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Desastres ambientais no Brasil: qual o preço do desenvolvimento humano? No livro “Ensaio sobre a cegueira”, do escritor português José Saramago, é sintetizada a falta de sensibilidade da população perante os impasses sociais, éticos e morais existentes na sociedade. Com essa abordagem, a obra revela a forma despreocupada com que muitos indivíduos lidam com situações problemáticas, nesse caso, os desastres ambientais que assolam o Brasil. Dessa forma, seja pela visão consumista que, muitas vezes, anula a preservação do meio ambiente, seja pela negligência estatal na regulamentação da educação ambiental no corpo social, surge o questionamento: qual o preço do desenvolvimento humano? Nesse contexto, é válido ressaltar que o estilo de vida consumista das pessoas termina por considerar indissociáveis os atos de compras e o exercício de cidadão em relação ao meio ambiente. No filme norte-americano “Delírios de consumo de Becky Bloom”, é retratada a maneira como Rebecca Bloom, protagonista da obra, é viciada em comprar roupas novas sem precisar e sem se importar com as consequências que suas ações terão para o meio ambiente. À vista disso, pode-se afirmar que essa relação de alienação existente entre o mercado e o consumidor, sem nenhuma consciência ambiental, faz com que as ações antrópicas provoquem grandes alterações no meio ambiente e, consequentemente, desencadeiem um cenário de extrema preocupação marcado, principalmente, pela poluição, pela destruição de vegetações, pela morte de milhares de espécies de animais e, também, por muito mais. Assim, a fim de romper com os impactos ambientais no cenário brasileiro, faz-se necessário aprofundar a consciência ecológica na sociedade. Além disso, cabe pontuar que o desamparo estatal em educação ambiental eficiente faz com que essa problemática seja, cada vez mais, perpetuada. A Constituição Federal de 1988 elenca, em um de seus artigos, o dever público e coletivo na defesa e preservação ecológica, inclusive, a partir da educação. Entretanto, é perceptível que, infelizmente, esse direito não é garantido na prática, fato que pode ser comprovado com a carente educação ambiental inserida no país, cujo debate é limitado às datas comemorativas – como, por exemplo, o Dia Mundial da Água e o Dia Mundial do Meio Ambiente – e, por conseguinte, não contribui com a formação crítica do indivíduo enquanto ser humano, estudante e profissional que visa à construção de uma sociedade pautada na responsabilidade e na educação ecológica. Logo, é nítida a urgência de uma forma para solucionar a problemática. Sendo assim, é incontestável que, devido ao consumismo e a ineficácia estatal em garantir uma educação ambiental coerente e eficaz, o preço do desenvolvimento humano acaba por ser bastante alto e, desse modo, afeta o meio ambiente. Portanto, a fim de construir uma sociedade consciente em relação aos perigos dos desastres ambientais, o Ministério do Meio Ambiente, em ação conjunta com o Ministério da Educação, deve, por meio de verbas governamentais, promover campanhas midiáticas e televisivas que informem a população sobre a necessidade de adotar medidas sustentáveis e, mais ainda, inserir na grade curricular da rede de ensino – pública e privada – seminários e aulas extracurriculares sobre educação ambiental. Concomitantemente, com o intuito de garantir o desenvolvimento ambiental de forma segura e sem impactos negativos, faz-se necessário que o Ministério Público, juntamente com o Poder Legislativo, faça a manutenção de leis ambientais e fiscalize empresas que exploram recursos naturais. Somente assim, casos como o de Rebecca serão reduzidos e a preservação ambiental no Brasil será realizada de forma ideal. Redação escrita por Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes