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Situação da saúde da mulher no Brasil: análise dos principais indicadores de saúde P R O FA D R A . C A R O L I N E C Â N D I D O G A R C I A L E A L M AT E R I A L A D A P TA D O P R O FA . D R A . A I D Ê A . C . S . G A S PA R Objetivos da aula Conhecer o conceito de saúde da mulher; Conhecer as principais causas de mortalidade e morbidade ligadas à mulher brasileira; Conhecer os principais pontos da situação sociodemográfica feminina no BR; Conhecer os principais fatores causadores da precariedade da atenção obstétrica; Conhecer os principais fatores causadores do abortamento em condições de risco; Conhecer os principais fatores causadores da precariedade da assistência à anticoncepção; Conhecer os fatores que contribuem para o não controle das IST/Aids entre as mulheres; Conhecer os fatores que se relacionam à: ◦ Violência contra mulher; ◦ Mulheres adolescentes e no climatério; ◦ Saúde mental; ◦ Doenças crônico-degenerativas entre as mulheres; ◦ Mulheres excluídas. Introdução Atualmente: ➢Mulheres representam a maioria da população brasileira (51,5%); ➢> clientela do Sistema Único de Saúde (SUS); ➢> expectativa de vida; ➢Ocupam cada vez + espaço no mercado de trabalho; ➢Responsáveis pelo sustento de aproximadamente 37% das famílias no BR. Introdução ➢Política de Saúde da Mulher – objetivo: indicar os recursos mínimos necessários, mas abrangentes, à saúde da mulher, família e comunidade. ➢Importância da mulher: manutenção da família – sofre sobrecargas de trabalho, responsabilidades, preconceitos e discriminações = ↑ vulnerabilidade a certas doenças e agravos. ➢Processo saúde-doença – relação com qualidade de vida de cada classe social e com o desenvolvimento regional no Brasil. ➢Heterogeneidade das mulheres no Brasil. Introdução ➢Perfil epidemiológico. ➢Saúde e doença: fatores sociais, econômicos, culturais e históricos = variação do perfil de morbidade e mortalidade. Mais pobres: mais adoecem e morrem = mulheres + vulneráveis, pois encontram-se em maior situação de pobreza, trabalham mais horas e gastam seu tempo em atividades não remuneradas → ↓ acesso a bens sociais e aos serviços de saúde. ➢Indicadores de saúde são instrumentos de planejamento. ➢Violência contra o homem X violência contra mulher. Introdução ➢No Brasil, em 2016, foram verificadas 11.164.826 internações femininas. ➢No Brasil, de janeiro a novembro de 2016 foram verificadas 2.312.514 internações relacionadas à gravidez, parto e puerpério, ou seja, 20,71% do total. ➢No Estado de São Paulo foram verificadas 2.388.036 internações de mulheres. Fonte: Relatório de Gestão. Ribeirão Preto, 2018. Número de Internações, por capítulo da CID-10 2018, em Ribeirão Preto-SP. De acordo com informações obtidas no Portal DATASUS TabNet/Win 32 3.0, dado gerado em 11/03/19, houve 42.566 internações de residentes em Ribeirão Preto. A 1ª causa de internação hospitalar, de acordo com os capítulos da CID 10, foi o Capitulo XV Gravidez, parto e puerpério com 5.551 ocorrências o que correspondeu a 13,04% das internações A 2ª causa foi o Capitulo IX Doenças do aparelho circulatório com 5.311 ocorrências que correspondeu a 12,48% das internações, com predomínio na faixa etária de 40 a 79 anos (78,69%). A 3ª causa foi o Capitulo XIX Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas com 4.800 ocorrências, das quais 46,56% ocorreram na faixa etária de 20 a 49 anos, faixa da população economicamente ativa. A 4ª causa foi o Capítulo II Neoplasias (tumores), com 4.458 casos, com prevalência na faixa etária de 30 a 79 anos (85,42%). A 5ª causa foi o Capítulo XI Doenças do aparelho digestivo, com 4.275 casos, com prevalência na faixa etária de 30 a 69 anos (59,55%). Número de Internações, por capítulo da CID-10 2018, em Ribeirão Preto-SP. Fonte: Relatório de Gestão. Ribeirão Preto, 2018. Número de Internações, por sexo, por capítulo da CID-10 de janeiro a novembro de 2015, em Ribeirão Preto-SP. 5.0 11 4.4 61 2.9 48 2.4 25 2.6 01 3.5 75 0 81 37 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 Cap. 09 Cap. 10 Cap. 14 Cap. 15 Nº Intern. Homens Nº Intern. Mulheres Cap. 9 – Dçs. Ap. Circulatório Cap. 10 – Dçs. Ap. respiratório Cap. 14 – Dçs. Ap. Geniturinário Cap. 15 – Gravidez, parto Puerpério Epidemiologia No Brasil, as principais causas de morte das mulheres são: ➢Doenças cardiovasculares (AVE e infarto); ➢Câncer de mama, pulmão e colo de útero; ➢Doenças do aparelho respiratório (pneumonias); ➢Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (diabetes); ➢Causas externas. Mortalidade em mulheres por Câncer Mama Colo de útero Ovário Útero Vulva Outros órgãos genitais Vagina Epidemiologia ➢De 2010 a 2013, foram notificados 7.334 óbitos femininos e 8.533 óbitos masculinos em Ribeirão Preto. ➢Mortalidade de mulheres em idade fértil em São Paulo foi de 54.639 óbitos de 2010 a 2013, óbitos maternos: 987 e 39 tardios. ➢A mortalidade de mulheres em idade fértil em Ribeirão Preto alcançou 692 e a mortalidade materna alcançou 8 casos. Como melhorar os indicadores? ◦ Diminuir complicações inerentes à gravidez, parto e puerpério. ◦ Protegendo a mãe, protege-se o feto. ◦ De acordo com a OMS, exige-se o mínimo de 6 consultas durante a gravidez. ◦ População mais pobre possui mais risco e menos acesso aos serviços. Como melhorar os indicadores? ◦ Cobertura de 75% de atendimentos às gestantes nas Regiões Norte e Nordeste. ◦ Inadequações no atendimento, gerando aumento da incidência de doenças na gestação, baixa cobertura vacinal, poucas consultas no puerpério, medicalização, distanciamento dos familiares, falta de privacidade, dentre outros. ◦ Nas regiões rurais, 20% dos partos acontecem no domicílio. Abortamento ◦ Representação simbólica da essência da mulher e do desenvolvimento da maternidade em oposição à humanização. ◦ Estatísticas pouco confiáveis a respeito do aborto. ◦ Perfuração uterina, hemorragias e infecções são complicações. ◦ Estima-se 1,4 milhões de abortos por ano, com 288 mil internações. Abortamento ◦ Déficits nas práticas contraceptivas, expondo a mulher a riscos; ◦ Adolescentes e mulheres acima de 40 anos estão mais sujeitas; ◦ Tipo de atendimento discriminatório; ◦ Ineficiência dos cuidados de promoção à saúde reprodutiva. Assistência à Anticoncepção ◦ Métodos mais utilizados no BR: contraceptivos hormonais, esterilização e abortamento. ◦ Aproximadamente 50% dos nascimentos não foram planejados. ◦ As ações de planejamento familiar não são efetivas e prejudicam mais as mulheres de baixa renda, adolescentes e das áreas rurais. Assistência à Anticoncepção ◦ Falta de oferta de serviços voltados aos adolescentes. ◦ Alta taxa de fecundidade nas adolescentes entre 15 e 19 anos: início precoce da puberdade e da atividade sexual. ◦ Articulação de ações de contracepção e prevenção de IST/Aids. Infecções Sexualmente Transmissíveis ◦ Infecção pelo HIV - Aumento da oferta de exames para detecção. ◦ Aumento dos casos. ◦ Cultura da automedicação ou “vergonha” de procurar os serviços de saúde. ◦ A infecção do HIV pode ser facilitada pela IST. Infecções Sexualmente Transmissíveis ◦ Algumas IST podem provocar complicações. ◦ 27% do total de casos de Aids no BR é em mulheres. ◦ Algumas ISTs podem ser transmitidas verticalmente ao feto. ◦ São causas de abortamentos e distúrbios psicológicos. ◦ Aumento de custos hospitalares. Violência ◦ Principalmente doméstica e sexual. ◦ Pesquisa demonstrou que 29% das mulheres relataram violência física e/ou sexual. ◦ Apenas 16% das mulheres procuram por assistência médica. ◦ Pouca divulgação dos serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência. ◦ Causa diversos problemas de saúde. Mulheres Adolescentes ◦ A adolescência é um período de grande desenvolvimento e transformação corporal, psíquico e social. ◦ A classe de menor poder aquisitivo está mais vulnerável. ◦ Orientação dos adolescentes segundo osparâmetros dos direitos sexuais e reprodutivos e desenvolvimento de corresponsabilidade masculina. Mulheres Adolescentes ◦ Antecipação da menarca, instalando precocemente a capacidade reprodutiva. ◦ Maior vulnerabilidade da mulher em contrair HIV por volta dos 20 aos 24 anos, sugerindo infecção na adolescência. Mulheres no climatério ◦ Climatério é a fase de transição do período reprodutivo para o não- reprodutivo. ◦ Menopausa é o último período menstrual. ◦ Não são doenças, mas geram brusco desequilíbrio hormonal. ◦ É uma fase de mudanças para mulher: aposentadoria, saída dos filhos de casa. ◦ Práticas saudáveis de vida. Saúde Mental ◦ Gênero e ocorrência de distúrbios mentais. ◦ Desde 2001 houve aumento do número de internações por distúrbios de humor, uso de drogas e depressão puerperal. ◦ Identificar as necessidades das mulheres e ratificar os direitos humanos e atendimento integral. Doenças crônico-degenerativas ◦ Aumento da ocorrência das doenças crônico-degenerativas. ◦ Diabetes e hipertensão. ◦ Câncer de mama e colo de útero: detecção precoce. Mulheres Excluídas ◦ Sociedade patriarcal. ◦ Mulheres lésbicas, negras, indígenas, residentes e trabalhadoras em área rural estão em situação de exclusão. ◦ Prevenção de câncer de colo de útero e inseminação artificial em mulheres lésbicas. ◦ As mulheres negras são maioria entre as camadas menos favorecidas, encontrando mais susceptível às diversas patologias. Mulheres Excluídas ◦ Mulheres indígenas possuem baixo acesso aos serviços de saúde, que não são adaptados às suas realidades. ◦ Sazonalidade do trabalho rural e risco ocupacional. ◦ Mulheres em situação de prisão são abandonadas pelos companheiros e muitas vezes pela família. ◦ Visita íntima apenas a partir de 2001, com exceção das lésbicas. Referências BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher : Princípios e Diretrizes. Brasília, 2011. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Brasil 2010: uma análise da situação de saúde e de evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde. Brasília, 2010 BRASIL. Ministério da Saúde. Mortalidade feminina cai 12% nos últimos dez anos. Acesso em 09 fev. 2018. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2012/10/mortalidade-feminina-no-brasil-cai- 12>. FERNANDES, R. A. Q.; NARCHI, N. Z. (orgs.) Enfermagem e saúde da mulher. Brueri, SP: Manole, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Setembro amarelo. Acesso em 09 fev. 2018. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/Coletiva-suicidio-21-09.pdf>.