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Helmintos do sistema digestório Ancilostomídeos Nome da doença Ancilostomose, Ancilostomíase, amarelão, anemia tropical, doença do Jeca-Tatu. Nome do agente etiológico Ancylostoma duodenale: Velho mundo (regiões temperadas) Necator americanus: Novo mundo (regiões tropicais). Morfologia Ovo: - Cor castanha (casa fina e transparente); - Ovos parecidos de Ancylostoma e Necator; - Desenvolvimento no solo, eclodindo em 24 - 48h, no meio externo favorável; - Viabilidade 1-1,5 ano. Larva - Desenvolvimento no solo (L1, L2, L3) e no hospedeiro (L4 e L5); - Larva Rabdtóide (L1 e L2): larva originada da eclosão do ovo no ambiente. Se alimenta de bactérias e matéria orgânica; - Larva filarióide (L3): Forma infectante. Vive cerca de 2 semanas. Se alimenta de reserva nutricional. Verme adulto - Dimorfismo sexual; - Fêmea: 1 cm; - Macho: um pouco menor. Machos possuem bolsa copuladora na extremidade; - Vermes adultos de Necator são um pouco maiores. Formas - Forma ativa no homem = verme adulto; - Forma infectante ao homem = larva filarióide; - Forma diagnóstica = ovos; - Forma de resistência = ovos e larvas; Habitat do verme Intestino delgado Ciclo biológico - monoxeno. 1. Ovos liberados para o meio externo juntamente com as fezes; 2. Eclosão do ovo e liberação larva rabditóide; 3. Diferenciação em larva filarióide (infectante ao homem); Transmissão 1. Penetração ativa na pele (Ancylostomosa e Necator). Penetração 30 min (movimento/ cápsula bucal, enzimas). 2. Penetração via oral (Ancylostoma). 3. Penetração via corrente sanguínea ou linfática/ coração / pulmões (L4) /alvéolos / bronquíolos / traqueia / laringe / faringe / larvas deglutidas / estômago / intestino delgado (L5 e vermes adultos). 4. Penetração oral = boca / estômago / intestino delgado (L4, L5 e vermes adultos). No Intestino delgado ocorre a copulação e oviposição da fêmea (Ancylostoma: 20-30 mil ovos, Necator: 9mil ovos). Patogênese e manifestações clínicas Pele - penetração da larva; - forma aguda; - prurido (lesão papulo-eritematosa, edemaciada dermatite alérgica); Pulmões - migração da larva; - forma aguda; - tosse seca com ou sem expectoração, febre; - sinais radiológicos de síndrome de Loefler; - eosinofilia sanguínea e pulmonar; Intestino - hematofagismo dos vermes adulto (pode se estender à fase crônica - relação com o estado nutricional do hospedeiro). - lesão da mucosa intestinal = dilaceração de fragmentos de mucosa (material necrosado e parcialmente digerido é ingerido pelo verme, juntamente com o sangue). Muda de lugar e repete a agressão (problemática de infecção secundária). Infecção intensa: mucosa edemaciada com infiltrado leucocitário (principalmente eosinófilo). Exame radiológico evidencia apagamento das pregas da mucosa. Mal estar, dor abdominal na região epigástrica, anorexia, náuseas, vômitos, cólica, diarreia. - espoliação sanguínea = secreta substância anticoagulante, facilitando a perda de sangue. Varia com a carga parasitária (100-1000 vermes: 10-30mL/dia). - forma crônica = parasitismo ao longo dos anos por reinfecções / intenso hematofagismo / gravidade da doença está relacionada ao estado nutricional do hospedeiro (carência de ferro na dieta é decisivo para que se esgotem a reserva desse metal no organismo, desencadeando a anemia). Hemograma indica anemia: Palidez, conjuntivas e mucosas descoradas, cansaço fácil, desânimo, fraqueza, tonturas, dor muscular, apatia, mudança na personalidade (características do personagem jeca-tatu). Fatores de virulência Placa bucal Resposta imune Th2 Diagnóstico Exame parasitológico de fezes (pesquisa de ovos). O exame de fezes não permite identificar o gênero e a espécie do agente etiológico, pois os ovos são morfologicamente semelhantes. Tratamento - Específico (anti-helmínticos.Ex.: Albendazol, Mebendazol, Levamizol etc.). Medicamento de baixo custo. Anti-helmíntico não matam larvas nos pulmões, podendo ocorrer a reinfecção. - Albendazol: inibe a formação de microtúbulos - Mebendazol: anti-helmíntico de amplo espectro; compromete a captação de glicose. - Necessário um 2° tratamento após 20 dias do primeiro. - De suporte (reversão da anemia – melhora da dieta) Profilaxia - Saneamento Básico; - Educação sanitária; - Destino seguro das fezes humanas; - Higienizar as mãos e alimentos crus, beber água filtrada ou previamente fervida (transmissão oral); - Usar calçados e luvas quando manusear o solo (transmissão pela pele). Ascaris lumbricoides Nome da doença Ascaridiose, Ascaridíase, Ascaríase, Lombriga, “Bicha”. Nome dos agentes etimológicos - Ascaris lumbricoides; - Ascaris suum (parasito do porco); - Nematelminto (tipo de helminto com corpo cilíndrico); - Tipo de geo-helminto. Nome das morfologias do Ascaris lumbricoides Ovo - Microscópico/Cor castanha / Oval; - Adesão à superfície, propiciando sua disseminação. Não são removidos com facilidade; - Ovos resistentes a maioria dos desinfetantes e antiparasitários; - Viabilidade: 1 ano, em média. Larva - Sofre mudas (amadurecimento) L1, L2, L3, L4 e L5; - L3: Larva infectante (filarióide), presente dentro do ovo; Verme adulto - Longo, cilíndrico e com extremidade afilada, coloração leitosa; - Há dimorfismo sexual. Fêmea (maior e mais robusta): 30-40 cm / 3-6 mm diâmetro. Macho (enrolamento na extremidade com espículas): 20-30 cm / 2-4 mm diâmetro; - Longevidade: 1 a 2 anos; - Lábios com dentículos - Obs.: O tamanho pode variar de acordo com a carga parasitária e estado nutricional do hospedeiro Formas Ascaris lumbricoides é anaeróbio facultativo. - Forma ativa no homem = verme adulto (metabolismo em anaerobiose praticamente, devido à escassez de O2 no intestino delgado) - Forma infectante ao homem = larva L3 (metabolismo em aerobiose). - Forma diagnóstica/ resistência = Ovo (metabolismo em aerobiose).. Transmissão Oral - Frutas, hortaliças e água contaminados com ovos embrionados (ovo com larva L3); - Contato fecal-oral (ex.: mãos contaminadas com ovos com a larva L3 são levadas até a boca); - Papel dos vetores mecânicos (moscas, baratas etc.) Ciclo biológico 1. Ovos não embrionados são eliminados, através da fezes, no meio ambiente (200.000- 1 milhão de ovos por dia, em média). 27 milhões de ovos no útero de uma fêmea grávida! 2. Amadurecimento da larva dentro do ovo fértil, mediante condições favoráveis de temperatura, umidade e oxigênio; 3. Amadurecimento da larva dentro do ovo fértil. Larva L1 evolui para L2. 4. Amadurecimento da larva dentro do ovo fértil. L2 evolui para L3 – filarióide (forma infectante). Ovos férteis se tornam embrionados (amadurecimento da larva até chegar na condição de larva L3). 5. Ingestão de ovos com a larva L3 6. Rompimento dos ovos no intestino delgado e liberação das larvas L3 7. Larvas L3 invadem parede intestinal (ceco), atingem vasos linfáticos, veia mesentéria superior, fígado, coração e pulmão. No pulmão: L3-L4. Nos alvéolos pulmonares: L4-L5. Migração L5 para brônquio, traqueia, laringe e faringe. Expulsão da larva por expectoração ou deglutição da mesma 8. L5 deglutida atinge o intestino delgado e evolui para forma adulta (macho ou fêmea), copulam e fazem a oviposição. Os ovos, ainda não embrionados, serão eliminados pelas fezes Síndrome de Loeffler e a patogênese causada por larvas de Ascaris lumbricoides Passagem das larvas pelos pulmões que causa: febre, tosse produtiva , dispneia, pneumonia eosinofílica (presença de eosinófilo no aspirado broncoalveolar) e eosinofilia no hemograma, pneumonite difusa (descamação do epitélio alveolar, presença de exsudato nos alvéolos e bronquíolos dilatados). As lesões teciduais são causadas por parasitos e hospedeiros: - Parasito (ação traumática: pontos hemorrágicos/necrose e ação alérgica: hipersensibilidade Tipo I); - Hospedeiro: resposta imune contra as larvas (inflamação); Características clínicas: - Febre, dispneia; - Asma e urticária (processo alérgico); - Tosse produtiva, podendo ser mucosanguinolenta e apresentar larvas; - Edemaciação dos alvéolos ou ruptura; - Pontos hemorrágicos nos pulmões;- Bronquite; - Pneumonia; - Pneumonite. Exame de imagem - Focos de consolidação bilaterais nos lobos superiores, achado atípico, mas consistente com inflamação. Este padrão radiológico perihilar pode ser sugestivo de pneumonia eosinofílica. Manifestações clínicas Vermes adultos Habitat (local de reprodução): intestino delgado (jejuno e íleo) Infecção de baixa intensidade (3-4 vermes adultos): sem alteração Infecção de alta intensidade (30-40 vermes adultos) ou maciças (100): - Ação espoliativa: consumo de nutrientes; - Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e IgE (edema, urticária e convulsões); - Ação mecânica: irritação na parede intestinal - Localização ectópica: deslocamento do verme adulto, do intestino delgado, para outras regiões, como ductos colédoco e pancreático, boca, narinas, apêndice etc. Pano - Quadro clínico comum em crianças = manchas circulares no rosto, tronco e braços. Fatores de virulência - Enzimas (digestão de proteínas, lipídeos e carboidratos do alimentos semidigeridos); - Atividade contínua (movem-se contra o peristaltismo); - Lábios com dentículos (fixação à mucosa intestinal) Imunidade - Resposta imune significativa contra estágios larvários iniciais nos pulmões; - Larvas tardias e vermes adultos são pouco antigênicos (produção de anticorpos não protetores); - Há evidências que a resposta imune contra o A. lumbricodes é mais alérgica do que protetora / reação de hipersensibilidade tipo I (altas concentrações de IgE, desgranulação de mastócitos, urticária, problemas respiratórios); - Presença de eosinófilos no sangue e tecidos; - Presença de neutrófilos; - Resposta imune adaptativa celular Th2, principalmente; Diagnóstico - Clínico: inconclusivo - Parasitológico/complementar: pesquisa de ovos nas fezes (exame direto). Encontrados com 40 dias após contaminação; - Eliminação diária de ovos Tratamento - Medicamentos: Albendazol, Mebendazol, Ivermectina, Levamisol, Pirantel etc. - Agem nos vermes adultos / não agem em larvas (repetir dose) /poucos com ação ovicida (Tiabendazol) - Obstrução intestinal: Piperazina (paralisa os vermes adultos) / laparotomia; - Atenção à alimentação (organismo debilitado); - Sonda nasogástrica; - Tratamento complementar com plantas medicinais (Paico). Necessita mais estudos. Profilaxia - Educação sanitária; - Saneamento Básico; - Tratamento do indivíduo infectado; - Proteção e higienização dos alimentos; - Higienização das mãos; - Tomar água potável; Enterobius vermiculares Nome da doença Entreobiose, Oxíuro, lagartinha. Nomes dos agentes etiológicos - Enterobius vermiculares (antigo Oxyurius vermiculares); - Nematelminto (tipo de helminto com corpo cilíndrico). Nome das morfologias do Enterobius vermiculares. - Ovo; Ovos leves e que tornam- se infectante muito rápido:A infectividade rápida de ovos e sua presença em poeira permitem a disseminação rápida da doença nos membros da família do indivíduo infectado e em ambientes coletivos fechados, onde possuem indivíduos com Enterobiose. - Larvas (L1, L2, L3, L4 e L5); - Vermes adultos macho e fêmea Transmissão Heteroinfecção - Os ovos presentes na poeira ou alimentos, eliminados por um determinado hospedeiro, atingem um novo hospedeiro; Retroinfecção - Na região perianal, as larvas são liberadas dos ovos, penetram no ânus, migram para o ceco e transformam-se em vermes adultos; Autoinfecção externa direta - Os ovos presentes na região perianal são levados à boca do mesmo indivíduo, através de suas mãos não higienizadas devidamente; Autoinfecção externa indireta - Os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou; Autoinfecção interna - ainda no reto, as larvas são liberadas dos ovos, migram até o ceco e transformam- se em vermes adultos (processo raro). Ciclo biológico 1. O ser humano elimina, através das fezes, os ovos para o meio ambiente, que se tornam infectantes rapidamente; 2. Os ovos infectantes, por via oral, atingem o ser humano, podendo ser o mesmo indivíduo ou indivíduos diferentes; 3. No intestino delgado (duodeno), as larvas são liberadas dos ovos e continuam seu desenvolvimento nas regiões do jejuno e íleo; 4. No intestino grosso (ceco), as larvas se desenvolvem em vermes adultos machos e fêmeas, que realizam fecundação e permanecem no cólon. Em torno de 5 semanas após a transmissão, as fêmeas migram para a região perianal geralmente à noite e liberam, em média, 11.000 ovos, sendo que a maioria deles ficam retidos na região perianal e outros são misturados nas fezes. Patogênese e manifestações clínicas Infecções de baixa intensidade: - assintomática / nenhuma alteração Infecções intensas - Náuseas, vômitos, cólica e tenesmo - PRURIDO ANAL característico, que exacerba à noite devido ao calor do local onde o parasita se movimenta. Perturbação do sono, nervosismo e irritabilidade. - MULHERES: Presença do verme na região genital feminina (erotismo) – prurido vulvar, vaginites e ovarite Infecções mais intensas com ↑ parasitas - Colite crônica. Produção de fezes diarreicas, perda de apetite e emagrecimento. Fatores de virulência - Enzimas: (digestão de proteínas, lipídeos e carboidratos do alimentos semidigeridos); - Atividade contínua (movem-se contra o peristaltismo); - Lábios com dentículos (fixação no intestino) . Imunidade - Resposta imune significativa contra estágios larvários no intestino (mudas): alto poder antígenos: resposta inflamatória nos intestinos. - Movimentação da fêmea para o reto + liberação de enzimas + eclosão dos ovos: ↑[ proteínas antigênicas]: Inflamação local: (ativação de mastócitos): prurido anal (coceira) e eritema - Componentes imunológicos: neutrófilo, eosinófilo significativo no sangue e tecido, mastócito, IgA, IgE e secreção de muco: hipersensibilidade tipo I. Diagnóstico - Clínico: inconclusivo. Prurido anal noturno (suspeita clínica); - Complementar: pesquisa de ovos e fêmeas adultas nas fezes / Método do swab anal ou fita gomada (mais eficiente) – ovos aderidos à região perianal. Tratamento - Anti-helmínticos: Albendazol, Mebendazol, Pirantel etc. (repetir dose). - Anti-inflamatórios e anti-histamínicos (prurido). Profilaxia - Higienização das mãos e alimentos crus; - Corte das unhas; - Tratamento do indivíduo infectado e membros da família; - Não sacudir roupas de cama, lavar roupas de cama em água fervente e limpar a casa com aspirador de pó ou pano úmido (não varrer); - Educação em saúde.
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