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1 Disciplina: Linguística e alfabetização Autores: Esp. Elizabeth Nater Revisão de Conteúdos: Esp. Orlei Candido Antunes Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Elizabeth Nater Linguística e alfabetização 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA NATER, Elizabeth. Didática do Ensino Superior / Elizabeth Nater. – Curitiba, 2018. 30 p. Revisão de Conteúdos: Orlei Candido Antunes. Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki. Material didático da disciplina de Linguística e alfabetização – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-231-6 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Nesta disciplina de Linguística e Alfabetização serão evidenciados os debates sobre o analfabetismo no Brasil, os profissionais da educação e suas ações significativas para a diminuição do analfabetismo, o entendimento da linguística, compreensão sobre alfabetização e letramento. As aulas contarão com formas de manifestação da linguagem humana (fala, escrita); relações da fala e da escrita na alfabetização aspectos linguísticos; competência metalinguística e consciência fonológica (silábica e fonêmica). 6 Aula 1 – A natureza do processo de alfabetização Apresentação da aula 1 Para o estudo da disciplina de Linguística e Alfabetização é relevante o entendimento do que é linguística e assim usá-la como elemento contribuinte no desvendamento dos assuntos. Entende-se linguística como área científica de estudo da linguagem, que por sua vez é qualquer meio sistemático, de comunicar, ideias, sentimentos. 1. Facetas da alfabetização Segundo Magda Soares (2007): Uma teoria coerente da alfabetização só será possível se a articulação e integração das várias facetas do processo forem contextualizadas, social e culturalmente e iluminadas por uma postura política que resgate seu verdadeiro significado. (SOARES, 2017). É necessário integrar as facetas, observar as diferentes perspectivas que envolvem o processo de alfabetização, pois as áreas de conhecimento precisam conversar entre si, levando em consideração outras questões, como cultura, códigos linguísticos, interesses dos alunos e a competência dos professores. A alfabetização é compreendida como um processo de aquisição da língua escrita, e o estudo levará a assimilação de que a alfabetização é mais abrangente. A proposta é ultrapassar o entendimento de se tratar de representação de fonemas em grafemas, para ser acrescido de compreensão de significados dos códigos escritos. FACETAS PSICOLÓGICA Envolve os processos decorrentes da alfabetização. LINGUÍSTICA É a área científica do estudo da linguagem. PSICOLINGUÍSTICA Parte da linguística que estuda a linguagem e a mente. SOCIOLINGUÍSTICA Estudo da língua e sociedade. Fonte: Elaborada pelo autor (2018) 7 1.1 Aprendizagem da língua escrita É na Educação Infantil que a caminhada da alfabetização inicia. Para se chegar a combinação de sons, letras e formar palavras, há procedimentos que devem ser considerados: psicogenético, que se refere ao atendimento do que a língua escrita representa; a consciência fonológica, sons das palavras; conhecimento das letras, ou seja, como elas são grafadas. Segundo Magda Soares, a língua escrita precisa ser aprendida pela criança. Para a aprendizagem da língua escrita acontecer é necessária total participação da criança, ela deve ouvir e se familiarizar com as letras, por exemplo: quando a criança escreve o nome de um desenho (peteca), ela se ouve inicialmente falando a palavra peteca, então irá pegar as letrinhas e na leitura por partes irá completar a palavra (PE – TE – CA). Embora às vezes ela já tenha o domínio sobre as letras, a integração do docente é primordial para ela organizar seus pensamentos. Ao se apropriar do conhecimento que as letras representam, sons das palavras e a escrita, fica compreendido que ocorreu o princípio da alfabetização. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Alfabetização e Letramento de Magda Soares. 1.2 Reinvenção da alfabetização Emília Ferreiro contribuiu muito para compreender o que a criança pensa sobre a língua escrita (percurso), veja a fases abaixo: 8 ICÔNICA GARATUJA PRÉ- SILÁBICA SILÁBICA SEM VALOR SONORO SILÁBICA COM VALOR SONORO SILÁBICA ALFABÉTICA KERAMU ATM PETKA PETECA Fonte: Elaborada pelo autor (2018) Curiosidade Pablo Picasso, o artista espanhol, dizia que, aos 12 anos, já desenhava como o pintor italiano Rafael, mas precisou de toda uma existência para aprender a desenhar como as crianças. A garatuja, nome dado aos rabiscos infantis aos quais ele se referia, pode não fazer muito sentido, mas é uma maneira da criança se comunicar. Fonte:http://www.rota83.com/garatuja-a-importancia-dos-rab iscos-para-a-crianca.html A língua escrita permite que o indivíduo interaja após ter sido aprendida, ou seja, alfabetizando-o ele segue para o seu uso, respeitando as questões sociais e culturais. REINVENÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO 1º ENTENDIMENTO 2º ENTENDIMENTO 3º ENTENDIMENTO Processo de aquisição e apropriação do sistema de escrita, alfabético e ortográfico. Alfabetização se desenvolva num contexto de letramento. Alfabetização e letramento têm diferentes facetas. Fonte: Elaborada pelo autor (2018). 9 1.3 Analfabetismo no Brasil A partir da questão evidenciada pela ONU (Organização das Nações Unidas) para a Educação, que em março de 2017 trouxe a evidência que o nosso país não cumpriu com a redução do analfabetismo. Ainda encontra dificuldade em realizar o que lhe é solicitado, apesar do tempo viável para isso, afinal desde 1988 há uma intencionalidade no processo crítico da alfabetização. Reconhece- se com essa colocação que, desde o período colonial até nos dias atuais, a “tragédia” no ensino se faz presente. O Brasil precisa contar com políticas públicas eficazes que ajudem no aprimoramento da alfabetização. 1.4 Letramento no Brasil Soares (1999, p. 18) define letramento como: “O resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condiçãoque adquire um grupo social ou um indivíduo em consequência de ter-se apropriado da escrita”. Scribner e Cole (1981 aput KLEIMAN. 1995, p.19): “Podemos definir hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico, enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”. Vocabula rio Originalmente a palavra letramento é uma tradução para o português da palavra “literacy”, que vem do latim “littera” (letra) e com o sufixo “cy” denota estado de quem aprende a ler e a escrever. Leia mais em: https://www.webartigos.com /artigos/o-que-e letramento/45212#ixzz5Jucpy3kb 1.4.1 Exemplo de Letramento Ao escrever a palavra BOLA, ocorreu uma faceta linguística (alfabetização). Ao usar a língua escrita BOLA, no contexto social ocorreu o letramento. https://www.webartigos.com/artigos/o-que-e-letramento/45212 https://www.webartigos.com/artigos/o-que-e-letramento/45212 10 1.4.2 Poema sobre Letramento “Letramento não é um gancho em que se pendura cada som enunciado, Não é treinamento repetitivo De uma habilidade, nem um martelo quebrando bloco de gramática. Letramento é diversão, É leitura à luz de vela, Ou lá fora, à luz do sol [...] É uma receita de biscoito, Uma lista de compras, recados colados na geladeira. [...]” (CHONG, apud SOARES, 1998) 1.5 Mobral Criado pelo decreto Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 1967 o Mobral, estabelecia que jovens e adultos tivessem uma alfabetização funcional e com isso obtivessem uma melhor condição de vida. O período em que ocorreu a existência do Mobral foi durante o governo militar cuja intenção era erradicar o analfabetismo. O ensino era ler e escrever, mas sem senso crítico e reflexão. Saiba Mais O Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização, implantado durante o regime militar) nasceu para negar meu método, para silenciar meu discurso. (Paulo Freire). 1.6 PNE Plano Nacional de Educação O PNE tem por objetivo determinar diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dos próximos 10 anos. Ele é composto de 20 metas e seu período será do ano 2017 até 2024, com a abordagem de um cuidado escolar 11 como um todo. O PNE contempla indicações iniciais que devem ser cumpridas para que o indivíduo tenha uma formação digna, elevando uma escolaridade média, assim como elevando o índice de matrícula na educação superior, inclusive ao corpo docente. 1.6.1 Meta 5 Alfabetizar todas as crianças no máximo, até o final do 3º ano do ensino fundamental. (Brasil, p.10. 2014) 1.7 Instrumentos de avaliação nacional Instrumentos de avaliação nacional periódicos e específicos para aferir a alfabetização das crianças. (Brasil, p.27. 2014) Resumo da Aula Foi possível obter uma proximidade do mapeamento sobre a alfabetização no Brasil e o entendimento de que o analfabetismo é evidente em nosso país. A definição de linguística se apresentou como uma área científica do estudo da linguagem, com a intenção de comunicar algo. Os apoios dos conteúdos contaram em grande parte com a autora Magda Soares, cuja indicação do material apontou para uma leitura lúdica e significativa para a criança. Por fim, foi possível compreender a linguística como muito mais do que um processo de aquisição da língua escrita. Atividade de Aprendizagem Você considera importante instituir instrumentos de avaliação nacional periódicos e específicos para aferir a alfabetização das crianças? 12 Aula 2 – Forma de manifestação da linguagem Apresentação da aula A abordagem pede que seja recordado o conceito de linguagem, visto na aula anterior, ou seja, linguagem é qualquer meio sistemático se comunicar ideias, sentimento, por meio de signos convencionais, sonoros, gráficos e gestuais. 2.1 Como a fala funciona? A aquisição da linguagem inicia quando a criança está no seu primeiro ano de idade. Aos três anos de idade ela conversa com as pessoas e consegue entendê-la, se comunica e expressa o que deseja, ou entende o que o outro quer que ela faça. Refere-se à criança que não tem nenhuma dificuldade biológica séria. Vale lembrar que a escola é um espaço coletivo, onde existem diversas possibilidades de convivência com os pares e com os diferentes. 2.1.1 Fonética Para maior entendimento do termo fonética é importante compreender que seu estudo está nos sons da fala. Os sons são produzidos pelo aparelho fonador e são chamados de fones. Na fonética não há um valor gramatical, por exemplo o barulho da língua batendo no céu na boca. 2.1.2 Fonologia A fonologia tem um valor gramatical (fonema) e refere-se aos sons da língua. A articulação denominada “meia-boca” é quando um indivíduo não abre a boca totalmente para articular as palavras. A articulação denominada travada é quando um indivíduo não abre a boca totalmente e seus dentes são 13 pressionados. A articulação denominada sobre articulação é quando o indivíduo articula com a boca bem aberta. Curiosidade A voz é produzida pelas cordas vocais e utiliza-se de três cavidades, como: garganta, boca e nariz, apresentando intensidade e articulação 2.2 Qualidade A qualidade no ensino não está garantida pela quantidade de mais vagas nas escolas ou mesmo pelos recursos tecnológicos. Os números apontam que mais de 10 milhões de brasileiros que não sabem ler e nem escrever). (IBGE, 2017). A qualidade seria reconhecida no acesso a permanência na escola, no acompanhamento de aprendizagens e na ação de profissionais que fomentem o senso crítico e o pensamento das crianças. A qualidade deve contar como uma corrente eficaz de políticas públicas em uma sociedade mais justa e igualitária onde o indivíduo abandone a alienação. O aluno que não entende o que lê e o que escreve, não utiliza com função social estes processos. Torna-se urgente investir na educação e rever ações para a formação de profissionais. A qualificação deve andar na posição inversa do fracasso escolar. 2.3 Como a escrita funciona? A representação gráfica dos fonemas é feita por caracteres fonéticos e representada desta forma, por exemplo, pela letra/a/. As letras são usadas quando queremos representar um tipo de som. É importante compreender que os sons variam de acordo com cada palavra. Exemplo: Letra “s” casa, saco Letra “x” pode representar dois sons lixo, fixo. Irregularidade som /z/ - palavra asa, som /s/ - palavra massa. 14 A escrita não é uma reprodução automática do som. Os fragmentos de informação que apresentam uma complexidade ascendente vão passando pelo aluno como um processo de aprendizagem, em que as dificuldades ocorrem e ele, em busca da função social, age sobre a aprendizagem. 2.3.1 Em busca da função social Para atingir a função social da escrita, a escola precisa respeitar o aluno quanto as suas necessidades e enquanto sujeito pensante. Cabe ainda ultrapassar a hierarquia baseada no poder, cujas ações são em torno de “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Conforme Luiz Carlos Cagliari, (1989 p.23) “a escola diz que quer ensinar, mas no final das contas percebe-se que ela ensina de maneira muito estranha, e esconde mais do que mostra”. 2.4 Conflitos no ensino É preciso ensinar a criança a escrever, e tem sido visto que nem sempre isso ocorre. Diante dessa situação há conflitos no ensino, afinal não se promove a aprendizagem e tão pouco a autonomia que se é esperada. Há uma legislação que solicita e indica que o aluno aprenda, mas que recua com a sua postura centralizadora. O PNE deixa explícito, em suas 20 metas, avanços para a área educacional, então, por que não alcançamos o sucesso tão almejado? Provavelmente tenha relação com a normatização e não com a aplicabilidade. Um aluno pensante,questionador e investigador nem sempre é bem aceito no contexto escolar, afinal nem sempre ele se molda aos padrões já estabelecidos. É importante compreender que o conflito é natural, pois faz parte das relações, tira um indivíduo da zona de conforto, o conduz para novas estratégias, superação de dificuldades e favorece novas aprendizagens. 15 Importante Sair da zona de conforto é buscar desafiar-se e lidar com questões conflitantes. O educador quando compreende o resultado proveniente dessa ação tende a melhorar as ações que ocorrem no ensino. Parte-se do princípio que ensinar o aluno é alfabetizá-lo e letrá-lo e que os erros processuais são importantes. 2.5 Relações da fala e da escrita na alfabetização Em busca da comunicação, a criança se apropria da fala, e quanto mais ela convive com sujeitos falantes mais ela aprimora a sua fala, lembrando, que o dialeto interfere neste momento. Para ser considerado um falante nativo a criança passa a ter um vocabulário maior e fazer uso das regras convencionais. Saiba Mais É preciso auxiliar cada criança a reconhecer que errou, porém se esta intervenção não for bem desenvolvida poderá ocasionar medo ou tranquilidade de que o adulto resolverá tudo por ela! 2.6 Programação neurolinguística A programação é uma grande ferramenta de comunicação, surgiu na década de 70, nos Estados Unidos. Os dois responsáveis foram John Grinder e o Richard Bandler. Eles pensaram sobre a existência da lógica racional: se um mesmo programa é colocado em dois computadores diferentes, assim geram o mesmo resultado, será que ao pegarmos um programa que exista na mente humana e colocarmos em outra mente, dará o mesmo resultado? Segundo eles, sim. Apesar das complexidades humanas, por meio da linguagem é possível criar certas programações ou reprogramações mentais. 16 Padrões de comunicação se dão então pela programação neurolinguística e levam ao empoderamento da comunicação. É possível também eliminar comportamentos indesejáveis, que geram desconforto no sujeito. 2.7 Mito ou verdade A criança, no seu início de alfabetização, pode escrever como se fala? Sim, pode! Essa ação é natural e benéfica. Ela grafa o fonema no início e depois caminha para a ação alfabética. A criança no seu início de alfabetização ao pensar de forma trocada, pode escrever de forma trocada? (Entenda-se forma trocada inversões de fonemas). Sim, pode! Exemplo muito conhecido, a fala do Cebolinha. Resumo da aula Os problemas das dificuldades existentes na alfabetização permeiam o caminho do ensino. Na estrada entre a aprendizagem e a aquisição de conhecimento muitos entraves são encontrados, levando a sociedade para o analfabetismo funcional. Ultrapassar esses entraves não é tarefa fácil para a sociedade, mas a escola pode oportunizar a superação dessas dificuldades. Atividade de Aprendizagem Argumente por que a avaliação é um instrumento favorável se ela for aplicada com a intenção de levar o aluno a determinadas ações como: perguntar, questionar e refletir. Aula 3 – Aspectos linguísticos da alfabetização Apresentação da aula A representação alfabética envolve o motor e o sonoro, sua aprendizagem se dá com a prática e o exercício constante. Vale ressaltar quão necessário é o 17 professor compreender o que repassa aos seus alunos. Ensinar a criança a escrever, sem ensinar o que é escrever é um prejuízo para o aluno. 3.1 Aspectos linguísticos da alfabetização – A fala Existe uma complexidade na aquisição da linguagem. Os sons pertencentes a uma língua podem receber a identificação de uma palavra real, caso contrário são apenas sons. A língua não se faz com palavras soltas (isoladas), ela se faz com sons e ideias unidas em palavras, frases, textos. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Alfabetização e Linguística de Luiz Carlos Cagliari. A compreensão da natureza da escrita e de suas funções e usos é indispensável a quem se dedica à alfabetização. Sem perder de vista o papel que a escola desempenha na sociedade, o autor realiza aqui um estudo de questões linguísticas na alfabetização. A obra mostra a importância dos conhecimentos linguísticos na interpretação e na busca de soluções e problemas técnicos relativos à fala, à escrita e à leitura infantil. Ela está dividida em quatro capítulos: A linguística e o ensino de português; A fala; A escrita e; A leitura. 18 3.1.1 Aspectos linguísticos da alfabetização – A escrita https://st3.depositphotos.com/11433272/14405/i/1600/depositphotos_144051881-stock-photo- schoolchildren-studying-together.jpg Para se adaptar ao dialeto padrão é necessário alguns anos, sendo assim, é importante que o professor use o dialeto padrão ao falar com a criança e ao escrever para ela. O que distingue uma escrita de um desenho é que, no caso da escrita, encontramos palavras da linguagem oral associadas às formas gráficas. No caso dos desenhos, encontramos apenas referências a coisas do mundo a respeito das quais podemos falar, como fazer sobre qualquer outra coisa que não seja uma forma gráfica. https://st.depositphotos.com/1098327/1333/i/950/depositphotos_13332104-stock-photo-no- entry-hand-sign.jpg 19 3.2 Tipos de leitura Os três níveis que cooperam para que o um texto seja compreendido agem juntos, estamos falando do nível sensorial, nível emocional e do nível racional: Nível sensorial: a leitura sensorial se dá já no seu início na visualização da cor da capa, nas imagens, na fonte utilizada pelo autor e/ou ilustrador. Nível emocional: ocorre com a leitura do título em que as palavras acionam a emoção do leitor. Nível racional: as informações e as narrativas utilizadas pelo autor de acordo com o gênero que este esteja utilizando. Muitas pessoas conseguem ter um breve entendimento do assunto do livro, antes mesmo de lê-los. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Alfabetizar e Letrar – um diálogo entre a teoria e a prática, de Marlene Carvalho, e amplie seu conhecimento, pois ela aborda algumas questões de grande relevância em se tratando que se é possível alfabetizar crianças e adultos, com a mesma ênfase convidá-los a participar da aventura do conhecimento implícita no ato de ler. 3.2.1 Ouvida Quando o escrito é traduzido pela fala, ele foi decifrado/decodificado. Existe uma diferença entre ouvir uma fala ou ouvir uma leitura. A fala é espontânea, e a leitura baseia-se em um texto escrito. 20 3.2.2 Vista A leitura vista permite ao leitor determinar o tempo que ela irá ocorrer, podendo retornar a ela se assim desejar. Fonte: Livro de Cecília Meireles “Ou Isto ou Aquilo”. 3.2.3 Falada A linguagem falada é aquela que comunica uma informação, intencionalidade, um pensamento, e vale ressaltar que a língua não se faz com palavras soltas. A linguagem falada necessita ser acompanhada de uma expressividade e entonação para passar a mensagem de forma mais efetiva. 3.3 Professor e suas contribuições Há esperança que os professores mudem suas ações exercidas nas escolas para atender seus alunos e contribuir com os processos de escrita e leitura. Os professores precisam contribuir com atividades que conduzam as crianças para a decifração de letras em palavras de leitura, dando-lhes oportunidades de preparo. 21 O professor deve entender que em uma sala de aula há diversidade de saberes e, para ele realizar as atividades de leitura e escrita, faz-se necessário contemplar os diferentes saberes da turma. Independentemente do diferencial de cada aluno, eles precisam adquirir aprendizagem e avançar as etapas, por exemplo na fase pré-silábica para asilábica. Trabalhar com projetos que envolvam a participação de todos é o objetivo da língua na sua função comunicativa. O professor deve propiciar a intenções diferentes e desta forma considerar os saberes de cada um, em que o outro potencializa o conhecimento e informação. Os projetos precisam de desenvolvimento com tempo mais livre para a exploração acontecer dentro do tempo de cada criança. Dessa forma existe a possibilidade de trabalhar em hipóteses e seguir com as intervenções necessárias até que a construção da fala, leitura e escrita se dê dentro do avanço de cada aluno. 3.4 Propostas de Atividades O professor pode mobilizar sua turma para a realização de projetos, por meio da construção de um livro, o chamado livro ilustrado. As crianças podem colaborar com suas aprendizagens em formato de desenho e aquelas que já dominam o código escrito podem também inserir pequenos textos para colaborar com o material. Outro procedimento de proposta de atividade é definir as perguntas que os alunos devem responder, quando se propõe um projeto. O texto deve conduzir a curiosidade e as informações devem despertar no leitor o diálogo produtivo e criativo, vale destacar que nem sempre todas as informações que uma turma precisa aparecem explicitamente no texto, neste caso entra o professor como mediador da atividade. 22 Fonte: https://pt.pngtree.com/freepng/the-man-reading-the-newspaper_3399600.html Uma orientação importante ao professor é que antes dele se prender a um assunto tratado no material utilizado, ele deve voltar-se a ensinar como ler os diferentes tipos de textos. Dentro deste aprendizado segue auxiliar a encontrar o que se deseja estudar. De acordo com o livro Língua Portuguesa – Soluções para desafios do professor, para desatar um “nó”, os professores precisam saber que a leitura é um conteúdo a ser ensinado. Saiba Mais Para saber se o aluno aprendeu, estabeleça um caminho de leitura do aluno, tenha sempre à mão os registros deste período de desenvolvimento da criança. Observe avanços na leitura e suas abordagens em decorrência das novas etapas biológicas e cognitivas. Resumo da Aula Almejar um resultado de excelência no ensino requer foco na trajetória. Aquele que ensina traz a luz ao conhecimento. O docente deve manter o dialeto padrão que se trata de uma variedade regional da língua. Contar com diversos gêneros e materiais didáticos são contribuições essenciais para que o aluno aprenda. É necessário oportunizar listas, receitas, https://pt.pngtree.com/freepng/the-man-reading-the-newspaper_3399600.html 23 cartazes, reportagens e demais recursos para que a criança entenda o mundo que se comunica pela escrita, leitura e fala. A aula abordou reflexão em relação à leitura no âmbito escolar, e foi possível entender que a aprendizagem irá acontecer com a leitura, além do período na escola. A leitura permite que o ensino se desenvolva e se mantenha. Atividade de Aprendizagem Discorra, em no máximo 10 linhas, sobre qual a sua opinião a respeito da melhor forma de alfabetizar a criança. Aula 4 – Competência Metalinguística Apresentação da aula O apoio na Educação Infantil para que o processo da alfabetização aconteça é inegável. Profissionais que trabalham com crianças da educação infantil são colaboradores marcantes quando oferecem um ensino lúdico ao aluno. Esses profissionais respeitam o período etário do aluno, suas individualidades e suas etapas. Oferecer interpretação do contexto do dia a dia do estudante: que se soma positivamente para os anos seguintes. 4.1 Habilidade Metalinguísticas Pode-se entender a competência metalingüística uma capacidade do falante, por meio da língua, refletir, compreendo seus valores e funções, que são conscientes e intencionais, considerado que sua aprendizagem requer uma instrução explicíta. Durante muito tempo a leitura foi considerada uma atividade mecânica de decodificação. As crianças têm dificuldade na aprendizagem da leitura, e quando não compreendem bem as funções e a finalidade da leitura, ou o código escrito, sofrem prejuízos. 24 Entende-se por habilidades metalinguísticas as operações mentais sobre o que é produzido no processo de produção das sentenças. A maioria das crianças distingue facilmente palavras que são diferenciadas por um único fonema: GATO PATO FATO O que ocorre neste exemplo é uma demonstração por parte da criança em compreender mudanças fonéticas mesmo ainda não tendo sido apresentado um novo fonema. É importante destacar quão ativo é o aluno dentro de uma sala de aula, e o professor perspicaz à essas situações evidenciará as capacidades de cada aluno. 4.2 Estudo de Caso Receita de alfabetização (Marlene Carvalho) Pegue uma criança de seis anos e lave-a bem. Enxugue-a com cuidado, enrole- a num uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula. Repita o processo com as demais crianças da mesma turma. 25 Nas oito primeiras semanas, alimente-as com exercícios de prontidão. Na nona semana, ponha uma cartilha nas mãos das crianças. Tome cuidado para que elas não se contaminem no contato com os livros, revistas, jornais e outros perigosos materiais impressos [...] [...] Pegue uma criança de seis anos – ou mais –, no estado em que estiver – suja ou limpa – e coloque-a em uma sala de aula junto com outras crianças do mesmo formato e onde existem muitas coisas escritas para olhar e examinar. Servem jornais, revistas diversas, propaganda eleitoral, rótulos de enlatados e de caixas, sacolas de supermercados e de lojas, panfletos, encartes, manuais de eletroeletrônicos. Enfim, tudo que estiver entulhando os armários da escola e da sua casa. Convide as crianças para brincar de ler, adivinhando o que está escrito: você vai descobrir que elas já sabem muitas coisas [...].” (CARVALHO, 2017, p. 132 e 133). 4.2.1 Estudo de Caso 2 Uma carta para o Brasil (Extraído do livro Alfabetizar e Letrar), de Marlene Carvalho: As cartas revelaram informações interessantes, vejamos: as crianças não estranharam a proposta; as crianças entenderam a proposta do docente; as crianças não se prenderam as convenções de gêneros e usaram expressões coloquiais; no fechamento retornaram ao gênero da carta. Com base nesses estudos de caso, foi possível evidenciar um aluno presente e participativo. Faz-se necessário assim como um planejamento que constantemente o professor estabeleça atividades de rotinas ou inovadoras levando em consideração o aluno. Quando Marlene Carvalho, renomada autora nos oferece esses dois estudos, nós podemos compreender porque a legislação vigente fala sobre o ensino de qualidade para crianças cidadãs do presente e do futuro. 26 O trabalho escolar é promissor se tem esse campo de visão sobre os todos os envolvidos no processo. Alunos, professores e a sociedade como um todo ganham quando o ato de memorizar ou repetir impensadamente dão lugar a uma alfabetização letrada. Pesquise Seja qual for o meio utilizado para escrever cartas, a atividade tem o cunho de motivar crianças, jovens e adultos. Pesquise mais sobre este assunto, retorne à videoaula e reveja a atividade executada pela professora ao fazer uma caixa de correio. 4.3. Recurso Didático A leitura, na sala de leitura, deve possibilitar que os leitores encontrem prazer em ouvir leituras de histórias, interpretá-las e comentá-las livremente, além de emprestar livros. A sala de leitura é um espaço educativo. https://st2.depositphotos.com/1518767/11490/i/950/depositphotos_114902562-stock-photo-teacher-with-children- reading-books.jpg https://st2.depositphotos.com/1518767/11490/i/950/depositphotos_114902562-stock-photo-teacher-with-children-reading-books.jpg https://st2.depositphotos.com/1518767/11490/i/950/depositphotos_114902562-stock-photo-teacher-with-children-reading-books.jpg27 4.4 Transformações na Educação Infantil No Brasil, acompanha-se uma alteração considerável de ações, primeiramente ela existia para cuidar; com os anos a função social acrescentou o educar. Diante disso, inúmeros adeptos deixaram claro seus interesses de que a Educação Infantil também alfabetizasse. Vale reforçar a Base Nacional Comum Curricular, a qual enfatiza princípios curriculares e os direitos de aprendizagem e desenvolvimento integral das crianças: Conviver: trata-se de relacionar-se com seus pares ou não; Brincar: trata-se de oferecer uma condição de viver o mundo que o cerca; Participar: trata-se de oferecer seus conhecimentos para a sociedade; Explorar: trata-se de permitir que o mundo chegue ao seu contato; Aprender: trata-se de constantemente exercitar o cognitivo; Expressar-se: trata-se de permitir ser ouvido, notado e considerado; Conhecer-se: trata-se de alcançar a autonomia em decorrência da própria identidade. Viu-se alguns apontamentos indicativos da BNCC, entretanto as colocações escritas em formato explicativo são trocas de ideias aqui apresentadas pensando em um contexto de sala de aula, no campo de visão de um educador. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Educação Infantil e Reggio Emilia – composições para compor um diálogo de Joe Garcia, Andréa Pagano e Gabriel de Andrade Junqueira Filho. 28 Saiba Mais Leia mais sobre a Base Nacional Comum Curricular em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/upload%20 s/%202018/06/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf/ Resumo da aula Considerando as questões sociais e políticas implícitas na alfabetização/letramento, compreendemos quão importante a questão alfabetizadora conduz a busca da identidade. Transitar por tudo que foi abordado reforçou que este assunto é muito abrangente e merece todo o cuidado dos educadores. Não é possível sintetizar e desconsiderar depoimentos como o da Rebeca, ou o estudo de caso de autores preocupados com o aprendizado eficaz. Temos início a um relevante tema, Linguística e alfabetização, porém o assunto não se esgota com essa conclusão de aula, portanto siga adiante aluno, e faça a diferença positiva na educação. Atividade de Aprendizagem Discorra, em no máximo 10 linhas, qual a importância da alfabetização para busca da identidade da criança? 29 Resumo da disciplina Sabe-se que o respeito para com a criança em seu período de desenvolvimento é indispensável, entretanto, mesmo com este conhecimento ainda existem profissionais que não respeitam essa orientação. A criança já traz consigo no seu ingresso escolar conhecimentos adquiridos, e o professor deve aproveitar o que o aluno trás, para seguir com a aprendizagem. A fala é o primeiro instrumento de comunicação da criança, ela irá acompanhar todo o processo de aprendizagem. Para falar, a criança precisa da propagação das ondas sonoras, existe uma complexidade entre os elementos da fala e da escrita, ambos fazem parte da linguagem. A escrita utiliza-se de uma musculatura, ou seja, movimentos dos braços para grafar as letras. A criança que lê sabe escrever, porém a criança copista não significa que seja uma leitora, deve-se ter uma atenção redobrada para esse aspecto, evitando-se equívocos possíveis ao considerar uma “bela” grafia como sendo uma criança alfabetizada/letrada. 30 REFERÊNCIAS CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1989. CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar.: Petrópolis, RJ: Vozes,2015. Educação Infantil em Reggio Emília: reflexões para compor um diálogo. Curitiba: UTP,2017. CAPOVILLA, A. G. S; et. al. Consciência sintática no ensino fundamental: correlações com consciência fonológica, vocabulário, leitura e escrita. São Francisco: USF, 2004. Disponível em: http://www.ip.usp.br/laboratorios/lance /artigos/capovilla_capovilla_soares_ 2004.pdf acessado em: 26/06/2018. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo: Scipione, 1989. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Ba-Be-Bi-Bo-Bu. São Paulo: Scipione, 1998. MASSINI-CAGLIARI, Gladis. O texto na alfabetização: coerência e coesão. Campinas: Mercado de Letras, 2001. RANA, Débora. AUGUSTO, Silvana. Língua portuguesa: soluções para dez desafios do professor: 1º ao 3º ano do ensino fundamental; 1 ed. São Paulo: Ática Educadores, 2011. SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. In: Texto Didático: o que é letramento e alfabetização. Belo Horizonte: Ceale Autêntica, 1998. p.29- 59. SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto,2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). 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