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ABORDAGEM DO TABAGISMO NA APS FATORES EPIDEMIOLÓGICOS · OMS: principal causas de morte previnível do mundo, afetando mais de 1 bilhão de pessoas · Responsável por cerca de 6 milhões de morte/ano · Tabagismo passivo: 600 mil mortos/ano · 1 a cada 2 fumantes morrerá em decorrência direta ao tabagismo · A dependência ao tabaco é considerada uma doença crônica DOENÇAS COMO FATOR DE RISCO O TABAGISMO · Vários tipos de câncer · Doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, DPOC, bronquite, asma) · Doenças cardiovasculares (angina, IAM, HAS, aneurisma, AVC, trombose) · Há ainda outras doenças relacionadas ao tabagismo: úlcera do aparelho digestivo, osteoporose, catarata, patologias buco-dentais, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, menopausa precoce e complicações na gravidez MORBIMORTALIDADE RELACIONADA AO TABACO · O tabagismo é o principal responsável por quase: 1- 100% das mortes por câncer de pulmão 2- 30% das mortes por outros tipos de câncer 3- 85% dos óbitos por bronquite crônica e enfisema pulmonar 4- 25% dos óbitos por doenças cerebrovasculares 5- 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio CA E TABAGISMO (INCA) · Leucemia mieloide aguda · Câncer de bexiga · Câncer de pâncreas · Câncer de fígado · Câncer de colo de útero · Câncer de esôfago · Câncer nos rins · Câncer de laringe (cordas vocais) · Câncer de pulmão · Câncer na cavidade oral (boca) · Câncer de faringe · Câncer de estomago COMO ABORDAR · Abordagem centrada na pessoa · Estabelecer maior empatia possível (‘’sentir aquilo que o outro está sentindo’’) · Avaliar relação com o tabagismo · Avaliar transtornos de ansiedade associados · Avaliar o grau de dependência da nicotina (escala de fargestrom) · Avaliar a motivação da pessoa em parar de fumar TESTE DE FAGERSTROM · Acima de 5 inicia a medicação FASES DE MUDANÇA DOS PACIENTES · Pré-contemplação: A pessoa não cogita a possibilidade de parar de fumar, mesmo sendo aconselhada sobre os benefícios de cessação do tabagismo. O profissional deve procurar realizar, sempre que possível, pelo menos uma abordagem mínima, frisando com a pessoa a importância da cessação do tabagismo e os benefícios associados, de modo que ela possa passar a contemplar a ideia de parar de fumar e, assim, evoluir para os estágios a seguir. · Contemplação: A pessoa começa a admitir que fumar é um problema, no entanto tem medo de dar os primeiros passos para parar de fumar. Em outras palavras, o fumante demonstra sentimento de ambivalência quanto à mudança de comportamento. Nesse momento, a pessoa encontra-se mais suscetível a essa mudança, uma vez que já está consciente da importância de parar de fumar, precisando de apoio, estímulo e orientação para passar para os estágios seguintes. Identificar barreiras para a realização de uma tentativa e esclarecer dúvidas são fundamentais. · Preparação: A pessoa passa a dar os primeiros passos para a cessação do tabagismo, começando a controlar o número de cigarros fumados por dia, estabelecendo horários para fumar ou mesmo procurando ajuda profissional. · Ação: A pessoa adota atitudes específicas, conseguindo efetivamente parar de fumar. O estímulo à mudança, o entendimento desse processo e a atenção aos riscos de recaída devem ser abordados pelo profissional nessa fase. O indivíduo deve estar orientado a identificar e a evitar as situações relacionadas ao consumo de cigarros e a usar estratégias para lidar com os momentos de forte vontade de fumar. É importante parabenizar a pessoa por essa conquista, o que contribui para aumentar sua autoestima, também frisando todos os benefícios que ela vem sentindo desde a interrupção do tabagismo, o que contribui para o aumento da motivação. · Manutenção: Nessa fase, a pessoa deve estar consciente da necessidade de prevenir a ocorrência de lapsos/recaídas, devendo usar as estratégias aprendidas. Mais uma vez, é importante destacar os benefícios da cessação do tabagismo. Em outras palavras, esse estágio configura a finalização do processo de mudança ou se encerra no caso de ocorrência de recaídas. ENTREVISTA MOTIVACIONAL · A entrevista motivacional é uma abordagem terapêutica que utiliza um modo particular de ajudar as pessoas para reconhecer e fazer algo a respeito de seus problemas presentes, incluindo processo de ambivalência perante o ato de mudança de comportamento, nesse caso, parar de fumar. · Dessa forma, a motivação deve ser entendida como a capacidade de uma pessoa se envolver e aderir a uma estratégia específica de mudança. Esse ato deve ser encarado como um estado de prontidão ou vontade de mudança, que pode flutuar de um momento para outro; por isso, são usadas ferramentas baseadas nesse modelo BENEFÍCIOS · Após 20min, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal · Após 2h, não há mais nicotina circulando no sangue · Após 8h, o nível de oxigênio no sangue se normaliza · Após 12 a 24h, os pulmões já funcionam melhor · Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida · Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora · Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido a metade · Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram DINAMICA DO GRUPO · Tempo de duração cerca de dois meses (primeiro mês são grupos semanais e segundo mês grupos quinzenais) · Cada sessa em media 60min · Máximo de 12 pessoas · Troca de experiências, motivação, partilha de ganhos mas também perdas · Cuidado com as características pessoas de cada pessoa · Nas 4 primeiras semanas tem os livros que são liberados para a dinâmica em grupo · Primeiro encontro: 1- Utilizar a característica do encontro em conjunto para motivar a troca de experiências, como motivos para parar de fumar, pontos negativos do tabagismo 2- Explicar o real motivo da nicotina causar dependência 3- Evitar gatilhos 4- Orientar sobre percaussos (fissura, síndrome de abstinência) 5- Explicar a terapia farmacológica 6- Marcar dia D (dia que ele vai escolher para parar de fumar; a retirada gradual nem sempre é favorável para o paciente) · Próximos encontros: 1- Empatia 2- Metas alcançáveis e atingíveis 3- Parabenizar progressos 4- Desestimular gatilhos 5- Saber sempre do reforço positivo: mudanças de hábitos, reconhecimento familiar 6- Acompanhar a evolução de cada um, em que etapa estão 7- Abordagem individual TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Quando usar · Fumantes moderados, ou seja, que fumam 20 ou mais cigarros por dia · Fumantes que fumam o primeiro cigarro até 30min após acordar e fumam, no mínimo, 10 cigarros por dia · Fumantes com score do teste de fargerstrom igual ou maior do que 5, ou avaliação individual, a critério do profissional · Fumantes que já tentaram parar de fumar apenas com TCC · Fumantes que não possuem contraindicações clínicas · Decisão a critério do profissional Reposição de nicotina · Goma de mascar: 2 a 4mg, média 8-12/dia, máximo 24/dia, 20 a 30min de ação · Pastilhas: 2 a 4mg, mínimo 9/dia, máximo 15/dia, mais rapidamente absorvida · Adesivos transdérmicos: 7, 14 e 21mg, coincidir com dia D Bupropiona · Antidepressivo atípico, inibe recaptação de dopamina e norepinefrina. Fármaco de primeira escolha · Redução da compulsão a fumar · Disponível a 150mg · Posologia: 150mg, D1-D3/300mg, em duas tomadas, a partir de D4 · Máximo de 13 semanas · Programar com relação ao dia D · Os efeitos adversos mais comuns são: sensação de boca seca e insônia, cefaleia, tontura e aumento da pressão arterial Vareniclina · Agonista parcial de receptores nicotínicos · Posologia: 1cp, de 0,5mg, 1 vez ao dia (do 1 ao 3 dia) 1cp, de 0,5mg, de 12/12h (do 4 ao 7 dia) 1cp (1mg) de 12/12h (a partir do 8 dia até o final do tratamento) · A pessoa deve programar o dia D uma semana após o início da vareniclina · Recomenda-se o uso por 12 semanas · Efeitos colaterais: náusea (1/3 das pessoas) · Preço médio 1200 reais PROGNÓSTICO · Recaída frequente, principalmente nas primeiras 2 semanasapós cessação · A maioria precisa de diversas tentativas · Nesses casos, reiniciar o tratamento · Diferenciar lapso (algo automático) de recaída · Ganho de peso 2 a 4kg em 6 meses (redução do metabolismo, piora da ansiedade, redução da atividade física, aumento da ingesta calórica, necessidade de manipular as mãos com alguma coisa, etc)
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