cientes de que o aluno ainda não possui conhecimento acerca da estrutura jurídica vigente, é interessante, neste momento, pontuar semelhanças e diferenças entre as estruturas coloniais e a atual, de forma  que possa o educando perceber as permanências e rupturas institucionais nesta área da organização estatal. Também se fará importante tratar das características das ordenações, e também dos forais, dos alvarás e das Cartas Régias como base do direito aplicado na Colônia no período.
 
Plano de Aula: 3 - O Direito na Colônia: da Decadência do Sistema à Independência do Brasil
Estudo, sintético, do período que se inicia a partir da crise do sistema colonial até o momento anterior à chegada da Família Real, analisando-o sob as perspectivas sociopolítica, econômica e mental. O interesse neste ponto é enfocar, sinteticamente, a repercussão no Brasil dos períodos pombalino e de D. Maria I. Devem, também, ser analisados alguns dos principais fatores externos que tendem a enfraquecer as bases do sistema colonial, sejam eles políticos (Independência das Colônias Inglesas da América do Norte, Revolução Francesa), econômicos (Revolução Industrial e o surgimento da ideia de livre comércio com o paulatino abandono de princípios mercantilistas), ou mesmo ideológicos (eclosão dos ideais Iluministas). Nessa via, faz-se importante que correlacionemos tais fatores aos movimentos de rebeldia, como, por exemplo a Conjuração Mineira de 1789 e a Conjuração dos Alfaiates de 1798.  
 
Análise da legislação penal portuguesa no período da Conjuração Mineira. Neste ponto, importa analisar as penas previstas nas Ordenações Filipinas como decorrência natural da mentalidade vivenciada pela sociedade colonial. Para tanto, é interessante que a análise se dê a partir da sentença que determinou a pena de morte de Tiradentes, enfatizando o seu significado simbólico.    
 Avaliação das implicações jurídico-econômicas em razão da quebra do pacto colonial e dos Tratados firmados com a Inglaterra, a partir da chegada da Corte portuguesa no Brasil.  Pretende-se realçar, neste ponto, a questão de ter sido a abertura dos portos o fato determinante para o encerramento do período colonial, abordando a questão de como os interesses da Inglaterra e de seus cidadãos são desproporcionalmente protegidos, a partir de tratados vários, cuja marca é a desigualdade de tratamento entre as partes signatárias. É importante, também, observar as mudanças ocorridas nos campos político-jurídico e econômico, com a transferência da máquina judicial portuguesa para o Brasil, sem deixar de comentar as repercussões sociais intensas dessas mudanças, no período. 
 
Apresentação dos fatores que determinaram a elevação do Brasil à categoria de Reino, bem como, as consequências deste ato. A proposta é demonstrar as circunstâncias internas e externas que levaram o Brasil ao status jurídico-político de Reino Unido a Portugal e Algarves, bem como ressaltar a repercussão deste Ato no âmbito interno e externo. Toda esta análise deverá ser realizada sem deixar de sublinhar a contribuição de tal elevação para a separação formal com Portugal em 1822.
 
Plano de Aula: 4 - Aspectos Relevantes do Direito no Brasil Imperial - O Período do Primeiro Reinado
Semana 4
 
Compreensão do contexto histórico em que se dá a Independência do Brasil, em 1822, e o malogro da Assembleia Constituinte de 1823. 
Neste ponto, abordaremos questões sociopolíticas que circunstanciam a formalização da Independência a partir da posição intransigente das Cortes Constituintes, liberais, surgidas da Revolução do Porto, de 1820, e que não apenas exigem a volta do Príncipe-Regente à Portugal, mas também o retorno do Brasil à condição de Colônia, tornando inevitável a separação política de Portugal. É interessante que se analise o processo de disputa política em torno das ideias de, por um lado, centralização política (tendência evidenciada no texto constitucional) e, por outro lado, maior autonomia das províncias, em meio à crise de consolidação do Império. Assim, é importante que seja observado esse contexto no momento da análise da outorga de nossa primeira Constituição, que, inclusive, teria levado ao fechamento da Assembleia Constituinte de 1823. 
 
Estudo dos aspectos relevantes da outorgada Constituição de 1824 - especialmente a estrutura de poder, e sistema eleitoral -, situando-a no contexto histórico em que foi produzida  e apontando as contradições de um sistema que apresenta a improvável mistura de liberalismo e escravagismo.
Como ponto de grande relevância na aula, é importante estabelecer uma análise da Carta de 1824 em, pelo menos, duas perspectivas: 1ª) a estrutura do poder, momento em que devem ser avaliadas com especial atenção as atribuições do Poder Moderador, como um suprapoder, sobreposto aos três poderes típicos (Executivo, Legislativo e Judicial) e 2ª) a estrutura do sistema eleitoral: voto censitário, e  sua repercussão no fortalecimento das elites proprietárias.
 
Análise da relação entre Igreja e Estado e sua repercussão no âmbito sociopolítico do Império. Pretende-se, neste ponto, realçar de que forma o regime do Padroado, como uma das características herdadas do período colonial, estende-se, de forma constitucionalizada, pelo Império. 
 
Identificação dos direitos fundamentais estabelecidos na Carta de 1824 e os motivos de sua baixa efetividade. 
O objetivo inicial do tópico é  apresentar uma noção do que venham a ser direitos fundamentais e sua importância nas cartas constitucionais. Depois,passa a ser o propósito deste tópico analisar, de forma não aprofundada, o progressista rol de direitos fundamentais tipicamente liberais estabelecidos pela Carta de 1824 e a sua pouca efetividade, em uma sociedade escravista e politicamente conservadora. Porém, ainda que valha a pena ressaltar  o simbolismo que representa o fato de estarem as disposições gerais e garantias dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros localizadas no último artigo da Constituição, o referido rol representa, ainda que apenas no campo da mera normatividade,  um grande avanço. Deve-se, então, ressaltar alguns dos seus dispositivos como inequívocos precursores de direitos e garantias de todas as nossas constituições, inclusive a atual, sugerindo-se que o professor analise alguns destes dispositivos.
Plano de Aula: 5 - Aspectos Relevantes do Direito no Brasil no Período Regencial e nas primeiras décadas do Segundo Reinado 
A promulgação do Código Penal de 1830 e a revogação do  Livro V das Ordenações Filipinas, em um âmbito social ainda conservador e escravocrata.
 
Ainda que o Código tenha entrado em vigor ainda no período do Primeiro Reinado, a verdade é que sua repercussão somente se faz sentir na Regência. O propósito deste tópico é ressaltar o aspecto liberal do Código (influência de Cesare Beccaria), em aparente dissonância com o conservadorismo da sociedade brasileira da época. Também deve ser sublinhada a radical mudança de perspectiva do novo Código em relação  ao Livro V das Ordenações Filipinas, ao qual substituiu. Neste sentido, deve-se abordar, entre outros temas à escolha do docente, a previsão do princípio da legalidade - desconhecido no sistema, até então vigente no Brasil -, o abrandamento das penas, a permanência da possibilidade de aplicação da pena de morte (apesar de sua pouca aplicação), bem como a maioridade penal aos 14 anos. 
 
Análise, sintética, do período regencial, enfocando as reformas liberais descentralizadoras como base para a produção de normas e criação de instituições que acentuaram essa característica no período e a reversão conservadora-centralizante promovida pelo REGRESSO a partir de 1837.
 
Sendo a Regência um dos períodos mais agitados da história política do país, é importante que sejam enfatizados, principalmente, dois temas: a questão da unidade territorial do país, que esteve em jogo com os inúmeros movimentos revoltosos, bem como a questão que tratou do intenso debate  acerca da centralização ou descentralização do poder. Neste sentido, é importante analisar os efeitos do chamado Ato Adicional de 1834, que teve por propósito dar suporte a medidas descentralizadoras no âmbito do poder. Também nesse contexto, faz-se relevante tratar da criação de uma instituição de grande importância no período: a chamada “Guarda Nacional”. Deve-se frisar ser esta, não apenas um corpo armado por cidadãos confiáveis (proprietários), que  tinha por propósito reduzir a excessiva centralização do poder e  combater a ameaça das “classes perigosas”, mas também dar relevo ao fato de que ela influenciou claramente no processo de fortalecimento das elites locais, contribuindo para o surgimento do fenômeno do “coronelismo”.  Por isso, faz-se necessário analisar pontos relevantes do Código de Processo Criminal de 1832 - que, juntamente com o Código Criminal de 1830, dá início a uma tradição jurídica penal brasileira. Neste contexto, é interessante que aquele seja analisado em conjunto com o Ato Adicional de 1834, já que ambos, em comum, compartilham o espírito de descentralização vigente no período (ainda que isso apontasse para uma contradição sistêmica, pois a Constituição de 1824 tem no centralismo sua essência), de forma a ampliar o poder das elites fundiárias, principalmente por intermédio da figura do juiz de paz. Outro ponto a ser  abordado é o surgimento, no sistema jurídico brasileiro, por intermédio do Código de Processo Criminal, do consagrado e histórico instituto do Habeas Corpus.
 
Apresentação dos aspectos social, econômico, político e mental que circunstanciam o período referente ao Segundo Reinado. Neste ponto, procurar-se-á estabelecer, ainda que de forma breve, os alicerces social, econômico, político  e mental do Segundo Reinado, com o propósito de preparar a base para o estudo de institutos  jurídicos  do período. São temas que podem ser abordados para este propósito: a manutenção de uma estrutura socioeconômica baseada na economia cafeeira e na escravidão (tratada em tópico específico), a busca pela modernização capitalista, o início de um grande processo imigratório e a Guerra do Paraguai. 
 
Análise do Código Comercial de 1850 no contexto do período em que foi criado. A proposta é, de forma sintética, demonstrar a presença dos ideais liberais no início da organização do direito privado brasileiro em um histórico de incipiente e frágil modernização da sociedade brasileira e a importância de uma regulação econômica. Nesse sentido, é importante que tenha sido demonstrado, no tópico anterior, a busca, ainda que não tão bem-sucedida, de uma modernização capitalista. Também é relevante demonstrar, sob uma perspectiva do alcance social e de análise de uma história da luta pela igualdade de gêneros no Brasil, que é somente a partir deste Código que as mulheres maiores de 18 anos conquistariam o direito de abrir seu próprio estabelecimento comercial (ainda que as casadas necessitassem de autorização do marido; o que só iria ser superado pelo Estatuto da Mulher Casada, de 1962).  Outro aspecto importante de se destacar é que o longevo Código Comercial produziu efeitos jurídicos até 2002, quando foi revogado pelo novo Código Civil brasileiro. 
 
Apresentar a Lei de Terras de 1850, tratando das condições históricas em que foi produzida, bem como das repercussões que  vem produzindo até os dias de hoje.  
A Lei de Terras estabelece uma nova regulação jurídica para a terra, que deixa de ser vista como mero status social, transformando-se em uma valiosa mercadoria, capaz de gerar lucro, tanto por seu caráter específico, quanto pela sua capacidade de produzir outros bens. Nesta via, é interessante que a abordagem demonstre a repercussão que esta lei ocasionou, repercutindo seus efeitos na realidade agro-fundiária brasileira até os dias de hoje. 
 
Apresentar a Lei que extinguiu o tráfico interatlântico de mão-de-obra escrava da África para o Brasil (Lei Eusébio de Queiroz) como o marco inicial do processo que levaria a abolição do trabalho servil no Brasil em 1888.
 
Plano de Aula: 6 - DA CRISE DO 2º REINADO À PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
O surgimento da República a partir da crise final do Império. 
Este ponto tem por propósito analisar a crise do Império como resultado das transformações processadas na economia e na sociedade, a partir do século XIX.  Porém, como fatores mais imediatos e evidentes, deverão ser analisadas de forma um pouco mais específica as questões religiosa, militar e econômica geradoras do enfraquecimento do monarquia, principalmente, no que se refere a este último, há forte reação das elites, em razão da abolição da escravatura.
 
Plano de Aula: 7 - O DIREITO NA REPÚBLICA VELHA
Compreensão da Proclamação da República como um golpe de natureza civil e militar.
 
Neste ítem inicial da aula devem ser retomados as principais questões  que marcaram a crise do Segundo Reinado e que resultaram na Queda da Monarquia.  É importante enfatizar que a implantação da República não "pegou" a sociedade de surpresa, especialmente a população do Rio de Janeiro.  A afirmação de Aristides Lobo de que o povo assistiu bestificado a Proclamação da República, não procede.  Pode-se afirmar que o regime republicano se instalou com o consentimento de significativas parcelas da sociedade brasileira. 
Identificação de uma nova elite política na República. 
Nesse ponto é importante analisar que, concomitantemente à decadência das elites escravistas, passam a ocupar o espaço de liderança do processo político os militares de alta patente e, principalmente, a nova elite cafeeira paulista, favorávelà utilização de mão de obra assalariada para execução do trabalho nas lavouras de café. Se, por um lado, o projeto de centralidade e unidade do poder está presente no ideal militar, os ideais descentralizadores que irão influenciar na assunção de uma república federativa é capitaneado por uma nova elite agroexportadora, a nova burguesia do café, que, mesmo conservadora, encontrava-se mais afinada às concepções capitalistas do mundo moderno.
 
Apresentação das características sociais, econômicas e mentais que formam o quadro em que se aplicará o direito do período 
Mesmo que se tenha em mente que o período apresenta fases distintas, o interesse neste ponto é enfocar, sinteticamente, fatores sociais, econômicos, políticos e mentais da sociedade brasileira no período, que ajudam a traçar um quadro do período. Neste sentido, temas como descrição do predominante modelo agroexportador (principalmente o café), imigração europeia, ideias anarco-sindicalistas em um contexto de débil processo de industrialização  devem ser suscitados, ainda que de forma não aprofundada. 
 
O novo Código Penal no âmbito de uma sociedade recém-saída do sistema escravagista 
Faz-se importante nesse ponto relacionar o surgimento de um novo Código Penal com a nova realidade social que se descortina, principalmente, com a Abolição da Escravatura. Nesta via, é interessante que sejam analisadas as suas características, com especial destaque para aquelas normas passíveis de maior crítica, como por exemplo, a que estabelece a possibilidade de se criminalizar condutas de crianças de nove  anos.
 
O republicanismo federativo aplicado na Constituição de 1891 
Este ponto do programa tem por propósito analisar o tipo de Estado que se constrói a partir da Constituição de 1891, principalmente no que se refere à assunção pelo, então denominado, Estados Unidos do Brasil, de um tipo de republicanismo federativo que tem no modelo americano sua inspiração e em Rui Barbosa seu principal mentor. Importante, nesse sentido, fazer com que o discente compreenda que, apesar da adesão a este modelo, a tradição centralista brasileira de exercício do poder não conseguiu, a partir deste modelo de organização descentralizada do poder, nem mesmo se aproximar do paradigma a que supostamente objetivava, ou seja, aquele aplicado nos Estados Unidos da América.
 
A estrutura de organização do Estado brasileiro e o sistema de participação política estabelecida pela Carta de 1891
Neste momento, é importante abordar a assunção de um modelo de tripartição de poderes, superando o modelo imperial que, além dos tradicionais poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), reconhecia o Poder Moderador como um poder superior. Outra questão fundamental é tratar a questão das regras eleitorais que acabavam por incentivar a existência de “currais eleitorais” e a prática do “voto de cabresto”,  em uma  “democracia” que estabelecia o voto universal (mesmo que o significado do termo, na época, não abrangesse a participação das mulheres no processo eleitoral), porém aberto. Outro ponto de grande importância a ser analisado é a separação de direito havida entre Estado e Igreja, que, lenta e progressivamente, vai se transformando em separação de fato.  
 
Os direitos fundamentais  estabelecidos pela Constituição de 1891.
Trata-se, nesse ponto, de identificar quais os direitos estabelecidos como fundamentais em uma Constituição liberal que abole a pena de morte, constitucionaliza o habeas corpus, mas não salvaguarda nenhum direito social, inclusive o único estabelecido pela Carta de 1824, o direito à educação primária, por temor de que a massa de ex-escravos passasse a possuir direito à cidadania.
 
A nova ordem jurídica civilista estabelecida pelo Código Civil de 1916
O tema a ser tratado reflete um importante momento da história do Direito pátrio, que é o surgimento do nosso primeiro Código Civil, produzido por Clóvis Beviláqua, revogando, definitivamente, as Ordenações Filipinas. Importante ressaltar que, anterior a este Código, foram feitas alguns esboços como tentativa de implantar uma legislação civil no país, sendo o de Teixeira de Freitas considerado  não apenas o de maior notoriedade, mas também reconhecido como de grande tecnicidade, não só por juristas pátrios, mas também estrangeiros. De qualquer forma, o Código Civil de 1916 acabou por bem retratar os anseios e a mentalidade de uma época. 
 
Plano de Aula: 8 - O DIREITO NA ERA VARGAS: DO GOVERNO PROVISÓRIO AO ESTADO NOVO 
	A Revolução de 30 e a superação do Estado oligárquico
Este ponto tem por propósito analisar a superação do Estado oligárquico por um modelo que se caracteriza não apenas pela centralização no exercício do poder, mas também por incentivar uma atuação econômica com dois focos: a industrialização e a atuação social voltada para proteção aos trabalhadores. Neste sentido, a proposta é analisar o período, enfatizando a intenção getulista de promover o capitalismo nacional sob duas  bases: o aparelho de Estado (principalmente o Exército) e a contraditória aliança entre a burguesia industrial e a classe trabalhadora urbana. 
  
O Governo Provisório e sua face autoritária
Nesse ponto é importante analisar as alianças estabelecidas por Vargas para sustentar a luta contra as oligarquias regionais ao mesmo tempo em que apresenta resistência a impor uma ordem constitucional ao país. O governo mantido por vias não constitucionais, de caráter autoritário, acaba por alimentar crises com  oligarquias regionais, sendo o ápice desse processo a chamada Revolução de 1932, capitaneada pelo Estado de São Paulo. Seus líderes, sob o pretexto de que a derrubada do Governo Provisório instalaria um retorno ao Estado de normalidade constitucional, tentavam reaver o poder  perdido com a chamada Revolução de 30. 
 
Apresentação das características sociais, econômicas e mentais que formam o quadro onde  se aplicará o direito do período 
O interesse neste ponto é enfocar, sinteticamente, fatores sociais, econômicos, políticos e mentais da sociedade brasileira no período. Nessa via, ajudam a traçar tal quadro temas como: início a um processo de industrialização mais consistente, surgimento de uma burguesia industrial, fortalecimento da classe trabalhadora urbana,  sindicalismo de Estado,  quadros ideológicos do período, entre outros, já assinalados anteriormente. 
 
O Código Eleitoral de 1932 e suas repercussões democráticas no contexto político 
A proposta é que neste tópico possa se discutir a importância da instituição do voto secreto - como forma de combate ao “voto de cabresto”, arma das oligarquias regionais – e, também, da instituição do direito de voto às mulheres (ainda que com muitas restrições), pela primeira vez no país. Essas medidas são consideradas emblemáticas, por configurarem amplo avanço, ao menos no âmbito normativo, na luta da construção de uma democracia no país. 
 
A estrutura de organização do Estado brasileiro e o sistema de participação política estabelecida pela Carta de 1934
 
Este ponto do programa tem por propósito analisar o tipo de Estado que se constrói a partir da  breve Constituição de 1934, além de outros pontos relevantes desta Carta, a mais democrática até então. Neste sentido é importante analisar alguns aspectos já presentes no Código Eleitoral de 1932, que são constitucionalizados  pela Carta de 1934, não apenas ratificando a participação feminina (inclusive com avanços em relação ao Código de 1932), mas, reconhecendo a obrigatoriedade de uso de voto secreto, o que acaba por contribuir, em tese, para o aperfeiçoamento do processo democrático. 
 
Os direitos fundamentais: a incorporação dos direitos fundamentais sociais, de segunda geração.
Esse é um ponto muito importante e curioso a ser tratado nesta aula. Isto porque, os direitos sociais, considerados de segunda geração, são implementados no Brasil mesmo antes que aqueles denominados como “direitos de liberdade”, de primeira geração,  encontrassem sua real efetividade em um país sem tradição no reconhecimento de tais direitos. Assim, educaçãoe  direitos trabalhistas começam a figurar no rol de direitos fundamentais, o que,  a partir de então, configurará uma tradição no direito constitucional brasileiro.  
 
O Comunismo e o Integralismo no Brasil no contexto dos movimentos nazista, fascista e comunista vivenciados na Europa do período.  
Ainda que de forma sintética, este ponto deve ser abordado, não apenas porque são movimentos de grande importância no Século XX, tanto para a história geral, mas também para a história do Brasil, como sua discussão permanece sendo de grande importância na contemporaneidade. Neste sentido, cabe ressaltar que não é possível entender os debates políticos e ideológicos  do período sem que haja, por base, a compreensão dos referidos movimentos. 
 
Plano de Aula: 9 - O DIREITO NA ERA VARGAS: A DITADURA DO ESTADO NOVO 
	Semana 8
 
O contexto social, político, econômico do período que serve de base para a produção jurídica da ditadura do Estado Novo. 
O objetivo neste ponto é mostrar a montagem do aparelho de Estado e o controle da opinião pública em um quadro de intenso autoritarismo caracterizadores do Estado Novo. Nesse contexto, é interessante que seja analisada a linha ideológica que fundamenta esta concepção autoritária de poder, bem como a defesa da existência de uma unidade cultural brasileira. Também neste ponto, deve-se falar sobre a proposta do Estado Novo varguista de modernização das leis e instituições do país pela via autoritária, bem como a intensa propaganda do regime pelas vias midiáticas.   
  
Análise da Constituição de 1937,  a “Polaca”.
O escopo deste ponto é analisar como o texto constitucional de 1937, de forma sutil, acaba por fundamentar o regime autoritário, principalmente em suas “disposições finais e transitórias”. Nesta via, as pretensões centralizadoras, já presentes em 1930, assumem seu caráter mais amplo. Por isso, a  substituição da participação parlamentar pelo fortalecimento dos órgãos técnicos também deve ser analisada como marca do período, com a completa corrosão do sistema político-eleitoral.
 
Os direitos fundamentais na Carta outorgada de 1937
O intuito neste ponto é analisar os direitos fundamentais estabelecidos na Carta de 1937, apontando para a desvalorização dos direitos tidos como de 1ª Geração, ou as liberdades civis, e sua baixíssima efetividade no período, ao mesmo tempo em que se solidificam os direitos sociais fundamentais, conhecidos como de 2ª Geração, principalmente os direitos trabalhistas. Por isso, o período foi também marcado pela utilização de censura e tortura. 
 
A Segunda Guerra e a posição brasileira no conflito
O estudo desse ponto tem por propósito demonstrar a dubiedade com que Getúlio conduz a política externa brasileira no período da II Guerra, ora aproximando-se das potências do Eixo, ora aproximando-se das potências aliadas, até se definir, por razões estratégicas, pelas últimas. Interessante observar que isto ocorreu, apesar de uma aparente maior afinidade ideológica que o regime autoritário do Estado Novo possuía com as potências do Eixo. Além de informar aspectos históricos relevantes de nossa história, este ponto tem por objetivo apresentar os fundamentos da necessidade de alteração do rumo ideológico por que passará o país após a Guerra, e que serão enfrentados na semana 9. 
 
A CLT de 1943, como consolidação das conquistas trabalhistas na Era Vargas
Esse ponto deve ser aproveitado para fazer uma síntese do avanço na legislação trabalhista na Era Vargas, e que acabou por se configurar como um de seus maiores legados. Por essa razão, é interessante que se aborde a relação realizada pelo regime varguista entre cidadão e trabalhador, de forma a evidenciar a importância que a normatização trabalhista possui no contexto de legitimação do poder. Além disso, concomitantemente, deve ser analisado o papel exercido pelos sindicatos de trabalhadores na manutenção do sistema de poder durante toda a Era Vargas. 
 
O Código Penal de 1940 e o Código de Processo Penal de 1941 no âmbito de uma lógica positivista 
A temática a ser tratada neste ponto é aquela que estabelece a influência do pensamento jurídico positivista na confecção dos Códigos Penal e Processual Penal, no período. A ideia é mostrar ao aluno que, principalmente, a origem do Código Penal vigente liga-se a uma visão em que a análise do crime se volta para o indivíduo do crime e seu comportamento, a partir de recursos e métodos empíricos e positivos, opondo-se a uma visão clássica, cujo olhar direciona-se às condições ambientais e ao fato em si, na qual os recursos e métodos de análise são filosóficos. 
 
Plano de Aula: 10 - O DIREITO NO BRASIL NO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: O PERÍODO DA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA (DE 1946 A 1964) 
	O contexto social, político, econômico do período, que serve de base para a produção jurídica da ditadura no processo de redemocratização vivenciado no Brasil. 
O objetivo neste ponto é mostrar a construção de uma vida política pluripartidária, com pretensões democráticas, a partir de personagens intimamente relacionados ao exercício de poder na forma autoritária vivenciado no Estado Novo varguista. 
 
A organização do Estado segundo a Constituição
Este ponto destina-se a observar a clássica configuração de organização do Estado, procurando reequilibrar os poderes, de forma a normalizar a situação anterior de hipertrofia do Poder Executivo, exigência de um regime democrático.
 
Os fatores externos impulsionadores do processo de democratização no Brasil 
Entender como o processo político internacional pressiona a assunção de um regime democrático, ainda que  capitaneado por  personagens políticos ligados à tradição autoritária de exercício do poder estadonovista. Neste ponto, é importante que se entenda que a chamada Guerra Fria faz surgir a denominada bipolaridade, que, ideologicamente, passa a dividir o mundo em duas áreas de influência. Uma ocupada pelos Estados Unidos (defensora dos valores capitalistas e liberais), a outra ocupada pela União Soviética (defensora dos valores comunistas e coletivistas). Neste ponto serão estudadas algumas razões pelas quais o Brasil se vincula a uma tradição política “democrática”, sem que a tenha, até então,  conhecido de forma um pouco mais consistente no decorrer de toda sua história.
 
A efervescência política no período 
É importante que o aluno tenha compreensão das forças políticas em jogo, com a disputa de poder dentro de uma lógica pluripartidarista (principalmente entre PTB, UDN e PSD). Devem ser abordados, ainda que de forma necessariamente sintética, os diversos momentos do período, ou seja, desde o governo de Eurico Gaspar Dutra, passando pelo retorno de Vargas, pelo desenvolvimentismo econômico do governo JK, pelo desastroso e breve governo de Jânio, até o tumultuado e desgastado governo populista de Jango.
 
Plano de Aula: 11 - O DIREITO NO BRASIL NO PÓS-2ª GUERRA MUNDIAL: A IMPLANTAÇÃO DO REGIME MILITAR-TECNOCRÁTICO - A BUSCA PELA INSTITUCIONALIZAÇÃO
	As razões de ordem econômica e política que demarcam o contexto de crise do governo populista de Jango e o Golpe Militar de 1964
Neste tópico faz-se importante estudar como fatores econômicos (inflação e descontrole das contas públicas) e políticos levaram a um grande descontentamento de vários grupos da sociedade brasileira, refletindo o desgaste intenso do populismo como forma de exercício do poder, desde a morte de Getúlio Vargas. A intervenção militar, neste sentido, não deve ser entendida como um ato à revelia de forças políticas importantes, pois, no momento do golpe, teve adesões de grande parte da classe política e também de significativa parte da classe média. 
 
O Golpe Militar e  sua correlação com a Guerra Fria e com a Revolução Cubana
Neste ponto é importante que o aluno esteja capacitado a compreender que os acontecimentos no Brasil, além dos fatores internos, correlacionam-se com a Revolução Cubana e com a Guerra Fria. Por isso, o tão propalado apoio americano à ação militar deve-se em grande parte a uma defesa dos interesses geopolíticosamericanos na região. 
 
Os grupos militares e a liderança do movimento
Neste ponto, é importante que o discente perceba que tão logo se concretizou o Golpe, caracterizou-se a ruptura na unidade do movimento entre os militares, evidenciando-se a presença de dois grupos no seio da liderança deste. O primeiro, que lidera os primeiros momentos do Golpe, denominado “Grupo da Sorbonne”, tinha inclinações “democrático-conservadoras”, acreditando que seria necessário purificar o país contra as forças populistas e comunistas, para, então, devolver o poder aos civis. O segundo grupo, denominado “Grupo da Linha-Dura”, defendia total dureza contra qualquer força opositora, entendendo que a democracia não era algo possível naquele momento histórico. É o pendular domínio desses grupos que explica as diversas etapas do período da ditadura militar.
 
Os atos institucionais como  atos de exceção 
Os atos institucionais, como atos inconstitucionais (pois não previstos pela Constituição de 1946), tiveram a pretensão de dar suporte jurídico ao Golpe e, por via de consequência, à ditadura. Por terem se sobreposto à Constituição de 1946, devem ser entendidos como atos de natureza  “supraconstitucional”, o que, dentro do ponto de vista técnico-jurídico, não possui a menor sustentação. Neste sentido, apenas a força do regime pôde respaldar a efetividade de tais atos.
 
A Constituição de 1967 como tentativa de se restabelecer a ordem constitucional
A Constituição de 1967, mesmo tendo por primeira tarefa a de normalizar a ordem constitucional, também tinha por pretensão institucionalizar e legalizar o regime militar, aumentando a influência do Poder Executivo sobre o Legislativo e Judiciário, de forma a criar uma hierarquia constitucional centralizadora que, por via de consequência, mitiga o alcance do federalismo. Neste sentido, e para estes fins, conferiu somente ao Executivo o poder de legislar em matéria de segurança e orçamento; estabeleceu eleições indiretas para presidente, com mandato de cinco anos; estabeleceu a pena de morte para crimes de segurança nacional; restringiu o direito de greve; ampliou o papel da justiça Militar, entre outras medidas. Como veremos, os direitos e garantias; inicialmente recompostos das mitigações impostas pelos AIs, em um segundo momento do Golpe, a ser estudado na semana 11; sofrerão grande atentado.
 
Plano de Aula: 12 - O DIREITO NO BRASIL NO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: O "GOLPE DENTRO DO GOLPE" E A EXACERBAÇÃO AUTORITÁRIA
	O Ato Institucional nº 5 e “os anos de chumbo” 
Com este  tópico trataremos do AI-5, instrumento que deu ao regime poderes quase absolutos e foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Tendo  vigorado até dezembro de 1978, expressou o instrumento “legal” que tinha por pretensão dar sustentação jurídica ao período mais duro do regime, proporcionando poder de exceção aos governantes para punir, arbitrariamente, os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados. 
 
Compreender a razão pela qual muitos consideram que a Emenda Constitucional nº5 à Constituição de 1967 teria estabelecido uma nova Constituição 
Neste ponto é interessante que se entenda como a Emenda Constitucional nº 5, ao desfigurar pontos essenciais da Constituição de 1967, principalmente no que toca aos direitos e garantias fundamentais - ponto crucial de qualquer constituição -, reduziu em grau elevado seu alcance, sendo que, para alguns importantes historiadores e constitucionalistas, acabou por estabelecer uma nova Constituição, esta sim, mais adequada à visão da nova classe dirigente (a vertente militar de linha-dura). 
 
O exercício do poder pela chamada linha dura em pleno 1968, “o ano que não acabou”
O ano de 1968, "o ano que não acabou", ficou marcado não apenas na história do Brasil, mas na história mundial como um momento de grande contestação nos âmbitos da política e da cultura. Se no mundo inteiro os jovens, por intermédio do lema “é proibido proibir”, lutavam  contra a política tradicional, e, principalmente, por novas liberdades; no Brasil, o movimento se associou a um combate mais organizado contra o regime ditatorial. Por outro lado, a "linha dura", submetida por uma linha mais intelectualizada no início do Golpe, passava, a partir de então, à liderança do processo, sofisticando, progressivamente, os métodos de repressão contra qualquer oposição ao regime.
 
O Governo Médici: o recrudescimento do regime e o uso insidioso da prática de tortura   
Aqui faz-se importante estudar como convivem, concomitantemente, o “milagre econômico”  e os instrumentos de intensa repressão, entre eles o uso da tortura. São famosos os  “porões da ditadura”  que, a serviço do Estado, promoveram a tortura e o assassinato no interior de delegacias e presídios pelo país. Ao mesmo tempo, no que se refere à liberdade de expressão, a repressão aos órgãos de imprensa e a  censura aos movimentos artísticos-culturais foi dura e contínua, dificultando a denúncia das arbitrariedades que se espalhavam pelo país. Ao mesmo tempo, observa-se, no governo Médici, o uso intensivo dos meios de comunicação para criar uma visão positiva do regime, sendo que a campanha publicitária oficial, ufanista e nacionalista, divulgava o discurso político da época, utilizando-se  de palavras de ordem que ficaram famosas no período, tal como, “Brasil, ame ou deixe-o” ou “Este é um país que vai para frente”.
 
A gradual distensão do regime
Estudar-se-á neste ponto o denominado processo de "distensão", iniciado por Ernesto Geisel e continuado por João Figueiredo, como uma "saída" para que as Forças Armadas se retirassem dignamente do poder. Por intermédio da adoção de um conjunto de medidas políticas liberalizantes, cuidadosamente controladas pelo regime, foram tomadas medidas tais como a suspensão parcial da censura prévia aos meios de comunicação e a revogação gradativa de alguns dos mecanismos mais explícitos de coerção legal presentes no conjunto das leis em vigor, que cerceavam as liberdades públicas e democráticas e os direitos individuais e constitucionais.
 
 
Plano de Aula: 13 - O DIREITO NO BRASIL NO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: O DECLÍNIO DO REGIME MILITAR E A TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA
	O contexto socioeconômico  e político do período
É importante neste ponto focar as diversas crises econômicas e políticas vivenciadas no período (que se influenciam mutuamente), ao mesmo tempo em que, no contexto internacional, dois acontecimentos ganham importância: o ressurgimento do liberalismo econômico com Margaret Tatcher e Ronald Reagan, no final da década de 70 e começo da década de 80, e a derrocada do império soviético, a partir da segunda metade da década de 80.
 
 A abertura política em meio à resistência do grupo de linha-dura: a anistia e as mudanças no processo eleitoral
Neste ponto é importante abordar o processo de abertura política, em meio à grande resistência oferecida pela linha-dura militar, que se dá a partir de 1979, no Governo João Figueiredo. Uma das principais consequências desse processo é a anistia, cuja amplitude permitiu atingir até mesmo os responsáveis pela prática de tortura. Porém, cabe destacar o fato de que possuiu o mérito de possibilitar a volta dos exilados políticos, sendo um passo importante na ampliação das liberdades. Outra questão relevante no contexto de abertura política foram as modificações eleitorais que, estabelecendo o pluripartidarismo – com o objetivo de fragilizar a oposição -, acaba por estabelecer um novo quadro político-partidário que é a base do atual quadro vigente. Não se pode esquecer de abordar a importância das eleições de 1982, que em meio a algumas manobras do governo para beneficiar-se, teve o mérito de restabelecer o voto popular como critério para o exercício do cargo de governador do Estado. 
 
As “Diretas já” e a efetiva participação popular pela reconstrução democrática
Aqui, a ideia é apresentar um panorama do que significou o movimento “Diretas já” no contexto de reconstrução democrática. Neste sentido cabe ressaltar o protagonismoexercido por alguns personagens políticos (entre eles, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e Dante de Oliveira), mas, principalmente, a ampla e intensa participação popular em todo país, em apoio ao movimento. A ausência de sucesso imediato da proposta (com a rejeição de emenda constitucional que viabilizaria a realização de eleições diretas em 1985) não afasta o valor simbólico do movimento, ao estabelecer a esperança na possibilidade de construção  de uma tradição verdadeiramente democrática no país.
 
A Assembleia Constituinte de 1987 e a luta ideológica 
Torna-se relevante analisar como os embates ideológicos estabelecidos por uma Assembleia Constituinte que exercia concomitantemente as tarefas constituinte e legislativa ordinária, e dividida entre uma vertente de viés esquerdista e outra de viés  conservador de direita, determinou o que costuma-se chamar de constituição eclética. Isto porque não havia um fio condutor ideológico, de maneira que temos dispositivos completamente antagônicos em razão da divergência que existia entre os parlamentares. De qualquer modo, é importante ressaltar o papel do chamado Centro Democrático, mais conhecido como “Centrão”, de cunho conservador, que, obtendo maioria congressual, teve importante  papel em questões cruciais. Porém, também  um fenômeno positivo e de grande relevância foi a participação da sociedade por meio de diversos grupos de pressão organizados (lobbies) com o propósito de influenciar as decisões dos constituintes, na direção de interesses específicos. 
 
A Constituição Cidadã  e suas características
Neste tópico abordaremos, de forma muito genérica – já que esta será estudada de forma detalhada nos semestres que seguem -, algumas das características mais significativas da Constituição de 1988, também denominada como Constituição cidadã. Entre outras características, devem ser ressaltados o amplo rol de direitos fundamentais, cuja posição no corpo da Constituição bem indica sua importância no contexto da Carta, e que contemplam uma larga gama de direitos e garantias (liberdades, direitos sociais, direitos difusos, direitos de minorias etc..). Deve-se apontar, igualmente, para a maior potencialidade para o exercício amplo da democracia, inclusive com o direito ao voto para escolha do ocupante do cargo de Presidente da República. Porém, como ponto por muitos considerados negativo, a Carta de 1988 é chamada de analítica por ser extensa e cuidar de forma pormenorizada de matérias que são tradicionalmente da competência do legislador ordinário, o que gera uma constante necessidade de emendas.
 
O movimento dos “caras-pintadas” e a queda de Collor pela via jurídico-institucional
Esse ponto deve ser estudado com atenção, já que é considerado um momento emblemático da história do país. Isto porque a queda do ex- Presidente Fernando Collor pelas vias legais não apenas demonstra o aprimoramento das instituições, mas também o amadurecimento da democracia brasileira, e o rompimento com as soluções golpistas. Porém, é importante explicar que o processo de impeachment sofrido pelo ex-Presidente teve como agente catalisador o movimento dos caras-pintadas, movimento estudantil realizado no decorrer dos meses de agosto e setembro de 1992, e que contou com a adesão de milhares de jovens em todo o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto. 
 
O plebiscito de 1993 e a definição e a opção pelo Presidencialismo republicano
Aqui o objetivo é demonstrar como o plebiscito, previsto pela Constituição de 1988, realizado em  de 21 de abril de 1993, acabou estabelecendo de maneira definitiva a forma e o sistema de governo no Brasil. Isto porque a Constituição deu poderes ao povo, para que, por intermédio da vontade da maioria, pudesse este escolher como forma de governo entre a monarquia parlamentar ou a república; e, como sistema de governo, entre o parlamentarismo ou Presidencialismo. Na ocasião, a maior parte do povo brasileiro optou por manter a forma republicana e o sistema presidencialista, consolidando uma tradição cristalizada durante o século anterior.
 
Plano de Aula: 14 - O DIREITO NO BRASIL NO PÓS-2ªGUERRA MUNDIAL: A AMBIÊNCIA CONTEMPORÂNEA DO DIREITO BRASILEIRO
	A produção normativa hodierna a partir do filtro constitucional
Neste tópico abordaremos a importância da Constituição de 1988 na leitura e produção de novas normas. Isto porque, a partir de um modelo teórico seguido pela grande maioria  importantes juristas brasileiros – e que os constitucionalistas chamam de “neoconstitucionalismo” -, todo o sistema normativo deve ser interpretado a partir de uma leitura da Constituição, principalmente no que se refere ao seu epicentro axiológico: a defesa da dignidade humana. Sob esta perspectiva, a Carta Magna de 1988 passa a ostentar uma importância para o ordenamento em proporção jamais vista pelas cartas anteriores, pois passa a ser verdadeiro filtro não apenas normativo, mas também interpretativo.
 
Alguns dos principais avanços legislativos sob a batuta da nova Constituição: o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, a Lei Maria da Penha, as leis ambientais, as alterações nos Códigos de Processos.
Dentro da lógica anteriormente analisada, surge, após a Constituição de 1988, a produção de várias importantes legislações que, ao mesmo tempo em que respondem às novas demandas sociais, estimulam um quadro de avanços, sendo que se projeta no Brasil  a geração dos direitos transindividuais, compreendendo estes direitos coletivos e difusos, que abarcam a proteção do consumidor,  do meio ambiente e de outros valores considerados importantes para a vida da sociedade Neste sentido, é importante que se comente de forma sucinta o papel fundamental de leis que, embora consideradas bastante avançadas sob o prisma normativo – inclusive pelo mundo jurídico internacional -, encontram como maior obstáculo, para uma maior efetividade, um quadro social, econômico, político e mental típico de um país cujo legado histórico foi a construção de uma sociedade desigual e com pouca tradição de usufruto de liberdades e de participação política.
 
O Novo Código Civil de 2002: a adequação das relações privadas aos novos tempos
Uma das mais importantes alterações legislativas nos últimos tempos é a revogação do antigo Código Civil de 1916 pelo Novo Código Civil de 2002, como necessária alteração em razão das transformações históricas vivenciadas nestes 86 anos que os separam. Assim, é importante que se perceba que o novo Código estabelece não apenas uma visão mais atualizada das relações privadas, mas também uma abertura normativa mais flexível que, não apenas possui maior sintonia com a Carta de 1988, mas que, concomitantemente, é dotada de instrumentais  capazes de reconhecer novas práticas sociais e negociais que surgem no mundo contemporâneo.
 
As novas necessidades e os novos direitos
Neste tópico é importante que seja abordada a dificuldade do sistema jurídico vigente em acompanhar as demandas sociais decorrentes das novas relações sociais que se travam. Entretanto, se este sistema jurídico, ao estabelecer novos direitos, está atrelado a um mundo onde a velocidade das conquistas tecnológicas alteram constantemente as bases materiais de análise, por outro lado não pode deixar de se atrelar aos direitos humanos, verdadeiras conquistas históricas, externados na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. Na linha de novos direitos humanos, liga-se à geração dos direitos transindividuais, compreendendo, como acima mencionado, os coletivos e difusos. Neste sentido, o desafio jurídico da contemporaneidade é a organização de um sistema jurídico capaz de oferecer respostas rápidas a demandas cada vez mais complexas, sob pena de criação de vácuos jurídicos para os quais a necessidade de resposta é de fundamental importância.

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