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Semiologia do Abdome 1 Semiologia do Abdome Disciplina Semiologia Bruna França - Medicina/UFAL Sinais e sintomas Queixas gastrintestinais Dor abdominal, aguda e crônica (superiores e inferiores) Tipos de dor A dor visceral ocorre quando órgãos abdominais ocos, como o intestino ou a árvore biliar, contraem-se de forma extremamente vigorosa ou são distendidos ou esticados. Os órgãos sólidos, como o fígado, também podem causar dor no caso de estiramento de sua cápsula - pode ser de localização difícil. Tipicamente ocorre próximo à linha média, em níveis que variam segundo a estrutura envolvida A isquemia também estimula as fibras de dor visceral. As características da dor visceral variam; ela pode ser sentida como corrosão, queimação, cólica ou ser vaga e imprecisa. Quando é intensa, pode associar-se a sudorese, palidez, náuseas, vômitos e inquietação. 1. Dor visceral periumbilical pode implicar a fase inicial da apendicite aguda, por distensão do apêndice inflamado. Ocorre transição gradual para dor parietal no quadrante inferior direito do abdome, secundária à inflamação do peritônio parietal adjacente. 2. Dor visceral no quadrante superior direito pode resultar de distensão da Semiologia do Abdome 2 cápsula hepática na hepatite alcoólica. A dor parietal origina-se de inflamação no peritônio parietal. A sensação álgica é constante e vaga, geralmente mais intensa que a dor visceral, e com uma correspondência de localização mais precisa sobre a estrutura envolvida. Este tipo de dor é tipicamente agravado pelos movimentos ou tosse. Os pacientes com esse tipo de dor preferem ficar, em geral, deitados e imóveis A dor referida é percebida em locais mais distantes, que são inervados aproximadamente pelos mesmos níveis espinais que as estruturas acometidas. A dor referida aparece, com frequência, quando a dor inicial torna-se mais intensa, parecendo irradiar-se ou disseminar-se a partir do seu ponto de origem. Ela pode ser sentida superficial ou profundamente, mas em geral é bem localizada. 1. Dor de origem duodenal ou pancreática pode ser referida para o dorso; dor originada nas vias biliares pode ser referida para o ombro direito ou a região posterior direita do tórax. A dor proveniente do tórax, da coluna vertebral ou da pelve também pode ser referida para o abdome: dor da pleurisia ou do infarto agudo da parede inferior do miocárdio pode ser referida para a região epigástrica. Dispepsia é definida como dor ou desconforto crônico ou recorrente, centrado na região superior do abdome - definido como uma sensação subjetiva negativa, que não é dolorosa. Pode incluir sintomas diversos, como distensão abdominal, náuseas, plenitude na parte superior do abdome e pirose Muitos pacientes que apresentam dor ou desconforto crônico na parte alta do abdome queixam-se basicamente de pirose, refluxo de ácido ou regurgitação a. O ato de dobrar o corpo devido à dor em caráter de cólica indica cálculo renal. A dor epigástrica súbita, em caráter de facada, ocorre na pancreatite por cálculos biliares. b. A dor epigástrica ocorre na gastrite e na doença por refluxo gastresofágico (DRGE) - alguns pacientes com DRGE apresentam sinais e sintomas respiratórios atípicos, como tosse, sibilos e pneumonia por aspiração. Outros se queixam de sinais e sintomas faríngeos, como rouquidão e dor de garganta crônica c. Dor no quadrante superior direito e na região superior do abdome é comum na colecistite. d. Dor no quadrante inferior direito, ou que migra a partir da região periumbilical, associada a rigidez da parede abdominal à palpação, é mais provavelmente causada por apendicite. Nas mulheres avente a possibilidade de doença inflamatória pélvica, ruptura de um folículo ovariano e gravidez ectópica. Semiologia do Abdome 3 e. Dor em cólica, que se irradia para o quadrante inferior direito ou esquerdo do abdome, pode ser causada por cálculo renal. f. Dor no quadrante inferior esquerdo com massa palpável pode ser decorrente de diverticulite. g. Dor abdominal difusa com peristalse ausente e abdome rígido, defesa ou descompressão dolorosa na palpação indica obstrução do intestino delgado ou grosso Pirose (superiores): consiste em desconforto ou dor em queimação retroesternal crescente, ocorrendo 1 vez/semana ou mais frequentemente. Ela é tipicamente agravada por bebidas alcoólicas ou por alimentos como chocolate, frutas cítricas, café, cebolas e hortelã-pimenta; ou ainda por mudanças de posição, como inclinar-se para frente, exercitar-se, levantar pesos ou deitar em decúbito dorsal Náuseas e vômitos (superiores) Disfagia e/ou odinofagia (tipo de alimento, quando começou, persistente, intermitente ou persistente, localização) (superiores) associado a vômitos recorrentes, evidências de sangramento gastrintestinal, perda de peso e anemia; associar odinofagia a ulceração esofágica por radiação, ingestão de substâncias cáusticas ou infecção por Candida, citomegalovírus, herpes-vírus simples ou HIV. Distensão abdominal pode ocorrer na doença inflamatória intestinal, eructação por aerofagia ou deglutição de ar. Alteração do ritmo intestinal (inferiores) (como anda intestino, frequência que defeca (parâmetro:2x semana)) associada a massa expansiva indica câncer do colo intestinal, pode indicar síndrome do intestino irritável, em aerofagia, consumo de legumes e alimentos produtores de gases e deficiência de lactase Diarreia (duração - aguda: infecção/ crônica: doença de Crohn e Colite ulcerativa; características como frequência e consistência; muco, pus ou sangue; tenesmo (necessidade urgente com dor ) (inferiores); no que se diz a respeito de localização fezes aquosas e em grande volume são do intestino delgado já fezes em pequeno volume associdas a tenesmo, diarreia com muco, pus ou sangue ocorrem em inflamações retais; noturna tem importância patológica; gorduras/oleosas/espumosas flutuam na água; medicações utilizadas;- sem anormalidade bioquímica ou estrutural indica síndrome do intestino irritável. Investigue os medicamentos atuais, incluindo fármacos alternativos e, especialmente, antibióticos, viagens recentes, padrões dietéticos, ritmo intestinal basal e fatores de risco de imunocomprometimento. Semiologia do Abdome 4 Constipação intestinal(frequência, cor e volume, fármacos usados, fatores de melhora ou piora0: no mínimo 12 semanas nos último 6 meses, com pelo menos duas das condições que se seguem: menos de três defecações por semana, 25% ou mais das defecações com esforço ou sensação de defecação incompleta; fezes “em bolinhas” ou duras; ou necessidade de facilitação manual. Considerar medicamentos como agentes anticolinérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio, suplementos de ferro e opiáceos, também ocorre no diabetes melito, no hipotireoidismo, na hipercalcemia, na esclerose múltipla, na doença de Parkinson e na esclerose sistêmica. Sangue nas fezes (inferiores): melena (fezes pretas e pastosas semelhantes a piche) - HDA ou hematoquezia (fezes com coloração avermelhada ou acastanhada) - HDB Sangramento: hematêmese x melena x hematoquezia/enterorragia (mais sangue) - pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia ou endoscopia digestiva alta dependendo do caso Anorexia, náuseas e vômitos (cor, cheiro e volume, contém sangue): todos esses sintomas são encontrados na gravidez, na cetoacidose diabética, na insuficiência suprarrenal, na hipercalcemia, uremia, nas hepatopatias, nos estados emocionais, nas reações adversas a fármacos Plenitude abdominal desagradável considerar a possibilidade de gastroparesia diabética, uso de agentes anticolinérgicos, obstrução pilórica, câncer gástrico; saciedade precoce na hepatite. Icterícia (inferiores) - sinais e sintomas associados, coloração da urina que adoeceu - conjugada não é excretada, coloração das fezes, prurino cutâneo (ictericia colestática ou obstrutiva), dor (distensão da cápsula hepática, cólica biliar ou câncer pancreático) A icteríciaintra-hepática pode ser hepatocelular, secundária à lesão dos hepatócitos, ou colestática, devida ao comprometimento da excreção, por lesão dos hepatócitos ou dos ductos biliares intra-hepáticos. Anamnese 1. Momento de início da dor: quando começou? 2. Aguda ou Crônica 3. Início súbito ou gradual? 4. Padrão da dor (períodos) 5. Intensa e contínua ou intermitente Semiologia do Abdome 5 6. Descrever a dor: aonde começa? se irradia ou espalha? como é a dor? (queimação, ardência, corrosão, pressão) local/locais em que sente dor? 7. Intensidade (1 a 10) 8. Fatores que exacerbam ou aliviam a dor: alimentação, medicação, consumo de bebidas, posição, esforço físico, estresse Distúrbios urinários e renais Dificuldade de urinar, urgência e polaciúria Hesitação e redução do jato urinário em homens Poliúria ou Noctúria Incontinência urinária Hematúria Dor no flanco e cólicas Inspeção e ausculta do abdome O exame abdominal de gabarito demanda boa iluminação, um paciente bem relaxado e coberto de forma conveniente, com exposição do abdome desde a região acima do processo xifoide até a sínfise pubiana. A região inguinal deve ficar visível, enquanto a genitália permanece coberta. — Verifique se o paciente está com a bexiga vazia Semiologia do Abdome 6 — Solicite ao paciente que mantenha os braços ao lado do corpo ou cruzados sobre o tórax. Se os braços estiverem sobre a cabeça, a parede abdominal se distende e retesa, dificultando a palpação. — Observe atentamente a face do paciente, à procura de sinais de dor ou desconforto. Inspecione o abdome, mantendo-se, como sempre, de pé, à direita do leito do paciente. Fique atento ao peristaltismo ao observar o contorno abdominal. Observar: cicatrizes, estrias (roséas podem indicar síndrome de cushing), veias dilatadas (cirrose hepática ou obstrução da VCI), erupções cutâneas ou equimoses (hemorragia intra ou retroperitoneal), umbigo observando contorno e localização, assim como inflamação ou protrusão), simetria (assimetria inica visceromegalia ou massa), abaulamento do abdome ou flancos, órgãos ou massas visíveis, peristaltismo (ondas aumentadas indicam obstrução intestinal) e pulsações (aneurisma aórtico ou aumento da pressão diferencial) Faça uma inspeção da parede abdominal e palpando os marcos anatômicos ilustrados. Semiologia do Abdome 7 Forma do abdome; hérnias; cicatriz umbilical; circulação colateral; movimentos; estrias e cicatrizes. Semiologia do Abdome 8 Semiologia do Abdome 9 Regiões abdominais com pontos de referência anatômicos, e sua correlação topográfica- anatômica Semiologia do Abdome 10 Ausculta de ruídos hidroaéreos e sopros abdominais A ausculta fornece informações importantes sobre a motilidade intestinal. Realize antes de efetuar a percussão ou a palpação, porque essas manobras modificam a frequência dos sons intestinais. Pratique a ausculta até estar totalmente familiarizado. Semiotécnica: Coloque o diafragma do estetoscópio suavemente sobre o abdome. Ausculte os sons intestinais e observe sua frequência e características. Os sons normais consistem em estalidos e gorgolejos, que ocorrem em uma frequência estimada de 5 a 34 por minuto. Ocasionalmente são auscultados borborigmos – gorgolejos prolongados de hiperperistaltismo – que correspondem ao familiar “estômago roncando”. Como os sons intestinais são amplamente transmitidos pelo abdome, a ausculta em um único ponto, como o quadrante inferior direito, é, em geral, suficiente. Ausculte sobre o fígado e o baço à procura de atritos - Ruídos de atrito são auscultados em pacientes comhepatoma, infecção gonocócica peri-hepática, infarto esplênico e carcinoma pancreático. a. Ruídos abdominais e de atrito. Se o paciente for hipertenso, deve-se auscultar o epigástrio e os quadrantes superiores do abdome à procura de sopros. b. Em uma fase posterior do exame, quando o paciente estiver sentado, deve-se auscultar também os ângulos costovertebrais. c. Sopros epigástricos restritos à sístole são normais. d. Sopros ou sons vasculares que se assemelham a sopros cardíacos, sobre a aorta ou outras artéria do abdome - devem ser pesquisados sopros sobre a aorta, as artérias ilíacas e as artérias femorais Palpação e percussão Palpação No exame do abdome, no sentido horário, vários órgãos são, com frequência, palpáveis. As exceções são o estômago e grande parte do fígado e do baço devido superiormente, encontra- se posterior ao gradil costal até a cúpula do diafragma. Superficial Semiologia do Abdome 11 É útil para identificar dor à palpação, resistência muscular e alguns órgãos ou massas superficiais. Também serve para tranquilizar e relaxar o paciente. Mantendo a mão e o antebraço no plano horizontal, com os dedos juntos e retos sobre a superfície abdominal, palpe o abdome com movimentos descendentes leves e suaves. Ao deslocar sua mão de uma região para outra, eleve-a um pouco acima da pele. Palpe todos os quadrantes com movimentos suaves e uniformes. Identifique órgãos ou massas superficiais, bem como qualquer região de maior sensibilidade ou resistência à sua mão. Se houver resistência, tente diferenciar a defesa peritoneal (técnica de relaxamento - relaxamento acompanha expiração - solicite que respire pela boca com mandíbula abaixada). Profunda É necessária para delimitar massas abdominais. Mais uma vez usando as superfícies palmares de seus dedos, palpe todos os quatro quadrantes. Verifique se há quaisquer massas e registre sua localização, forma, tamanho, consistência, hipersensibilidade, pulsações e mobilidade com a respiração ou com a mão examinadora. Correlacione os seus achados com as observações colhidas pela percussão. As massas abdominais podem ser classificadas de diversas maneiras: fisiológicas (útero gravídico), inflamatórias (diverticulite do colo intestinal), vasculares (aneurisma da aorta abdominal), neoplásicas (carcinoma de colo intestinal) ou obstrutivas (bexiga distendida ou alça intestinal dilatada). Peritonite: inflamação do peritônio parietal (peritonite) é um sinal de abdome agudo. Os sinais de peritonite incluem sinal da tosse positivo, defesa, quatro vezes mais provável. As causas incluem apendicite, colecistite e perfuração da parede intestinal. Semiotécnica específica: Mesmo antes da palpação, pede-se ao paciente para tossir e identifica-se onde a tosse provoca dor. A seguir, palpa-se delicadamente o abdome, começando com um dedo e depois usando a mão para localizar a área de dor. Durante a palpação, verifique se ocorre defesa, rigidez e descompressão dolorosa. A defesa abdominal consiste em contração voluntária da parede do abdome, frequentemente acompanhada por uma careta que diminui quando o paciente está distraído. A rigidez é uma contração reflexa involuntária da parede do abdome que persiste em vários exames. Quando esses sinais são positivos, quase duplica a probabilidade de peritonite; a rigidez torna a peritonite quase voluntária do espasmo muscular involuntário. Relações anato-topográficas No quadrante superior direito (QSD) do abdome, a consistência amolecida do fígado torna difícil a palpação, sendo borda inferior do fígado, a borda hepática, é frequentemente Semiologia do Abdome 12 palpável na altura do rebordo costal direito. A vesícula biliar e o duodeno não são comumente palpáveis. Em pessoas magras pode ser percebido o polo inferior do rim direito, Movendo a mão medialmente, palpa-se o gradil costal, que protege o estômago e o processo xifoide, de consistência endurecida. A aorta abdominal geralmente apresenta pulsações visíveis, sendo habitualmente palpável na parte superior do abdome. No quadrante superior esquerdo (QSE) do abdome, o baço situa-se lateral e posteriormente ao estômago, logo acima do rim esquerdo, na linha axilar média esquerda - a 9a, a 10a e a 11a costelas protegem a maior parte do baço. Em poucos adultos, a extremidade do baço pode ser palpável abaixo do rebordo costal esquerdo. O pâncreas é impalpávelnos indivíduos hígidos. No quadrante inferior esquerdo (QIE) do abdome, geralmente se pode perceber o firme, estreito e tubular colo sigmoide. Algumas porções do colo ascendente e do colo transverso também são palpáveis. Na parte inferior da linha média encontram-se a bexiga, o promontório da base do sacro, a borda óssea anterior da primeira vértebra sacral (SI), às vezes confundida com um tumor, e, nas mulheres, o útero e os ovários. No quadrante inferior direito (QID) do abdome, localizam-se as alças intestinais e o apêndice, na cauda do ceco, próximo à junção do intestino delgado com o intestino grosso. Estes órgãos não são palpáveis nos indivíduos hígidos. É possível palpar a bexiga distendida acima da sínfise pubiana. Percussão A percussão auxilia a avaliar a quantidade e a distribuição dos gases no abdome, possíveis massas sólidas ou cheias de líquido e as dimensões do fígado e do baço. Deve-se percutir delicadamente os quatro quadrantes do abdome para avaliar a distribuição do timpanismo e da macicez. O timpanismo costuma predominar, em função dos gases existentes no sistema digestório, mas também são típicas regiões esparsas de macicez, em virtude de haver líquido e fezes. Pesquise grandes regiões de macicez sugestivas de massa ou um órgão aumentado de tamanho. Essa observação orientará a palpação. Observe a transição de timpanismo para macicez das estruturas posteriores sólidas, nos dois lados de um abdome protuberante. As áreas de macicez podem indicar útero gravídico, tumor ovariano, distensão da bexiga, hepatomegalia ou esplenomegalia. Macicez nos flancos é uma indicação de pesquisa adicional de ascite. Percuta brevemente a borda anteroinferior do tórax, acima das margens costais. À direita, geralmente se observa a macicez hepática, enquanto, à esquerda, verifica-se o timpanismo sobrejacente à bolha de ar gástrica e à flexura esplênica do colo intestinal. Semiologia do Abdome 13 Exames específicos Fígado Percussão: linha hemiclavicular, percutir borda superior (transição do claro pulmonar) e borda inferior , verificando distância entre os dois pontos- amplitude aumenta quando há hepatomegalia e diminuí quando fígado é pequeno ou se tem ar abaixo do diafragma Palpação: Coloque a mão esquerda por baixo do paciente, paralela à 11a e à 12a costelas, de modo a sustentá-las bem como as partes moles adjacentes. O fígado do paciente é mais fácil de ser palpado com a mão direita, ao se exercer compressão para cima com a mão esquerda. Coloque a mão direita no lado direito do abdome do paciente, ao lado do músculo reto do abdome, com as pontas de dedos bem abaixo da borda inferior da macicez hepática. Alguns examinadores gostam de apontar os dedos para cima, em direção à cabeça do paciente, enquanto outros preferem uma posição um pouco mais oblíqua - na inspiração. Se o fígado for palpável, a borda hepática normal é macia, bem delimitada e regular, com superfície lisa. O fígado normal pode ser discretamente doloroso à palpação. A vesícula biliar, quando obstruída e distendida, pode formar massa oval abaixo da borda hepática Semiologia do Abdome 14 A “técnica do gancho” (mão em garra) pode ser útil, especialmente quando os pacientes são obesos. Fique de pé à direita do tórax do paciente e coloque as duas mãos, lado a lado, sobre o lado direito do abdome, logo abaixo da borda da macicez hepática. Pressione com os dedos para dentro e para cima, em direção ao rebordo costal. Peça ao paciente que respire fundo. Avaliação de dor à percussão de um fígado impalpável. Coloque a mão esquerda esticada sobre o gradil costal inferior direito e, em seguida, golpeie a caixa torácica com a superfície ulnar do seu punho direito. Baço Percussão: (1) Percussão da região inferior esquerda da parede: A transição de uma percussão timpânica para macicez durante a inspiração sugere esplenomegalia (sinal de percussão esplênica positivo). torácica anterior, entre o som claro atimpânico do pulmão acima e o rebordo costal, uma região denominada espaço de Traube. Durante a percussão ao longo dos trajetos sugeridos pelas setas das figuras, é possível perceber a extensão lateral do timpanismo. (2) Pesquisa do sinal de percussão esplênica. Percuta o espaço intercostal mais baixo na linha axilar anterior esquerda, conforme mostrado a seguir. O som, nesta região, costuma ser timpânico. Em seguida, peça ao paciente que respire fundo, e torne a percutir. Quando o tamanho do baço for normal, a nota de percussão permanecerá, em geral, timpânica. Com aumento, a substituição do timpanismo do estômago e do colo do intestino pela macicez de um órgão sólido. Quando isso ocorre, passa a ser palpável abaixo do rebordo costal. Palpação: Com a mão esquerda, segura-se o paciente, de modo a apoiar e comprimir para frente a região inferior da caixa torácica e os tecidos moles adjacentes. Com sua mão direita por baixo do rebordo costal esquerdo, faça pressão para dentro, na direção do baço. A manobra é repetida com o paciente em decúbito lateral direito e as pernas discretamente flexionadas na altura dos quadris e nos joelhos. Aorta Comprima firme e profundamente a região superior do abdome, um pouco à esquerda da linha média, e identifique as pulsações aórticas. Em pessoas com mais de 50 anos, procure avaliar a largura da aorta pela compressão profunda da região superior do abdome com uma das mãos de cada lado da aorta. Técnicas e quadros clínicos Semiologia do Abdome 15 1. Ascite: defina os limites entre timpanismo e macicez e solicite ao paciente, sua rotação latetal - em geral apresenta mudanças (macicez de decúbito) e solicitar ao paciente ou a um assistente que comprima a linha média do abdome com firmeza, usando as bordas das mãos. Essa compressão ajuda a interromper a transmissão de ondas pelo tecido adiposo. Percuta simultaneamente um dos flancos com a ponta dos dedos, e com a outra mão tente sentir no flanco oposto um impulso transmitido pelo líquido (teste de onda líquida - sinal de piparot). Verificar órgão ou massa com ascite: Mantenha os dedos de uma das mãos esticados e firmes, e coloque-os sobre a superfície abdominal. Faça uma breve compressão direta nadireção da estrutura a ser detectada. Esse movimento rápido muitas vezes desloca o líquido - semicírculo de Skoda 2. Apendicite: é preciso pesquisar com cuidado sinais de irritação peritoneal (abdome agudo) e os sinais adicionais de dor (inicia-se no umbigo e desloca-se, então, para o quadrante inferior direito, onde aumenta com a tosse.) ( à palpação do ponto de McBurney, sinal de Rovsing, sinal do psoas e sinal do obturador; — Pesquise o ponto de McBurney está localizado a 5 cm do processo espinhoso anterossuperior do ílio em uma linha imaginária traçada entre esse processo e o umbigo - descompressão dolorosa — Pesquise defesa, rigidez muscular e descompressão dolorosa na região de dor à palpação — Pesquise o sinal de Rovsing e a ocorrência descompressão dolorosa referida. Comprima, profunda e uniformemente, o quadrante inferior esquerdo do abdome e, em seguida, retire rapidamente seus dedos - Dor no quadrante inferior direito durante compressão do lado esquerdo sugere apendicite — Sinal do psoas: Coloque sua mão logo acima do joelho direito do paciente e peça que ele eleve essa coxa contra sua mão. Outra alternativa é solicitar ao paciente que se vire para o lado esquerdo e estique a perna direita na altura do quadril. — Sinal do obturador: Flexione a coxa direita do paciente na altura do quadril, com os joelhos dobrados, e efetue a rotação interna da perna na altura do quadril. Semiologia do Abdome 16 1. Colecistite aguda: Pesquise o sinal de Murphy se a dor espontânea e à palpação no quadrante superior direito do abdome. Posicione o seu polegar esquerdo ou os dedos de sua mão direita, em garra, sob o rebordo costal, no ponto onde a borda lateral do músculo reto fizer intersecção com o gradil costal. 1. Avaliação de hérnias ventrais. As hérniasventrais estão localizadas na parede abdomina. Se houver suspeita de hérnia umbilical ou incisional, sem a sua correspondente visualização, solicite Semiologia do Abdome 17 ao paciente que levante a cabeça e os ombros, mantendo o resto do corpo sobre a mesa de exame - o que provoca abaulamento 2. Massas: Diferenciação entre massa abdominal e massa na parede abdominal. Peça ao paciente para levantar a cabeça e os ombros, ou fazer força para baixo, retesando assim os músculos abdominais. Tente palpar a massa novamente. Exame do abdome normal ABDOME: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral, retrações ou abaulamentos. Peristalse não identificável à inspeção. Ruídos hidroaéreos presentes nos quatros quadrantes (+/IV). Ausência de timpanismo difuso e macicez em flancos. Traube livre. Fígado e baço não palpáveis. Abdome indolor à palpação profunda e superficial. Abdome plano. Ausência de peristalse. Abdome firme e em tábua, com dor à palpação, defesa e descompressão dolorosa no quadrante médio direito. Hepatimetria de 7 cm na linha hemiclavicular; borda hepática impalpável. Ausência de massas palpáveis. Não há dor em ângulo costovertebral (sinal de Giordano negativo).
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