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Curso de Graduação a Distância E-commerce (4 créditos – 80 horas) Autores: Teodomiro Fernandes da Silva Ricardo Alexandre Martins Garcia Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler: Pe. Ricardo Carlos Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profa. Rúbia Renata Marques Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica: Profa. Blanca Martín Salvago Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 www.virtual.ucdb.br UCDB -Universidade Católica Dom Bosco Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 CEP 79117-900 Campo Grande – MS SILVA, Teodomiro Fernandes; GARCIA, Ricardo Alexandre Martins. E-commerce / Teodomiro Fernandes da Silva; Ricardo Alexandre Martins Garcia. Campo Grande: UCDB, 2018. 64p. Segunda edição revisada em 2020. Palavras-chave: 1. Comércio eletrônico. 2. Tipos. 3. Pontos fortes. 4. Pontos fracos. 0221 3 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso. Elementos que integram o material Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul- trapassar o prazo máximo indicado pelo professor. Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro- fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo. Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar seu acesso aos materiais. Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: · Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas de comunicação e informação que o Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; · Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; · Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto a calendário, atividades, ferramentas da AVA, e outros; · Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante, organize o seu tempo; · Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza- gem, contando com a ajuda e colaboração de todos. 4 Objetivo Geral Proporcionar a descoberta dos processos de comércio pela internet e seus trâmites, considerando todas as características e detalhamento dos meios de viabilizar exportações e importações. Sumário UNIDADE 1 – INTERNET, SOCIEDADE E NEGÓCIOS ............................................. 09 1.1 O fenômeno internet ............................................................................................... 09 1.2 Efeito sobre os negócios .......................................................................................... 18 UNIDADE 2 – O QUE É E-COMMERCE .................................................................... 22 2.1 Conceitos ............................................................................................................... 22 2.2 E-commerce e comércio assistido eletronicamente ..................................................... 25 2.3 Categoria de comércio eletrônico segundo o tipo de transação .................................... 27 2.4 Varejo eletrônico ..................................................................................................... 28 UNIDADE 3 – PRINCIPAIS TIPOS DE COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................... 32 3.1 Business to Business (B2B) ...................................................................................... 32 3.2 Business to Consumer (B2C) .................................................................................... 37 3.3 Consumer to Consumer (C2C) .................................................................................. 38 3.4 E-government ......................................................................................................... 38 3.5 Redes e aplicações ponto a ponto............................................................................. 40 UNIDADE 4 - MODELOS DE NEGÓCIO NA INTERNET ............................................ 45 4.1 Comerciante ........................................................................................................... 45 4.2 Corretagem ............................................................................................................ 46 4.3 Publicidade ............................................................................................................. 48 4.4 Uma Outra Abordagem ............................................................................................ 49 UNIDADE 5 - ANÁLISE SWOT DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ................................. 52 5.1 Forças ou pontos fortes do comércio eletrônico ......................................................... 52 5.2 Fraquezas ou pontos fracos do comércio eletrônico .................................................... 54 5.3 Oportunidades ........................................................................................................ 55 5 5.4 Ameaças ................................................................................................................ 55 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 57 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ................................................................................. 60 Avaliação A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual. Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina. Critérios para composição da Média Semestral: Para compor a Média Semestral da disciplina, leva-se em conta o desempenho atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e na(s) prova(s), da seguinte forma: Somatória das notas recebidas nas atividades virtuais,somada à nota da prova, dividido por 2. Caso a disciplina possua mais de uma prova, será considerada a média entre as provas. Média Semestral: Somatória (Atividades Virtuais) + Média (Provas) / 2 Assim, se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova: MS = 7 + 5 / 2 = 6 Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a média de cada aluno, dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam fazer a Recuperação das Atividades Virtuais. Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. 6 Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5 / 2 = 5,5 (Aprovado). FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades: * Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). ** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** Atividade 2.1 Ferramenta: Tarefa online Atividade 3.1 Ferramenta: Tarefa online Atividade 4.1 Ferramenta: Tarefa online Atividade 5.1 Ferramenta: Tarefa online 7 BOAS VINDAS Este material didático apresenta o conteúdo da disciplina E-commerce. Vamos tratar sobre seus conceitos, apresentar alguns dados estatísticos atuais (logo estarão defasados), tipos e modelos de comércio eletrônico, orientações para quem deseja montar ou gerir um comércio eletrônico, recomendações aos consumidores e por fim uma análise SWOT do comércio eletrônico. Ao elaborar este documento tivemos a preocupação de procurar apresentá-lo de uma forma mais simples possível, não obstante a presença de muitos termos técnicos usuais e não raras vezes apresentados na língua inglesa. A não utilização de termos técnicos empobrece o conhecimento sobre esse assunto e, por isso, recomendamos utilizar, sempre que possível um dicionário específico para este tipo de assunto. Há dicionários on line à disposição para ampliar os nossos conhecimentos sobre o assunto e podem ser facilmente acessados. Entretanto, com o intuito de facilitar a aprendizagem, será postado um documento complementar a este material onde constam os principais termos técnicos utilizados. Muitos deles já têm o seu significado ao lado e outros são tão comuns que não vemos a necessidade de dar significado. Acreditamos que ao término da leitura atenta deste material você não será o mesmo. Acreditamos num olhar mais crítico, de mais curiosidade, de um maior envolvimento e acompanhamento da dinâmica do mundo moderno com suas tecnologias, inovações e contínua prosperidade. Não acompanhar a evolução do ambiente em que vivemos é morrer mais cedo distante de tudo e de todos. Falando nisso, você já fez compras pela internet? Tenha um excelente aproveitamento e muito sucesso!! 8 Pré-teste A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. Portanto, não fique preocupado (a) com a nota, pois esta atividade não será pontuada. 1. Em relação a e-commerce, assinale a alternativa que melhor expresse a sua experiência profissional com a atividade: a) atuo em organização que utiliza e-commerce para venda de seus produtos. b) atuei em organização que utiliza e-commerce para venda de seus produtos. c) as organizações em que atuei não utilizavam e-commerce para venda de seus produtos. d) ainda não atuei profissionalmente em organizações. 2. Enquanto consumidor, qual a sua experiência de compra com e-commerce: a) sempre tive experiências positivas. b) tive experiências positivas e negativas, predominando as positivas. c) tive experiências positivas e negativas, predominando as negativas. d) tive experiências negativas. 3. Enquanto consumidor, qual a sua frequência de compra por e-commerce: a) compro pelo menos uma vez por mês. b) compro pelo menos uma vez por semestre, mas não mensalmente. c) compro pelo menos uma vez por ano, mas não semestralmente. d) não compro por e-commerce. 4. Para o futuro da sua organização, você considera e-commerce como: a) fundamental para a sobrevivência e continuidade do negócio. b) significativo para o negócio, mas não fundamental para a sobrevivência deste. c) pouco significativo para o negócio, sendo apenas um canal de vendas complementar. d) sem significância para o negócio e sem influência na sobrevivência e continuidade deste. Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário. 9 UNIDADE 1 INTERNET, SOCIEDADE E NEGÓCIOS OBJETIVO DA UNIDADE: Compreender origem e evolução da internet, assim como impactos sobre a sociedade, organizações e formas de estabelecimento de negócios. 1.1 O fenômeno internet Da sua origem aos dias atuais, a internet foi tornando-se cada vez mais presente na vida das pessoas e das organizações, mudando formas de relacionamento, de produção e até mesmo de negócios. A relevância é tão grande, que é difícil imaginar a dinâmica de uma sociedade completamente desconectada. A dimensão desta afirmação pode ser observada por meio de uma análise simples. Primeiro, liste as atividades que realiza diariamente e que de alguma forma estabelecem relações com a internet. Veja, por exemplo, como se desenvolvem as operações que são realizadas para o pagamento de um boleto bancário ou até mesmo para a busca de informações sobre um produto que deseja adquirir. Após isto, observe as mesmas atividades, mas agora imaginando-as sem a realização de conexão alguma com a internet. Fonte: http://dailynut.dailysteals.com/w Será que sem acesso à internet é possível realizar todas as atividades da forma como realizamos hoje? Quanto de tempo poderia ser acrescido para concretização das operações, como por exemplo a baixa de um boleto após o seu pagamento? Quantas informações sobre um produto seria possível reunir e em quanto tempo? É bem provável que o distanciamento de resultados entre as práticas conectadas à internet e as práticas sem conexão sejam bem diferentes, principalmente em termos de tempo e precisão. Se desejar ir mais além, você pode também estabelecer uma comparação entre a quantidade de atividades que realiza com alguma conexão à internet e a quantidade que 10 realiza sem conexão alguma. Como resultado, irá perceber que a quantidade de atividades conectadas é muito superior em nosso dia a dia e que, provavelmente, pouquíssimas são aquelas sem nenhuma conexão. Considerando os efeitos da internet no dia a dia das pessoas e na própria sociedade como um todo, Turchi (2018) diz que das facilidades que dispomos atualmente, nenhuma delas seria possível caso não tivesse ocorrido o surgimento e o desenvolvimento da internet. Nesse contexto, refletiremos nas próximas subseções sobre o histórico da internet, indicadores relacionados à sua estrutura e uso e, também, sobre os efeitos que ela apresenta sobre as organizações. 1.1.1 O início Do período apontado como sendo o início da internet até os dias atuais, já se passou quase meio século e de lá para cá muito mudou, tanto em termos de estrutura, quanto em termos de usuários. Conforme Castells (2003), uma tecnologia tida até então como obscura e sem muita aplicação para além dos mundos isolados de cientistas, de hackers e de comunidades contraculturais, acabou se tornando uma alavanca para transformações significativas dasociedade e sua transição para uma sociedade em rede e também para uma nova economia. O projeto Arpanet, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em 1969, é apontado como o fato gerador da concepção de internet enquanto uma rede de computadores interligados. Turchi (2018) destaca que a ideia do projeto norte-americano era estabelecer uma rede de comunicação estratégica, que não pudesse ser destruída por meio de ataques inimigos, num eventual período de guerra. Rede de computadores interligados em diversos pontos estratégicos, como bases militares e centros de pesquisa e tecnologia, a Arpanet não tinha uma base centrada num Fonte: https://images.theconversation.co 11 único ponto e permitia a transmissão de dados em qualquer sentido, independente do fato de um dos pontos dessa rede eventualmente não estiver se comunicando. Apesar da relevância e das contribuições efetivas do projeto norte-americano, Castells (2003) destaca que a Arpanet não pode ser considerada como a única fonte da internet para o formato que é conhecida hoje, sendo este, também, resultado de uma tradição de base de formação de redes de computadores. Em 1972, no âmbito da Arpanet, Ray Tomlinson desenvolve um software que permite o envio de mensagens eletrônicas (e-mails) para outros computadores conectados à rede. A ideia de correio eletrônico já existia, mas Tomlinson inova ao permitir que uma mensagem fosse enviada a diferentes pontos da rede; ao utilizar o símbolo @ para distinguir as mensagens a serem envidas à rede, das destinadas às caixas locais nas máquinas; e, também, ao unir as funcionalidades de envio e leitura de mensagem, assim como de envio de arquivos. No ano seguinte, conforme Teixeira (2015), ocorre a primeira comunicação internacional, entre Inglaterra e Noruega. Em 1975, são conectadas à rede as universidades e instituições que prestavam serviços relacionados à defesa. O número de sites chega a 100 e as mensagens e arquivos já são trocados com regularidade. Nesse período, o primeiro serviço comercial de acesso à rede, nos Estados Unidos, é criado, sendo chamado de Telenet. A rede foi ampliando e inovações estruturais foram acontecendo. Em 1983, conforme Turchi (2018), ocorre a substituição da linguagem utilizada para conexão entre os computadores que compõem a rede. O protocolo Network Control Protocol (NCP) é substituído pelo Transfer Control Protocol / Internet Protocol (TCP/IP), que é utilizado até os dias de hoje. Passando a se chamar ‘internet’, a rede tem um grande crescimento de máquinas conectadas e, em 1987, ocorre um novo e significativo marco para sua propulsão no mundo. A rede mundial de computadores é liberada pelo governo norte-americano, para que seja utilizada comercialmente (TEIXEIRA, 2015). Dando os primeiros passos no Brasil, a internet surge em 1989, numa rede que conectava a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e o Fermi National Accelerator Laboratory (FERMILAB), de Chicago, nos Estados Unidos, para troca de arquivos e correio eletrônico. Neste mesmo ano, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) coloca no ar a rede Alternex, que a partir de 1992 tornou-se o primeiro Fonte: https://img1.ibxk.com.br/2018/04/ 12 provedor de acesso brasileiro a permitir que pessoas físicas tivessem acesso à internet. Em 1990, o físico inglês Tim Berners-Lee cria o sistema de hipertexto World Wide Web (www), que permite a interligação e execução de documentos na internet, em hipermídia, facilitando a navegação e a integração entre documentos escritos, vídeos, imagens e áudios. Nesta mesma década, a internet já é constituída por 50 mil redes internacionais, estando metade delas nos Estados Unidos. No Brasil, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) inaugura a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), cujo papel é fundamental no processo de implementação da internet no país, principalmente em termos de infraestrutura tecnológica, de capacitação de recursos humanos, de formulação de políticas de preço, de gestão e até mesmo de uso (TURCHI, 2018). Ainda no Brasil, em 1991, o IBASE e a Associação para Progresso das Comunicações (APC) liberaram o uso da internet para as organizações não governamentais, as universidades e as entidades ligadas ao meio acadêmico. O período de 1992 a 1993, embora curto, é denominado como sendo a primeira fase da web, cuja característica é o estabelecimento de uma melhor infraestrutura de rede. A segunda fase, entre 1993 e 1995, é aquela em que os geeks adotam a internet e começam a utilizar o Netscape Navigator 1.0 para nela navegarem. Criado no final de 1994, o Netscape Navigator é um produto da norte-americana Netscape Communications Corporation e foi o primeiro navegador comercial. É também nesse período da segunda fase que o número de computadores conectados no mundo ultrapassa a marca de 6 milhões. Em 1994, Jerry Yang e David Filo criam nos Estados Unidos o Yahoo, enquanto no Brasil a Embratel lança um serviço experimental de internet comercial. A exploração comercial da internet em território brasileiro, no entanto, somente é possível a partir do ano seguinte, ou seja, 1995, quando o MCT redefine o papel da RNP e estende os serviços de acesso a todos os setores da sociedade (TURCHI, 2018). Lançamento experimental da Embratel Fonte: https://img2.ibxk.com.br/2018/04/ 13 De 1995 a 1998 ocorre o período denominado como a terceira fase da internet, caracterizado pela sua chegada em definitivo ao público geral e, também, à adoção dos seus recursos pelo mundo empresarial, que passa a utilizá-la de maneira intensa. Castells (2003) comenta que embora tivesse originado na década de 1960, a internet nasce de fato, para a maioria das pessoas, somente nesta fase em que ela começa a ser utilizada e propagada de forma intensiva. A expansão dos usuários impacta também na expansão de novos produtos e recursos associados à internet. Em 1995, a Microsoft lança o portal e rede de serviços MSN, cujo nome posteriormente também seria relacionado ao programa de mensagens instantâneas denominado MSN Messenger, lançado em 1999 e desativado em 2013. No Brasil, o número de usuários conectados à internet também segue o ritmo internacional. Em 1996, o número era de 100 mil pessoas e em 1998 chega à marca de 1 milhão de usuários. É também em 1998 que Larry Page e Sergey Brin fundam, nos Estados Unidos, o Google, que é hoje uma das empresas mais valiosas do mundo. No ano 2000 inicia o período correspondente à quarta fase, que é também denominado de ‘Web 2.0’ pelo entusiasta de apoio ao software livre, Tim O’Reilly. Nesse mesmo ano, a valorização das empresas de tecnologia chega a valores elevadíssimos, de tal forma que a bolsa eletrônica de Nova Iorque, a Nasdaq, chega a alcançar mais de 5000 pontos em decorrência das negociações de ações das empresas ‘ponto com’. Tal fato é considerado o auge da bolha especulativa da Nasdaq, no mês de março de 2000. Logo em seguida os investidores veem o ‘esvaziamento’ da bolha, como a desvalorização acentuada das ações das empresas de tecnologia, tendo muitas delas já deixado de existir no início do ano de 2001. Esta fase, conforme Turchi (2018), é caracterizada pela proliferação de portais, blogs, microblogs e sites de relacionamento (redes sociais). A interação é permitida e estimulada, tanto por meio de computadores fixos quanto de dispositivos móveis, que também começam a despontar de maneira mais consolidada e definitiva. Os usuários da internet também passam de meros consumidores de conteúdos prontos, para serem criadores de conteúdo. Em 2014 o Brasil ultrapassa o índice de 120 milhões de usuários de internet e o mundo vê metade da sua população estar conectada à rede (TURCHI, 2018). Fonte: https://thumbs.dreamstime.com/b/w 14 O momentoatual em termos de infraestrutura e uso da internet é denominado de ‘Web 3.0’, em que as conexões por meio de aparelhos móveis como smartphones se fazem cada vez mais intensa, assim como o uso de aplicativos bastantes específicos e da inteligência artificial, entre outros. O nível de interação entre os usuários na Web 3.0 é bastante elevando, assim como é elevada a exposição dos dados desses usuários, que estão em domínio dos grandes líderes da web, como Google, Facebook, Microsoft e Apple, que adotam o discurso de uso desses dados para o desenvolvimento de serviços cada vez mais personalizados às necessidades e desejos destes. Chris Anderson, autor do livro ‘A cauda longa’, enfatiza o risco atual da superexposição, destacando que empresas ofertam produtos grátis aos usuários, em troca da obtenção de informações que possam ser utilizadas para modelagem e realização de ofertas mais assertivas de seus produtos (TURCHI, 2018). Um ditado contemporâneo, inclusive, diz que se um produto não é cobrado, isto significa que o produto é você. Já, em termos de futuro, acredita-se que a ‘Web 4.0’ irá apresentar características inversas às atuais, ou seja, ao mesmo tempo em que se tem uma rede mundial de computadores interconectados, ter-se-á também redes fechadas, restritas a pequenos grupos, como se constituem como pequenos feudos dentro de uma aldeia global. Acredita-se inclusive, que deva ocorrer aumento nas restrições de uso, como ocorre em países como China, Arábia Saudita e Egito (TURCHI, 2018). Fonte: http://www.mrturismo.com/wp-conte Dica de aprofundamento Para conhecer mais sobre a origem da internet, leia o livro ‘A galáxia da Internet, reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade’, de Manuel Castells, disponível na ‘Minha Biblioteca’, no seu ambiente virtual de aprendizagem. 15 1.1.2 Acesso e usuários O número de usuários conectados à internet e a quantidade de acessos às suas páginas é impressionante. Turchi (2018) diz que cerca de cinquenta por cento da população mundial acessa à internet, o que corresponde a um número estimado de 3,75 bilhões de internautas. As mulheres, no cenário brasileiro, apresentam índice mais elevado de conexão do que os homens. 65,5% das mulheres estavam conectadas em 2016, contra um índice de 63,8% dos homens. Os percentuais são próximos, mas representam um indicativo interessante, dentre muitos outros que demonstram a crescente participação e relevância da mulher na sociedade como um todo. Entre os não conectados brasileiros, a maior parte diz que isto ocorre porque não sabem como utilizar a internet ou ainda porque não possuem interesse nisso. Segundo Gomes (2018), entre os 63,3 milhões de brasileiros que estão desconectados, apenas 14,3% dizem que a internet é um serviço caro, portanto este não é um fator determinante para a maioria deles não se conectarem. Considerando que com o decorrer do tempo uma nova geração passa a ter acesso a aparelhos que possibilitem a conexão à internet e, ainda, que a presença da internet na vida das pessoas tende a se intensificar, é bem provável que haja uma redução no número de pessoas não conectadas no Brasil, assim como no mundo como um todo. Os maiores índices de conexão no país estão nas regiões Sudeste, com 72,3% de conectados; Centro-oeste com 71,8%; e Sul com 67,9%. Já os menores índices estão no Norte, com 54,3%, e Nordeste com 52,3% (GOMES, 2018). Em termos de faixa etária, a maior parte da população brasileira conectada concentra-se na faixa entre 35 e 54 anos de idade, enquanto em termos de classe social, a classe C é a que apresenta maior índice de conexão, com 52%, seguida das classes A e B com 38% e D e E com 10%. Quanto à escolaridade, 29% dos internautas brasileiros possuem curso superior completo e 50% ensino médio completo (TURCHI, 2018). Os indicadores também demonstram que o tempo médio de conexão do brasileiro no ano de 2017 foi de 8,15 horas por dia, sendo 3,43 dessas horas destinadas ao acesso a Fonte: http://www.csigroup.co.za/asse 16 redes sociais, como o Facebook, que predomina entre elas, com 122 milhões de usuários brasileiros cadastrados e 66% de acessos diários. Tal tempo de conexão faz com que o Brasil assuma a segunda posição no ranking mundial de tempo conectado (TURCHI, 2018). Em relação ao tempo médio de conexão brasileiro, há controvérsias, havendo aqueles que justificam tal tempo como sendo consequência da baixa qualidade de acesso no país, o que faz com que muitos usuários passem parte significativa desse tempo aguardando as páginas terem seus conteúdos carregados. O avanço da banda larga é considerado fator determinante para que ocorra a melhoria da qualidade de acesso e esta já é encontrada em praticamente 70% dos domicílios que possuem acesso à internet (TURCHI, 2018). No ano de 2017 o nordeste brasileiro puxou significativo avanço em termos de internet de alta velocidade no país, conforme destaca Rolli (2017). Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Tocantins foram os Estados que mais se destacaram pela quantidade de municípios que passaram a contar com rede de fibra ótica, enquanto Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Amazonas e Minas Gerais tiveram problemas significativos de falta de estrutura. A fibra ótica é um filamento flexível, feito à partir de vidro ou plástico extrudido, que apresenta elevado rendimento para transmissão de luz, imagens e impulsos codificados, sendo muito relevante para a estruturação dos sistemas de banda larga. Distrito Federal, Rio de Janeiro e Santa Catarina são Estados que se destacam por possuir 100% dos seus municípios com fibra ótica, enquanto o Piauí é destaque negativo, com apenas 16,52% dos seus municípios contando com tal infraestrutura. Segundo Gomes (2018) o celular foi, no ano de 2016, o principal aparelho para acesso à internet no Brasil, sendo utilizado por 94,6% dos internautas. O uso de computadores foi apontado por 63,7% dos usuários, enquanto tablets chegaram a 16,4% e televisores 11,3%. Em relação a tais índices, é válido Fibra ótica Fonte: https://esemanal.mx/revista/wp-co Fonte: https://www.adtaxi.com/wp-content 17 destacar que um usuário pode utilizar mais de um meio para realizar seus acessos, não havendo, por isso, uma equação exata em que a somatória dos percentuais seja exatamente 100% dos usuários. Ainda sobre o acesso móvel, Turchi (2018) diz que 4,9 bilhões de pessoal são usuários de celulares e destes, 2,5 bilhões acessam às redes sociais por meio do aparelho, ou seja, por meio móvel. No Brasil, em 2017, houve 197,1 milhões de pessoas conectadas à banda larga móvel. Gomes (2018) diz que 94,6% dos internautas usam o celular para trocar mensagens por aplicativos de bate-papo; 76,4% para assistirem vídeos; e 73,3% para realização de chamadas de voz ou vídeo. 96% dos usuários usam a internet diariamente, enquanto 90% deles utilizam as redes sociais (TURCHI, 2018). Assim como os índices de acesso e usuários, é também impressionante os indicadores correspondentes à quantidade de informações que se encontram disponíveis na rede. Segundo Grego (2014), se todo o conteúdo digital do mundo fosse armazenado em tablets com capacidade de armazenamento de 128 gigabytes e estes tablets fossem empilhados, haveria uma pilha imaginária que corresponderia a 6,6 vezes a distância entre o planeta Terra e a Lua. O conteúdo digital do mundo dobra a cada dois anos e a estimativa é de que ele chegue a 44 trilhões de gigabytes no ano de 2020. No Brasil, a estimativa é de que ele chegue a 1.600 bilhões de gigabytes no mesmo período. Tais informações, também conforme Grego (2014), estão concentrados nos países mais desenvolvidos, que concentram 60% dos dados globais, mas com tendência de equalização no decorrer do tempo. Outro aspecto interessante é a utilidadedas informações disponíveis. Em 2014, a estimativa era de que apenas 22% dos dados mundiais continham informações úteis, havendo uma tendência de que tal utilidade chegue a 35% em 2020 (GREGO, 2014). Os indicadores sobre os dados e informações disponíveis na internet evidenciam o amplo desafio que se apresenta à sociedade e às organizações, à medida que se tem uma conexão e integração maior. Como lidar com a ampla quantidade de informações? Como assegurar que informações disponíveis sejam utilizadas de forma positiva para os usuários? Como assegurar conhecimento sobre organizações individuais, num cenário repleto de informações e de opções? Como assegurar a segurança de tais informações? Sem dúvida, as questões aqui apresentadas são apenas algumas das reflexões que a sociedade contemporânea deverá desenvolver, enquanto intensifica cada vez mais o uso da internet em seu cotidiano. 18 1.2 Efeito sobre os negócios E os negócios? De que forma a internet impactou sobre esta prática tão antiga da humanidade, que é o ato de negociar? Será que houveram efeitos significativos, assim como aconteceu em outras áreas? A presença da internet nos processos de negócios atuais, assim como a relevância que assume para tal, não requer muito esforço para ser percebida. Observe, por exemplo, o caso de uma pessoa que no final de semana realiza o pedido de uma pizza para ser entregue em sua residência. Para fazer o pedido, ela pode utilizar um aplicativo de mensagem instantânea, como WhatsApp ou Facebook Messenger, em que fala diretamente com o atendente da pizzaria. Para escolher o sabor, ele pode solicitar o envio do cardápio pelo aplicativo, ou ainda, consultar o site ou rede social em que a pizzaria deixa disponível o seu cardápio. Feito o pedido, solicita a entrega e informa que pagará com cartão. O entregador, ao chegar no endereço de entrega, utiliza uma máquina em que os dados do cartão são transmitidos, para realização da operação de pagamento. Fonte: https://madailylife.com/wp-conten Em todas as etapas do processo de pedido relatado, a internet se faz presente. O aplicativo de mensagem instantânea requer conexão à rede para poder estabelecer comunicação; o site ou rede social estão armazenados numa plataforma da rede; e a máquina para pagamento com cartão necessita de conexão à internet para envio dos dados e comunicação com a empresa operadora do cartão. É nítido, portanto, que sem a internet, o processo de pedido e pagamento da pizza seria mais demorado, mais oneroso e até mesmo menos seguro. Com a internet, as organizações encontraram novos canais de comunicação com seus mercados e, também, de distribuição para seus produtos, assim como passaram a repensar suas estratégias de marketing e a forma como se relacionam com mercados e parceiros, em praticamente qualquer ponto do mundo (TURCHI, 2018). As oportunidades que surgem para as organizações são praticamente ilimitadas, entretanto, os desafios associados a tais oportunidades também são muitos e para superá- los as organizações devem desenvolver uma dinâmica de aprendizagem contínua, em que possam manter-se em sintonia com as transformações e evoluções que elas demandam. 19 Um cenário mais enriquecedor de possibilidades se demonstra no horizonte com o desenvolvimento da ‘internet das coisas’, que basicamente consiste numa rede de objetos – dos mais diversos, conectados à internet, coletando e transmitindo dados. A consolidação desta, sem dúvida, representará o auge da ‘Web 3.0’, com a conexão integral de dados sobre os usuários da grande rede. Carros conectados à rede, assistentes virtuais pessoais, smartphones e outros dispositivos inteligentes, utilizados no dia-a- dia, alimentam a ‘internet das coisas’ à medida que tornam mais prática a rotina de seus usuários. Conforme Costa (2018), a ‘internet das coisas’ possibilita às organizações uma compreensão mais profunda sobre seu cliente, sobre os hábitos e necessidades, de tal forma que o desenvolver e entregar propostas de valor para esses clientes sejam processos mais precisos e assertivos. Os impactos, inclusive, não se limitam apenas às relações com clientes, mas aos processos decisórios como um todo, que terão informações mais precisas para suas decisões. Novos negócios, não imagináveis até o momento, também podem surgir a partir de tal avanço, assim como já ocorre em relação a muitas profissões que não existiam há algumas décadas atrás. O e-commerce, por exemplo, é um demonstrativo mais que concreto dos novos modelos de negócios que foram e que vão surgindo em decorrência da evolução da internet. Por se tratar do objeto de estudo desta disciplina, neste momento não haverá uma abordagem mais detalhada sobre o e-commerce, mas para se ter uma dimensão do seu impacto, é válido destacar que há anos ele vem apresentando índices de crescimento superiores ao de vários setores da economia, inclusive do varejo como um todo, cuja proposta é essencialmente similar à do e-commerce. Em 2017, ano considerado difícil para a economia brasileira, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 1%, enquanto o e- commerce apresentou um índice de crescimento de 8% no seu faturamento, conforme evidencia Turchi (2018). Internet das coisas Fonte: http://www.political-intelligence 20 Agora, apesar dos indicadores demonstrando impactos significativos do uso da internet sobre as organizações e seus negócios, ainda há parcela significativa de pequenas e médias empresas que não utilizam tais recursos como poderiam e muitas, inclusive, não estão nem familiarizadas com os termos comuns a estas atividades. No Sudeste do Brasil, por exemplo, 40% das empresas não fazem uso de ambientes online, enquanto no Nordeste, este número chega a 50% (TURCHI, 2018). Falta de tempo, de recursos e mesmo de conhecimento são apresentados como fatores que levam ao pouco investimento em novas tecnologias de comunicação e informação, por estas pequenas e médias empresas, que optam por concentrarem esforços na essência do negócio, ou seja, no seu principal, deixando o aspecto online para segundo plano (TURCHI, 2018). Apesar disso, os baixos índices de participação das pequenas e médias empresas no cenário do e-commerce, por exemplo, revelam que há potencialidade para estas organizações que, segundo Turchi (2018), poderão tornar-se protagonistas, com atuações especializadas. Em 2014, conforme o autor, as empresas de pequeno porte representaram em torno de 18% do faturamento do e-commerce, enquanto em termos de país, elas constituem 98% dos negócios formais. Quando se analisa o uso das ferramentas disponíveis às organizações, é possível ter uma ideia do desafio existente e das possibilidades sobre o que está por vir em termos de internet e negócios. Os sites são vistos pelas organizações como relevantes para fortalecimento de marca e direcionamento de negócios, mas 51% delas não veem as mídias sociais como relevante para esforços de marketing; as ferramentas analíticas de sites, que permitem compreender comportamento do consumidor durante navegação, são utilizadas por apenas 25% das organizações; a existência de sites adaptados para uso em celulares e tablets é a realidade de apenas 4% das organizações; o faturamento com e-commerce pode ser considerado baixo no contexto de vendas das organizações, com 72% delas tendo o e-commerce como responsável por menos de 25% do seu volume de vendas; 7% das organizações não sabem quanto do seu negócio é decorrente da internet; 60% possuem sites, sendo que 93% Fonte: https://www.bluefountainmedia.com 21 destes é destinado para informações institucionais, 17% possuindo sistemas de pedidos e 12% a opção de pagamento online para finalização de transações (TURCHI, 2018). Os efeitos da internet sobre os negócios, portanto, são evidenciados, mas osdesafios, conforme já citados, também são muitos. As próximas seções e subseções do material são destinadas a abordar de maneira mais específica o e-commerce, sua estrutura e dinâmica. Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1. Dica de aprofundamento Conheça mais sobre a internet das coisas. Leia o livro ‘Internet das coisas: uma introdução com Photon’, de Simon Monk, disponível na ‘Minha Biblioteca’, no seu ambiente virtual de aprendizagem. 22 UNIDADE 2 O QUE É E-COMMERCE? OBJETIVO DA UNIDADE: Compreender os conceitos de comércio eletrônico, aspectos envolvidos em sua definição, diferença com o comércio tradicional e volume de negócios no e-commerce. 2.1 Conceitos O que é, afinal, o comércio eletrônico? Uma definição preliminar poderia resumi-lo ao ato de realizar negócios por via eletrônica. Contudo, esta seria uma forma muito simplista de caracterizar um fenômeno que tem provocado mudanças tão drásticas e rápidas nas estruturas de mercado, sociais e financeiras em nível mundial. Embora assumindo diversas denominações, tais como comércio eletrônico, e- commerce, ou ainda comércio virtual, é um tipo de transação comercial feita especialmente através de um ou diversos equipamentos eletrônicos conectados a uma rede, em especial a internet. Quando realizado por meio de dispositivos móveis, como smartphones, o e- commerce também é denominado m-commerce. As organizações, em nível mundial, estão incorporando o comércio eletrônico em suas relações com os mercados. O e-commerce, de acordo com Jesus (1997), constitui “qualquer tipo de transação comercial, em que as partes envolvidas interajam eletronicamente e não através de trocas ou contactos físicos”. Para uma definição mais precisa de comércio eletrônico, vamos resgatar o significado de comércio do ponto de vista tradicional e assim chegar ao conceito de e- commerce. Para o American National Standards Institute (ANSI), comércio é “o processo pelo qual uma encomenda é colocada ou aceita, representando, como consequência, um compromisso para uma futura transferência de fundos em troca de bens ou serviços” (ANACOM, 2004), ou seja, uma relação de troca entre duas partes que se comprometem, uma à prestação de um serviço ou entrega de bem físico, outra ao pagamento por isso. 23 Com base em tal concepção, compreender o conceito de comércio eletrônico torna- se bastante simples, bastando apenas relacionar a essência do comércio ao contexto contemporâneo em que tais transações são realizadas. Nessa linha, a International Data Corporation (IDC), define por comércio eletrônico “todo o processo pelo qual uma encomenda é colocada ou aceita através da Internet, ou de outro qualquer meio eletrônico, representando, como conseqüência, um compromisso para uma futura transferência de fundos em troca de produtos ou serviços”. (ANACOM, 2004). Relacionando a abordagem da IDC com o conceito apresentado pelo ANSI, observa- se que a essência relativa ao comércio se mantém, mudando-se os canais pelos quais as transações são realizadas. Tal fato é um aspecto interessante quando também se olha para a história do comércio, que mantém a essência desde a sua origem, evoluindo no que tange aos meios com que elas se iniciam e se concretizam. O Gabinete de Estatísticas da União Europeia (EUROSTAT), adota uma definição na mesma linha da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE conforme ANACOM (2004), definindo comércio eletrônico como “a transação de bens e serviços entre computadores mediados por redes informáticas, sendo que o pagamento ou entrega dos produtos transacionados não terá que ser, necessariamente, feito através dessas redes”. Nesta abordagem, portanto, além da essência do comércio e da incorporação das novas tecnologias de informação e comunicação, é acrescida a particularidade do pagamento e entrega que podem não ocorrer via rede. Aqui, já evidencia-se o aspecto da integração que o comércio eletrônico hoje possui, em que o consumidor pode optar pelo pagamento do produto adquirido já no ambiente em que realiza a operação de compra ou ainda optar pela emissão de boletos eletrônicos, a serem pagos em outro momento. Outro aspecto desta integração é a possibilidade de comprar online e retirar o produto numa unidade física. Tal aspecto, inclusive, será trabalhado posteriormente na disciplina. Piedade e Drago (2017, p. 59), numa abordagem contemporânea, dizem que “O e- commerce seria, então, o ato da empresa que utiliza um website para vender seus produtos ou serviços, usando a internet para facilitar essas vendas, funcionando 24h por dia, on-line”. Para compreensão do comércio eletrônico e sua dinâmica, Kalakota e Whinston (apud TURBAN, 2004) já destacavam ser relevante analisar sob a ótica de quatro perspectivas: comunicação; processo comercial; serviços; e online. Na ótica da comunicação, considera-se a distribuição de produtos, serviços, informação ou pagamentos por meio de redes de computadores ou outros meios eletrônicos. 24 Na ótica de processo comercial, considera-se a aplicação das tecnologias para a automação das transações e fluxo de trabalho, ou seja, a automação dos processos, incorporando novas tecnologias. Em termos de serviços, a abordagem é sobre a necessidade de vendedores e compradores quanto à diminuição de custos e a elevação nos níveis de qualidade e agilidade no atendimento. E, por fim, quanto ao on line, analisam-se as possibilidades de compra e vendas em tal ambiente. Figura 1 - Entendimento sobre o que é e-commerce Fonte: Elaboração própria A dimensão de estabelecimento de transações comerciais e a incorporação de novas tecnologias para operacionalização fica evidente, portanto, na abordagem dos autores já citados. Agora, para ampliar a compreensão, é interessante observar a relação que se estabelece entre comércio eletrônico, ou e-commerce, e o comércio tradicional. No comércio eletrônico houve uma evolução em diversos aspectos dos relacionamentos estabelecidos entre as organizações e mercados e, também, na infraestrutura e gestão destas. Em termos de relacionamento com o cliente, por exemplo, a ênfase passa a ser nas interações, que são iniciadas e encerradas a partir do consumidor, e, também, cuja abordagem está centrada em relacionamento e não em vendas. O cliente determina o ritmo das interações, à partir do momento em que ele opta, por exemplo, seguir ou deixar de seguir a página de uma empresa numa rede social, como Instagram ou Facebook. Outro aspecto também significativo nesta relação comércio eletrônico e comércio tradicional, é a questão da infraestrutura necessária para a dinâmica de funcionamento das organizações que neles se enquadram. No comércio tradicional é preciso a existência de estoque de produtos acabados, mesmo que mínimo, assim como é comum a manutenção de uma estrutura de produção. Já no comércio eletrônico, não há necessidade de estoque 25 de produtos, que pode estar centrado no fornecedor, assim como a estrutura de produção pode ser toda terceirizada. Um exemplo interessante para ilustrar tais diferenças é a comparação entre as lojas físicas e as virtuais da Casas Bahia. Em suas lojas físicas, a empresa necessita ter volume significativo de estoque e, muitas vezes, em seu mix de oferta não estão disponíveis diversos produtos que são comercializados no site. Na sua loja virtual, a Casas Bahia oferta produtos comuns de seu mix e outros que são de outras empresas parceiras, sendo comum, ao realizar a compra, aparecer a mensagem de que o produto será entregue por outra loja, que não a Casas Bahia, ou seja, no ambiente virtual ela pode optar por ofertar um mix maior de produtos, pois não há necessidade de tê-lo em seu estoque, mas sim no da loja parceira. 2.2 E-commerce e comércio assistido eletronicamenteO processo comercial, consiste em seis fases, cuja associação às novas tecnologias contribuem para a classificação dos tipos de comércio (ANACOM, 2004). As fases do comércio são as seguintes: 1. coleta de informação, onde o potencial comprador procura e coleta informação acerca de um determinado produto; 2. contato, onde o comprador se identifica ao potencial vendedor e inicia com este uma troca de informações acerca do produto em questão; 3. negociação, onde o comprador e o vendedor discutem as características, funcionalidades e preço do produto; 4. compromisso, onde o comprador se compromete, perante o vendedor, em adquirir o produto ou serviço; 5. pagamento; 6. entrega do produto adquirido. 26 Figura 2 - O comércio eletrônico na perspectiva do consumidor Fonte: Elaboração própria Cada uma das fases representa uma etapa dos processos desenvolvidos durante uma operação comercial, desde o interesse inicial até a entrega do produto. Se em qualquer uma das três primeiras fases de um processo comercial – coleta de informação, contato ou negociação – houver, em maior ou menor grau, uso de recurso por meios eletrônicos, então, tal como consta na figura 1, estaremos diante de um comércio assistido eletronicamente. Já se, além disso, o próprio compromisso de negócio for também assumido por via eletrônica estaremos na presença de comércio eletrônico. O comércio eletrônico incluirá, assim, o valor de todas as transações resultantes de uma ordem explícita de compra realizada através de qualquer meio eletrônico, tais como telefone, aplicativos mobile, Electronic Funds Transfer (EFT), Eletronic Data Interchange (EDI), correio eletrônico (e-mail), ou mesmo a World Wide Web (WEB) como um todo. A World Wide Web (Web) corresponde à parte gráfica da Internet. Dada a forte convergência dos utilizadores da Internet e da web, assim como o uso indiscriminado destes dois termos por parte da grande maioria dos agentes, passaremos a atribuir o mesmo significado a estas duas tecnologias. Seu traço distintivo reside no fato de o ato da encomenda ser feito por via eletrônica e de, por essa via, se assumir um compromisso de transferência de fundos em troca de bens ou serviços. 27 2.3 Categoria de comércio eletrônico segundo o tipo de transação De acordo com o tipo de transação estabelecida, há uma classificação de categoria do comércio eletrônico. As subseções seguintes serão destinadas à apresentação dessas categorias. 2.3.1 Comércio eletrônico direto É aquele no qual tanto o pedido como o pagamento e o envio dos bens intangíveis ou tangíveis, produzem-se on line, como é o caso de transações ou operações vinculadas a viagens, venda de ingressos (teatro, concertos, etc..), software, toda a gama de entretenimento (música, jogos, apostas), serviço de banca, venda de imóveis, assessoria legal, conselhos de saúde, temas de educação e serviços por parte do governo. O comércio eletrônico direto consiste na encomenda, pagamento e entrega on line de produtos (bens incorpóreos). Este tipo de comércio eletrônico envolve transações eletrônicas sem quaisquer interrupções ou barreiras geográficas, permitindo dessa forma explorar todo o potencial dos mercados eletrônicos mundiais. 2.3.2 Comércio eletrônico indireto Consiste em adquirir bens tangíveis que necessitam ser enviados de imediato e fisicamente, utilizando para isso canais ou vias tradicionais de distribuição. Portanto, o comércio eletrônico indireto consiste na encomenda eletrônica de produtos que, pela sua natureza tangível, têm que ser entregues fisicamente, utilizando para isso os tradicionais canais de distribuição. Ao contrário da atividade direta, o comércio eletrônico indireto requer nível maior de esforço para explorar todo o potencial dos mercados eletrônicos mundiais, tendo, por exemplo, que se estabelecer eficientes canais internacionais de distribuição e em número suficiente para assegurar a entrega desses produtos. Os componentes essenciais do comércio eletrônico envolvem, entre outros, os seguintes aspectos: crescimento de mercado, redução de custos, redução de tempo de produção, posição estratégica, traduzida em competitividade, amortização em curto prazo e percepção por parte do cliente. Veja a figura, a seguir, que representa esses componentes essenciais do comércio eletrônico. 28 Figura 3 - Componentes essenciais do e-commerce Fonte: Elaboração própria 2.4 Varejo eletrônico O varejista é aquele que atua como intermediário de vendas, um vendedor que está posicionado entre os fabricantes e osclientes. No caso de varejo eletrônico, a intermediação é estabelecida on-line, com a figura do intermediário físico substituída por sistemas de interação virtual e informações sobre produtos sendo disponibilizadas por meio de a venda por catálogos virtuais, como sites, e-mail marketing e outros que contenham informações sobre produtos. O varejo eletrônico elimina a necessidade de uma loja física e muitas vezes até mesmo a existência do intermediário, com conexão direta entre fabricante e cliente. Uma definição simples e compacta sobre varejo eletrônico é a de que constitui-se em transações entre empresas e compradores individuais pela internet. Segundo Parente (2000 citado por BERGAMO et al, 2007), o varejo eletrônico se coloca como um varejo sem lojas, em uma evolução tecnológica do marketing direto. No ambiente do e-commerce, ele se encontra na categoria de troca de produtos e informações entre Empresa e Consumidor, denominado B2C (business-to-consumer). (TAKAHASHI, 2000; LIMEIRA, 2003; TURBAN e KING, 2004 citado por BERGAMO et al 2007). O B2C consiste em modelo de negócio em que qualquer transação é realizada diretamente entre o vendedor e o consumidor (TURCHI, 2018). 29 O Varejo Eletrônico apresenta três tipos básicos: Pure Players: varejistas que operam somente na web, possuindo como vantagem sobre os demais tipos a manutenção de custos operacionais mais baixos, nas despesas indiretas e nos processos que são mais simplificados; Brick-and-Click: varejistas tradicionais que possuem um site na internet como canal de vendas, se utilizam de sua estrutura física e marcas conhecidas do consumidor como vantagem competitiva no mercado virtual; Venda Direta: no qual o fabricante é ligado diretamente ao consumidor final, eliminando, portanto, a figura do intermediário. Quadro 1 - Empresas atuantes no Varejo Eletrônico s Tipo de varejo eletrônico Definição Exemplos Varejistas Puros ou “Pure Players” Empresas que só atuam on-line, sem existência de loja física. Podem se subdividir em: - Pure Players Físicos: Comercialização de Produtos / Serviços “físicos” pela internet; −Pure Players Virtuais: Comercialização de produtos digitais ou serviços de entrega exclusiva pela internet, como softwares, cursos on-line e música. www.submarino.com.br www.symantec.com.br Varejistas tradicionais que atuam na internet ou “Brick-and- Click” Empresa de varejo tradicional, baseada em instalações físicas, que utiliza a internet como mais um canal de comercialização. www.americanas.com Venda direta Comercialização direta pela internet de produtos do fabricante com consumidor final www.dell.com.br Fonte: Bergamo et al, 2007 Os modelos de negócios do varejo eletrônico também podem ser classificados conforme as características dos bens que vendem ou pelas regiões que cobrem. Dois modelos principais são destacados: 1. Classificação por modelo de receita: Modelos de venda de produtos Modelos por assinatura Modelos de tarifa por transação 30 Modelos sustentados por propaganda Modelos de patrocínio 2. Classificação por canal de distribuição Marketing direto E-tailers puros Varejistas de cliquesConforme Turchi (2018), o Brasil ocupa a 10ª posição no mundo em varejo online, sendo o único país da América Latina a estar entre os 10 maiores. O crescimento em vendas no ano de 2016 foi de 7,4%, com faturamento de R$ 44,4 bilhões, sendo 21,5% dessas vendas já realizadas por mobile, ou seja, via aparelhos móveis conectados à internet. Em 2017, ainda no primeiro semestre, as vendas por mobile já representavam 31% do setor, evidenciando a relevância que esses dispositivos vêm obtendo no e-commerce como um todo. No Brasil, os Estados que mais compraram por e-commerce em 2016 foram São Paulo (80%), Rio de Janeiro (63%), Minas Gerais (53%), Rio Grande do Sul (32%) e Paraná (27%) (TURCHI, 2018). As categorias mais vendidas no comércio eletrônico brasileiro, conforme ilustração a seguir, são: moda e acessórios; eletrodomésticos; livros, assinaturas e apostilas; saúde, cosmésticos e perfumaria; telefonia e celulares; casa e decoração; informática, eletrônicos; esporte e lazer; e brinquedos e games. (EBIT INFORMAÇÃO citado por TURCHI, 2018). Dica de aprofundamento Conheça mais sobre o comércio eletrônico brasileiro acessando o site da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, no site http://www.camara-e.net . http://www.camara-e.net/ 31 Antes de continuar seu estudo, realize a Atividade 2.1. 32 UNIDADE 3 PRINCIPAIS TIPOS DE COMÉRCIO ELETRÔNICO OBJETIVO DA UNIDADE: Analisar os principais tipos de comércio eletrônico e suas diferentes aplicações e usos no mundo dos negócios eletrônicos. Existem diversas possibilidades de classificação do comércio eletrônico e nesta unidade serão destacadas as principais, evidenciando o aprofundamento e natural evolução dos conhecimentos sobre o tema. As principais variáveis podem envolver, por exemplo, o tipo de produto ou serviço transacionado, o setor de atividade, a tecnologia de suporte, os montantes envolvidos nas transações ou o tipo de intervenientes no processo. Aqui destacam-se os tipos mais evidenciados pela literatura e mais próximos da realidade cotidiana, ou seja, os tipos de intervenientes mais comumente envolvidos nas transações. 3.1 Business to Business (B2B) O comércio eletrônico Business to Business (B2B), conforme Teixeira (2015), engloba todas as transações eletrônicas para relações de negócios entre empresas, ou seja, toda venda que uma empresa faz para outra através da Internet. Nas relações B2B, uma prática cada vez mais adotada é a integração entre as empresas dos sistemas de informações da cadeia de valor. A troca eletrônica de dados permite a simplificação dos processos mercantis e a redução dos custos de produção, pois com o compartilhamento de dados relativos aos processos produtivos, as empresas reduzem seus ativos e os fornecedores produzem baseados na produção ou vendas dos clientes. As características do B2B para Turban e King (2004), envolvem várias dimensões no varejo online, inclusive podendo haver ou não um intermediário ou até mesmo integração entre estrutura virtual e física. Quanto às características de compra, o B2B pode ser: Compra spot: aquisição de produtos à medida que são necessários ao comprador, que adquire tais produtos, em geral, a preços de mercado. Aqui não há compromisso regular estabelecido. 33 Suprimento estratégico: compras que envolvem contratos de longo prazo, geralmente baseados em negociações privadas entre vendedores e compradores, constituindo, costumeiramente, relações regulares de negócios. O estabelecido aqui é regra. Quanto aos tipos de materiais, no B2B podem ser negociados: Materiais diretos: usados na manufatura e composição do produto (por exemplo, aço em um carro ou papel em um livro); Materiais indiretos: usados para apoiar a produção (por exemplo, artigos de escritório ou lâmpadas); MROs (manutenção, reparos e operações): recursos indiretos usados em atividades que apoiam o processo produtivo (por exemplo, conserto de equipamentos quebrados ou manutenções periódicas). Quanto ao setor de atuação estabelecido, os agentes do B2B pode caracterizar-se como: Marketplaces verticais: mercados que lidam com um setor ou segmento de setor (por exemplo, aço ou produtos químicos); Marketplaces horizontais: mercados que se concentram em um serviço ou produto usado em todos os setores (por exemplo, materiais para escritório ou PCs). Quanto à dinâmica de relações entre os agentes envolvidos nas transações, o B2B pode ser caracterizado como: Lado da venda: um vendedor para muitos compradores; Lado da compra: um comprador para muitos vendedores; Bolsas: muitos vendedores para muitos compradores; Comércio colaborativo: comunicação e compartilhamento de informações, projeto e planejamento entre parceiros de negócios. Nos relacionamentos de cadeia de suprimento no B2B, os subprocessos e papéis são inter-relacionados, com vantagens competitivas para o gerenciamento desta (TURBAN e KING, 2004). Entre os prestadores de serviços online no B2B, são mais comuns: serviços de viagens e turismo, serviços imobiliários, mercado de ações, pagamentos e financiamentos. Uma preocupação no comércio eletrônico é a padronização de comunicação entre os equipamentos que compõem as redes. No B2B, tal preocupação torna-se mais significante ainda quando se olha para os sistemas de troca de informações entre os componentes de 34 uma determinada cadeia de valor, cujos integrantes se propuseram a compartilhar informações, conforme já mencionado anteriormente. Fagundes (2011) destaca que a tecnologia EDI (Electronic Data Interchange) é um processo de troca padronizada de informações utilizada por comunidades comuns de negócios. Existem vários padrões de formatos de mensagens atendendo diferentes mercados, o que dificulta o intercâmbio entre diferentes comunidades internacionais. Diante disto, a Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu e fomenta um padrão único de mensagem que, praticamente todas as comunidades de negócios internacionais já se comprometeram em adotar. O padrão de mensagem desenvolvido pela ONU chama-se EDIFACT (Padrão Internacional para Intercâmbio Eletrônico de Dados). No contexto do B2, uma prática que tem ganhado adeptos são os leilões de compra pela Internet, em que uma empresa publica na Web que deseja comprar um lote de um determinado produto, com sua especificação e aguarda as propostas dos fornecedores. À medida que as propostas chegam, é publicada a menor cotação recebida, sem o conhecimento de qual empresa fez a oferta. Se alguma empresa consegue melhorar o preço publicado, esta envia uma nota para o comprador dizendo que possui melhor oferta e então essa cotação é publicada na Internet. Se outra empresa consegue reduzir o preço, envia uma nova cotação para o comprador, e assim por diante até se conseguir o melhor preço. Essa prática tem reduzido entre 15 e 20%, em média, o preço dos produtos para as empresas compradoras. Face a relevância e possibilidades do mercado de business-to-business. Vários fornecedores de software integrados de gestão empresarial (ERP) desenvolveram mecanismos de interconexão de dados entre os ERPs para facilitar os processos mercantis. O comércio B2B desenvolve-se, basicamente, em três grandes plataformas, que também são objetos de estudo da disciplina. São elas: e-Marketplace, e-Procurement e e- Distribution. 3.1.1 E-Marketplace Os e-Marketplaces consistem em plataformas eletrônicas onde as empresas, ora assumindo a posição de comprador, ora a de vendedor, se reúnem em torno de um mesmo objetivo: estabelecer laços comerciais entre si. Tal definição, inclusive já era destacada por Bloch, Pigneur e Segev (1996) citados por Morinishi (2005), que descreveram tais plataformas como locais virtuais onde múltiplos compradorese fornecedores realizam negócios através da internet. 35 Esses locais virtuais atuam como intermediário eletrônico, permitindo que buscas sejam feitas de modo organizado, por meio da centralização de múltiplos compradores e vendedores num único ambiente. Podem assumir uma forma vertical, quando são utilizados apenas por empresas de uma indústria específica, ou horizontal, quando ocorre a participação de empresas de várias indústrias ou ramos de atividade. 3.1.2 E-Procurement Os e-Procurements são plataformas eletrônicas especificamente desenvolvidas para suportar o aprovisionamento das organizações, permitindo que estas otimizem a cadeia de fornecimento em termos de tempo e de custos, através da automatização das interações com as centrais de compras dos seus fornecedores (ANACOM, 2004). As metas do e-procurement, conforme Turban e King (2004), são: Aumentar a produtividade do agente de compras; Reduzir os preços de compras dos produtos; Aperfeiçoar o fluxo e o gerenciamento de informações; Minimizar as compras não programadas; Melhorar o processo de pagamento; Dinamizar o processo de compra, tornando-o mais simples e rápido; Reduzir o custo administrativo de processamento por pedido; Descobrir fornecedores que ofereçam bens e serviços mais rapidamente ou mais baratos; Integrar o processo de compra empresarial com o controle orçamentário de modo eficiente e eficaz; Minimizar erros humanos nos processos de compra e expedição. Em termos de implementação, Turban e King (2004) recomendam: Ajustar o e-procurement à estratégia de comércio eletrônico da empresa; Revisar e alterar o próprio processo de procurement; Implantar interfaces entre o e-procurement e sistemas de informação empresariais integrados; Coordenar o sistema de informação do comprador com o dos vendedores. 3.1.3 E-Distribution Os e-Distributions, por sua vez, consistem em plataformas eletrônicas concebidas para integrar as empresas com os seus distribuidores, filiais e representantes, permitindo 36 efetuar uma variedade de tarefas, que vão desde a simples consulta a um catálogo digital até a emissão de faturas e recepção de mercadorias. Apesar de o comércio B2B já ser praticado há algumas décadas, nomeadamente com a utilização da tecnologia EDI, é com o recurso das mais recentes tecnologias disponíveis que o modelo B2B tem incentivado inovadoras formas de cooperação empresarial, tornando as empresas cada vez mais competitivas e ajudando-as a enfrentar, com sucesso, os novos desafios da globalização. Os benefícios do B2B já eram destacados por Turban e King (2004): Elimina papel e reduz custos administrativos; Acelera o tempo de realização dos ciclos; Reduz custos e tempo de busca para os compradores; Aumenta a produtividade de funcionários que cuidam dos processos de compra e venda; Reduz erros e aprimora a qualidade dos serviços; Reduz níveis e custos de estoque; Aumenta a flexibilidade da produção, permitindo entrega just-in-time; Facilita a customização em massa; Aumenta as oportunidades de colaboração. Figura 4 - Desenvolvimento do B2B Fonte: Elaboração própria 37 3.2 Business to Consumer (B2C) No contexto do varejo eletrônico, Business to Consumer (B2C) constitui-se em todos os processos que permitem que um consumidor final possa adquirir um produto ou serviço através da Internet (FAGUNDES, 2011), concretizando, conforme Teixeira (2015), as relações de negócios entre empresas e consumidores. Os shoppings on-line devem prover de todas as informações necessárias para o consumidor comprar um produto sem a interação física com os representantes comerciais da empresa. O B2C, conforme ANACOM (2004), corresponde à seção de varejo do comércio eletrônico e caracteriza-se pelo estabelecimento de relações comerciais eletrônicas entre as empresas e os consumidores finais. O estabelecimento deste tipo de relações pode ser mais dinâmico e mais fácil, mas também mais esporádico ou descontinuado. O B2C desenvolveu- se de forma intensiva com o advento da web e hoje é possível encontrar e comprar praticamente todo tipo de produto nos ambientes virtuais. Mesmo que alguns consumidores não comprem determinados produtos nas lojas virtuais, eles podem tomar a decisão de compra com base em informações obtidas pela Internet, seja em sites de busca, sites das próprias empresas vendedoras ou até mesmo em redes sociais. Por exemplo, um consumidor decidiu comprar um carro. Ele começa a buscar informações sobre preço e características dos carros de seu interesse pela Internet. Ele visita os sites de várias montadoras, sites de vendas independentes, sites de revistas especializadas e vai formando opinião sobre qual carro deve comprar. Em alguns sites o consumidor pode simular as várias formas de pagamentos e pode passar informações pessoais para uma pré-aprovação do financiamento do carro. Mesmo que algumas empresas não façam vendas diretas em suas páginas oficiais, deveme star preparadas para oferecer todo o suporte necessário ao consumidor para que ele decida pelo seu produto (FAGUNDES, 2011). Um processo importante e que ainda hoje é relevante em termos de comércio eletrônico, principalmente em termos de B2C, é o receio que alguns consumidores Dica de aprofundamento Conheça mais sobre B2B. Leia o livro ‘B2B: gestão de marketing em mercados industriais e organizacionais’, de Michael D. Hutt e Thomas W. Speh, disponível na ‘Minha Biblioteca’, no seu ambiente virtual de aprendizagem. 38 apresentam em usar o comércio eletrônico por medo de fraudes eletrônicas. Para superar esse receio as empresas investem em mecanismos seguros de transferência de informações eletrônicas, como, por exemplo, o protocolo de transação segura SET, desenvolvido em conjunto pelas operadoras de cartões de crédito VISA e MASTERCARD. Investimento em tecnologias de segurança será sempre uma preocupação constante no cenário de comércio eletrônico. Novas tecnologias surgem todos os dias e são utilizadas tanto para o bem quanto para o mal, quando se fala em e-commerce. Os hackers possuem conhecimentos e habilidades que deixam os profissionais de segurança em tecnologia em alerta constante. 3.3 Consumer to consumer - C2C No comércio eletrônico Consumer to Consumer (C2C), a compra e venda é realizada entre pessoas físicas, por meio eletrônico, e sem a necessidade da presença física do comprador e do vendedor. A compra e venda é realizada entre um comprador e um computador localizado em qualquer lugar do planeta, por intermédio de um sistema eletrônico. Uma das formas de negociação realizadas pela Internet que mais cresceu, o C2C vê no ‘Mercado Livre’ uma forte expressão da sua origem, mas hoje é intensivamente realizado por meio de outros canais online, como as mídias sociais. Os maiores beneficiados pela plataforma, além de pessoas físicas, são microempreendedores, pequenas e médias empresas, que têm condições de oferecer virtualmente seus produtos e serviços a uma enorme gama de clientes nacionais e internacionais, em pé de igualdade com grandes vendedores. Além dos tipos de comércio eletrônico na dimensão privada, vistos anteriormente, podemos ter tipos de comércio eletrônico que envolvem as dimensões pública e público- privada. 3.4 E-Government No tipo Governo eletrônico faz-se uso de tecnologias de informação (TI) e de comércio eletrônico para fornecer acesso a informações governamentais e serviços públicos a cidadãos e parceiros de negócios. Esse tipo de comércio eletrônico proporciona, segundo Turban e King (2004): Método eficiente e eficaz de fazer transações comerciais; Oportunidade de melhorar a eficiência e a eficácia das funções governamentais; 39 Torna o governo mais transparenteaos cidadãos. Essa modalidade pode ser conhecida pelas siglas Business-to-Administration (B2A), ou ainda, Consumer-to-Administration (C2A). São conhecidas também como Government-to-Consumer - G2C e Consumer-to- Government - C2G existindo transações envolvendo governo e consumidores finais, tais como, pagamento de impostos e serviços de comunicação. Vamos ver um pouco mais sobre eles. A categoria de comércio eletrônico denominada Business-to-Administration (B2A), conforme ANACOM (2004), cobre todas as transações on line realizadas entre as empresas e a Administração Pública. É uma área que envolve grande quantidade e diversidade de serviços, designadamente nas áreas fiscal, da segurança social, do emprego, dos registros e notariado, entre outros. As denominações Governo-empresa ou Government-to-business (G2B) são categorias de e-government que incluem interações entre governos e empresas (governos que vendem e fornecem serviços a empresas e empresas que vendem produtos e serviços ao governo). O modelo Consumer-to-Administration (C2A), segundo ANACOM (2004), abrange todas as transações eletrônicas efetuadas entre os indivíduos e a Administração Pública. Entre as várias áreas de aplicação, salienta-se segurança social (através da divulgação de informação, realização de pagamentos, etc.), saúde (marcação de consultas, informação sobre doenças, pagamento de serviços de saúde, etc.), educação (divulgação de informação, formação a distância, etc.) e impostos (entrega de declarações, pagamentos, etc.). Ambos os modelos que envolvem a Administração Pública, B2A e C2A estão fortemente associados à ideia de modernização, agilização, transparência e qualidade do serviço público, aspectos cada vez mais realçados pela generalidade das entidades governamentais. Government-to-Citizens (G2C) também é definição para esta categoria de e- government que inclui as interações entre um governo e seus cidadãos. Há ainda a modalidade de transações entre governo e governo conhecida como G2G (government-to-government). Os resultados obtidos em pesquisa realizada por Cavalcante Neto (2002) sugerem que três fatores influenciam de forma relevante o sucesso de processos G2G, que são segurança computacional; cultura das organizações envolvidas; e capacitação das pessoas envolvidas. Cada um destes fatores, conforme averiguado pelos resultados traz um conjunto de considerações que devem ser observadas pelo administrador público nas estratégias de implantação dos processos G2G. 40 O government to employees (G2E) constitui categoria de e-government que abrange atividades e serviços entre organismos governamentais e seus funcionários. As diversas tipologias de e-commerce podem ser ilustradas na figura seguinte, que destaca, também os agentes envolvidos nos processos de negócios realizados em cada uma delas. Por agentes do e-commerce, considera-se aqui o governo, as empresas e os consumidores. Figura 5 – E-commerce e relações entre agentes Fonte: Takahashi (2000) As setas na ilustração indicam o sentido das relações. Setas com ponta única tem, no sentido que apontam, a indicação do agente determinante da tipologia, enquanto as setas com ponta dupla já indicam o sentido bilateral das relações na tipologia especificada. A categoria de e-commerce, caracterizada pelas relações de negócio estabelecidas entre os agentes, é indicada pelas siglas descritas entre os agentes, nas setas. Uma relação entre empresa e consumidor, por exemplo, é denominada business to consumer (B2C) quando o sentido da relação de negócio é a empresa vendendo para o consumidor. Quando um consumidor vende algo para a empresa, a caracterização inverte-se e passa a ser denominada consumer to business (C2B). 3.5 Redes e aplicações ponto a ponto A internet, que sustenta as estruturas de comunição no e-commerce, constitui-se numa grande rede, de nível global, em que milhares de computadores estão conectados, consumindo e compartilhando informações. Em termos de arquitetura de rede, ou seja, 41 estrutura que fundamenta suas comunicações, as redes assumem basicamente dois formatos: rede usuais ou redes ponto a ponto (peer to peer – P2P). As redes usuais constituem-se em vários computadores conectados, mas com a comunicação centrada em único computador, denominado servidor, que é responsável pela armazenamento e distribuição das informações aos demais. As redes peer-to-peer (P2P), por sua vez, constituem-se numa arquitetura de rede em que cada estação de trabalho (computadores, tablets, smartphones e outros equipamentos que possam a ela estarem conectados) tem funcionalidades semelhantes, compartilhando dados e processando diretamente, assumindo cada equipamento o papel de um servidor, sem haver um único servidor central responsável por todo o processamento. Cada estação de trabalho é um ponto da rede e torna possível a comunicação de ponto a ponto, possibilitando expandir significativamente o universo de informações acessíveis. Sistemas torrents, em que computadores conectados compartilham arquivos que estão armazenados nos diversos pontos da rede, ou seja, ponto a ponto, são exemplos de redes P2P. Turban e King (2004) destacam algumas características dos sistemas P2P: Interface com o usuário carregada fora de um navegador Web; Os computadores dos usuários podem funcionar como clientes e como servidores; O sistema como um todo é fácil de usar e bem integrado; O sistema inclui ferramentas para apoiar usuários que queiram criar conteúdo ou agregar funcionalidades; O sistema oferece conexões com outros usuários; O sistema suporta protocolos de “cruzamento de redes”. 3.5.1 Aplicações ponto a ponto As arquiteturas P2P são utilizadas de forma intensiva na sociedade contemporânea, para diversas finalidades. Nas relações de negócio eletrônico consumer to consumer (C2C), as aplicações P2P acontecem em forma de suporte à comunicação em que usuários que vendem produtos diretamente de seus equipamentos, sem a necessidade de recorrer a servidores centralizados. Nos ambientes organizacionais, P2P é utilizado para compartilhamento de recursos de computação e arquivos de dados, como por exemplo uma rede que conecta vários computadores ou outro tipo de gadget a uma impressora compartilhada. Por gadget 42 considera-se equipamentos eletrônicos que são desenvolvidos para facilitar o cotidiano das pessoas, como smartphones, entre outros. No caso das relações entre empresas, as pessoas podem compartilhar informações, mas não precisam enviá-las a um servidor desconhecido. As empresas usam arquitetura P2P como base para acelerar as transações comerciaise também para propiciar interações colaborativas bidirecionais, que podem ser: Dinâmicas; Em tempo real; Colaborativas; Com boa relação custo-benefício; Focada no cliente. Já na relação empresa-consumidor, a aplicação de P2P ocorre com uma combinação do P2P com filtragem colaborativa para facilitar buscas por produtos. Nestes casos a dinâmica do processo costuma desenvolver-se da seguinte forma: Usuário digita palavra-chave sobre informação a ser buscada. Um produto, por exemplo; A palavra-chave é enviada a um grupo de computadores pares, que fazem busca em índices locais de páginas Web; Esses computadores retransmitem a consulta a outro grupo de computadores e estes, por sua vez, a outro grupo, até que seja consultado em torno de um milhão de computadores; Os URLs resultantes são retransmitidos ao usuário, segundo as mais visitadas recentemente e pares com interesses similares. No caso de aplicação para publicações on line observa-se a entrega eletrônica de jornais, revistas, notícias, músicas, vídeos e outras informações disponíveis de forma digital na Internet. Neste caso, ela é usada principalmente para disseminar
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