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CAPÍTULO 12 - A ESTRUTURA ECONÔMICO-SOCIAL - BASES E VALORES DA ORDEM ECONÔMICA

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Fonte: CRETELLA JUNIOR, J. e CRETELLA NETO, J. - 1.000 Perguntas e Respostas de Direito Constitucional – Editora Forense Jurídica (Grupo GEN).
CAPÍTULO XII - A ESTRUTURA ECONÔMICO-SOCIAL - BASES E VALORES DA ORDEM ECONÔMICA - ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
XII.1. DO ORDENAMENTO ECONÔMICO
847) Sob que aspectos é estudado o ordenamento econômico na Constituição Federal?
R.: O ordenamento econômico na CF é estudado sob dois aspectos: a) bases e valores do ordenamento econômico; e b) atuação e influência do Estado no campo econômico.
848) Regulavam as primitivas Constituições o ordenamento econômico?
R.: Não. As primeiras Constituições enfatizavam a regulação dos aspectos políticos do Estado e da sociedade, não delimitando claramente a atuação do Estado no campo econômico, exceto em dispositivos esparsos, cujo conteúdo tinha reflexo indireto na Economia.
849) A partir de que momento passam as Constituições a conter normas regulamentadoras da atividade econômica, sistematicamente organizadas?
R.: A doutrina aponta a Constituição mexicana de 1917 e, principalmente, a Constituição de Weimar, de 1919, que exerceu imediata influência sobre as Constituições européias e latino-americanas posteriores, como as pioneiras na regulamentação sistemática das atividades econômica e social do Estado.
850) O que se entende pela expressão "Constituição econômica"?
R.: Entende-se por Constituição econômica a Constituição que define e interpreta a Economia em termos jurídicos, contendo e delimitando os direitos e as responsabilidades dos agentes econômicos.
851) O que é Constituição econômica formal?
R.: Constituição econômica formal é o conjunto de normas escritas, pertencentes à Constituição de determinado país, que disciplinam sua Economia, por meio do controle do poder econômico e da prevenção de abusos.
852) O que é Constituição econômica material?
R.: Constituição econômica material é o conjunto de normas observadas sob seu conteúdo econômico, que integram ou não a Constituição de determinado país, e que visam a disciplina jurídica da Economia; é, portanto, um conjunto normativo mais abrangente do que Constituição econômica formal.
853) Quais os elementos essenciais da Constituição econômica material?
R.: Os elementos essenciais da Constituição econômica material, isto é, o conteúdo das normas, são: a) tipo de organização econômica pretendido; b) finalidade da atividade econômica; c) delimitação das atividades privadas e públicas, e seu inter-relacionamento; e a) estrutura jurídica dos fatores de produção, capital e trabalho.
854) Por que deve o Estado exercer atividade disciplinadora da Economia?
R.: O Estado deve disciplinar a Economia para evitar o abuso do poder econômico, isto é, o controle dos mercados por grupos, cuja tendência é eliminar a concorrência, causando, com isso, desequilíbrios no fluxo da oferta e da procura de bens e serviços, o que prejudica o consumidor e o próprio país.
855) Quais os tipos de organização econômica?
R.: A organização econômica pode ser centralizada, descentralizada ou mista.
856) Quais as características da economia centralizada?
R.: A economia centralizada apresenta as seguintes características: a) funciona com base em prescrições imperativas, impostas pelo Estado, que estabelece os objetivos da economia, determina os meios para atingi-los e impõe prazos; b) a economia é voltada para a produção, não para o consumo; isto significa ênfase nos volumes de produção, que devem atingir as metas pré-fixadas; c) a unidade de produção é de propriedade do Estado, e inexiste competição por mercados; e d) o custo econômico de produção tem importância reduzida; o objetivo é alocar todos os meios disponíveis para atingir as metas de produção.
857) Quais as características da economia descentralizada?
R.: A economia descentralizada apresenta as seguintes características: a) o funcionamento é ditado pelas demandas do mercado consumidor; b) a unidade de produção é a empresa, voltada para o mercado e competindo com outras empresas concorrentes; c) o custo econômico da produção tem importância preponderante no funcionamento da empresa, e o sistema de preços reflete a escassez da oferta de todos os insumos; e d) a atuação do Estado é orientativa, e não de direto intervencionismo.
858) Quais as características da economia mista?
R.: Atualmente, poucos países exibem economia puramente centralizada ou puramente descentralizada; na maioria dos Estados modernos, atualmente, busca-se um modelo econômico descentralizado, isto é, voltado para o mercado, mas regulado, de forma mais ou menos intensa, pelo Estado, o que configura a chamada economia mista, em que coexistem características tanto da economia centralizada quanto da descentralizada; a preponderância de características de um ou do outro modelo, dará a medida do grau de descentralização do modelo econômico adotado.
859) Como funciona a economia mista?
R.: Em geral, o Estado atua como órgão de planejamento da atividade macroeconômica, estabelecendo incentivos e tarifas que estimulam determinados setores da economia e desencorajam outros; o Estado fiscaliza a atividade das empresas privadas, mas estas podem fixar preços e volumes de produção com relativa liberdade. O Estado funciona como protetor do mercado, impedindo práticas comerciais abusivas, por exemplo. A coexistência entre o setor privado e público somente funciona eficazmente quando há normas claras, que delimitam precisamente a atuação de cada setor.
860) Quais as finalidades dos modelos econômicos existentes?
R.: Os modelos econômicos existentes, embora sejam formal e genericamente destinados à satisfação do bem-estar dos povos, pretendem atingir seus objetivos de forma diversa, o que caracteriza a existência de três modelos, segundo sua finalidade: a) privilégio do lucro individual; b) desestímulo ao lucro individual; e c) estímulo ao lucro individual, compensado por redistribuição da renda, com inspiração das doutrinas da justiça social.
861) O que se entende por regime jurídico dos fatores de produção? 
R.: Modernamente, considera-se que os fatores de produção são capital, trabalho e tecnologia; a forma como ordenamento jurídico disciplina esses fatores estabelece o chamado regime jurídico dos fatores de produção. Assim, ao disciplinar o capital, deverá ser estabelecido o regime jurídico da propriedade e dos contratos; o mesmo ocorre com o trabalho, cuja forma de contrato define o modelo econômico; também quanto à tecnologia, deve haver normas claras quanto ao desenvolvimento de novos processos, utilização e transferência.
862) Como atua o Estado no campo econômico, nas economias de orientação neoliberal?
R.: Mesmo nos países onde prepondera a concepção neoliberal, admite-se formas de intervenção do Estado na economia, no sentido de impedir as distorções de mercado causadas por abusos do poder econômico; a legislação antitruste dos Estados Unidos é pioneira nesse sentido, com a promulgação do Sherman Act, de 1890.
863) Como atua o Estado no campo econômico, nas economias de orientação social-democrata?
R.: Nos países de orientação social-democrata, como a Suécia, a Alemanha e a França, admite-se maior intervenção do Estado na economia, desde o planejamento da vida econômica até a repressão às práticas de concorrência desleal, dumping, etc. Em algumas dessas economias de orientação social-democrata, admite-se que o Estado detenha o monopólio de exploração de determinadas atividades econômicas, como as de geração, transmissão e distribuição de energia, de exploração e refino de petróleo, e de telecomunicações.
864) Como atua o Estado no campo econômico, nas economias de orientação marxista?
R.: Nos países marxistas, agora cada vez menos numerosos, pratica o Estado a forma extrema de intervenção no domínio econômico, restringindo o direito à propriedade privada e centralizando completamente a condução da economia desses países, mediante a subordinação dos meios de produção ao comando do Partido, que é único.
865) Em que consiste a concepção estatista do Estado?R.: A concepção estatista (ou autárquíca) é corrente do pensamento econômico que considera o Estado o melhor promotor e gestor dos recursos econômicos de uma nação; floresceu na década de 1930, como reação à depressão dos mercados que se seguiu ao crash da Bolsa americana, e foi acolhida por muitos países da América Latina, entre as décadas de 40 e 70, mas vem perdendo prestígio, mais acentuadamente a partir dos anos 1980, em função dos péssimos resultados obtidos, em geral, pelos setores de mercado dominados pelo Estado.
866) Quais os instrumentos de participação do Estado na economia, como explorador de atividade econômica ou de serviços públicos?
R.: O Estado participa da economia, como explorador de atividade econômica ou como prestador indireto de serviços públicos, por meio de empresa pública, de sociedade de economia mista, de entidades estatais e de entidades paraestatais e suas subsidiárias.
867) Como se classificam as empresas estatais?
R.: As empresas estatais podem ser classificadas, conforme sua função, em prestadoras (ou exploradoras) de serviços públicos (ex.: Companhia do Metropolitano de São Paulo - METRÔ) e as exploradoras de atividade econômica (ex.: Petrobrás).
868) A quem cabe a prestação dos serviços públicos?
R.: A CF estabelece que incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos (art. 175, caput).
869) O que deverá conter a lei que disciplina a prestação de serviços públicos pelo Poder Público?
R.: De acordo com a CF, art. 175, parágrafo único, deverá a lei dispor sobre: a) o regime das empresas concessionárias e permissionárias dos serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; b) os direitos dos usuários; c) a política tarifária; e d) a obrigação de manter serviço adequado.
870) Qual o regime jurídico das empresas estatais prestadoras de serviços?
R.: As pessoas jurídicas estatais podem ser de direito público e de direito privado. As primeiras, por prestarem serviços públicos, são sujeitas a regime jurídico de direito público, exorbitante e derrogatório do direito comum, o mesmo ocorrendo com as pessoas jurídicas de direito privado quando prestam serviços públicos. As pessoas jurídicas de direito público estatal, como as empresas públicas e as sociedades de economia mista, por prestarem serviços privados, estão submetidas a regime juridíco de direito privado, com alguns desvios, pois prestam serviços comerciais e industriais que não são serviços públicos, mas privados, ficando, então, sujeitas aos dispositivos do Direito Civil e do Direito Comercial. Portanto, o tipo de serviço prestado é que determina o regime jurídico.
871) Qual o regime jurídico das empresas estatais exploradoras de atividade econômica?
R.: As empresas estatais exploradoras de atividade econômica, comerciais ou industriais, devem ser criadas por lei específica, dependendo a criação de suas subsidiárias, de autorização do Poder Legislativo; sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações tributárias e trabalhistas; não gozam de quaisquer privilégios fiscais não concedidos, também, às empresas privadas.
872) Quais os princípios constitucionais da ordem econômica brasileira?
R.: Os princípios constitucionais da ordem econômica brasileira (art. 170) são: a) soberania nacional; b) propriedade privada; c) função social da propriedade; d) livre concorrência; e) defesa do consumidor; f) defesa do meio ambiente; g) redução das desigualdades regionais e sociais; h) busca do pleno emprego; e i) tratamento favorecido para empresas brasileiras de pequeno porte.
873) Que influências recebeu a atual Constituição?
R.: A CF de 1988 recebeu influências da doutrina social da Igreja Católica, particularmente da encíclica Mater et Magistra, além de atentar para o desenvolvimento sócio-econômico do país.
874) De que forma a doutrina social da Igreja Católica influenciou a Constituição?
R.: A doutrina social da Igreja Católica prega que a justiça social ordena os atos humanos para a consecução do bem comum; assim, a ordem econômica deve receber disciplina jurídica tal, que venha a beneficiar a sociedade como um todo, e não apenas parcelas desta.
875) Em que consiste a liberdade de iniciativa econômica?
R.: Liberdade de iniciativa econômica é o direito que têm as pessoas de desenvolver quaisquer atividades econômicas lícitas, podendo contratar irrestritamente com relação a essas atividades, sujeitando-se somente às normas de ordem pública e, quando cabível, às normas específicas que as regulam.
876) A CF brasileira encoraja a livre iniciativa, no campo econômico?
R.: Sim. O art. 170, parágrafo único, assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização dos órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
877) Em que dispositivos disciplina a CF a atuação do Estado no domínio econômico?
R.: Os dispositivos constitucionais que disciplinam a atuação do Estado no domínio econômico são: a) arts. 173 e 177, em que o Estado intervém como administrador; e b) art. 174, em que o Estado intervém como produtor de normas regulamentadoras da atividade econômica, e como agente planejador, incentivador e fiscalizador dessa atividade.
878) De que modo pode o Estado incentivar a atividade econômica? 
R.: Além de mecanismos tributários, mediante isenções concedidas a determinadas atividades consideradas prioritárias, também a criação de cooperativas e associações, bem como tratamento jurídico diferenciado à criação e à gestão de microempresas constituem modos de incentivar a atividade econômica, previstos na CF.
879) Apresenta a CF brasileira dispositivos estatizantes e centralizadores da economia?
R.: Sim. O art. 174, caput, por exemplo, confere ao Estado a condição de agente normativo e regulador da atividade econômica, exercendo as funções de fiscalização, incentivo e planejamento da economia.
880) Como deve ser interpretada a CF brasileira: prepondera orientação liberal ou orientação estatizante, centralizadora da economia?
R.: Embora existam dispositivos que reforcem a posição do Estado, quanto à intervenção na economia, inegável é a preponderância da orientação liberal da CF de 1988; o próprio art. 174, caput, in fine, diz que o planejamento "será determinante para o setor público e indicativo para o setor privado"; além disso, o art. 173 restringe a exploração da atividade econômica pelo Estado, reservando-a para casos excepcionais.
881) Em que casos será permitida a exploração direta de atividade econômica pelo Estado?
R.: Segundo o art. 173, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado somente será permitida quando necessária à segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. É mais uma demonstração de que a tendência da CF é privilegiar a livre iniciativa, e restringir a atividade econômica estatal.
882) Significa o princípio constitucional da soberania nacional, na ordem econômica, um rompimento com as economias dos demais países?
R.: Não. A soberania nacional, no campo econômico, significa que o Brasil considera-se independente de pressões políticas externas, ao determinar sua política econômica, sem deixar de estar integrado à Economia do resto do mundo, atuando de forma a atender seus próprios interesses e objetivos; em outras palavras, é autônomo, mas não isolado da economia mundial.
883) Ao consagrar o respeito à propriedade privada, está a Constituição brasileira de 1988 promovendo o retorno à concepção de propriedade individual, típica do Estado liberal?
R.: Não. Ao adotar um sistema econômico fundado na iniciativa privada, cuja base é o respeito à propriedade, delimitou o constituinte a amplitude do princípio, ao adotar, concomitantemente outro princípio, o da função social da propriedade, pelo qual o proprietário somente pode utilizar-se de seu bemde forma a respeitar o interesse da sociedade.
884) Em que consiste o princípio da livre concorrência?
R.: A garantia ao princípio da livre concorrência caracteriza a manutenção da liberdade de iniciativa, pelo qual ninguém pode sofrer abusos do poder econômico ao desenvolver a atividade de sua livre escolha.
885) Qual a relação existente entre a liberdade de iniciativa econômica e a livre concorrência?
R.: A livre concorrência é um dos aspectos da liberdade de iniciativa econômica, que se manifesta pela existência de diversos fornecedores de bens e serviços, inexistindo oligopólios (domínio do mercado por pequeno número de vendedores) ou oligopsônios (domínio do mercado por pequeno número de compradores).
886) Em que casos deverá o Estado intervir, em defesa da livre concorrência?
R.: A CF autoriza (art. 173, § 4.º) intervenção para reprimir abuso do poder econômico que vise: a) à dominação dos mercados; b) à eliminação da concorrência; e c) ao aumento arbitrário dos lucros.
887) Em que consiste a defesa do consumidor?
R.: A defesa do consumidor consiste na intervenção estatal no domínio econômico para assegurar direitos dos adquirentes de boa-fé, de produtos e serviços, contra ações de grupos econômicos poderosos, que visam a dominar mercados, a eliminar a concorrência e a aumentar arbitrariamente os lucros.
888) Em que consiste a defesa do meio ambiente?
R.: A defesa do meio ambiente consiste na intervenção estatal no domínio econômico, no sentido de disciplinar a exploração econômica, com vistas aos princípios da Ecologia, em que se baseia a legislação de proteção ambiental.
889) Em que consiste a redução das desigualdades regionais e sociais?
R.: A redução das desigualdades regionais e sociais, um dos objetivos fundamentais do Brasil (art. 3.º, III), consiste no estabelecimento de políticas econômicas e tributárias, que propiciem maior participação da população na economia nacional, com melhor distribuição de renda.
890) Em que consiste a busca do pleno emprego?
R.: A busca do pleno emprego é princípio econômico orientador das políticas governamentais, no sentido de assegurar a toda a força de trabalho do país uma atividade produtiva, quando em condições de exercê-la, para que o trabalho proporcione a todos a necessária renda.
891) Quais os principais direitos do trabalhador, consagrados em nossa Constituição?
R.: Os principais direitos do trabalhador, assegurados pela CF de 1988 são: a) salário mínimo; b) irredutibilidade do salário; c) proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa, mediante indenização compensatória; d) aviso-prévio para a despedida; e) limitação da duração semanal do trabalho a 44 horas; f) férias anuais remuneradas, com pagamento de pelo menos um terço a mais do que o salário normal; g) participação nos lucros ou resultados das empresas; h) adicionais de periculosidade, penosidade e insalubridade; e i) aposentadoria.
892) O que denomina a doutrina "princípios de integração"?
R.: A doutrina denomina princípios de integração ao conjunto dos princípios econômicos constitucionais de defesa do consumidor, do meio ambiente, a redução das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego, no sentido de que formam um conjunto de diretrizes fundamentais da política econômica do governo, destinada a aumentar a renda e melhorar sua distribuição no País.
893) Qual o tratamento dispensado pela CF às empresas brasileiras de pequeno porte?
R.: A CF (art. 170) impõe tratamento favorecido para as empresas brasileiras de pequeno porte (EC n.º 6, de 15.08.1995), aí incluídas as chamadas microempresas; não há qualquer distinção entre empresas em função da origem do capital, do domicílio de seus sócios, ou da nacionalidade de seus controladores.
894) O controle exercido sobre o capital estrangeiro denota algum tipo de discriminação a empresas de outros países, ou restrição à liberdade econômica?
R.: Não. Praticamente todos os países exercem algum tipo de controle sobre o capital estrangeiro, disciplinando, por exemplo, a forma dos investimentos permitidos e as remessas de lucros. A CF permite a participação do capital estrangeiro, por exemplo, em instituições financeiras (art. 192, III), tendo em vista os interesses nacionais e os acordos internacionais de que o Brasil é signatário. Esse controle é mero exercício do princípio econômico da soberania nacional (art. 170, I), e não deve ser encarado como restrição à liberdade econômica, mesmo porque, também o capital brasileiro é sujeito a controle.
895) Permite a CF de 1988 o monopólio estatal?
R.: Sim, mas somente para atividades específicas. O art. 177 enumera as atividades econômicas monopolizadas pela União, todas ligadas à exploração, refinação e transporte marítimo de petróleo e de minérios e minerais nucleares; a EC n.º 9, de 09.11.1995 permitiu a contratação de empresas estatais ou privadas para a realização das atividades ligadas à exploração de petróleo, na forma da lei, a ser promulgada.
896) A exploração direta de atividade econômica pelo Estado, quando necessária aos imperativos de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo (prevista no art. 173) refere-se às mesmas atividades que constituem o monopólio da União (objeto do art. 177, I a V)? 
R.: Não. O monopólio refere-se a atividades restritas, especificadas na CF, e agora dotados de forma mais flexível, após a EC n.º 9/95; as atividades referidas no art. 173 não implicam em monopólio, e cabe à lei ordinária dispor sobre sua eventual exploração pelo Estado.

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