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TEORIAS CONTEMPORANEAS DAS RI - APOL 1 - SEGUNDA TENTATIVA

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Questão 1/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A aproximação entre os Estudos de Gênero e as Relações Internacionais1 acontece no contexto do chamado "terceiro debate" em RI. Este artigo tratará da trajetória desse encontro a partir da perspectiva das RI. O objetivo será, além de construir um panorama das diversas abordagens feministas para as relações internacionais, demonstrar a forma pela qual o surgimento da reflexão pós-positivista em RI será responsável por abrir o espaço, na disciplina, necessário à aplicação do gênero como categoria de análise” (Monte, 2013, p. 59).
Fonte: Monte, Izadora Xavier do. O debate e os debates: abordagens feministas para as relações internacionais. Revista Estudos Feministas [online]. 2013, v. 21, n. 1, pp. 59-80. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100004>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, duas contribuições das teorias feministas para as teorias das Relações Internacionais:
Nota: 0.0
	
	A
	O feminismo contribuiu para a sofisticação metodológica das teorias em Relações Internacionais ao trazer o uso contínuo de análise estatística para a compreensão da violência contra a mulher e implementar o teste de hipótese como o modelo analítico disciplinar.
	
	B
	O feminismo possibilitou o aumento de estudantes em Relações Internacionais, uma vez que a sua inclusão na área acabou atraindo pesquisadoras mulheres e permitiu a inclusão dos estudos sociológicos sobre violência doméstica na alta política internacional.
	
	C
	O feminismo ampliou as possibilidades analíticas nas Relações Internacionais com o estudo dos mecanismos de invisibilização das mulheres na política internacional e com a operacionalização do gênero como categoria analítica fundamental na disciplina.
Resumidamente, o feminismo ampliou as possibilidades analíticas da disciplina em duas direções: primeiramente, na do estudo dos mecanismos de invisibilização das mulheres na política internacional; em segundo lugar, na operacionalização do gênero como categoria analítica fundamental para as Relações Internacionais. Em relação ao primeiro ponto, Cynthia Enloe (1989, p. 1) lança uma pergunta e uma provocação à área: onde estariam as mulheres na política internacional? Tal ausência leva a autora a questionar os pressupostos das teorias dominantes e a maneira como elas constroem a noção de “internacional”, objeto de reflexão da disciplina. Ao excluir aquilo que é considerado “privado”, “doméstico”, “local” ou “trivial”, tais teorias apagam as mulheres – suas experiências, ações e ideias – das análises presentes na disciplina. A contribuição feminista, aqui, reside justamente na inclusão do “pessoal” e do “privado” nas agendas de pesquisa, mostrando como eles constituem e são também constituídos pelo internacional (ENLOE, 1989, p. 343). Uma segunda direção em que a abordagem feminista ampliou as possibilidades analíticas da área diz respeito à operacionalização da categoria “gênero” como dimensão central da política internacional. Os trabalhos guiados por essa preocupação compõem o que Jacqui True denominou como “segunda geração” dos estudos feministas na disciplina (TRUE, 2005, p. 216), centrados no desvelamento do caráter genderizado das estruturas e dinâmicas internacionais (TICKNER, 2001, p. 278).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 4: “Andrew Linklater”.
	
	D
	O feminismo pluralizou a atuação política das teorias de Relações Internacionais por conta da inclusão de mulheres pesquisadoras nas Relações Internacionais e pela criação de grupos de apoio para mulheres vítimas de violência de guerra.
	
	E
	O feminismo fomentou a o tom revolucionário das teorias das Relações Internacionais por meio da inclusão do termo subalterno para a pesquisa e a crítica ao papel dos processos de colonização para a constituição do patriarcado burguês.
Questão 2/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto a seguir:
“Desde a última década do século XX, os debates teóricos no âmbito das Relações Internacionais caracterizam-se pela crescente presença de abordagens que questionam as teorias positivistas, principalmente o neorrealismo. Dentre as críticas produzidas por essas novas perspectivas, dois grandes grupos podem ser destacados: autores construtivistas, que aceitam elementos das abordagens tradicionais, mas acrescentam variáveis mais subjetivas às análises, e autores que relativizam de maneira radical as perspectivas mainstream a partir de um marco pós-estruturalista. Estes últimos extrapolam os limites do conceito de estrutura e analisam fenômenos identificando aberturas e instabilidades que produzem um constante fluxo de sentidos em relação ao objeto estudado” (Mendes, 2015, p. 46).
Fonte: Mendes, Cristiano. Pós-estruturalismo e a crítica como repetição. Revista Brasileira de Ciências Sociais [online]. 2015, v. 30, n. 88, pp. 45-59. Disponível em: <https://doi.org/10.17666/308845-59/2015>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma das principais contribuições da abordagem pós-estruturalista para as Relações Internacionais:
Nota: 0.0
	
	A
	A busca pela compreensão do funcionamento das estruturas internacionais pelos pós-estruturalistas, bem como das suas consequências para os atores políticos neste espaço, permitiu a construção de uma série de conceitos de caráter prescritivo e normativo nas Relações Internacionais.
	
	B
	A preocupação pós-estruturalista com as relações entre conhecimento e poder possibilitou a problematização da centralidade teórica do Estado nas Relações Internacionais e dos seus efeitos para a realidade internacional.
A partir do final dos anos 1980 e começo da década seguinte, as contribuições dessa nova filosofia, sobretudo francesa, começou a encontrar eco nas produções de autores e autoras da área, por meio de trabalhos como os de Richard Ashley (1981; 1984), James Der Derian (1987), Michael Shapiro (1988) e R. B. J. Walker (1987; 1995) (CAMPBELL, 2010, p. 226). Inicialmente, tais trabalhos baseavam-se em problematizações de cunho majoritariamente meta-teórico, quer dizer, questionando o próprio processo de construção de conhecimento na área, seus pressupostos e fundamentos implícitos. Um exemplo de tais problematizações, é aquela em relação ao caráter “estadocêntrico” das teorias tradicionais, como a realista: “[o pós-estruturalismo começou] questionando como o Estado passou a ser considerado o ator mais importante na política mundial, e como o Estado passou a ser entendido como um ator unitário e racional” (ibidem). Tratava-se, assim, de desnaturalizar a centralidade teórica do Estado, indagando inclusive por meio de quais práticas estatais o Estado colaborava para manter a visão a respeito de sua importância (ibidem). Após esse primeiro momento, em que a atenção das abordagens pós-estruturalistas esteve centrada nos pressupostos e fundamentos meta-teóricos da disciplina, outros fenômenos e aspectos da realidade internacional passaram a ser problematizados. Ainda que muito variada, a produção desse novo momento pode ser descrita como possuindo os seguintes elementos: “1) uma preocupação fundamental com a relação entre poder e conhecimento; 2) o emprego de metodologias pós-positivistas, como a desconstrução e a genealogia; 3) um engajamento crítico com o papel do Estado e com questões relacionadas a fronteiras, violência e identidade; e 4) a necessidade resultante de repensar fundamentalmente a relação entre política e ética” (BLEIKER, 2007, p. 91).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 2: “O Pós-Estruturalismo em Relações Internacionais”.
	
	C
	A centralidade concedida pelo pós-estruturalismoao estudo do problema agência e estrutura corroborou para a consolidação de uma leitura despolitizada e sincrônica sobre os fenômenos, processos e atores internacionais.
	
	D
	A coerência interna dos conceitos trabalhados pela teoria pós-estruturalista possibilitou a constituição de análises marcadamente objetivas das relações internacionais e amplamente conectadas ao idealismo.
	
	E
	A relevância dada à teoria normativa pelos pós-estruturalistas permitiu a ascensão de concepções abertamente revisionistas e orientadas para resultados concretos nas Relações Internacionais.
Questão 3/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“O pensamento frankfurtiano imprimiu um impacto profundo sobre a produção científica nas ciências sociais já nas primeiras décadas do século XX. Contudo, as discussões epistemológicas que vieram à tona há muito se mantiveram além das fronteiras das Relações Internacionais. Desde sua gênese, as controvérsias que nutriam o desenvolvimento desse campo de estudo eram assaz estreitas, se vistas a partir das questões a serem levantadas pela teoria crítica. O primeiro debate (realismo político versus idealismo) foi protagonizado por correntes que talvez tivessem muito mais semelhanças do que diferenças no que se refere aos fundamentos epistemológicos. O chamado segundo debate (tradicionalistas versus comportamentalistas/cientificistas), embora também conhecido como um debate metodológico, só fez sentido por apartar metodologias que também traziam similitudes epistemológicas. Por fim, o terceiro debate é, ele próprio, motivo de debate: para uns, divide neo-realistas e neoliberais; para outros, neo-realistas e globalistas; para outros ainda, epistemologias positivistas e pós-positivistas. Portanto, não seria exagero afirmar que um verdadeiro debate metateórico se inicia com a teoria crítica” (Silva, 2005, p. 255).
Fonte: Silva, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 249-282. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292005000200001>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, análise as afirmações abaixo, que tratam dos pressupostos fundamentais da Teoria Crítica nas Relações Internacionais:
I. Para a Teoria Crítica, o realismo e o liberalismo são teorias “tradicionais”, ou de resolução de problemas, uma vez que não são capazes de problematizar a atividade de teorização como parte do processo de produção material da vida e de constituição de uma certa ordem social.
II. Segundo os teóricos críticos, é preciso enfatizar o fato de que as teorias sempre são relativas a um determinado tempo e lugar, carregando consigo – ainda que de forma não intencional – uma visão de mundo ou normatividade inerentes.
III. De acordo com a Teoria crítica, uma análise sobre a estrutura da ordem mundial precisa incorporar o estudo sobre os processos históricos e dar ênfase aos processos de mudança.
IV. Na Teoria Crítica, a análise da ordem mundial deve ser empreendida de cima para baixo, observando como as elites transnacionais impõem à sua ideologia e o seu modo de produção às classes sociais mais periféricas.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 0.0
	
	A
	Apenas as afirmativas I e II estão corretas
	
	B
	Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
	
	C
	Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
	
	D
	Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
A afirmação I está correta, uma vez que a teoria crítica nas Relações Internacionais se contrapõe às teorias dominantes da área, em especial aos pressupostos positivistas em que elas se embasam. A crítica a esses pressupostos segue a linhagem argumentativa do marxismo clássico e de Horkheimer: realismo e liberalismo seriam teorias “tradicionais”, no sentido de serem incapazes de problematizar a própria atividade de teorização, pertencente – como todas as atividades humanas – ao processo global de produção material da vida e, também, à constituição de uma certa ordem social. Nesse sentido, Robert Cox nomeia as teorias tradicionais da área como “teorias de solução de problemas”, ou seja, como produções intelectuais que se deixam guiar de maneira irrefletida por problemas e questões de pesquisa oriundos do senso comum ou de uma visão naturalizada acerca da realidade internacional. De maneira intencional ou não, argumenta Cox, elas acabariam por sustentar a ordem existente, ao reproduzir, de maneira acrítica, pressupostos e vieses oriundos do próprio objeto a ser estudado (COX, 1986). Em resumo, as premissas básicas da teoria críticas nas Relações Internacionais podem ser agrupadas da seguinte forma: (1) a análise da estrutura da ordem mundial deve incorporar a pesquisa histórica e a ênfase nos processos de mudança – como, por exemplo, na natureza dos Estados, de modo que a afirmação III está correta; (2) essa estrutura histórica constitui-se de condições materiais, mas também de padrões de pensamento e de instituições criadas pelos atores. A análise dela, portanto, deve ser feita “a partir de baixo”, olhando para os processos socioeconômicos e para as dinâmicas internas dos países, cujos efeitos produzem mudanças na ordem internacional, de modo que a afirmação IV está incorreta; (3) as teorias produzidas na área serão sempre relativas a um determinado tempo e lugar, carregando, de maneira mais ou menos explícita, uma visão de mundo ou normatividade inerentes, de modo que a afirmação II está correta (PEREIRA, BLANCO, 2021).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 2: “Pressupostos Fundamentais da Teoria Crítica nas Relações Internacionais”.
	
	E
	Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
Questão 4/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“[...] as teorias de RI não interessam tanto pelas substanciais explicações sobre as condições políticas no mundo moderno, mas sim como expressão dos limites da imaginação política contemporânea quando confrontadas com persistentes e evidentes transformações estruturais e históricas. Elas podem ser interpretadas […] como expressões de um entendimento historicamente específico do caráter e da localização da vida política em geral. (Walker, 2013, p. 22) ”
Fonte: Walker, R. B. J. Inside/Outside: Relações Internacionais como teoria política. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RIO: Ed. Apicuri, 2013.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e o trecho do livro ‘Inside/Outside: Relações Internacionais como teoria política’, de R. B. J. Walker, análise as afirmações abaixo, sobre as principais contribuições do pós-estruturalismo às Relações Internacionais:
I. O pós-estruturalismo possibilitou a redefinição do papel da teorização nas Relações Internacionais, de modo que a conexão entre a produção do conhecimento na área e as relações de poder passassem a ser problematizadas e visualizadas pelos pesquisadores.
II. Os conceitos de discurso, de Michel Foucault, e texto e textualidade, de Jacques Derrida, contribuíram para uma compreensão mais apurada sobre o papel e a função da linguagem na vida social e política, incluindo a realidade internacional.
III. A crítica pós-estruturalista às concepções de subjetividade e sujeito permitiram que o indivíduo fosse compreendido, essencialmente, a partir da sua capacidade de pensar e raciocinar sobre os fenômenos de modo objetivo.
IV. A problematização pós-estruturalista não apenas faz com que se questione como determinadas teorias e conceitos consolidam-se na disciplina de Relações Internacionais, mas possibilita a observação de “soluções” e cursos de ação alternativos invisibilizados pelas teorias tradicionais.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 0.0
	
	A
	Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
	
	B
	Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
Como foipossível observar na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, as abordagens pós-estruturalistas representaram um vetor importante de pluralização epistemológica e teórico-metodológica para as Relações Internacionais, ao questionar as bases positivistas sobre as quais as escolas hegemônicas da área, como realismo e idealismo, se assentaram. Entre as principais inovações trazidas por essas novas abordagens, pode-se destacar: (a) uma redefinição do papel da teorização, a quem caberia menos a produção de um modelo preditivo do comportamento dos atores internacionais, e mais uma problematização da própria relação entre tal teorização e as relações de poder da qual ela inevitavelmente faz parte – de modo que a afirmação I está correta; (b) a crítica à maneira tradicional, de matriz cartesiana, de se conceber o sujeito (jargão filosófico para designar a experiência mental do indivíduo ao tentar compreender o mundo que o cerca) e a subjetividade, dando ênfase ao ser humano como ser racional possibilitou a compreensão da influência do contexto histórico e das relações de poder sobre a construção da subjetividade – por conseguinte a afirmação III está incorreta; c) o papel da linguagem na vida social e política, incluindo aí a política internacional; (d) o conceito foucaultiano de “discurso”; (v) os conceitos de “texto” e “textualidade”, oriundos da obra de Derrida – de modo que a afirmação II está correta; (e) as inovações metodológicas representadas pelas estratégias textuais, pela genealogia e pela análise estética (PEREIRA, BLANCO, 2021). A noção de “problematização” pressupõe a reflexão crítica – seja por meio da análise historiográfica ou textual – acerca de como um determinado conjunto de temáticas (científicas, sociais ou políticas) passa a se configurar como um “problema”, quer dizer, como um enunciado sobre a realidade a respeito do qual é preciso refletir e buscar “soluções”. Assim, “ao invés de começar com uma pergunta de pesquisa que identifica os significados dos conceitos e explora as relações entre eles, [...] uma abordagem partindo da problematização reflete sobre por que problemas particulares emergiram em determinados momentos históricos” (MHURCHÚ, 2016, p. 107). Problematizar aquilo que em geral permanece como um pressuposto indiscutido leva, em Relações Internacionais, a um ganho de reflexividade por parte do analista, que passa a colocar sob o crivo da crítica os próprios instrumentos teóricos da pesquisa: os conceitos (soberania, anarquia, Estado), pressupostos teóricos (o Estado como unidade de análise da realidade internacional) e técnicos (a quantificação do poderio militar, por exemplo). Esse tipo de indagação reflexiva também permite retomar “soluções” e cursos de ação alternativos, muitas vezes bloqueados ou invisibilizados pela linguagem corrente (PEREIRA; BLANCO, 2021) – por conseguinte a afirmação IV está correta.
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 3: “Contribuições do Pós-Estruturalismo às Relações Internacionais: a relação entre poder e conhecimento e a crítica ao sujeito cartesiano”.
	
	C
	Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
	
	D
	Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
	
	E
	Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Questão 5/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A teoria crítica nas ciências sociais tem uma extensa tradição intelectual, representando, no princípio, uma variação do pensamento marxista do início dos anos 1920, particularmente vinculada à Escola de Frankfurt. O termo teoria crítica foi usado pela primeira vez em 1937 em um artigo de Max Horkheimer. Entre outros nomes ligados a essa corrente estão os de Theodore Adorno, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Em comum, entre outras coisas, todos eles possuíam uma mesma origem comum no pensamento marxista” (Silva, 2005, p. 251).
Fonte: Silva, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 249-282. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292005000200001>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, como podemos definir uma teoria crítica:
Nota: 10.0
	
	A
	Uma teoria “crítica” precisa romper com a dicotomia tradicional entre “teoria” e “prática” e adotar um objetivo normativo emancipatório como guia da produção teórica.
Você acertou!
Como já mencionado, além de Gramsci – influência principal do tipo de teoria crítica desenvolvida por Robert Cox nas Relações Internacionais –, os intelectuais associados à chamada Escola de Frankfurt também se propuseram a reformular alguns dos argumentos do marxismo clássico, a fim de elaborar uma teoria social crítica, apta a analisar os desenvolvimentos históricos do capitalismo no século XX, e que influenciaria outra abordagem importante das Relações Internacionais, aquela associada a Andrew Linklater. A expressão “Escola de Frankfurt” se refere ao círculo de intelectuais cujos trabalhos e debates estiveram ligados ao Instituto para a Pesquisa Social, instituição acadêmica criada na década de 1920, na cidade alemã de Frankfurt, e dirigida inicialmente por Max Horkheimer (1895-1973). Foi justamente Horkheimer quem elaborou o programa mais detalhado do que seria uma teoria crítica da sociedade, em textos como o clássico “Teoria tradicional e teoria crítica”, publicado originalmente em 1937. Nesse trabalho, Horkheimer caracteriza as teorias tradicionais (incluindo aí a ciência e a filosofia contemporâneas) como produções intelectuais incapazes de se enxergar como parte da totalidade social, ou seja, como práticas que levam as marcas de sua condição social de produção: as da divisão social do trabalho e da estrutura de classes. Isso significa, continua ele, que a teoria, para ser “crítica”, precisa romper com a dicotomia tradicional entre “teoria” e “prática”, que nada mais seria do que a expressão, típica do capitalismo, da dicotomia entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. Sendo uma forma de ação sobre o mundo, toda teoria está, portanto, fadada a produzir efeitos de conservação ou de transformação desse mundo: daí a necessidade de se adotar um objetivo normativo emancipatório como guia para a produção teórica, em vez de adotar as premissas positivistas que apregoam uma suposta suspensão da normatividade (quer dizer: das crenças e dos valores do analista). Na visão de Horkheimer e da Escola de Frankfurt, a pretensa “objetividade” das teorias tradicionais seria uma forma de “conservadorismo”, uma aceitação irrefletida de problemas e objetos de pesquisa oriundos de uma realidade histórica particular (HORKHEIMER, 2003).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 1: “Por Que “Crítica”? As bases teóricas da Teoria Crítica em Relações Internacionais”.
	
	B
	Uma teoria “crítica” deve se orientar apenas pelo materialismo histórico e ressaltar que o modo de produção é um aspecto que limita todas as formas de organização social.
	
	C
	Uma teoria “crítica” precisa pautar a sua produção conceitual na objetividade científica, buscando estabelecer axiomas passiveis de testes de hipóteses e de generalização.
	
	D
	Uma teoria “crítica” deve concentrar a sua análise nos grandes processos revolucionários, destacando como estes podem contribuir para a evolução positiva do conhecimento científico.
	
	E
	Uma teoria “crítica” precisa determinar de forma precisa qual é o seu objeto de pesquisa e estabelecer parâmetros e modelos de análise que se afastam dos vieses políticos e sociais do pesquisador.
Questão 6/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto abaixo:
“É a partir de problematizações que um projeto de pesquisa se inicia. A atividade de pensar/construir a realidade implica interrogar o que seencontra instituído historicamente. Tal um arqueólogo, o pesquisador explora estratos teóricos com o intuito de encontrar restos que, quando atualizados, possam imprimir um movimento de virtualização aos estudos realizados. Um arqueólogo não sabe exatamente o que vai encontrar. Há a procura. Não se trata de encontrar uma verdade, mas de atualizar uma virtualidade. Nesse caso, a pesquisa busca a identificação de certas regras de formação dos enunciados, das proposições, de certa forma de colocação do problema. O procedimento de pesquisa é, ao mesmo tempo, produção de saber, construção de metodologia, elaboração de princípios, estabelecimento de resultados e invenção/construção processual do seu caminho, abandonando certas vias e criando outras. Tem-se associado a concepção de metodologia à utilização de estratégias formais que têm como modelo o campo das ciências naturais ou exatas. Mas o que entendemos por metodologia? A metodologia fala do como pesquisar. Mais do que uma descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, indica as opções e a leitura operacional que o pesquisador fez do quadro teórico utilizado” (Aragão, Barros e Oliveira, 2005, p. 19-20)
Fonte: Aragão, Elisabeth Maria; Barros, Maria Elisabeth Barros de; Oliveira, Sonia Pinto de. Falando de metodologia de pesquisa. Estudos e Pesquisa em Psicologia. 2005, vol.5, n.2, pp. 18-28. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812005000200003&lng=pt&nrm=iso>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e a importância da metodologia para a pesquisa científica, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, quatro estratégias metodológicas introduzidas nas Relações Internacionais pela abordagem pós-estruturalista:
Nota: 0.0
	
	A
	Análise de Conteúdo, Método Dedutivo, Análise Documental e Análise Bibliográfica.
	
	B
	Análise do Discurso, Método Descritivo, Técnica Estatística, Behaviorismo.
	
	C
	Método Hipotético Dedutivo, Estudo de Caso, Comparação e Bibliometria.
	
	D
	Historiografia, Método Dialético, Método Indutivo e Análise Cartesiana.
	
	E
	Leitura Dupla, Desconstrução, Análise Estética e Genealogia.
Além das já elencadas contribuições do pós-estruturalismo à problematização de alguns dos pressupostos subjacentes às teorias tradicionais das Relações Internacionais, autores como Derrida e Foucault também oferecem valiosas sugestões às estratégias metodológicas que pesquisadoras e pesquisadores da área podem empregar em suas pesquisas. Tais estratégias afastam-se, contudo, dos parâmetros positivistas de pesquisa e de ciência, guiando-se, ao contrário, pela tarefa de crítica e de desestabilização da presumida objetividade dos discursos acerca da realidade internacional, tendentes a naturalizar e universalizar características contingentes produzidas por processos históricos particulares. Entre tais estratégias metodológicas pós-estruturalistas, destacam-se as estratégias textuais propostas por Derrida, notadamente a “desconstrução” e a “leitura dupla”; a análise genealógica, presente nas obras finais de Michel Foucault; e a análise estética, elaborada sobretudo a partir dos trabalhos do também francês Jacques Rancière (2004).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 5: “Metodologias Pós-Estruturalistas para as Relações Internacionais”.
Questão 7/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“Na perspectiva de Laclau e Mouffe (2011), a linguagem é apenas um dos componentes da estrutura discursiva. O discurso possui, enquanto sistema, a sua evidente dimensão linguística, mas não se restringe aos atos de fala ou ao que está estritamente escrito, englobando também ações e relações que possuem significado social, sendo resultado de uma prática articulatória que constitui e organiza essas relações” (Oliveira, 2018, p. 6).
Fonte: Oliveira, Marcia Betânia de. Pós-estruturalismo e teoria do discurso: perspectivas teóricas para pesquisas sobre políticas de currículo*. Revista Brasileira de Educação [online]. 2018, v. 23. e230081. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-24782018230081>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que explica, corretamente, a importância da linguagem para a abordagem pós-estruturalista nas Relações Internacionais:
Nota: 0.0
	
	A
	A linguagem, por se conformar como o instrumento de representação das relações políticas, religiosas e sociais, é considerada como um aspecto que apenas importa nas situações nas quais os agentes internacionais manifestam, por meio de discursos formais, o seu posicionamento sobre dada temática.
	
	B
	A linguagem, por se constituir como um sistema de signos que molda a interpretação dos indivíduos sobre a realidade e o modo de se agir sobre ela, não possui uma função meramente representativa do mundo e da política, mas também é capaz de produzir e alterar a realidade internacional.
A visão convencional sobre a “linguagem” a define como “qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc.” (HOUAISS, 2009). Esses “signos” (as letras e as palavras que compõem este texto, por exemplo) funcionam como representações que evocam objetos, ações e fenômenos: a palavra “cavalo” evoca, na mente do leitor ou da leitora, a imagem do animal “cavalo”, ainda que este não esteja fisicamente presente. Daí a importância da linguagem para a sociabilidade humana: ela permite que se fale a respeito daquilo que não está imediatamente presente ou mesmo sobre aquilo que existe apenas na imaginação (a ideia de “nação” ou de “Estado”, por exemplo). Essa função “representacional” da linguagem – a capacidade que ela tem de “simular” ou “evocar” os objetos e as características da realidade – tem sido salientada e analisada pela tradição filosófica ao menos desde os gregos antigos. A novidade trazida pela abordagem pós-estruturalista é a de enxergar a linguagem para além dessa função representacional, ressaltando em vez disso o papel dela como produtora de alterações na própria realidade: nomear algo é interferir ativamente na realidade; é, em certo sentido, criar realidade (GOMES, 2011). Muito da realidade internacional, por exemplo, baseia-se em atos de nomeação e renomeação – de atores, situações e fenômenos: expressões como “anarquia”, “soberania”, “crise humanitária”, “direitos humanos”, “segurança internacional”, “terrorismo” etc. funcionam como instrumentos de produção de uma maneira específica de enxergar a realidade e, por essa via, de atuar sobre ela: “a nomeação de objetos no mundo é arbitrária e, além disso, o processo de nomeação produz o objeto nomeado como algo que é separado do continuum das coisas no mundo” (EDKINS, 2007, p. 91). A abordagem pós-estruturalista atribui, assim, um papel central à linguagem, como sistema de signos que molda a interpretação sobre a realidade e, dessa forma, a maneira como se age sobre ela: “o que é dito ou pensado depende do que uma língua específica, e o seu modo de ver o mundo, tornam possível dizer ou pensar” (ibidem).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 4: “Contribuições do Pós-Estruturalismo às Relações Internacionais: Linguagem, Discurso e Textualidade”.
	
	C
	A linguagem, por se conformar como um componente essencialmente cultural e diversificado em suas formas e signos, acaba potencializando os desentendimentos e as rivalidades entre os pesquisadores da disciplina de Relações Internacionais e atrapalhando a evolução da disciplina.
	
	D
	A linguagem, por se constituir no principal de mecanismo de mediação dos diferentes interesses dos seres humanos, possui a funcionalidade de organizar as relações entre os Estados no ambiente internacional e reforçar os laços de amizadepré-existentes.
	
	E
	A linguagem, por se conformar no veículo de transmissão das informações e representações acerca dos países em organismos internacionais, não possui uma função meramente descritiva do mundo, mas também o papel de conduzir interesses conflitantes.
Questão 8/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A teoria crítica internacional representa uma derivação do pensamento coxiano. Seu expoente cardeal, Andrew Linklater, tem sua trajetória acadêmica marcada por uma sintonia inicial com as idéias de Cox e uma marcante evolução rumo a uma temática alternativa. Para Devetak (1995), a tarefa da teoria crítica internacional, consoante Linklater (1996), seria fornecer uma teoria social da política mundial. Trata-se do alargamento do escopo tradicional das Relações Internacionais, não mais limitado por obsessões “estatocêntricas”. Em comunhão com as preocupações atinentes à transformação da realidade social e política, essa corrente deve muito às tentativas de reconstrução do materialismo histórico, em particular ao trabalho de Jürgen Habermas” (Silva, 2005, p. 269).
Fonte: Silva, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 249-282. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292005000200001>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma das preocupações mais centrais na teoria crítica de Andrew Linklater:
Nota: 10.0
	
	A
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a constituição de uma organização supranacional global capaz de controlar a economia internacional.
	
	B
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a constituição de um sistema solidário e de caráter intergovernamental de proteção ao meio ambiente.
	
	C
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a promoção das condições necessárias para a revolução do proletariado e fim do capitalismo.
	
	D
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a formação de uma comunidade global regida por uma ética cosmopolita.
Você acertou!
Enquanto Cox baseia-se em um conjunto de conceitos gramscianos a fim de construir um modelo analítico que busca descrever e explicar o funcionamento e, sobretudo, as transformações da ordem mundial – salientando as possibilidades de construção de ordens alternativas –, a teoria crítica de Linklater dedica-se, como ponto de partida, a questões de caráter normativo. Sua preocupação fundamental é a de imaginar, por meio do diálogo com a Teoria Política e com as Relações Internacionais, uma outra realidade internacional, em que os princípios de emancipação universal se encontrem realizados em novas institucionalidades. Mais especificamente, Linklater preocupa-se com a possibilidade de formação de uma comunidade global regida por uma ética cosmopolita. O “cosmopolitismo” designa a defesa filosófica de uma cidadania ligada ao pertencimento à espécie humana, e não mais baseada no pertencimento a um Estado nacional. Entre seus defensores, encontram-se desde filósofos da Grécia antiga (em especial aqueles ligados ao cinismo e ao estoicismo) até autores modernos, como Immanuel Kant (1724-1804). Foi este último que deu ao cosmopolitismo sua defesa mais notória, definindo-o como um senso de responsabilidade perante a violação de direitos em geral, ainda que esta ocorra fora dos limites do Estado nacional de um determinado cidadão. Kant projeta, com isso, o ideal de uma comunidade universal de indivíduos, cujos direitos de cidadania seriam assentados sobre o pertencimento a uma humanidade comum (HELD, 1995).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 4: “Andrew Linklater”.
	
	E
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a criação de uma polícia internacional para proteger as pessoas.
Questão 9/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“O moderno sistema de Estados que surge das ruínas do mundo feudal entre os séculos XV e XVII na Europa tem sido caracterizado como um sistema anárquico, no qual as unidades são soberanas. Mesmo que o modelo de soberania externa absoluta e a ausência de normas no sistema internacional tenha sido um ideal que a realidade da política internacional jamais confirmou, grande parte do debate entre diferentes correntes da disciplina de relações internacionais tem girado em torno do conceito de anarquia, das possibilidades de ordem, cooperação e ação coletiva nesse contexto. O pensamento em relações internacionais tem sido marcado pelo dilema da ordem ou da governabilidade em um sistema supostamente anárquico. A constituição do moderno sistema de Estados instaura este dilema, na medida em que estabelece o princípio da soberania nacional; o baixo grau de governabilidade no sistema internacional é a contraface do alto grau de respeito à autonomia do Estado em questões domésticas e externas” (Herz, 1997, p. 308).
Fonte: Herz, Mônica. Teoria das Relações Internacionais no Pós-Guerra Fria. Dados [online]. 1997, v. 40, n. 2, pp. 307-324. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0011-52581997000200006>.
Considerando o trecho citado acima e os conteúdos discutidos ao longo da disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, análise as assertivas abaixo, que tratam sobre o entendimento da teoria construtivista, em especial de Alexander Wendt, sobre a anarquia internacional:
I. Para os construtivistas a anarquia é o que Estados fazem dela, isto é, as características da estrutura internacional são resultantes da interação e dos entendimentos comuns construídos pelos agentes internacionais
PORQUE
II. os Estados possuem capacidade reflexiva, de modo que acumulam conhecimento ao longo do tempo e podem alterar os seus interesses e identidades em decorrência dos processos de socialização no ambiente internacional.
Avalie as assertivas acima e, depois, assinale a alternativa que faz a análise correta:
Nota: 0.0
	
	A
	As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I.
	
	B
	As asserções I e II são proposições falsas
	
	C
	As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I
A resposta correta é aquela que indica que as duas afirmações são verdadeiras e que a segunda asserção é uma justificativa da primeira. Enquanto realistas e neorrealistas naturalizam a “anarquia” como princípio fixo e imutável do sistema internacional – dada a ausência de algum tipo de governo mundial com capacidade de impor o cumprimento das regras e da ordem –, construtivistas a tratam como um resultado específico (entre outros possíveis) das interações e dos entendimentos comuns construídos pelos agentes de tal sistema: “A autoajuda e a política de poder são instituições e não características essenciais da anarquia. A anarquia é o que os estados fazem dela” (WENDT, 1992 p. 5, grifado no original). Esse debate a respeito da relação entre atores e o sistema do qual fazem parte tem sido um dos tópicos centrais da Teoria Social (justamente uma das fontes teóricas dos construtivistas) até os dias atuais, recebendo, nela, a designação de “debate agência/estrutura”. Em linhas gerais, debate-se quem deve ter precedência explicativa nos modelos teóricos, se os agentes – os indivíduos ou as coletividades tratadas como unidades individualizadas (empresa, Estado ou qualquer outro tipo de organização) – ou a estrutura que esses agentes integram. A chamada “teoria da estruturação”, do sociólogo britânico Anthony Giddens, é uma das várias tentativas, presentes na Teoria Social, de resposta ao problema agência/estrutura. Segundo Giddens, as estruturas designam os recursos e as regras envolvidas na produção e na reprodução de sistemas sociais (GIDDENS, 2009). Esses recursos e regras,contudo, não são elementos externos aos indivíduos, mas sim elementos internalizados pela via da socialização ou aprendizado social. Recursos e regras tornam-se, assim, capacidades e inclinações, as quais se externalizam na forma de comportamentos “estruturantes”, quer dizer, comportamentos que reforçam ou alteram as estruturas (recursos e regras) iniciais. Trata-se, portanto, de um processo de co-constituição, em que nem indivíduos nem estrutura possuem precedência ou preponderância explicativa (PEREIRA; BLANCO, 2021). Voltando às Relações Internacionais, a aplicação dessa noção de co-constituição resulta em uma visão do Estado como agente dotado da capacidade de promover mudanças na estrutura do sistema internacional. Sem essa capacidade, o Estado deixa de ser agente e se transforma em mero efeito da estrutura (anárquica) desse sistema, respondendo de maneira mecânica a ele (o comportamento autointeressado, centrado na segurança e na defesa, de acordo com realistas e neorrealistas) (ibidem). Na visão de Wendt, portanto, os Estados acumulam conhecimentos ao longo do tempo e são capazes de alterar interesses e identidades, construindo ativamente, por meio da interação com outros atores estatais, a estrutura característica da realidade internacional em dado momento. Em resumo, pode ser afirmado que, para os construtivistas, o comportamento dos Estados depende de “conhecimento compartilhado, do significado coletivo que eles atribuem à situação, de sua autoridade e legitimidade, das leis, instituições e recursos naturais que eles usam para achar seu caminho, de suas práticas, ou mesmo, algumas vezes, de sua criatividade conjunta” (Adler, 1999, p. 203).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 1: “O Construtivismo nas Relações Internacionais”.
	
	D
	A asserção I uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa
	
	E
	A asserção II uma proposição verdadeira, e a I é uma proposição falsa
Questão 10/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o trecho a seguir:
“Uma abordagem construtivista pode avançar muito em direção a uma explicação sistemática da mudança nas relações internacionais. Até um certo ponto, a construção social da realidade que leva a mudanças no significado e propósito coletivo aos objetos físicos é ela mesma um componente importante do processo de mudança. Tome-se como exemplo o fim da Guerra Fria, um poderoso evento que as abordagens tradicionais têm tido dificuldade de explicar, e certamente não previram. Torna-se cada vez mais claro que os eventos e fenômenos que pareciam ser "sistematicamente" sem importância, tal como o movimento de dissidência soviético e o acidente nuclear em Chernobyl, que tornou familiar os horrores do poder nuclear sem controle, deram espaço em poucos anos para consequências amplas e não previstas” (Adler, 1999, p. 231).
Fonte: Adler, Emanuel. O construtivismo no estudo das relações internacionais. Lua Nova: Revista de Cultura e Política [online]. 1999, n. 47, pp. 201-246. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-64451999000200011>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e o trecho citado acima, análise as afirmações abaixo que tratam dos pontos de divergência do construtivismo com o a teoria realista:
I. A caracterização realista do Estado, como um agente monolítico e de atuação universalmente orientada pelo autointeresse e pela garantia da própria sobrevivência, é rechaçada pelos autores construtivistas.
II. O construtivismo adota uma posição crítica à concepção realista de que a política mundial e as políticas domésticas dos Estados podem ser enquadradas como uma continuum de atuação, sem uma fronteira divisória clara.
III. O privilégio analítico concedido pelos realistas aos aspectos materiais da realidade internacional é criticado pelos construtivistas, uma vez que a compreensão sobre as relações entre os atores sociais também envolve incidência de constrangimentos econômicos.
IV. A compreensão realista de que a anarquia é uma condição natural e permanente do sistema internacional é negada pelos construtivistas, que entendem que os interesses e as identidades dos Estados podem se alterar e, como consequência, promover mudanças na estrutura internacional.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 0.0
	
	A
	Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
	
	B
	Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
	
	C
	Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
A resposta correta é aquela que indica que apenas as afirmações I e IV estão corretas. A afirmação I está correta porque os construtivistas se diferem dos realistas na maneira como os Estados são caracterizados pela visão tradicional, quer dizer, como atores cuja ação tem como princípio fundamental a sobrevivência e o autointeresse, sendo a segurança e a defesa os aspectos fundamentais de suas políticas. Os construtivistas, como Onuf e Kratochwill, colocam em xeque a própria centralidade dos Estados como unidades de análise básicas das relações internacionais. Wendt aceita essa premissa tradicional de centralidade, ainda que discorde da caracterização dos atores estatais como entidades guiadas universalmente pela sobrevivência e autointeresse e focadas nas questões de segurança e defesa, em detrimento da cooperação. A afirmação II está incorreta porque Onuf rompe com a separação estanque entre a política mundial e as políticas domésticas dos países, tal como apresentada pela teoria neorrealista de Kenneth Waltz, para quem a primeira seria caracterizada pela anarquia, e a segunda, pela hierarquia (PEREIRA; BLANCO, 2021). A afirmação III está incorreta porque, por mais que os construtivistas discordem da caracterização realista e neorrealista da realidade internacional, que privilegia os aspectos materiais dela (o poder e os recursos bélicos dos atores), os construtivistas não se concentram nos aspectos econômicos. Para Wendt, os “mundos material, subjetivo e intersubjetivo interagem na construção social da realidade” (ADLER, 1999, p. 216, grifado no original). O que significa dizer que não é possível, como fazem os realistas, tratar a dimensão material da realidade internacional, a do poder e das armas, como “um ponto de partida esvaziado de ideias” (WENDT, 2014, p. 53), quer dizer, como uma realidade imune à necessidade de interpretação típica das relações intersubjetivas. Assim como a relação entre duas subjetividades individuais demanda um processo de mútua interpretação, de entendimento comum a respeito do que está acontecendo, também a relação entre atores estatais envolve a incidência de elementos ideacionais – crenças, conjecturas, conhecimentos prévios etc. A afirmação IV está correta porque os construtivistas discordam da naturalização da “anarquia” como princípio imutável desta realidade internacional e, portanto, como principal variável explicativa do comportamento dos atores estatais – o que significa, na prática, a negação de qualquer “agência” ou autonomia de ação aos Estados, reduzidos por essa via a meros efeitos da estrutura (anárquica e desigual) do sistema internacional (PEREIRA; BLANCO, 2021).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 1: “O Construtivismo nas Relações Internacionais”.
	
	D
	Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
	
	E
	Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

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