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Psicologia da educação

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Psicologia da educação
Preceitos básicos
· A Psicologia tem como objetivos, fazer com que os seres humanos se conheçam com mais profundidade e, por uma ação reflexa, conheçam também o outro. Essas relações podem entrar em conflito; às vezes olhamos muito para nós mesmos, dando assim, vazão para um sentimento egocêntrico, narcisista; às vezes, olhamos muito para o outro, esquecendo de nós mesmos, desenvolvendo assim, uma empatia desregrada e causando uma baixa autoestima.
· O objeto de estudo da Psicologia é o comportamento do ser humano. Entendo
que esse comportamento jamais poderá ser sistematizado, sendo apenas estudado de forma teórica e empírica. Em outras palavras, os comportamentos humanos serão sempre imprevisíveis e poli modais.
· Psicologia é a ciência que estuda os mais diversos processos mentais, com a seguinte tríade: pensamento, comportamento e emoções.
· O conceito de Psicologia é, de forma direta e objetiva, o estudo do comportamento humano em todas as suas dimensões, sejam elas intrapessoais ou interpessoais. Pensar Psicologia é analisar a complexidade das sensações humanas, que, vale dizer, são cíclicas e não lineares. 
· A origem da Psicologia moderna ocorre na Alemanha do final do século XIX, com Wundt, Weber e Fechner, que trabalharam juntos na Universidade de Leipzig.
Seguiram para aquele país muitos estudiosos dessa nova ciência, como o inglês Edward B. Titchner e o americano William James.
Seu status de ciência é obtido à medida que se afasta da Filosofia, que marcou
sua história até aqui, e atrai novos estudiosos e pesquisadores, sob os novos padrões de produção de conhecimento.
· O emocional é tão importante como o cognitivo, o psicólogo humanista Carl Rogers (1902-1987) dizia que a emoção é um aspecto preponderante para o processo ensino-aprendizagem. Segundo ele, só há um verdadeiro ensino na escola, em regra, se o aluno conseguir se identificar com o professor emocionalmente, qualquer tipo de ruído emocional na sala de aula pode bloquear o processo de ensino.
· A Psicologia da Educação tem sua origem na fase do Funcionalismo, nos Estados Unidos, devido as características próprias da sociedade americana, em especial o pragmatismo, em que só era valorizado aquilo que realmente era utilizado para a vida. A Psicologia da Educação surge, a priori, para resolver as demandas da educação nos Estados Unidos, por volta de 1894.
· A Psicologia da Educação tem, como escopo, um olhar cabal nos processos educacionais; ajuda o professor perceber, em alguns casos, um aluno com dislexia, discalculia, dislalia, tem como causa fatores emocionais, gerado pela família ou por aspectos físicos, gerados pela fome, por exemplo.
Cognitivo, emocional, somático e transcendente 
Vamos abordar os processos do desenvolvimento humano, pois estes são extremamente complexos. Todos os seres humanos são detentores de dois construtos, quais sejam: a personalidade e o temperamento. Sabe-se que a personalidade vai sofrendo mutações ao longo do tempo, uma vez que as experiências vão formatando a sua desenvoltura. É na construção da personalidade que em todo tempo estamos desconstruindo, reconstruído e construindo valores e hábitos que julgamos importantes. Já o temperamento ou humor dos seres humanos não mudam. A Teoria dos quatro temperamentos nasce com o grego Hipócrates, que dizia que existem quadro temperamentos: Sanguíneo, Colérico, Fleumático e Melancólico. Os dois primeiros fazem parte do grupo das pessoas que são extrovertidas e os dois últimos das pessoas que são introvertidas. Não existe a prevalência de um temperamento sobre o outro, na verdade todos os quatro temperamentos são detentores de qualidades e fragilidades. 
Os temperamentos, ao longo de nosso crescimento cognitivo, vão melhorando, mas não se modificando. Podemos ter um temperamento primário e um secundário, mas sempre teremos um que nos caracteriza nas relações interpessoais. Tanto a personalidade como os temperamentos fazem parte da construção de nossas crenças nucleares, vale dizer, da construção de nosso ser, de nossos valores e estilos de vida. 
Assim, falar dos processos do desenvolvimento humano é falar de estudos assistemáticos, em regra, uma vez que a personalidade humana não obedece a um padrão, ela é imprevisível. Vamos começar a falar sobre identidade e adolescência, para podermos entender de forma objetiva e didática a desenvoltura emocional e cognitiva do ser humano.
o que é a adolescência?
A transição da infância à vida adulta basicamente marcada por uma moratória psicossocial, ou seja, pela liberdade para experimentar livremente papéis sexuais, sociais e ocupacionais até definir-se. Constitui-se como uma crise normativa que ocorreria entre os 12 e 18 anos, em que a pessoa em desenvolvimento teria de resolver o dilema central entre construir uma identidade e viver uma difusão de papéis, sendo o modelo de construção identitária marcado pela escolha e a reprodução de referências sociais (identidade como reprodução). (ERIKSON, 1976, p. 43).
São muitos os problemas emocionais e existenciais que o adolescente enfrenta em nossos dias, podemos exemplificar, crises na família, uma vez que a maioria são criados por mães solteiras ou pelos avós, esclarecendo que esses fatores não são determinantes para as crises, mas contribuem; experiências sexuais precoces pelo advento da pornografia na Internet e sua acessibilidade; envolvimento com drogas, talvez uma função de aspectos econômicos, entre outras questões. 
O ser humano cresce biologicamente, psicologicamente, socialmente e
espiritualmente. A família e a escola têm um papel preponderante para esse crescimento harmônico e saudável. Os professores passam a ser, de uma certa forma, a ponte entre o conhecimento e uma formação social e cognitiva
saudável, mas entendo que a família deve sempre ser a protagonista da educação dos filhos.
Distúrbios no desenvolvimento humano e aprendizado
Interessante transcrever o que diz o DSM5 (2014, p. 110) sobre distúrbios da aprendizagem. Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme indicado pela presença de ao menos um dos sintomas a seguir que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar da provisão de intervenções dirigidas a essas dificuldades:
1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex., lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las);
2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido);
3. Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) (p. ex., pode adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes);
4. Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza);
5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (p. ex., entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações); e
6. Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos). 
As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas, confirmada por meio de medidas de desempenho padronizadas administradas individualmente e por avaliação clínica abrangente. Para indivíduos com 17 anos ou mais, história documentada das dificuldades de aprendizagem com prejuízo pode ser substituída por uma avaliação padronizada.
As dificuldades de aprendizageminiciam-se durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas habilidades acadêmicas afetadas excedam as capacidades limitadas do indivíduo (p. ex., em testes cronometrados, em leitura ou escrita de textos complexos longos e com prazo curto, em alta sobrecarga de exigências acadêmicas).
As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada.
Nota: Os quatro critérios diagnósticos devem ser preenchidos com base em uma síntese clínica da história do indivíduo (do desenvolvimento, médico, familiar e educacional), em relatórios escolares e em avaliação psicoeducacional.
Nota para codificação: Especificar todos os domínios e sub-habilidades acadêmicos prejudicados. Quando mais de um domínio estiver prejudicado, cada um deve ser codificado individualmente conforme os especificadores a seguir.
Especificar se:
315.00 (F81.0) Com prejuízo na leitura:
Precisão na leitura de palavras
Velocidade ou fluência da leitura
Compreensão da leitura
Nota: Dislexia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. Se o termo dislexia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na compreensão da leitura ou no raciocínio matemático.
315.2 (F81.81) Com prejuízo na expressão escrita:
Precisão na ortografia
Precisão na gramática e na pontuação
Clareza ou organização da expressão escrita
315.1 (F81.2) Com prejuízo na matemática:
Senso numérico
Memorização de fatos aritméticos
Precisão ou fluência de cálculo
Precisão no raciocínio matemático 
Nota: Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processamento de informações numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. Se o termo discalculia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades matemáticas, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de palavras.
Especificar a gravidade atual da situação do indivíduo:
Leve: Alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois domínios acadêmicos, mas com gravidade suficientemente leve que permita ao indivíduo ser capaz de compensar ou funcionar bem quando lhe são propiciados adaptações ou serviços de apoio adequados, especialmente durante os anos escolares.
Moderada: Dificuldades acentuadas em aprender habilidades em um ou mais domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo se torne proficiente sem alguns intervalos de ensino intensivo e especializado durante os anos escolares. Algumas adaptações ou serviços de apoio por pelo menos parte do dia na escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para completar as atividades de forma precisa e eficiente.
Grave: Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo aprenda essas habilidades sem um ensino individualizado e especializado contínuo durante a maior parte dos anos escolares. Mesmo com um conjunto de adaptações ou serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não ser capaz de completar todas as atividades de forma eficiente.
A Psicologia da Educação é um olhar subjetivo e cabal em todos os processos que envolvem a dicotomia Ensino e Aprendizado. Esse processo envolve os alunos, os professores, a Instituição, como todo o seu corpo técnico. Como se percebe nas palavras do autor supracitado, o ato de sentir, pensar, discutir e interagir são vetores que nos fazem compreender os processos comportamentais do eu e do outro.

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