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ANÁLISE E PESQUISA DE MERCADO Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Cláudia Gomes Carvalho CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Profa. Erika de Paula Alves Revisão de Conteúdo: Prof. Eduardo Bridi Revisão Gramatical: Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2009 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.83 C3311a Carvalho, Claudia Gomes. Análise e Pesquisa de Mercado/ Claudia Gomes Carvalho. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.x; 146 p.: il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-220-7 1. Análise de Mercado Pesquisa de Mercado 2. Administração I. Centro Universitário Leonardo da.Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título Impresso por: Cláudia Gomes Carvalho Possui Mestrado Acadêmico em Administração (2007), Especializações em Propaganda e Marketing (2005 e 1998) pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e graduação em Administração (1994) pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (AEUDF). Atualmente, é professora de graduação nas seguintes disciplinas: Marketing, Teoria Geral de Administração e Funções Administrativas, no Vale do Itajaí. Administradora registrada no CRA/SC sob número 5686. Atuou profissionalmente com contabilidade, assessoria de materiais e marketing, instrutora em cursos e treinamentos administrativos, hotelaria e gastronomia. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Pesquisa de Marketing: Fundamentos e Finalidade ...........9 CAPÍTULO 2 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing ..........................................................................23 CAPÍTULO 3 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing ......39 CAPÍTULO 4 Planejamento do Projeto de Pesquisa ..............................57 CAPÍTULO 5 A Execução do Projeto ......................................................105 CAPÍTULO 6 Elaboração do relatório de pesquisa e Comunicação dos resultados ...................................................................129 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a)! O senso comum entende o marketing como propaganda, mas, ao longo deste curso, você vai perceber que esta é uma visão bastante reducionista se comparada à complexidade do marketing. Por esse motivo, nesta disciplina, você terá uma visão de uma das ferramentas mais importantes que compõem o cerne do marketing: a pesquisa. Se perguntarmos para as pessoas na rua quantas já foram abordadas para responder uma pesquisa, muitas dirão que nunca, mas este quadro está mudando e nosso país conta com empresas reconhecidamente idôneas, dentre elas estão instituições públicas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), e privadas, como o IBOPE, Data Folha e Vox Populi. Algumas delas, principalmente as privadas, aparecem mais durante o processo eleitoral, mas as empresas de grande porte se utilizam de dados coletados no mercado, através de pesquisas, para a tomada de decisões que as levem a traçar estratégias em relação ao atendimento, inovação e uso de produtos, comportamento de compra, satisfação, entre outras. Assim, convido vocês para embarcarem comigo nesse tema tão abrangente e apaixonante. E, para tratá-lo adequadamente, dividimos este caderno em seis capítulos: pesquisa de marketing: fundamentos e finalidade; sistema de informação de marketing (SIM) e pesquisa de marketing; método científico aplicado à pesquisa de marketing; planejamento do projeto de pesquisa; a execução do projeto e a elaboração do relatório de pesquisa e comunicação dos resultados. Sabemos que o assunto é complexo, logo, convido-os a aproveitarem as dicas deste caderno para buscar em outros meios o aprofundamento do tema. Bom estudo e sucesso!! Cláudia. CAPÍTULO 1 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Reconhecer a importância da pesquisa para a tomada de decisão. 3 Adotar a pesquisa como fonte de informações relevantes ao processo de tomada de decisão. 10 Análise e Pesquisa de Mercado 11 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade Capítulo 1 Contextualização A partir de agora, você vai conhecer a aplicação da pesquisa de marketing como atividade administrativa e casos de insucesso por falta de pesquisa rigorosa que precede o lançamento de produtos. Esta unidade introdutória tem a finalidade de apresentar o tema, sua aplicação e sua finalidade, norteando o desenvolvimento das demais unidades. Atualização é a palavra chave para que você se destaque no mercado, portanto, não se atenha unicamente ao caderno e busque as referências e sites indicados. Aproveite essa oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional! Pesquisa de Marketing A pesquisa surgiu com a finalidade de encontrar respostas para as dúvidas que temos. Sua aplicação na Administração, segundo Hair Júnior et al. (2005, p. 30), “talvez seja tão antiga quanto o próprio comércio”. Com o objetivo de subsidiar a tomada de decisões, a pesquisa envolve todos os aspectos e funções da administração. A maioria das decisões tomadas pela alta administração da empresa envolve investimento de capital, e quanto mais informações dispor, menores as perdas. Hair Júnior et al. (2005, p. 34) lembram que “as indústrias mudam, mas o processo de pesquisa permanece muito parecido. A pesquisa continua a ser uma investigação em busca de explicações verdadeiras e previsões acuradas”. A pesquisa de marketing é capaz de “conceber e implementar programas de marketing bem-sucedidos”, segundo Malhotra (2006, p. 36), e dotará os gestores com informações relevantes e que sirvam para a formulação de estratégias de marketing eficazes. Para você não confundir eficiência e eficácia, dois conceitos muito usados em Administração, veja: A pesquisa de marketing é capaz de “conceber e im- plementar progra- mas de marketing bem-sucedidos”, segundo Malhotra (2006, p. 36), e dotará os gestores com informações relevantes e que sirvam para a formulação de estratégias de marketing efica- zes. 12 Análise e Pesquisa de Mercado • Eficiência, segundo Maximiano (2000, p. 115), “é um princípio de administração de recursos”, é a relação entre esforço e resultado. O autor afirma que é “realizar atividades ou tarefas da maneira certa”. • Eficácia “é o conceito de desempenho que se relaciona com os objetivos e resultados” (MAXIMIANO, 2000, p. 123) ou, simplesmente, fazer as coisas certas. Kotler e Keller (2006, p. 98) lembram que “bons profissionais de marketing cercam-se de informações para interpretar o desempenho passado e para planejar atividades futuras”. Essas informações compõem o Sistema de Informações de Marketing, conhecido como SIM (que veremos no capítulo 2). Os dados são coletados com consumidores, concorrentes e o desempenho das marcas no mercado, e nos relatórios internos através de pesquisas (figura 1). Consumidores Relatórios Internos Concorrentes Sistema de Informação de Marketing Marcas Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2006). Há várias definiçõespara pesquisa de marketing, mas Kotler e Keller (2006, p. 98) consideram-na “como a elaboração, a coleta, a análise e a edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada por uma empresa”. Existem casos de empresas, de grande porte inclusive, que apesar de conhecer as vantagens das pesquisas antes de lançar um produto, não o fizeram e tiveram alguns problemas. Relatamos aqui o caso de uma empresa norte-americana, conhecida mundialmente, que apresenta muitos casos de produtos bem-sucedidos, como o Mcintosh, Há várias defini- ções para pesqui- sa de marketing, mas Kotler e Keller (2006, p. 98) consideram-na “como a elabora- ção, a coleta, a análise e a edição de relatórios siste- máticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação es- pecífica de marke- ting enfrentada por uma empresa”. 13 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade Capítulo 1 iphone e ipod. Já identificaram a empresa? Isso mesmo! A Apple. Apesar dos inúmeros casos de sucesso, a Apple também amargou alguns fracassos, apresentando produtos que não foram bem-recebidos no mercado, o que não quer dizer que eram de má qualidade, de forma alguma. Em 1996, a empresa lançou um computador que parecia com um videogame. A ideia era produzir um computador barato e que adicionalmente tocasse CDs de jogos (figura 2). Fonte: Techmais (2009). O mesmo fabricante lançou, ainda, outro produto que não foi bem-sucedido, apesar de seu design arrojado. Estamos nos referindo ao Power Mac G4 Cube, um computador Mcintosh compacto, lançado no ano 2000 e retirado do mercado em 2001 pelo fabricante, pois o preço era muito alto só para uma CPU (figura 3). Figura 3 – Power Mac G4 Cube, lançado em 2000 Fonte: Techmais (2009). 14 Análise e Pesquisa de Mercado Agora, reflita um pouco: se a Apple tivesse prestado atenção no que o mercado queria na época, será que teria lançado tais produtos? Será que seus gestores e seus profissionais de marketing não perceberam que havia produtos que apresentavam vantagens superiores no mercado? Quando o Pippin foi lançado, tinha como concorrentes diretos o Playstation One, o Sega Saturn e o Nintendo 64. Com a variada gama de jogos produzidas para estes aparelhos, faltou aos desenvolvedores do produto tornar o Pippin compatível aos jogos já existentes dos concorrentes, possibilitando a popularização não só do microcomputador como do videogame. Outro fato interessante, sobre produtos que foram lançados sem pesquisa prévia, divulgado no jornal O Estado de São Paulo, refere-se ao lançamento de uma água que continha 12 a 15 vezes mais oxigênio que a água normal. Acredita-se que uma quantidade maior de oxigênio serve como um tônico revigorante e, na época, foi a “última moda da superlotada indústria de bebidas do Japão”. Chozik (2006) afirma que “se em outros países os fabricantes de refrigerantes costumam gastar anos em pesquisa de mercado antes de lançar um novo produto, no Japão eles fazem pesquisas limitadas, mandam novos produtos às prateleiras e veem o que acontece”. Agora, imagine: são lançadas 1000 novas bebidas por ano, mas muitas fracassam e podem sumir das prateleiras em semanas. Assim, Chozik (2006) lembra que o Japão se tornou um “campo de testes mundial” para bebidas, os lançamentos que vencem a batalha pela sobrevivência são lançados posteriormente nos EUA, Europa e países da Ásia. Esses exemplos demonstram a importância de realizar pesquisas antes de lançar um produto no mercado, tente imaginar o quanto de investimento foi perdido pela Apple e pelas empresas de bebidas japonesas. A análise do mercado é uma pesquisa que pode ser feita antes de se fazer um plano de ação e permite ao empreendedor diminuir os riscos de entrar nas estatísticas das empresas que fecham suas portas antes de completar dois anos. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) apresenta sugestões e possui material didático que auxilia os empresários a gerir uma empresa. No site do SEBRAE/SP, como em qualquer outra unidade, há uma série de respostas aos questionamentos que são feitos por empreendedores, dentre eles, escolhemos um para você: 15 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade Capítulo 1 Que tipos de ações levam as empresas à falência? - Um dos erros mais comuns, e também mais sérios, é o de confundir gastos pessoais com gastos da empresa. O patrimônio da empresa não deve ser misturado ao patrimônio dos donos. - Ausência de um plano de negócios compatível à realidade do mercado. - Investimento não planejado, ou seja, investir, e fixar metas, sem uma avaliação precisa das necessidades operacionais. - Ausência de controle dos custos, bem como de outros controles internos ligados à capacidade de gerenciamento de uma empresa, tais como: compras, vendas, estoques, finanças, contabilidade, recursos humanos etc. - Estabelecer prazos de venda sem levar em conta o capital de giro. - Acumular dívidas e utilizar recursos emprestados, a uma alta taxa de juros, para suportar os gastos da empresa. - Fazer vendas a prazo, sem adotar uma análise de crédito criteriosa, como comprovante de renda ou residência, referências, consultas de crédito, etc. - Inexperiência dos sócios no ramo de atividade escolhido para o empreendimento. - Remuneração dos sócios incompatível com a situação financeira da empresa. Estes são alguns pontos que podem levar uma empresa à falência, porém existem outros. Fonte: SEBRAE/SP. Disponível em: <http://www.sebraesp.com.br/faq/ financas/gestao_financeira/acoes_falencia>. Acesso em: 5 ago. 2009. Não podemos prever o futuro, mas podemos nos cercar de informações disponíveis no mercado. A pesquisa é uma ferramenta muito importante e pode ser usada antes mesmo de se ter a empresa. 16 Análise e Pesquisa de Mercado O SEBRAE aconselha aos novos empreendedores que antes de investir em um novo empreendimento, preencham um plano de negócios. Para executar essa tarefa, o empresário ou empreendedor precisa coletar as informações em sites, livros, publicações e na região em que pretende atuar. Esses dados auxiliam no processo de implementação de melhorias ou na abertura de um novo negócio. Pense nisso! A pesquisa pode ser feita por empresas de qualquer porte, as grandes contratam institutos de pesquisa, pois podem dispor de orçamento maior ou possuem departamentos destinados a esse fim. Nas pequenas, a pesquisa é conduzida pelos proprietários e empregados, ou contrata-se uma empresa júnior de universidades. Os institutos, segundo Kotler e Keller (2006, p. 99), classificam-se em três categorias: Quadro 1 – Classificação dos Institutos de Pesquisa Institutos de Pesquisa Empresas que coletam e vendem informações comerciais e sobre consumidores. Exemplos: Nielsen Media Business Brasil, Grupo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE, DATAFOLHA. Institutos de Pesquisa de Marketing Customizada Empresas contratadas para realizar projetos específicos. Elaboram o estudo e relatam as descobertas. Institutos de Pesquisa de Marketing, especializados em determinados tipos de serviços Empresas que fornecem serviços de pesquisa especializada. O melhor exemplo é a empresa de serviços de campo, que vende serviços de entrevistas de campo para outras empresas. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 99) A condução de pesquisas é efetuada utilizando o sistema de informações de marketing, examinando sites dos concorrentes, de órgãos públicos, de associações de classe e de institutos de pesquisas públicos ou privados; periódicos comerciais e científicos; comunidades de produtos; salas de bate- papo; ou ainda se passando por um “comprador misterioso”. 17 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade Capítulo 1 Se você fez a disciplina de “Princípios de Marketing” já sabe como age o clientemisterioso. Vamos voltar a este assunto no capítulo 4, quando falarmos em tipos de pesquisa. Você deve estar se perguntando: na prática, como as empresas podem usar dados de pesquisas, inclusive as divulgadas pela mídia? Lógico que não vamos passar uma “receita de bolo”, mas podemos começar com um exemplo bem simples. O texto a seguir é a divulgação dos resultados de uma pesquisa mensal, feita por dois institutos de pesquisa de grande porte e reconhecidamente confiáveis: o IBOPE e o NIELSEN. Tempo de navegação é recorde no Brasil Dados divulgados pelo Ibope Nielsen Online mostram que, no último mês de março, internautas brasileiros passaram, em média, 26 horas e 15 minutos conectados na rede. O tempo que os brasileiros passaram à frente das telinhas do computador no mês de março foi recorde. Nesse período, o tempo de navegação média mensal em março foi de 26 horas e 15 minutos. Esse tempo confere ao Brasil a liderança em termos de tempo de navegação entre os países pesquisados. Em segundo lugar aparece o Reino Unido, com uma média de navegação mensal de 25 horas. Em terceiro vem a França, com média de 24 horas. Os resultados fazem parte dos estudos relativos ao uso da web pelos brasileiros no mês de março, divulgados nesta quarta-feira, 6, pelo Ibope Nielsen Online. De acordo com a pesquisa, a substituição da internet discada pela banda larga aparece como o principal fator para o aumento do uso da internet residencial no Brasil. De acordo com as projeções do estudo, cerca de 62,3 milhões de pessoas em todo o Brasil acessam a internet regularmente, seja de sua própria residência, do trabalho, de instituições de ensino ou de locais públicos. No último mês de março, o total de internautas que navegam de suas próprias casas foi 12% maior do que o registrado em março de 2008, alcançando o montante de 25,5 milhões de pessoas. O Ibope Nielsen Online também apontou que 38,2 milhões de brasileiros já residem em casas com acesso à rede. 18 Análise e Pesquisa de Mercado Em um comparativo entre os usuários de banda larga e internet discada, os primeiros passam bem mais tempo conectados na web. No último mês de março, enquanto o internauta com linha discada navegou por um tempo médio de 17 horas e 11 minutos, o usuário de banda larga navegou 27 horas e 28 minutos. Fonte: TEMPO de navegação é recorde no Brasil. Meio & Mensagem, 6 maio 2009. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/ Conteudo/?Tempo_de_navegacao_e_recorde_no_Brasil>. Acesso em: 21 MAI 2009. Agora que você já leu a reportagem, vamos pensar um pouco: • Para que tipo de empresas essa informação é relevante? • Para os fabricantes de modem? • Para as operadoras de telefonia? • Para as empresas de e-commerce? O que você acha? Os dados são de março de 2009 e os gestores desses três tipos de empresas podem usar essas informações para tomarem decisões relacionadas ao mercado. Se 62,3 milhões de brasileiros acessam a Internet regularmente, para a empresa de e-commerce são compradores potenciais de seus produtos e que com um click podem entrar na loja, apesar de faltarem informações relevantes sobre o perfil. Para as empresas de modem e de telefonia, os dados mais relevantes são os referentes aos 25,5 milhões que navegam de suas próprias casas e os 38,2 milhões que já residem em casas com acesso à rede. As empresas podem investir em novas ofertas para o mercado, como banda larga aos que ainda têm acesso discado, por exemplo. Você pode encontrar dados no Brasil: 3 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 3 Ministérios (Saúde - DATASUS, Educação - INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Transportes – DENATRAN, entre outros). 19 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade Capítulo 1 3 Institutos de Pesquisas (IBOPE, DATAFOLHA, VOX POPULI, NIELSEN, GALLUP etc.). 3 Periódicos (Exame, Valor Econômico, Gazeta Mercantil etc.). 3 Associações de Classe (CNI, CNAT, SENAI, SESI, SENAT, SESC, SENAC, Conselhos de Classe, Sindicatos etc.). 3 Órgãos Públicos (DENATRAN, Secretarias Estaduais, Secretarias Municipais, Assembléias Legislativas, Universidades etc.). Um exemplo do uso da pesquisa para a tomada de decisão foi apresentado por Sobral (2008), quando esta descreveu a empresa Latina, fabricante de eletrodomésticos, primeira empresa a fabricar o tanquinho em cor branca. Sua matriz fica no interior do Estado de São Paulo, em São Carlos. A Latina está entre as quatro maiores empresas em participação, no mercado de tanquinhos, dentre 30 fabricantes no Brasil. (SOBRAL, 2008). Os tanquinhos representam 60% do faturamento da empresa. Os bons resultados se devem ao investimento em pesquisa, por exemplo: a empresa realiza periodicamente focus group (tipo de pesquisa que será tratado no capítulo 4) e outro método de pesquisa foi denominado como “Clube do Lar”. Sobral (2008, p. 88) lembra que “ao adquirir um tanquinho, o consumidor preenchia uma pesquisa”, e para conseguir um bom retorno, ofereceram mais dois anos de garantia aos respondentes. No período, atingiu-se 150 mil questionários, o que proporcionou uma base de dados com preferências e necessidades dos clientes (SOBRAL, 2008). desenvolvimento de produto popular: um estudo de múltiplos casos. São Paulo. 2008. 165 f. Tese (Doutorado em Administração) – Departamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. 20 Análise e Pesquisa de Mercado Atividades de Estudos: Agora que você começou a ter contato com a pesquisa, que tal fazer uma pesquisa e responder os questionamentos a seguir? 1) Acesse o site do IBGE Cid@des: http://www.ibge.gov.br/cidadesat, clique no seu estado de origem, e depois procure os dados da sua cidade. Complete: Estimativa da população, ano: ______________________________ PIB per capita, ano: ______________________________________ Nascidos vivos – registrados no ano: _________________________ Estabelecimentos de saúde – total, ano: ______________________ Que tipo de organizações pode usar essas informações? 2) A empresa que você trabalha pretende fazer uma campanha para conscientizar os motoristas a não misturar álcool e direção, onde você procuraria dados estatísticos para escrever a mensagem: ( ) DATASUS ( ) INEP ( ) DENATRAN ( ) NIELSEN ( ) IBOPE ( ) Gazeta Mercantil 3) Você já participou de alguma pesquisa? Se participou, como foi a coleta das informações? ______________________________________________________ ______________________________________________________ 21 Pesquisa de Marketing: Aplicação e Finalidade Capítulo 1 Algumas Considerações Neste capítulo, você pode verificar que uma das fontes de informações que podem ser usadas pelos gestores é a pesquisa. Também pôde perceber que a adoção dessa ferramenta gera estratégias de marketing voltadas ao mercado em que a empresa atua e aumenta as possibilidades de sucesso. Para ilustrar o capítulo, apresentamos a divulgação de pesquisa realizada pelos Institutos Ibope e Nielsen, sobre o tempo que os internautas brasileiros passam na Internet, e algumas considerações sobre a empresa Latina, fabricante de eletrodomésticos, que utiliza pesquisas para sua tomada de decisões. No próximo capítulo, veremos como as empresas podem usar dados internos e externos, que compõem seu Sistema de Informação de Marketing e como essas informações podem contribuir para o desenvolvimento de pesquisas. Bom estudo! Referências CHOZIK, A. Água engarrafada recebe dose extra de oxigênio. The Wall Street Journal - O Estado de São Paulo, São Paulo, 18 dez. 2006. Economia & Negócios. Disponível em: <http://www.abir.org.br/article.php3?id_article=2496>. Acesso em: 1 ago. 2009. HAIR JÚNIOR, J. F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. KOTLER,P.; KELLER, K.L. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2000. SEBRAE/SP. Disponível em: <http://www.sebraesp.com.br/faq/financas/gestao_ financeira/acoes_falencia>. Acesso em: 5 ago. 2009. 22 Análise e Pesquisa de Mercado SOBRAL, M. C. Estratégias funcionais no desenvolvimento de produto popular: um estudo de múltiplos casos. São Paulo, 2008. 165 f. Tese (Doutorado em Administração) – Departamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. TECHMAIS. 3 produtos fracassados da Apple. TECH+, 11 abr. 2009. Disponível em: <http://www.techmais.net/2009/04/3-produtos-fracassados-da-apple.html >. Acesso em: 4 jul. 2009. TEMPO de navegação é recorde no Brasil. Meio & Mensagem, 6 maio 2009. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/ Conteudo/?Tempo_de_navegacao_e_recorde_no_Brasil>. Acesso em: 21 MAI. 2009. CAPÍTULO 2 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer os componentes do SIM. 3 Compreender que a pesquisa faz parte do SIM. 3 Usar as informações do SIM e das pesquisas para subsidiar o processo administrativo. 24 Análise e Pesquisa de Mercado 25 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 Contextualização Na unidade 1, você foi apresentado ao “mundo” da pesquisa de marketing, percebeu que algumas empresas utilizam essa atividade para a tomada de decisões, além de casos de insucesso por falta de pesquisa. Agora, é hora de saber um pouco mais sobre o Sistema de Informações de Marketing (SIM), formado por registros internos das empresas, informações publicadas por associações e entidades, e a pesquisa de campo. Sistema de Informação de Marketing Sabemos que todo gerente precisa observar o ambiente externo, em algumas organizações, segundo Kotler e Keller (2006, p. 70) “os profissionais de marketing têm duas vantagens: usam métodos consistentes para coletar informações e passam mais tempo interagindo com clientes e observando a concorrência”. Você se lembra da figura 1 que está no capítulo anterior? É sobre isso que vamos tratar agora: das fontes e métodos para o profissional de marketing coletar informações. Os dados coletados no mercado, juntamente com os dados gerados internamente, contribuem para o desenvolvimento dos sistemas de informações de marketing (SIM). Por desconhecimento, o que percebemos é que as empresas “se limitam a fazer projeções rotineiras, analisar vendas e ocasionalmente conduzir estudos”. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 71). Outra questão importante é que os gestores, normalmente, reclamam que não têm acesso às informações ou não sabem onde encontrá-las e quando têm acesso pode ser tarde demais. De qualquer modo, Kotler e Keller (2006, p. 71) afirmam que o SIM “é constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos dedicados a coletar, classificar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias de maneira precisa e oportuna para aqueles que tomam as decisões de marketing”. Assim, já que estamos na “era da informação”, o acesso à internet trouxe avanços significativos na forma como podemos alimentar o SIM da organização em que trabalhamos com os dados disponíveis na rede. O SIM é desenvolvido a partir de três elementos, segundo Kotler e Keller (2006) e Parente (2003): os registros internos da empresa, as atividades de inteligência de marketing e a pesquisa de marketing SIM “é constitu- ído de pessoas, equipamentos e procedimentos dedicados a coletar, classi- ficar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias de maneira precisa e oportuna para aqueles que to- mam as decisões de marketing”. 26 Análise e Pesquisa de Mercado (figura 4). Parente (2003) assevera que os dados fornecidos permitem que se realize a análise SWOT. Vamos lembrar o conceito de SWOT: “método de análise de mercado que permite identificar os pontos fortes (strength) e fracos da empresa (weakness), as oportunidades (opportunity) e ameaças (threaten)” (PARENTE, 2003, p. 364). Figura 4 - Composição dos Sistemas de Informação de Marketing Sistema de Informação de Marketing Sistema de Pesquisa de Marketing Sistemas de Dados Internos Sistema de Inteligência de Marketing Pedidos, Vendas, Preços, Custos, Estoque, Contas a receber, Contas a pagar, Investimento, Produção etc . Livros, Jornais, Publicações setoriais, Clientes, Fornecedores, Distribuidores, Reuniões, Eventos: seminários, palestras etc. Qualitativas, Quantitativas, Observação, Experimento, Entrevistas, Etc. Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2006) e de Parente (2003). Para ajudar os gestores a identificarem as oportunidades ou problemas importantes, Kotler e Keller (2006, p. 71) sugerem dez questionamentos que auxiliam no planejamento das informações relevantes de seus registros internos (quadro 2). 27 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 Quadro 2 – Necessidade de Informações 1. Que decisões você toma regularmente? 2. De que informações você precisa para tomar essas decisões? 3. Que informações você obtém regularmente? 4. Que estudos especiais você solicita periodicamente? 5. Que informações você quer e não está obtendo agora? 6. Que informações você gostaria de obter diariamente? Semanalmente? Mensalmente? Anualmente? 7. Quais revistas ou relatórios comerciais você gostaria de consultar regularmente? 8. Sobre quais assuntos você gostaria que o mantivessem informado? 9. Qual programa de análise de dados você deseja? 10.Quais são as quatro principais melhorias que deveriam ser feitas no sistema de informações de marketing atualmente em uso? Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 71). Atividades de Estudos: A sugestão dos autores pode ser aplicada no nosso cotidiano. Você consegue responder as perguntas acima? Vamos ao trabalho!! 1) Que decisões você toma regularmente? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) De que informações você precisa para tomar essas decisões? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 28 Análise e Pesquisa de Mercado 3) Que informações você obtém regularmente? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 4) Que estudos especiais você solicita periodicamente? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 5) Que informações você quer e não está obtendo agora? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 6) Que informações você gostaria de obter diariamente? Semanalmente? Mensalmente? Anualmente? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 7) Quais revistas ou relatórios comerciais você gostaria de consultar regularmente? ____________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 8) Sobre quais assuntos você gostaria que o mantivessem informado? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 9) Qual programa de análise de dados você deseja? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 29 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 10) Quais são as quatro principais melhorias que deveriam ser feitas no sistema de informações de marketing atualmente em uso? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ A maior parte das organizações dispõe de computadores com softwares que permitem o armazenamento de informações e dados que auxiliam os gestores na tomada de decisão. A empresa que você trabalha dispõe desses recursos? Churchill Júnior e Peter (2003, p. 118) adotam a expressão “sistema de apoio a decisões de marketing” (SADM) quando a empresa possui recursos informacionais disponíveis. Esse sistema requer três tipos de programas: gerenciamento de banco de dados, de modelos e de relatórios. Cabe ressaltar que a ênfase está na análise e interpretação dos dados, não na coleta de dados. Os pesquisadores, ou profissionais de marketing, podem obter informações dentro (“fontes internas”) ou fora da empresa (“fontes externas”), de acordo com exemplos apresentados na figura 4. Churchill Júnior e Peter (2003, p. 117) lembram que dados “são simplesmente fatos e estatísticas” e informações referem-se “a dados apresentados de maneira que sejam úteis para a tomada de decisões”. 30 Análise e Pesquisa de Mercado Sistema de Registros Internos Parente (2003, p. 367) afirma que, o “sistema interno de dados engloba indicadores de desempenho da empresa, informações de vendas e do cadastro de clientes”. Esses dados são chamados de secundários internos, pois fazem parte dos sistemas de informação e de controle, próprios da empresa. São exemplos de dados secundários internos, segundo Parente (2003, p. 367): • os colaboradores, com destaque à força de vendas – porque interagem constantemente com os consumidores e acumulam informações sobre suas necessidades e tendências de mercado; os registros dos consumidores; • banco de dados que contenha o histórico de compras, devoluções, reclamações, perfil do cliente, crédito e cobrança; • pesquisas de mercado realizadas anteriormente; relatórios internos da empresa (de desempenho – clientes ativos, cotas de vendas, pontualidade e rotatividade de pessoal; financeiros, de vendas, despesas, lucros, estoques, tendências de vendas – por tipo de cliente e por região geográfica). Além dos dados gerados internamente, os gestores ou os profissionais de marketing precisam ficar atentos às informações do mercado para desenvolver um sistema de inteligência de marketing, que é apresentado a seguir. Sistema de Inteligência de Marketing O sistema de registros internos “fornece dados sobre resultados” e o de inteligência “fornece dados sobre eventos”. Kotler e Keller (2006, p. 73) afirmam que este último sistema “é um conjunto de procedimentos e fontes usado por administradores para obter informações diárias sobre eventos no ambiente de marketing”. As informações são coletadas em livros, jornais, publicações setoriais etc. como apresentado na figura 1, no capítulo anterior. Para pensarmos e efetivarmos melhorias sobre a inteligência de marketing, Kotler e Keller (2006, p. 73-74) orientam os leitores a tomarem sete medidas, resumidas no quadro 3. Veja: Sistema de inteligência é um conjunto de procedimentos e fontes usado por administradores para obter infor- mações diárias sobre eventos no ambiente de marketing. 31 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 Quadro 3 – Medidas para melhorar o Sistema de Inteligência de Ma 1. A empresa pode treinar e motivar o pessoal de vendas para que localize e relate novos acontecimentos. 2. A empresa pode motivar distribuidores, revendedores e outros intermediári- os a repassar informações importantes. 3. A empresa pode conhecer melhor a concorrência. 4. A empresa pode criar um painel consultivo de clientes. 5. A empresa pode tirar proveito de fontes de dados governamentais. 6. A empresa pode comprar informações de fornecedores internos. 7. A empresa pode oferecer ao cliente sistemas de feedback on-line e, assim, coletar informações de marketing. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 73-74). Para adotar algumas dessas medidas, a empresa precisa preparar seus vendedores, representantes, a cadeia de suprimentos e a rede de distribuição para repassar as informações que coletam no mercado, além de monitorar as ações da concorrência, o que pode ser feito a partir: de notícias veiculadas (jornais, revistas, sites), de relatórios e de opiniões de empregados e clientes. A confiança é a base de qualquer relacionamento e a sociedade quer ter a certeza de que os resultados foram apurados honestamente e que não feriram a ética e a legislação. Por esse motivo foi criado um código que rege esta relação, elaborado pela Sociedade Européia para Pesquisa de Opinião e Mercado (ESOMAR), em 1948. E, em 1976, a Câmara Internacional de Comércio (ICC) e a ESOMAR unifi caram seus códigos e lançaram um único em 1977. A partir daí, o código passou por mais três revisões: 1986, 1994 e em dezembro de 2007. A versão atual é a quarta edição do Código Internacional ICC/ESOMAR em pesquisa de mercado e pesquisa social, vigente no Brasil desde 20 de maio de 2009. Você pode verificar no site a seguir: http://www.abep.org/codigosguias/Codigo_de_Conduta_ICC_ Esomar_Traduzido.pdf Dados podem ser adquiridos de fontes oficiais: no Brasil, o IBGE é 32 Análise e Pesquisa de Mercado responsável pelo Censo (contagem total da população) e por pesquisas em várias áreas. As estimativas e os resultados mais recentes, dos dois últimos anos, podem ser adquiridos no site, na loja virtual: http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=152 Você sabia que as empresas podem comprar dados de institutos de pesquisa privados, que compilam e armazenam dados setoriais? No Brasil, os fabricantes analisam dados sobre produtos e marcas da Nielsen, por exemplo. Parente (2003, p. 364) afirma que os dados são classificados em primários e secundários. Os primários precisam ser coletados através de observação, entrevistas e experimentos. Os secundários já existem, estão disponíveis e podem ser internos ou externos, como ilustrado na figura 2, tema já tratado no sistema de registros internos. Comparando os dados secundários aos primários, Parente (2003, p. 365) apresenta-nos algumas vantagens e desvantagens. Veja o quadro 4: Quadro 4 – Vantagens e Desvantagens dos dados secundários em comparação aos dados primários Vantagens Desvantagens • Baixo custo. • Rapidez. • Existência de várias fontes. • Muitas perspectivas e variedade de dados. • Acesso a informações que seriam impossíveis de obter. • Fontes com alta credibilidade/dados confiáveis. • Auxílio na definição da questão. • Histórico de informações que podem solucionar a questão sem necessidade da coleta de dados primários. • Dados disponíveis inadequados para certos estudos, pois foram coletados com outros objetivos. • Diversidade na classificaçãodos da- dos. • Possível desatualização dos dados es- tatísticos. • Impossibilidade de avaliar o grau de precisão das informações coletadas. • Fontes não confiáveis – omissão e técnicas precárias na coleta de dados. • Falta de confiabilidade – impossibili- dade de reproduzir um estudo e obt- er os mesmos resultados. Fonte: Parente (2003, p. 365). Os dados são classificados em primários e secundários. Os primários preci- sam ser coletados através de obser- vação, entrevistas e experimentos. Os secundários já existem, estão disponíveis e podem ser inter- nos ou externos. (PARENTE, 2003, p. 364). 33 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 É bom lembrar que “os dados secundários externos são a principal fonte para o sistema de inteligência de marketing”, afirma Parente (2003, p. 365). Normalmente esses dados são gratuitos ou têm custo menor que coletar os primários. O avanço da tecnologia possibilitou aos gestores e pesquisadores obter dados com rapidez, lembrando que as fontes devem ser confiáveis. (HAIR JÚNIOR et al., 2005). Por fim, o terceiro processo que forma o sistema de informação de marketing é o sistema de pesquisa de marketing, o qual veremos a seguir. Sistema de Pesquisa de Marketing Esse sistema trata da pesquisa de marketing propriamente dita. A Associação Americana de Marketing (AMA), de tempos em tempos, atualiza os termos e conceitos, e o de pesquisa foi publicado nos anos de 1987 e atualizado no ano 2000. Para a AMA, a pesquisa de marketing é: A função que conecta o consumidor, o cliente e o público ao profissional de marketing através de informações – informações usadas para identificar e definir oportunidades e problemas de marketing, para gerar, refinar e avaliar ações de marketing, para monitorar o desempenho de marketing e para melhorar a compreensão do marketing como processo. A pesquisa de marketing especifica a informação requerida para abordar essas questões, formula o método para coletar informações, gerencia e implementa o processo de coleta de dados, analisa os resultados e comunica os resultados e suas implicações. Malhotra (2006, p. 36) também apresenta o conceito da AMA, porém de forma simplificada: “a identificação, coleta, análise e disseminação de informações de forma sistemática e objetiva e uso de informações para melhorar a tomada de decisões relacionada com a identificação e a solução de problemas e oportunidades em marketing”. Já Parente (2003, p. 368) lembra que é “o processo sistemático de coleta e análise de informações relativas às questões específicas ou problemas de marketing enfrentados pelas empresas”. Como você pode ver, as três definições tratam de “um processo”, planejado e sistemático, em que a empresa precisa de dados que possibilitem verificar quais as necessidades de seus clientes, aumentando as chances de tomar decisões que os satisfaçam. Visando a melhor atender seus clientes, muitas empresas integram seus bancos de dados (internos) a dados que só conseguem no Os dados secun- dários externos são a principal fonte para o siste- ma de inteligência de marketing. A pesquisa de marketing refere- -se à: “identifica- ção, coleta, análi- se e disseminação de informações de forma sistemática e objetiva e uso de informações para melhorar a tomada de decisões relacionada com a identificação e a solução de problemas e oportunidades em marketing”. (MALHOTRA, 2006,p. 36) 34 Análise e Pesquisa de Mercado mercado, adquirindo informações que contribuam por detectar e solucionar possíveis dificuldades no relacionamento com os clientes. Algumas empresas de grande porte possuem uma área de marketing responsável em atender às necessidades de pesquisa; nas de porte menor, o executivo contrata uma empresa de publicidade ou de pesquisa que se encarrega de desenvolvê-la. Parente (2003, p. 369) sugere cinco etapas do processo de pesquisa, como você vê na figura 5: Figura 5 – As cinco etapas do processo de pesquisa Fonte: Parente (2003, p. 369). A primeira etapa consiste em definir qual o problema ou qual a informação a ser coletada no mercado. Definido o problema, é preciso traçar os objetivos da pesquisa. Por exemplo, a empresa já está em atividade por mais de cinco anos e precisa conhecer o segmento de mercado que atende. Desta forma, o objetivo seria “traçar o perfil dos clientes atendidos pela empresa”. Na segunda etapa, devemos planejar o projeto a partir de procedimentos metodológicos, definindo como coletar os dados, procedimentos de amostragem e análise dos dados. No exemplo da empresa que quer traçar o perfil dos seus clientes, vamos supor que escolhemos coletar os dados através de entrevistas via telefone. Para tanto, é importante verificar em seus bancos de dados quantos clientes estão cadastrados, separá-los em ativos e inativos para definir o universo de pesquisa. Além disso, é necessário pensar no instrumento de coleta e definir perguntas, tais como: profissão, hobbies, gostos, frequência de compras, uso etc. Tudo isso você verá detalhadamente no decorrer do caderno. A terceira etapa consiste na coleta das informações. Como a coleta foi definida a partir de entrevistas via telefone, cabe aos entrevistadores ligarem e fazer as perguntas constantes no instrumento de coleta. Com as entrevistas preenchidas, cabe ao pesquisador tabular os dados e analisá-los, interpretar o que os respondentes disseram e elaborar as conclusões. Coletar informações Definir Problema E Objetivos da Pesquisa Planejar o projeto de pesquisa Apresentar os resultados Analisar informações 35 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 Atividade de Estudos: 1) Você já teve a experiência de participar de alguma pesquisa? A(s) empresa(s) que você trabalha(ou) já fizeram alguma pesquisa com seus clientes? Em caso afirmativo, você lembra o que queriam descobrir? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Ao fim do trabalho, devemos preparar um relatório com os resultados da pesquisa. Vamos apresentar esse processo no capítulo 6, aguarde. Atividades de Estudos: 1) Agora que vocês já conheceram o SIM e seus componentes, que tal responder os questionamentos a seguir: a) O que é sistema de informação de marketing? Qual a importância para as organizações? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ b) Quais são os componentes do SIM? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ c) O que é pesquisa de marketing? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 36 Análise e Pesquisa de Mercado ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Leia a reportagem a seguir e responda as questões que seguem: Consumo de não-duráveis cresce 9% no 1º trimestre Pesquisa da LatinPan- el mostra que brasileiros priorizam lazer dentro de casa em meio à crise Na crise, o consumidor segue a mesma lógica do mercado anunciante. Enquanto muitas empresas optam por planejar as compras de mídia a curto prazo, os brasileiros em geral também aderem às compras “picadinhas”. Pesquisa realizadapela empresa LatinPanel, que monitora semanalmente 8,2 mil domicílios no País, mostra que os brasileiros aumentaram em 15% a frequência comque foram ao supermercado no primeiro trimestre de 2009, em relação ao mesmo período de 2008. Ao contrário do que se poderia esperar, porém, esse fator - que demonstra uma preocupação de consumir de acordo com as necessidades imediatas - se refletiu num aumento de 9% no consumo de bens não-duráveis. A classe D/E foi a principal responsável por essa expansão (9%), seguida pela C (8%) e a AB (6%). As categorias que encabeçaram o crescimento do consumo nos três primeiros meses do ano foram os produtos de limpeza para o lar e alimentos (11% em volume), a cesta de bebidas (7%) e higiene e beleza pessoal (6%). “Há 20 anos que, em qualquer crise, os mercados de beleza e higiene pessoal crescem”, conta Ana Claudia Fioratti, diretora-geral do LatinPanel. De acordo com a pesquisa, a tendência de consumir mais dentro do lar, que já se verificava, se acentuou com a crise. O consumo de bebidas e alimentos dentro de casa entre janeiro e dezembro de 2008 ante 2007 cresceu 14%, enquanto o fora de casa aumentou 9%. Segundo Ana Claudia, desde 2004, é a primeira vez que essa inversão ocorre. Isso significa que as pessoas estão gastando menos com lazer e viagens e que produtos como TV paga e internet rápida estão conseguindo aumentar a sua penetração: entre janeiro e dezembro de 2008, o número de lares que assinam os pacotes de TV por assinatura mais banda larga, combinados, cresceu 141%; o de banda larga, 53% e o de TV a cabo, 22%. Outro dado importante para o mercado publicitário mostra que, em 57% das categorias, a marca líder está presente no carrinho de 37 Sistema de Informação de Marketing (SIM) e Pesquisa de Marketing Capítulo 2 consumidores de todas as classes, inclusive das mais baixas, que não podem errar. “A classe A/B é mais experimentadora. A classe média é muito ligada à questão de marca. Em termos de marcas que coexistem, novas fragrâncias, novos sabores, versões diferentes, é a classe A/B normalmente que mais faz essa experimentação”, explica a diretora da LatinPanel. Fonte: GANEN, Paula. Consumo de não-duráveis cresce 9% no 1º trimestre. M&M OnLine, 12 maio 2009. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/ Conteudo/?Consumo_de_nao_duraveis_cresce_9__ no_10_trimestre >. Acesso em: 10 jun. 2009. a) Que mudanças foram observadas no comportamento das famílias? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ b) De que forma as empresas que vendem produtos alimentícios, e de higiene e beleza podem se beneficiar do conteúdo dessa pesquisa? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Algumas Considerações Nesse capítulo, fizemos um passeio no Sistema de Informação de Marketing, um sistema formado por registros internos das empresas. Assim, percebemos que quando os gestores precisam de informações, podem buscá-las no mercado (por exemplo: em revistas setoriais, feiras, livros, revistas comerciais, entre outros) ou a partir de pesquisas de campo. Nesse cenário, a pesquisa de marketing permite identificar algum problema da organização ou que sejam encontradas soluções, por isso, é um meio eficiente para “alimentar” o SIM. Os dados coletados e ordenados através do SIM fornecem aos gestores 38 Análise e Pesquisa de Mercado uma visão abrangente do negócio e do mercado, possibilitando a tomada de decisão que atenda aos anseios, necessidades e desejos dos seus clientes e consumidores, permitindo que melhorem seus processos internos, subsidiando o processo administrativo. No capítulo seguinte, apresentamos o método científico aplicado à pesquisa, pois como vocês puderam ver nesse capítulo, precisamos coletar dados confiáveis e de acordo com a ética. Bom estudo!! Referências AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Dictionary of Terms. Disponível em: <http://www.marketingpower.com/_layouts/Dictionary.aspx?dLetter=M>. Acesso em: 8 ago. 2009. CHURCHILL JÚNIOR, G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000. GANEN, P. Consumo de não-duráveis cresce 9% no 1º trimestre. M&M OnLine, 12 maio 2009. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/Conteudo/?Consumo_de_nao_ duraveis_cresce_9__no_10_trimestre >. Acesso em: 10 jun. 2009. KOTLER, P.; KELLER, K.L. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2006. PARENTE, J. G. O sistema de informação de marketing e a pesquisa de marketing. In: DIAS, Sérgio Roberto (Coord.). Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 361-389. CAPÍTULO 3 Método Científico Aplicado à Pesquisa de Marketing A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Diferenciar pesquisas científicas de enquetes e sondagens. 3 Verificar a credibilidade de pesquisas realizadas a partir de métodos científicos. 40 Análise e Pesquisa de Mercado 41 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 Contextualização Ao ler o título desse capítulo, com certeza você pensou: o que é método científico? Preciso disso para perguntar aos meus clientes o que os satisfaz? Eu só posso responder que quanto mais próximo do método, mais confiáveis serão os resultados de uma pesquisa realizada por você. Desde os primórdios, o ser humano cria processos que o ajudem a explicar os fenômenos. E, desse modo, a ciência se desenvolveu, e sua atividade básica é a pesquisa. Para evitar que as crenças e valores do pesquisador interfiram nos resultados, a busca pela verdade foi organizada por etapas racionais a serem seguidas pelos pesquisadores. Essas etapas são caminhos lógicos (conhecidos como métodos) para organizar o pensamento,. E, para que você possa fazer uma pesquisa confiável, nesse capítulo apresentamos o método científico e as nomenclaturas de pesquisas de marketing que você pode ouvir. Boa leitura e trabalho!! Pesquisa Você já respondeu a algumas questões disponíveis em sites, blogs, ou nos sites de relacionamento? Ou, já foi parado na rua para responder uma pesquisa? Ou ainda, recebeu algum telefonema, ou uma pesquisa pelo correio, como as de editoras de revistas, em que participaria de um sorteio de carro? Muitos brasileiros responderiam que não participaram de nenhuma pesquisa, e alguns podem afirmar que não confiam no que é divulgado pelos meios de comunicação. Por esses motivos, incluímos esse capítulo no caderno de estudo, o que garante a confiabilidade dos resultados é a aplicação do método científico. E, não se iluda, pois fazer uma pesquisa, inicialmente, pode parecer fácil, mas não é. Uma pesquisa mal feita pode trazer piores resultados do que não fazê-la, é um assunto sério! Dentre os casos mais recentes para evitar pesquisas mal feitas, encontra- se a lei referente às pesquisas eleitorais, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou a Resolução 22.143 em 2006 para complementar a Lei de 1997. Para que você tenha uma ideia da importância deste documento, leia um fragmento, a seguir, muito importante e que tem relação com os objetivos deste caderno. 42 Análise e Pesquisa de Mercado Art. 1º A partir de 1º de janeiro do ano da eleição, as entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas ao pleito ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, até cinco dias antes da divulgação, as seguintesinformações (Lei nº 9.504/97, art. 33, I a VII, e § 1º; Res.-TSE nº 21.631, de 19.2.2004): I - quem contratou a pesquisa; II - valor e origem dos recursos despendidos no trabalho; III - metodologia e período de realização da pesquisa; IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução e nível econômico do respondente e área física de realização do trabalho, intervalo de confiança e margem de erro; [...] Fonte: BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução 22143, de 2 de março de 2006. Disponível em: <http://www.tre-ms.gov.br/ resolucaotse/Res22143_consolidada.pdf>. Acesso em: 16 set. 2009. Você pode visualizar a Resolução 22.143 na íntegra no material de apoio da disciplina. É importante que você saiba que existem três modos de se fazer uma pesquisa, comumente conhecidos como: enquetes, sondagens e pesquisas científicas. Vamos descrever a seguir cada um deles. a) Enquete Enquete, segundo Ferreira (2004), é uma “pesquisa ou investigação metódica, baseada em testemunhos, opiniões etc. sobre determinado assunto, geralmente organizada pelos meios de comunicação”. Para você ver este modo de pesquisa na prática, apresentamos uma enquete de 2004, sobre empreendedorismo, realizada pela Folha de São Paulo. Empreenda-se Enquete, pesquisa ou investigação metódica, base- ada em testemu- nhos, opiniões etc. sobre determinado assunto, geral- mente organizada pelos meios de comunicação. 43 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 Mesmo quem nunca sonhou em trocar a carteira assinada pelo voo solo pode cultivar características empreendedoras e lucrar com isso (leia mais). O que você acha mais importante para ser um empreendedor de sucesso? • A enquete está fechada e não aceita mais votos. Quadro 5 – Enquete: empreenda-se 12% 153 votos Coragem 23% 303 votos Iniciativa 13% 169 votos Organização 16% 206 votos Ousadia 24% 316 votos Persistência 13% 172 votos Uma boa idéia Total: 1.319 votos Fonte: Folha OnLine (2004). Atenção: o resultado desta enquete não tem valor de amostragem científica e se refere apenas a um grupo de leitores da Folha Online. Como vocês podem ver, o jornal inseriu um campo de “atenção”, informando que não se trata de uma pesquisa científica. Aaker, Kumar e Day (2004, p. 235) consideram a enquete como um modo de pesquisa de marketing, uma “opção quase definitiva dos pesquisadores para a coleta de dados primários”. Algumas de suas vantagens são: podemos obter informações do consumidor acerca do produto; é versátil (pode ser aplicada a qualquer público) e adaptável a objetivos de pesquisas descritivas ou causais. No decorrer do caderno, você entenderá o que são pesquisas descritivas ou causais. Apesar das vantagens, a enquete também traz desvantagens. Aaker, Kumar e Day (2004) lembram que as desvantagens provêm da interação entre 44 Análise e Pesquisa de Mercado o pesquisador e o respondente: o pesquisado pode se recusar a responder ou não estar disposto; interpretação ambígua das perguntas ou respostas; má formulação das questões; e o entrevistador pode compreender e registrar as respostas equivocadamente. Essas desvantagens também se referem a outros tipos de pesquisa. Vamos continuar agora nossa conversa sobre outro modo de pesquisa, a sondagem. b) Sondagem A palavra sondagem, segundo Ferreira (2004), tem vários significados, mas vamos nos ater a dois: • Observação cautelosa; investigação, pesquisa. • Estat. Método de pesquisa que consiste em recolher dados parciais que permitam um resultado representativo do assunto em apreço: sondagem de opinião; sondagem do mercado. As sondagens são conhecidas como pesquisas empresariais ou comerciais. São largamente usadas pelas empresas para a tomada de decisões e usam métodos científicos. As pesquisas, consideradas científicas, são realizadas em universidades, instituições de ensino superior e centros de pesquisa e seguem o “método científico”. As áreas de aplicação das sondagens estatísticas são diversas, como estudos pré-eleitorais ou de opinião pública. Podem ser aplicadas para estudos sociológicos, demográficos, econômicos ou de marketing. As sondagens são vantajosas e seguras, estão baseadas em análise estatística, a qual apresentaremos com maior detalhamento no capítulo 5. Apresento os resultados de uma pesquisa feita por um instituto da USP (Universidade de São Paulo) para a Abinee (Associação Brasileira da Indústria de Energia Elétrica e Eletrônica), sobre o consumo de chuveiros elétricos: Quanto custa o seu banho? Não é só o tempo debaixo do chuveiro que faz a diferença Segundo a Eletropaulo, o chuveiro representa 30% dos gastos com energia dos consumidores paulistas. Dessa forma, As sondagens são conhecidas como pesquisas empresariais ou comerciais. São largamente usa- das pelas empre- sas para a tomada de decisões e usam métodos científicos. 45 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 prestar atenção ao tempo que você fica no banho pode fazer bem ao orçamento. Mas, para quem pensa que só o tempo debaixo do chuveiro pesa no bolso, é bom ficar de olho no sistema que você instala em sua casa. Segundo dados preliminares de pesquisa feita pelo Cirra (Centro Internacional de Referência e Reúso em Água), da USP (Universidade de São Paulo), encomendada pelo GCE (Grupo de Chuveiros Elétricos) da Abinee (Associação Brasileira da Indústria de Energia Elétrica e Eletrônica), essa escolha pode fazer a diferença no final do mês. Entre janeiro e março deste ano, o Cirra avaliou e comparou o volume de água e energia consumidos pelo chuveiro elétrico, pelo sistema híbrido (combinação entre energia solar e chuveiro elétrico), aquecedor solar, a gás e elétrico e verificou que, para um banho de oito minutos, o chuveiro elétrico e o sistema híbrido pesaram menos no bolso, custando R$ 0,22 cada, sem impostos. Para o mesmo tempo de banho, aquele com aquecimento elétrico foi o mais caro, custando R$ 0,78. O banho a gás saiu por R$ 0,58 e aquele com sistema de aquecimento solar custou R$ 0,35. O levantamento segue até janeiro do próximo ano. Temperatura ideal Entre todos os sistemas analisados, o que utiliza chuveiro elétrico também é o que menos desperdiça água. Isso porque, assim que ele é ligado, a água sai na temperatura desejada, ao passo que, nos outros sistemas, a temperatura ideal demora um pouco para ser atingida, fazendo com que haja um consumo maior de água. No caso do aquecedor elétrico, por exemplo, o desperdício é de 4,5 litros, enquanto que nos demais sistemas, a quantidade de água que cai até a temperatura ideal ser atingida é de 5 litros. Para um banho de oito minutos, a quantidade de água também varia entre os sistemas e, mais uma vez, o chuveiro elétrico ganha o posto de mais econômico. Esse sistema utiliza 4 litros por minuto. Já com o sistema híbrido, o consumo é um pouco maior, de 4,1 litros por minuto. Com aquecedor elétrico e solar os gastos são de 8,4 e 8,7 litros, respectivamente. O sistema que gastou mais água por minuto foi o sistema com aquecedor a gás, 9,1 litros. 46 Análise e Pesquisa de Mercado Veja, abaixo, quanto custa o seu banho: Elétrico Híbrido Híbrido Aquec. a gás Aquec. elétrico Aquec. solar Consumo de água 4l/min 4,1l/min 4,1l/min 9,1l/ min 8,4l/min 8,7l/min Custo de água (banho de 8 min) R$ 0,13 R$ 0,14 R$ 0,14 R$ 0,28 R$ 0,25 R$ 0,31 Custo de energia elétrica/gás (ban- ho de 8 min) R$ 0,09 R$ 0,08 R$ 0,08 R$ 0,30 R$ 0,53 R$ 0,04 Gasto total (ban- ho de 8 min) R$ 0,22 R$ 0,22 R$ 0,22 R$ 0,58 R$ 0,78 R$ 0,35 Energia limpa Mas, nem sempre a economia no bolso faz bem ao planeta. Isso porque, o sistema mais econômico, o que utiliza chuveiro elétrico, também é o sistema mais poluidor, pois essa energia é produzida em usinas hidrelétricas. O sistema híbrido, de acordo com Simone May, responsávelpela pesquisa, nesse quesito, é o mais recomendado, de acordo com a Agência Imprensa Oficial. Pois, além de ser econômico, utiliza energia limpa e o consumo de água e energia é equilibrado. Simone explica que o desperdício de água ocorre no primeiro banho, já que a água aquecida demora certo tempo para chegar até o chuveiro. Caso não haja grandes intervalos de tempo entre um banho e outro, não acontecerão tais perdas. Para instalar Tendo visto qual o sistema ideal para a sua casa, é hora de desembolsar. Considerando os custos de instalação somados ao valor do equipamento, o levantamento do Cirra detectou que o chuveiro elétrico, mais uma vez, é o mais econômico. Para colocar o sistema em casa, são necessários R$ 31. O sistema mais caro é o mais limpo. O aquecedor solar não sai por menos de R$ 4.045. Para instalar o sistema híbrido, considerado 47 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 o ideal, é preciso desembolsar R$ 888. Já para adquirir os sistemas de aquecimento a gás e o elétrico, são necessários R$ 945 e R$ 1.855, respectivamente. Fonte: QUANTO custa o seu banho? Não é só o tempo debaixo do chuveiro que faz a diferença. Info Money,15 maio 2009. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/ultnot/infomoney/2009/05/15/ ult4040u19373.jhtm>. Acesso em: 18 maio 2009. Essa pesquisa pode ser considerada uma sondagem, a Abinee contratou um instituto para verificar os custos de tipos diferentes de chuveiro. Os dados matemáticos são apresentados monetariamente, e permitem às indústrias do setor traçar estratégias de mercado para comercialização de chuveiros. c) Pesquisas Científicas Ao iniciarmos o estudo deste tópico, convido você a refletir sobre as palavras a seguir, proferidas por Machado de Assis (1984, p. 193): “As calamidades ou os simples dissabores nas relações do coração provinham de que o amor era praticado de um modo empírico; faltava-lhe a base científica.” Essa mesma necessidade, citada por Assis, recobre também outros assuntos como você deve imaginar. Para os objetivos deste caderno, vamos dar especial enfoque à base científica, a qual envolve, invarialmente, pesquisa. Gil (1991, p. 19) define pesquisa como “procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Assim, entre os vários tipos de conhecimento, vejamos como o empírico ou popular e o conhecimento científico contribuem para encontrarmos essas respostas. Com certeza você ouviu falar desses dois tipos de conhecimento durante sua graduação! O conhecimento empírico está baseado na experiência, e é transmitido de geração para geração. Por exemplo, o uso de ervas como remédio para os males do corpo. É o “conhecimento derivado do experimento e da observação da realidade” (FERREIRA, 2004). Vergara (2000, p. 12) lembra que “intuição, sentimento e sensações” também estão presentes, mas para a ciência “o que predomina é a busca da racionalidade”. Logo, o conhecimento científico é resultado da ciência, é o conhecimento produzido através de treinamento e conduzido por procedimentos científicos, é efetuado com os rigores do método científico. O conhecimento empírico precisa ser testado, pesquisado para que se transforme em conhecimento científico e componha o corpo teórico da ciência. 48 Análise e Pesquisa de Mercado O conhecimento científico é passível de refutação (deve resistir à falseabilidade), ser coerente (obedecer à lógica metodológica). Vergara (2000, p. 12) afirma que “ciência é também uma construção que revela nossas suposições acerca do que se está construindo”, lembrando que estamos construindo o conhecimento. Burrel e Morgan (1979 apud VERGARA, 2000, p. 12) apresentaram quatro suposições: ontológicas, epistemológicas, da natureza humana e metodológicas. A importância de conhecermos essas suposições, sintetizadas no quadro a seguir, reside no fato que elas permitem a definição do método a ser aplicado pelo pesquisador. Quadro 6 – Suposições de Burrel e Morgan para Construção da Ciência SUPOSIÇÕES CARACTERÍSTICAS Ontológicas Essência dos fenômenos sob investigação. Epistemológicas Como o conhecimento é transferido (forma tangível, concreta, objetiva; ou espiritual, transcendental, subjetiva). Natureza Humana Visão que se tem do Homem (produto do ambiente ou da personalidade?). Metodológicas As suposições anteriores implicam diretamente a ordem metodológica. Qual metodologia é aplicada. Fonte: Adaptado de Vergara (2000, p. 12). Estamos falando do método e, afinal de contas, o que é? O Método Científico é composto por normas metodológicas consagradas pela ciência. Lakatos e Marconi (1990, p. 82) definem como: o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Vergara (2000, p. 12) considera que “método é um caminho, uma forma, uma lógica de pensamento. Basicamente, há três grandes métodos: (a) hipotético-dedutivo; (b) fenomenológico; (c) dialético”, resumidos e apresentados no quadro 7. Nas palavras da autora, esses métodos podem ser comparados à “venda por atacado”, e métodos como: grounded theory, etnográfico, análise de conteúdo, técnica Delphi, Comparativo, e Sistêmico são como “vendas a 49 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 varejo”. Descartes se dedicou a observar o método e descrevê-lo, o filósofo acreditava que o seu método era um instrumento capaz de levar o espírito (humano) à conquista da verdade. Traçou quatro preceitos: (1) nunca receber qualquer coisa como verdadeira; (2) dividir as dificuldades (os problemas) para melhor examiná-las; (3) conduzir os pensamentos através dos problemas mais simples e mais fáceis para os mais difíceis; (4) fazer enumerações completas e revisões gerais para estar seguro que nada foi omitido. Quadro 7 – Métodos Científicos MÉTODOS CARACTERÍSTICAS FONTES DE INFORMAÇÃO Hipotético- Dedutivo Herança da corrente epistemológica denominada “Positivismo”. Deduz a partir da formulação de hipóteses. Busca regularidades e relacionamentos causais entre os elementos. Enfatiza a relevância técnica e da quantificação – procedimentos estatísticos. Os dados coletados são codificados em categorias numéricas, podem ser visualizados em gráficos e tabelas. Questionários estruturados, testes e escalas como principais instrumentos de coleta de dados. 50 Análise e Pesquisa de Mercado Fenomenológico Opõe-se à corrente positivista. Afirma que algo só pode ser entendido a partir do ponto de vista, das experiências e das vivências das pessoas. Crenças, valores, paradigmas e suposições estão presentes no olhar do pesquisador ao que estuda. O pesquisador busca entender o fenômeno, interpretá-lo, perceber seu significado, com base em sua história de vida. Pratica a hermenêutica – busca a compreensão de significados, que exige leitura do contexto. Observação: entrevistas e questionários não estruturados; estudos de caso: história de países, de empresas, de organizações em geral; conteúdo de textos; histórias de vida: diários, biografias, relatos centrados no cotidiano. Dialético Opõe-se à corrente positivista. Vê as coisas em constante fluxo e transformação. O foco está no processo. Entende que a sociedade constrói o homem e o homem é por ela construído. Estuda os fenômenos dentro de um contexto, configurando a totalidade. Tudo está relacionado, há forças que se atraem e se repelem, ao mesmo tempo – é a contradição. Usa conceitos como: totalidade, contradição, mediação e superação. Fonte: Adaptado de Vergara (2000, p. 12-15). Você sabe de onde vem a expressão hermenêutica? Vem de Hermes, ser da mitologia grega que era responsável por transmitir a mensagem dos deuses aos mortais, eletinha a capacidade de entender as duas linguagens. Cabe ao pesquisador fenomenológico essa capacidade, de compreender o contexto e apresentá-lo. Entendendo a linguagem subjetiva e transformando-a em científica. Toda essa introdução é para que possamos entender que em relação à formalização, a pesquisa científica tem duas fases: a antecedente que é o projeto de pesquisa e a consolidadora que revela-se no relatório. (VERGARA, 2000). Gil (1991, p. 19) afirma que há duas razões para a realização de pesquisas, as de “ordem intelectual ou pura” e as de “ordem prática ou aplicada”. O autor lembra que pesquisas sobre problemas práticos podem conduzir à descoberta de princípios científicos, e a pesquisa pura pode gerar conhecimentos para aplicação prática. Hair Júnior et al. (2005, p. 77) lembram que teoria e ciência andam juntas com a pesquisa em administração. A teoria é uma explicação para algum evento, normalmente testada por várias pesquisas. Os autores lembram que a teoria é o 51 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 “combustível da pesquisa”. “Sem teoria, o estágio de formulação torna-se difícil, pois os pesquisadores não conseguem estabelecer limites para a situação de estudo”. A pesquisa científica gera teorias e leis aceitas pela comunidade científica, publicadas em eventos e revistas acadêmicas. Esses resultados também são publicados nas revistas comerciais, com uma linguagem mais simples para que possamos entender o que os cientistas descobriram. São exemplos de publicações: Revistas comerciais – Veja, Exame, Galileu, SuperInteressante, etc. Revistas Científicas – Revista de Administração Contemporânea (RAC), Revista de Administração da USP (RAUSP), Organização e Sociedade (O&S da UFBA), Revista Leonardo (UNIASSELVI), entre outras. Você pode ler artigos científicos da área de administração e marketing em sites: SCIELO (Scientific Electronic Library Online) – www.scielo.br ANPAD (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração) – www.anpad.org.br (a RAC, revista publicada pela associação, está disponível no SCIELO). FGV – www.rae.com.br READ – Revista Eletrônica de Administração da UFRGS - http://www.read.ea.ufrgs.br/ Motoristas movidos a fúria A jornalista Renata Moraes escreveu uma matéria sobre o comportamento agressivo dos motoristas, alguns trechos foram reproduzidos e inseridos aqui para informação e exemplificação sobre sondagem e pesquisa científica. A agressividade no trânsito é um fenômeno mundial. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup em 2003 com 13.673 voluntários em 23 países - o Brasil não está entre eles – apontou um aumento do comportamento agressivo em relação ao fim da década de 90. Em apenas quatro anos, 52 Análise e Pesquisa de Mercado os austríacos, por exemplo, relatavam 13% mais irritação com outros motoristas e 12% mais casos em que se sentiram vítimas da agressividade alheia. Cada país tem seu estilo próprio de violência ao volante. Os americanos, os que mais admitem ser agressivos ao volante, fazem pressão colando na traseira – assim como os japoneses. Os australianos fazem gestos obscenos e os argentinos gritam alguns palavrões. Em geral, os motoristas se irritam com as falhas dos outros e consideram a si próprios melhores que a média. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo com 500 motoristas paulistas, em 2003, mostrou que, entre os que já haviam se envolvido em acidentes, 23% enxergavam a si mesmos como condutores habilidosos, que não contribuem para o caos no trânsito. O psicólogo americano Dwight Hennesy, da Buffalo State College, nos Estados Unidos, avalia que um dos estímulos mais fortes à agressividade dos motoristas é a certeza da impunidade, já que é relativamente seguro comportar-se mal no trânsito. Disse ele àVEJA: “Embora o trânsito seja regido por um estrito código de regras, as punições são raras quando se considera a enorme quantidade de infrações cometidas. Muitos motoristas procuram fazer justiça com as próprias mãos”. A psicóloga Cláudia Aline Monteiro, autora do estudo “Agressividade, raiva e comportamento do motorista”, de 2006, observa que, nas grandes cidades brasileiras, “o motorista não se sente reprovado em seu círculo social por dirigir de forma agressiva nem é reprimido severamente quando burla regras. No Brasil não há estatísticas sobre agressões no trânsito nem punições específicas para elas”. Fonte: MORAES, Renata. Motoristas movidos a fúria. Veja, São Paulo, ed. 2110, ano 42, n. 17, p. 108-111, 29 abr. 2009. Você conhece o Instituto Gallup? Ele atua no mercado há mais de 70 anos e mantém em seus quadros cientistas nas áreas de: gestão, economia, psicologia e sociologia. Conta com 2.000 profissionais que atendem os clientes via web, nos campi da Gallup University e em 40 escritórios no mundo. Mais informações, consulte o site: http://www.gallup.com.br Para você não confundir sondagem e pesquisa científica, observe: no trecho extraído da reportagem de Moraes sobre a agressividade, há um exemplo de sondagem, a pesquisa realizada pelo Gallup, e de pesquisas científicas representadas pelos psicólogos Dwight 53 Método científico aplicado à Pesquisa de Marketing Capítulo 3 Hennesy, da Buffalo State College dos Estados Unidos e Cláudia Aline Monteiro da Universidade da Amazônia, e o estudo realizado pela USP. A sondagem é uma pesquisa empresarial baseada em teorias confirmadas e aceitas pela academia, enquanto as científicas são resultados de estudos que geram ou confirmam teorias. Atividade de Estudos: 1) Vamos imaginar que você constatou uma queda considerável nas vendas da empresa onde você trabalha e precisa reverter isso rapidamente. Entretanto não está claro o motivo desta queda. Será que os concorrentes baixaram os preços? Será que o prazo de entrega não está adequado, ou há problema com a forma de pagamento? Talvez seja o atendimento do pessoal de vendas... Enfim, para ter esta resposta, você utilizaria uma enquete, sondagem ou pesquisa científica? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Pergunto a você: o que é necessário para se fazer uma pesquisa? Talvez a sua resposta seja: recursos humanos, materiais e financeiros (figura 6). Concordo, mas gostaria de ressaltar que os recursos humanos para a pesquisa são um fator crítico para a qualidade do estudo. A importância das pessoas nesse processo fica ainda mais latente durante a aplicação dos instrumentos de coleta (questionários, roteiros, formulários). Normalmente, a coleta de dados feita pessoalmente proporciona melhores resultados em pesquisas que necessitam de comunicação com o entrevistado, pois gera confiança ao respondente ouvir ou ver a pessoa que o está inquirindo. Figura 6 – Recursos para Execução de Atividades Empresariais RECURSOS Materiais: Humanos:Financeiros: Fonte: Computador. Disponível em: <axtion.com.pt>; Prancheta. Disponível em: <tuttifesta.com.br>; Dinheiro. Disponível em: <yaproject.files.wordpress. com/2009/05/171275_3.bmp>; Pesquisador. Disponível em: <thumbs.dreamstime. com/thumb/252/1206567458NJc9LJ.jpg>. Acesso em: 16 set. 2009. 54 Análise e Pesquisa de Mercado Para pesquisa, os recursos humanos são compostos pelos pesquisadores (responsáveis pelo processo de pesquisa) e por uma equipe de apoio formada por: entrevistadores, críticos, supervisores, verificadores e tabuladores. Os entrevistadores entregam os questionários ou os roteiros preenchidos aos supervisores. Os críticos recebem os questionários e marcam as inconsistências (falhas). Os questionários seguem para os verificadores que entram em contato com os entrevistados e confirmam alguns dados. Ao final, todos os questionários válidos são entregues
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